Vejo em ti Lucrécia
Vejo em ti, negra guerreira
Vejo em ti,
A liberdade do espirito oprimido
Na mulher sem voz e sem vez
Vejo em ti, negra deusa
Vejo em ti,
A coragem, a força e a virtude
Do homem forte e cobarde
Vejo em ti, negra mulher
Vejo em ti,
A fé e a esperança do fraco
Que no limite e no túnel se consola
Vejo em ti, negra linda
Vejo em ti,
O delírio da glória e o chora da alegria
Que no vento escreve a sua história
Vejo em ti, negra minha
Vejo em ti,
Um amanhã sonante e solar
Um amanhã de igualdade e de luar
Vejo em ti mulher, a mulher
Vejo em ti, a fêmea
A musa escondida na mulher
E o ser no infinito voo da busca
Vejo em ti, negra Lucrécia
Vejo em ti
O regresso dos navios negreiros
Que no cativeiro não resistiram a fúria
Vejo em ti, negra dominadora
Vejo em ti,
O poder da voz redentora
O poder da voz profética e libertadora
Vejo em ti, negra Lucrécia
Vejo em ti, fêmea,
A consumação dos tempos de opressão
E o jubilo da mulher livre e amada
Vejo em ti, negra mãe
Vejo em ti, mãe,
O amanhã da minha filha preta
Que nos teus olhos descobre a estrela
Vejo em ti, negra guerreira
A vitória, vejo em ti a vitória
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