quarta-feira, 30 de abril de 2008

Um Obama Branco e uma Hilary Homem

Um Obama Branco e uma Hilary Homem

Obama, tornou-se numa das figuras mais importantes na actualidade mundial. Na verdade, basta que o assunto seja americano para atrair a atenção do mundo inteiro. Obama conseguiu tal feito por ser um dos favoritos candidatos a casa Branca.
O facto ‘e interessante na medida em que pela primeira vez, concorrem de forma renhida, a Presidência dos Estados Unidos da América, um homem negro e uma mulher branca. Embora tenha havido em tempos candidatos com mesmo perfil, pela primeira vez, esses candidatos estão próximos do poder.
O facto ‘e também, para alem de interessante, muito curioso. Trata-se de um homem negro descendente de emigrante queniano e de uma mulher que já conhece a Casa Branca, pois ‘e esposa do antigo Presidente norte americano Bill Clinton.
Na hipótese de Hilary Clinton vir a ganhar as eleições, Clinton o marido volta a casa Branca, desta vez para acompanhar a esposa.
Faz me pensar neste texto a hipótese de Obama ser um candidato branco. Acredito que Clinton a esposa ja teria desistido da corrida, na medida em que o jovem consegue através de maioria esmagadora estar na frente da sua concorrente.
Um Obama branco ja teria consolidado a sua vitória e neste momento teríamos como candidato seguro e provável habitante da Casa Branca o jovem Senador Obama.
Faz me pensar assim porque a questão racial ainda ‘e dominante na mente de muitas pessoas no mundo. Dada a vergonha que a questão carrega consigo, quase ninguém gosta de aborda-la, mas ela esta la e muitas decisões são tomadas considerando esse aspecto.
Por outro lado, se tivéssemos uma Hilary homem, eventualmente o jovem senador estivesse impedido de correr, porque para alem de ser muito mais velha, a esposa de Clinton tem a vantagem de conhecer a casa branca e ter nela vivido longas e duras experiencias.
A verdade porem ‘e que temos uma Casa Braça concorrida por um jovem negro e uma mulher branca.
A mulher ‘e símbolo de fraqueza, o machismo das sociedades não permite que uma mulher venha a governar um Estado. As poucas experiencias que conhecemos e ate mesmo aqui em África, resultam de uma luta e uma grande insistência das mulheres sobre a mentalidade machista.
A questão ‘e que se a Clinton vence as eleições torna-se na primeira mulher a governar os Estados Unidos e uma das personalidades mais importantes do mundo. Uma boa parte das decisões do mundo ou com repercussões no mundo inteiro, pasariam a ser tomadas por uma mulher.
Temos que reconhecer que as sociedades ainda estão a construir o seu caminho no combate contra o preconceito e a discriminação contra a mulher.
Hoje, a Clinton ‘e julgada como não tendo forca suficiente para suportar a Casa Branca, a ponto de poder vir a deixa-la em mãos alheias como fez com o marido, que em plena Casa Branca e “de baixo do seu nariz” se envolveu em um dos mais badalados escândalos sexuais da presidência dos Estados Unidos.
Os americanos, alguns dos seus simpatizantes e aliados no mundo não gostaram da passividade e quase consentimento com que a Primeira Dama tratou o assunto. Isso os leva a pensar que se ela fosse homem e a situação fosse inversa, o tratamento do caso, “em casa” seria diferente. ‘e preciso ver que os americanos são conservadores.
‘e por serem conservadores que também não aceitam completamente ao jovem senador que para alem de não ser branco ‘e inexperiente.
Os Estados Unidos estão acostumados a Presidentes com uma história e experiencia pessoal realmente marcada por situações que obrigaram a manifestação das virtudes e dos defeitos da pessoa em questão.
Obama, por mais vitorioso que seja, ainda “não foi provado pelo fogo”. Os americanos não querem arriscar que o Senador venha passar essa experiencia na Casa Branca,. Afinal esta ‘e a Casa do Mundo e qualquer homem que lá vá precisa ter tudo e todas as coisas já no lugar, sabido isso por experiencias passadas, vividas pelo visado.
Penso que mais do que uma corrida entre um jovem negro e uma mulher branca, a corrida a Presidência de Obama e Clinton, representa um grande desafio a todos os princípios orientadores da sociedade norte americana.
Representa um teste ao tipo da sua democracia e liberdade na medida em que desta vez o seu povo não poderá negar-se a si mesmo. Doutra forma teria o povo americano que apostar no candidato dos republicanos, que neste momento parece apresentar sinais de que se convence que o poder não vira ao seu encontro, contando o tipo de Presidente que Bush ilhó representa para o pa’is.
O lado positivo que esta historia traz ao mundo são as possibilidades que a América oferece ao mundo e as pessoas, a ponto de, uma mulher e um negro filho de emigrantes poderem ser com todas as letras potenciais presidentes do Estado.
Algo que África em particular ainda não aprendeu, na medida em que não seria tão fácil, em Moçambique por exemplo, um branco concorrer as eleicoes com possibilidade de chegar no mínimo onde Obama chegou. Em África ainda nos debatemos com a origem étnica do candidato, mesmo antes de ver o seu manifesto.
Outra licao que fica ao mundo ‘e a capacidade do Estado poder criar candidatos muito fortes como Obama e Hilary para concorrerem a mais alta funcao do Estado isso em todas as pessoas mesmo que elas sejam descendente directas de africanos e ter algumas influencias muçulmanas.
Mais do que um jovem negro e uma mulher branca a tudo fazerem para a casa branca, ilustra-se ao mundo um futuro diferente para os Estados Unidos e para o mundo depois das próximas eleicoes. Depois destas eleicoes, com certeza que a América não mais ser’a a mesma.

domingo, 27 de abril de 2008

Armas para o Zimbabwe: Navio da Vergonha em Angola??


Luanda, 25 Abr (Lusa) - O governo angolano autorizou hoje o navio chinês que transporta armas para o Zimbabué a atracar no porto de Luanda para descarregar apenas parte da carga que era destinada a este país, noticiou hoje a agência de notícias estatal, Angop.
O An Yue Jiang, navio da companhia China Ocean Shipping Company, que já tinha sido impedido de atracar na África do Sul e em Moçambique, viu agora permitido o acesso ao porto de Luanda.No entanto, segundo a nota do governo divulgada pela Angop, o governo garante que o armamento que o navio transporta com destino a Harare não vai ser descarregado.
A carga do navio inclui, para além de outro material para Angola, até aqui desconhecido, três milhões de munições para as espingardas automáticas AK-47, 1.500 RPG (morteiros com auto-propulsão) e mais de três mil granadas de morteiro.A chegada ao porto de Luanda, cuja hora e dia não são avançados pela nota do governo, acontece depois de o porta-voz do governo de Pequim ter anunciado, na quinta-feira, que o navio estava de regresso à China.
O polémico navio, o An Yue Jiang, vai atracar em Luanda apesar de o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos (CCDH) de Angola ter avançado na quarta-feira com uma providência cautelar junto do Tribunal Marítimo de Luanda para impedir que armamento chinês destinado ao Zimbabué seja descarregado em portos angolanos.Em declarações à Lusa, o presidente do CCDH, David Mendes, referiu que a iniciativa tem como pressuposto haver "uma forte possibilidade" de o armamento servir como "instrumento de repressão" das autoridades de Harare contra a oposição, que exige a divulgação dos resultados eleitorais de 29 de Março.
A China confirmou a venda do armamento ao governo do Zimbabué, mas afirma que a transacção foi feita em 2007 e que a entrega nesta altura não está relacionada com a crise política que se vive naquele país africano.A actual crise no Zimbabué decorre da recusa do governo do presidente Robert Mugabe em divulgar os resultados das eleições presidenciais de 29 de Março, que a oposição afirma serem desfavoráveis ao chefe de Estado.
Nas declarações à Lusa, David Mendes referiu igualmente que outro pressuposto da providência cautelar interposta pelo CCDH é que Angola integra a Convenção das Nações Unidas para os Direitos Humanos e subscreveu a Carta Africana para os Direitos dos Povos.
O advogado e presidente da Associação Mãos Livres, organização que se dedica à defesa legal de pessoas fragilizadas perante a Justiça angolana, sublinhou ainda que Luanda preside actualmente à Comissão para a Paz e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, de que fazem partetambém o Zimbabué e Moçambique)."Estas condições impõem responsabilidade acrescida ao país quando se trata de agir correctamente face a uma possibilidade real de poder ter um papel decisivo na facilitação da repressão por razões políticas", especialmente num país com que partilha uma organização geográfica, frisou.
A anunciada chegada da embarcação a Luanda acontece no dia em que o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, recebeu um enviado especial do presidente Zimbabueano, Robert Mugabe, e sub-secretária de Estado norte-americana, Jendayi Frazer, que entregou ao Chefe de Estado angolano uma mensagem do seu homólogo George W. Bush.A enviada de Washington tinha como um dos pontos da sua agenda convencer os lideres da África do Sul e Angola de não permitirem a descarga do navio chinês com armas para Harare.
RB.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Social Watch Moçambique 2007


CONVITEA
Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH), tem a honra de convidar a todos interessados a assistir a Cerimónia de lançamento do Relatório da Social Watch Moçambique 2007 sobre análise ao fundo de apoio às iniciativas locais, seguida de Conferência de Imprensa sobre a Situação dos Direitos Humanos no Zimbabwe.
As mesmas terão lugar no dia 28 de Abril do mês corrente, pelas 15:00Horas, no Hotel Avenida, sito na Av. Julius Nyerere, nr. 627, Cidade de Maputo.Liga Moçambicana dos Direitos Humanos/Mozambican Human Rights League

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Para Que São As Armas

Zimbabwe


No próximo mês de Maio, África fará mais um ano de existência como uma organização ou união de Estados. Tanto quanto me lembro, a então Organização da Unidade Africana foi criada para proporcionar uma plataforma aos movimentos de libertação da altura a lutarem pelas independências de seus Estados.

Anos depois, acreditou-se que todos os países africanos estavam independentes e que já não fazia sentido uma Organização da Unidade Africana mas uma União Africana para zelar pelos interesses económicos desses países independentes.

O que me intriga até hoje é que tal interesse económico procurado e prosseguido pelos novos países africanos, já em pleno século XXI, reduz-se ao benefício pessoal de seus mais altos dirigentes, familiares e simpatizantes.

O poder em África é símbolo de riqueza, segurança e prosperidade. Em África quem tem poder tem tudo que um homem precisa para viver plenamente como ser humano, dai o facto dos dirigentes não quererem deixar o poder.

Este pode ser o caso de Mugabe. Duvido que ele queira tanto estar no poder para ter riqueza. O homem já é rico demais. Ele não é louco para ficar no poder mais de 28 anos e continuar pobre.

O caso de Mugabe pode ser segurança, garantia ou os dois juntos. Mas porque é que Mugabe quer segurança, porque é que ele quer ter garantia? Segurança e garantia de quê? De quem é que o Mugabe tem tanto medo assim que recusa redondamente a hipótese de deixar o poder?
Com certeza que teme o povo. O povo de quem já não é legitimo representante.

A ciência política, manda que todo o líder, por mais tirano que seja, precise da legitimidade da maioria do seu povo, só assim é que ele se sentirá fortalecido e protegido o suficiente para dar continuidade com os seus projectos. Independentemente se tais projectos são ou não são justos, o apoio da maioria é a grande chave.

E uma das chaves que o soberano tem de sempre ganhar o apoio da maioria é mante-lo na ignorância. Assim, o povo não sabe distinguir o certo e o errado, limitando-se só a dar vivas e a concordar com a voz mais alta.

Mas esta não é a realidade do Zimbabwe. É claro que o Zimbabwe encontra-se mergulhado num abismo de crise e sofrimento, mas o seu povo não é assim tão analfabeto e ignorante. É diferente de Moçambique e Angola onde a taxa de analfabetismo atinge cifras acima de 50%.

Alguém poderá dizer que é falso que o Mugabe esteja com medo do povo que já não o reconhece como legitimo representante. É aqui que eu pergunto: para que são as armas?

É claro que cada Estado tem a obrigação de pensar na sua segurança, o que implica mobilizar todos os recursos humanos e materiais necessários, ter o seu arsenal militar devidamente equipado e preparado, para alem de uma forca militar devidamente treinada e renovada. E o Zimbabwe já provou na altura da guerra civil em Moçambique que é capaz de ter uma forca de alta qualidade.

Mas o Zimbabwe não está numa paz ameaçada. Zimbabwe não está a sofrer nenhuma pressão militar externa nem está a sofrer ameaças terroristas. Para que são as armas então?
Para que são as armas? Esta é uma pergunta que só Mugabe pode responder. Só Mugabe e alguns seus companheiros da região sul de África podem dizer para que são as armas.

Como hipótese podemos pensar que Mugabe quer as armas para lutar contra o povo zimbabweano. Esta pode ser eventualmente a resposta mais correcta para a pergunta colocada, lutar contra o povo zimbabweano.

Mas porque é que um líder chega a tomar uma decisão tão pesada como esta? Procurar armas, para lutar contra um povo que durante anos e anos o suportou, o protegeu e o encorajou? Isso só pode acontecer porque o povo já não o suporta mais e porque mesmo assim ele não quer deixar o poder.

Penso que Mugabe não perdeu eleições a favor do seu opositor. Mugabe está na hora de descansar e se ele não pode ver isso, o povo pode ver e, acaba de prestar-lhe um especial favor, descanso. Mas como ele já não acredita no povo, não quer aceitar.

O tal barco anda sumido, mas dizem que continua em Moçambique. Eventualmente ele será descarregado em Moçambique, isto é, em Pemba, Beira ou Maputo. Se tiver que ser, ninguém duvida que assim será. A amizade serve para isso mesmo, estar com os amigos até ao último momento da vida.

Só que as armas serão usadas contra o povo e não contra o inimigo. Se no Zimbabwe há um inimigo, só pode ser o próprio Mugabe, porque o povo está sempre certo. A vontade do povo é que faz o Estado, é a vontade do povo que mantém o líder no poder. Se a vontade do líder for contrária a do povo, então é importante que este revise os seus posicionamentos.

O povo é sagrado. A vontade do povo é sagrada também. É isso que os governos africanos devem saber. O povo deve ser intocável, porque é ele que assegura o poder do líder. Por isso mesmo, apoiar um líder que quer lutar contra o povo, sabendo que esse povo é sagrado e que a sua vontade é também sagrada, é lutar contra a dignidade do ser humano, contra os direitos humanos, contra a liberdade de África.

Neste preciso momento, apoiar Mugabe em detrimento do povo zimbabweano, significa o mesmo que apoiar Mugabe contra a humanidade inteira.

O navio que transporta as tais armas, anda desaparecido. Desaparecido significa que foi escondido e que a carga será encaminhada para o Zimbabwe secretamente. Isso significa conspiração e traição. É contra isso que todos nós devemos lutar, não deixar que a União Africana ou a SADC se transformem em clubes que visem salvaguardar interesses de seus membros: Chefes dos Estados, Chefes dos Governos, Primeiro Ministros e Ministros, mas que estes organismos se transformem em garantias para o pleno exercício da cidadania africana.

Sinto muito que, em Maio, a África faça mais um ano de existência como União e mesmo assim os seus líderes continuem a conspirar e a trair o povo.

ONDE PARA O NAVIO PARA O ZIMBABWE???


Paradeiro de navio chinês com armas para o Zimbabwe envolto em mistério

Joanesburgo (Canal de Moçambique) - Tudo quanto se sabe a respeito da localização do navio de pavilhão da República Popular da China, An Yue Jiang, que se presume ainda tenha a bordo 77 toneladas de material bélico destinadas ao regime de Harare, é que às 16h20 (hora de Moçambique) do dia 22 do corrente encontrava-se a 57 milhas do Cabo da Boa Esperança, a sul da Cidade do Cabo.
Um comunicado de imprensa da Unidade de Informações Marítimas (MIU) da seguradora Lloyds, refere que os movimentos do An Yue Jiang estão a ser seguidas através de portos que poderão ser escalados pelo navio já que este poderá ter desligado o transponder de bordo.
Trata-se de um sistema de rádio ou radar que ao receber um determinado sinal, emite um sinal de rádio próprio que possibilita a sua detecção, identificação e localização. A MIU acrescenta que há em África, na região a Sul do Equador, 32 portos que poderão ser utilizados pelo An Yue Jiang.
A possibilidade do navio transferir a sua carga para uma outra embarcação, ou até mesmo de ser reabastecido, no alto mar, não é excluída pela unidade da Lloyds, que destaca o facto de momento haver dois navios pertencentes à mesma empresa armadora do «An Yue Jiang», a COSCO (China Ocean Shipping Group Company), a navegar na referida zona.
Com uma capacidade de deslocação de 15 nós, o «An Yue Jiang» estaria a navegar a uma velocidade inferior a fim de poupar combustível. O navio chinês dispõe de seis guindastes, nomeadamente dois com capacidade para manusear 50 toneladas de carga, e quatro outros que podem levantar cargas de 10 toneladas. Esta característica do «An Yue Jiang» faz com que ele possa proceder à baldeação de carga para um outro navio em pleno alto mar.
(Redacção / MIU)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Beijing diz querer armas de volta


Zimbabwe
* Banco alemão pretende penhorar armamento para reaver empréstimo mal parado nas mãos do Regime de Harare

A Unidade de Informações Marítimas da Lloyds aventa a hipótese das armas transportadas pelo An Yue Jiang terem sido baldeadas para outro navio no alto mar, utilizando os seis guindastes de que o navio chinês dispõe. Uma outra hipótese, de acordo com a mesma fonte, é o navio ter sido reabastecido no alto mar.

Joanesburgo (Canal de Moçambique) - O jornal «The Namibian», que se publica em Windhoek, noticiou na sua edição de ontem que o navio chinês, An Yue Jiang, que leva a bordo diverso material bélico para o regime de Harare, havia pedido autorização pelas autoridades portuárias de Walvis Bay para ser reabastecido em combustível.
O periódico namibiano refere que a embarcação chinesa tencionava atracar no porto de Walvis Bay no dia de ontem, possivelmente na parte da manhã. De acordo com a Unidade de Informações Marítimas (MIU) da seguradora Lloyds, o An Yue Jiang não foi reabastecido no porto de Durban de onde zarpou no passado dia 18, para evitar que o carregamento de armas que transporta nos seus porões fosse apreendido e mantido sob custódia do tribunal daquela cidade.
A MIU, que tem vindo a seguir os movimentos do An Yue Jiang por satélite, refere que às 14h20m de ontem (16h20m em Moçambique), o navio havia sido “localizado a 57 milhas náuticas do Cabo da Boa Esperança, possivelmente navegando com destino ao porto de Dar es Salaam, antes de rumar para o seu porto de origem na China.”
O jornal «The Namibian» não conseguiu obter nenhum comentário por parte das autoridades namibianas quanto à alegada entrada do navio chinês no porto de Walvis Bay. Em declarações a um canal televisivo na noite de segunda-feira, o ministro da informação da Namíbia, Joel Kaapanda, afirmou que não tinha quaisquer informações a respeito do navio.
Não obstante a onda de protestos contra o fornecimento de armas ao regime de Harare, que tem mobilizado sindicatos, trabalhadores portuários, prelados, forças democráticas e organizações não-governamentais, que em conjunto e de forma espontânea se têm vindo a opor ao descarregamento do material bélico a bordo do An Yue Jiang, o ministro Joel Kaapanda manifestou “surpresa” pelo interesse que tem rodeado o caso do navio chinês, acrescentando, “não compreender porque é que este navio é tão especial.”
Embora o ministro moçambicano dos transportes e comunicações, Paulo Zucula, tenha referido que o An Yue Jiang tencionava atracar no porto de Luanda, o director do Instituto dos Portos Angolanos, Filomeno Mendonça disse à estacão emissora LAC (Luanda Antena Comercial) que o navio chinês não havia solicitado a entrada em águas territoriais angolanas, não estando autorizado a entrar nos portos angolanos.” Mendonça precisou que o An Yue Jiang “não receberia assistência em Angola.”
A Unidade de Informações Marítimas da Lloyds aventa a hipótese das armas transportadas pelo An Yue Jiang terem sido baldeadas para outro navio no alto mar, utilizando os seis guindastes de que o navio chinês dispõe. Uma outra hipótese, de acordo com a mesma fonte, é o navio ter sido reabastecido no alto mar. Por seu turno, uma porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês, Jiang Yu, admitiu a hipótese das 77 toneladas de material bélico a bordo do An Yue Jiang regressarem à China dadas as dificuldades deparadas com a entrega da mercadoria letal ao regime de Harare.
Jiang Ju defendeu a transacção do armamento entre o seu país e o regime de Mugabe, dizendo que a mesma não estava relacionada com os últimos acontecimentos no Zimbabwe. A porta-voz do ministério chinês dos estrangeiros alegou que o contrato para a exportação do armamento havia sido assinado o ano passado.
As declarações de Jiang Yu, em particular a intenção das autoridades de Beijing em fazer com que a controversa mercadoria a bordo do An Yue Jiang seja devolvida à procedência, têm como pano de fundo movimentações feitas pelo banco alemão, KfW Ipex Bank, junto de instâncias jurídicas internacionais no sentido de penhorar bens pertencentes ao regime de Harare pelo facto deste estar em dívida para com aquela instituição de crédito com sede em Frankfurt.
De acordo com Unidade de Informações Marítimas da Lloyds, em 1998, o KfW Ipex Bank concedeu um empréstimo estimado em vários milhões de euros à empresa siderúrgica zimbabweana, Zimbabwe Iron & Steel Co., destinado à construção de uma fábrica de aço, tendo o governo de Robert Mugabe prestado fiança.
Ainda segundo aquela unidade da Lloyds, quando foi noticiado que o navio chinês atracaria no porto de Durban, uma agência internacional de colecta de dívidas, contratada pelo referido banco, preparava-se para apreender o armamento a bordo do An Yue Jiang quando este, alertado pelas autoridades governamentais sul-africanas, pôs-se em fuga antes que o oficial de diligências do tribunal daquela cidade pudesse apresentar o mandado judicial ao comandante da embarcação chinesa.
(Redacção / The Namibian / MIU / IRIN)
2008-04-23 08:10:00

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Intolerância chinesa

O meu sentimento religioso e a minha fé católica estão profundamente ofendidos, chocados e maltratados.

Enquanto uns companheiros defendem que fica mal boicotar os produtos chineses (e o seu maior produto comercial, os Jogos Olímpicos do Pequim), pois assim “povo chinês” fica prejudicado, este mesmo “povo chinês” anda em manifestações, onde chama a Santa Joana d´Arc (Jeanne d'Arc) de prostituta...

Descendente de camponeses, por vezes chamada donzela de Orléans, Joana d´Arc é a santa padroeira da França, heroína da Guerra dos Cem Anos. Ela foi mártir canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva em Maio de 1431.

Joana d´Arc é padroeira dos mártires, dos prisioneiros, dos cativos; dos militantes; vítimas da violação; soldados; mulheres que servem no serviço de emergência voluntário; etc.

E vocês ainda acha que fica mal boicotar a Intolerância chinesa?!!

p.s. O meu sentimento religioso e a minha fé católica estão profundamente ofendidos, chocados e maltratados, por isso espero que o facto de eu não comprar as massas, pastas dentífricas, canetas e outros produtos chineses da qualidade duvidosa, permitem acalmar a minha fúria e saciar a vontade de retaliação.

domingo, 20 de abril de 2008

ARMAS PARA O ZIMBABWE VIA ANGOLA

O MUNDO ESTÁ DE OLHO NO SUL DA ÁFRICA – DETENHAM O NAVIO E AS ARMAS

Aviso de Pauta da Rede Internacional de Ação para o Controle de Armas (IANSA)

 Johannesburg – 19 de abril de 2008

 

IANSA, o movimento global contra a violência armada obteve uma decisão judicial que impediu um carregamento de armas, incluindo AK-47s, lança granadas e morteiros, que estavam em um cargueiro chinês de serem transportadas através da África do Sul para o Zimbábue. A IANSA apela agora aos governos do Sul da África, especialmente Moçambique, para também impedirem este carregamento de armas.

 

As leis sul africanas estabelecem que as licenças para transportar armas através da África do Sul têm de ser canceladas ou suspensas em casos de manutenção da paz internacional ou para evitar repressão. Os sindicatos da indústria de transporte sul africana também anunciaram um boicote ao carregamento de armas.

 

“A IANSA saúda a decisão judicial e a solidariedade demonstradas pelos sindicatos Sul Africanos” afirma Joseph Dube, coordenador da Rede para a África. “A África do Sul tem a oportunidade de mostrar ao mundo que atrocidades cometidas com armas de fogo podem ser interrompidas pela ação de governos responsáveis. IANSA pede ainda que o Governo detenha as armas até que o Zimbábue prove que estas não serão mal utilizadas. Só isto garantira que o povo do Zimbábue não será vítima destas armas.”

 

IANSA agora está bastante preocupada que o navio possa estar se dirigindo para outros portos da região sul Africana, como Maputo ou Beira, e que os exportadores e o governo do Zimbábue buscarão rotas terrestres alternativas.

 

“Nós lembramos a todos os países da região sul Africana, incluindo os vizinhos Namíbia e Moçambique, que eles ratificaram o Protocolo de Armas de Fogo da Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África de 2004,” afirmou a oficial de comunicação da IANSA Louise Rimmer. “O Protocolo afirma expressamente que todos os governos do sul da África devem harmonizar suas leis de controle de armas para prevenir conflitos e a acumulação de estoques que possam desestabilizar a região. O direito da África do Sul e Internacional têm sido utilizado para impedir o transporte destas armas para o Zimbábue através da África do Sul, portanto outras autoridades também tem o dever de impedi-lo.”

 

IANSA é o movimento global contra a violência armada consistindo numa rede de 800 organizações da sociedade civil trabalhando em 120 países contra a proliferação e o mal-uso das armas pequenas e leves. IANSA procura proteger a vida das pessoas da violência armada através da promoção de leis mais duras sobre armas na sociedade e um maior controle das exportações de armas. IANSA defende um tratado internacional para o controle de armas legalmente vinculante para diminuir o sofrimento causado pelas transferências irresponsáveis de armas. 

Para maiores informações, favor entrar em contato com Joseph Dube no telefone + 27 79 324 3065 ou com Louise Rimmer no telefone + 44 7900 242 869 

ARMAS PARA O ZIMBABWE VIA ANGOLA

Zimbabwe: África do Sul proíbe descarga

Navio chinês com armas para Mugabe
O navio de pavilhão chinês com armas para o governo do Zimbabwe, que estava ancorado ao largo do porto sul-africano de Durban, já levantou âncora e o seu destino pode ser agora Angola. As autoridades sul-africanas recusaram o desembarque da carga.

O comandante do ‘Na Yue Jiang’ foi informado de que um tribunal de Durban proibiu o transporte dos seis contentores de armas e munições para o Zimbabwe através de território sul-africano. O navio encontrava-se desde segunda-feira atracado ao largo de Durban a aguardar autorização portuária para descarregar as armas.

O comandante do ‘Na Yue Jiang’ foi informado de que um tribunal de Durban proibiu o transporte dos seis contentores de armas e munições para o Zimbabwe através de território sul-africano. O navio encontrava-se desde segunda-feira atracado ao largo de Durban a aguardar autorização portuária para descarregar as armas.

No entanto, a organização não--governamental do Zimbabwe Projecto Paz, que monitoriza os incidentes de violência política naquele país, alertou que o navio poderia estar a caminho de um porto moçambicano para proceder ao descarregamento do material de guerra encomendado pelo regime de Robert Mugabe aos seus aliados chineses. 

Contudo, já ontem, o ministro moçambicano dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, tinha declarado que o navio se dirigia para Angola. "Sabemos que o seu próximo destino é Luanda, porque não autorizamos a sua entrada em águas moçambicanas sem que, previamente, sejam tomadas algumas providências", afirmou o ministro moçambicano. 

OPOSIÇÃO CONTRA RECONTAGEM
Uma nova contagem parcial dos votos relativos às eleições gerais de 29 de Março começou ontem no Zimbabwe, apesar dos esforços da oposição, que já se declarou vencedora, para travar o novo escrutínio.

A recontagem em 23 dos 210 distritos eleitorais poderá alterar os resultados das parlamentares, que traduziam a perda da maioria do partido do presidente Robert Mugabe, a ZANU-PF, em prol da vitória do partido oposicionista, Movimento para a Mudança Democrática (MDC). Recorde-se que a ZANU-PF tinha perdido 16 daqueles 26 distritos em que se repetiu o escrutínio.

"A recontagem dos votos já se iniciou e vai ser difícil e morosa. Esperamos que o processo se prolongue por três dias" – afirmou ontem à Reuters, um responsável da Comissão Eleitoral do Zimbabwe. Acrescente-se que uma equipa da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, liderada por responsáveis sul-africanos, estava a acompanhar a recontagem dos votos. 
Paulo Madeira com agências - CORREIO DA MANHÃ(Lisboa) - 20.04.2008

sábado, 19 de abril de 2008

Armas chineses à caminho de Moçambique...

Depois de os estivadores sul – africanos se recusarem a descarregar o navio chinês “An Yue Jiang”, com 77 toneladas de armamento a bordo, destinados ao regime do Robert Mugabe, este barco zarpou em direcção à Moçambique.

Com largas possibilidades de tentar usar o porto da Beira e Corredor da Beira, para trazer estas armas para o Zimbabwe.

Não podemos esquecer que os agentes do genocídio na Ruanda, usaram as catanas chinesas, será que outra vez vamos ficar indiferentes a uma situação idêntica?

Algo tem que ser feito!

Ler mais:
http://www.guardian.co.uk/world/2008/apr/19/zimbabwe.southafrica

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Zimbabwe: impedir entrada de armas!

Nestes dias, a imprensa internacional reporta o caso do navio cargueiro chinês, “An Yue Jiang”, que está ancorado ao largo da cidade sul – africana de Durban, com um carregamento do armamento para o Zimbabwe. Os estivadores no porto de Durban recusaram-se descarregar o navio.

A bordo o navio tem cerca de 77 toneladas do material bélico, entre balas para AK-47, e armas ligeiras, 1,500 foguetes (calibre 40mm), 2,500 escudos para morteiros (calibre 60mm e 81mm), tudo isso importado por um país que não tem o pão suficiente para os seus cidadãos.

Não é preciso ser clarividente, para perceber que as armas são comprados para serem usados contra todos aqueles que tem a coragem de desafiar o regime autoritário do Robert Mugabe e do seu partido.

Presidente sul – africano Thabo Mbeki justifica a sua cumplicidade no caso do armamento, pelo simples facto do que “não existe um embargo internacional de armas contra o Zimbabwe”. Será que precisa acontecer um massacre ou um genocídio, para que o mundo decretar o tal embargo? Ou todos estamos esperando que no Zimbabwe possa acontecer mais uma Ruanda, para depois fazer vários filmes tristes e “solidários”, para com o povo zimbabweano?

Acredito que este povo não precisa de filmes, precisa de uma solidariedade real, precisa que alguém o defende contra a fúria descontrolada do Mugabe e dos seus comparsas, que ontem não conseguiram inventar nada mais escandaloso, do que declararem Sr. Morgan Tsvangirai “traidor da pátria” (aparentemente, falsificando uma carta do Primeiro – Ministro Britânico Gordon Brown).

Entendo perfeitamente o desânimo e desalento da Condoleeza Rice, que também ontem fez a pergunta retórica: “Onde estão os líderes africanos, onde estão os líderes regionais, onde está a União Africana”? Será que todos eles não querem saber da violação dos direitos humanos no Zimbabwe ou será que os “velhos camaradas” tem alguma indulgência para brutalizar o seu próprio povo?

Os estivadores no porto de Durban recusaram-se em descarregar o navio. O Sindicato dos Trabalhadores de Transporte (SATAWU), através do seu secretário – geral, Sr. Randall Howard, declarou que: “SATAWU não concorda com a posição do Governo em não interferir com este carregamento das armas. Nossos os nossos companheiros – camionistas, vão transportar esta carga pelas estradas”.

Por isso, é perfeitamente possível, que o regime do Zimbabwe, poderá pensar passar as armas através do Corredor da Beira.
Neste âmbito, o Presidente moçambicano, Sr. Armando E. Guebuza pode perfeitamente fazer a diferença, impedindo o tal navio de atracar no porto da Beira, não permitir que o material bélico passe pelo território de Moçambique. Este gesto até não precisa de muita coragem, pois não se exige de fazer nada, apenas não fazer, não dar a autorização ao navio de entrar nas águas territoriais moçambicanas. Por exemplo, alegando a segurança marítima (navio chinês está muito mal conservado), ou a saúde pública (armas se calhar não possuem o certidão sanitário ou outra coisa qualquer).

Não se deixando envolver na crise zimbabweana, Moçambique ganha muita coisa:

1. Sem fazer praticamente nada, país pode ganhar a admiração da comunidade internacional, pois posicionará a si mesmo, como “posto avançado” em democracia e direitos humanos na nossa região, distancia-se dos líderes africanos totalitários (Mugabe) ou apáticos e indecisos (Thabo Mbeki).
2. Diferencia-se dos vizinhos que só falam em direitos humanos e não façam nada para impedir Mugabe de destruir o seu próprio país.
3. Defendem o espírito da SADC, pois o colapso do Zimbabwe terá repercussão na região.

terça-feira, 15 de abril de 2008

AO QUE O AMOR ME LEVAR

Ao que o amor me levar
Entrego em grande o que sou
E mesmo que a luz não me nasça
Confio na alma que me cativa
E piso o risco com esperança

Renego o que sou pra vencer
Rendo o que sonho pra crescer
Confio no tempo que não falha
E mesmo que o amor não brilhe
Espero vive-lo sem escolha

Me espanta como é o destino
Que do nada esconde o querer
Com o medo e incerteza te casa
E de infeliz te torna vítima
Pra com lagrimas de tudo te arrependeres

Me alegra a vida também
Que do infortúnio te traz prazer
Que na fidelidade te torna ridículo
E no absurdo encontras descanso
Pra na morte te vestires de culpa

Ao que o amor escolheu me dar
Permanecerei porem como mula
Negarei sim a submissão
Pra nesta cruz que levo com prazer
A liberdade intacta conservar

terça-feira, 8 de abril de 2008

Boicotar Pequim...

Não entendo as pessoas que dizem que “desporto tem que ser separado da política”. Os jogos olímpicos de Moscovo em 1980 foram boicotados por opções políticas, a África do Sul foi banida do desporto internacional por 30 anos por opções políticas...

E porque não se pode boicotar os Jogos Olímpicos agora, em 2008 por causa do Tibete, por causa das torturas, por causa de violação dos direitos humanos e por causa da fabricação dos produtos que põem em perigo as pessoas e os animais?

Espero que neste ano o boicote será nem tanto a opção dos governos, como dos próprios atletas. Espero que muita gente se recusa participar nestes jogos evocando as razões de saúde (clima é mau), razões de segurança (tem receios pela segurança pessoal), etc. Qualquer razão é boa, para mostrar a sua atitude perante a China. Que até agora não reconheceu o massacre da praça Tiananmen.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A Decisão Superior


E as Garantias Fundamentais

Ando nestes últimos dias a pensar nas garantias que os cidadãos moçambicanos têm para assegurar os seus direitos. Já que a Constituição da República é riquíssima em direitos e liberdades fundamentais, faz realmente sentido reflectir sobre como garanti-los.

Mas, mais do que essas eventuais garantias, para o efeito, com consagração constitucional, é também importante reflectir sobre a Decisão Superior. Parece que em Moçambique quem manda é a Decisão Superior. Ninguém sabe donde vem a Decisão Superior nem onde ela mora. Mas todos tem medo dela e ninguém quer se meter com ela.

Diz se que ninguém está acima da lei, mas eu prefiro dizer que ninguém está acima da Decisão Superior. Acima da lei está a Decisão Superior sendo que ninguém e nada pode ir contra ela.

A decisão Superior está acima do juiz que pensa que é imparcial e independente. Mesmo depois de decidir sobre o caso o juiz pode muito bem mudar de opinião quando a decisão superior chegar.

A decisão está acima do Procurador que pensa que é o garante da legalidade. Mesmo perante a mais flagrante ilegalidade, o Procurador pode fechar os olhos e atropelar a Constituição que jurou respeitar e proteger.

A Decisão Superior está acima do Ministro, acima do Comandante Geral, acima do Presidente da República, do director nacional e do provincial. A Decisão superior está acima do director da escola, acima do professor e do chefe das operações na esquadra.

A decisão superior está acima da Constituição, acima dos tribunais, acima da procuradoria e acima do Supremo. A Decisão superior está acima da Assembleia da Republica e acima do informe do Procurador Geral da Republica.

A Decisão superior é de cumprimento imediato e obrigatório. Ninguém questiona a decisão superior. Ninguém a corrige, ninguém a enfrenta. Todos a obedecem, a seguem e a respeitam. Ninguém se mete com a Decisão superior.

Como o próprio nome diz, a Decisão Superior é realmente superior. Normalmente chega através de uma chamada telefónica e todas outras medidas são anuladas. Nalgumas vezes pode chegar através de um e-mail ou mesmo através de um sms.

A Decisão Superior é tão nítida que não deixa dúvidas a ninguém. Não interessa se chegou a noite ou de dia, se e chegou na chuva ou no sol, se chegou com os devidos meios ou sem eles, se está de acordo com a lei, com o direito ou não. Quando a decisão Superior chega ela deve ser cumprida.
Sobre a decisão superior não há recurso. Ela é obrigatória, definitiva e ponto final.

Fico a pensar em um país dirigido por uma decisão superior. Uma decisão que ninguém sabe donde vem, mas todos tem de a obedecer. Uma decisão superior acima de todas as garantias fundamentais dos cidadãos. Fico a pensar em um Estado cujos órgãos de soberania são reféns de uma decisão superior e onde os titulares dos vários poderes se sentem diminuídos, fragilizados e meras figuras cosméticas por causa dela.

Fico a pensar num país cuja principal autoridade está numa misteriosa decisão superior, numa vontade escondida e imprevisível. Fico a pensar no povo desse país, onde tudo lhes pode acontecer e mesmo assim não ter possibilidade de recorrer a mecanismos judiciais porque acima destes está uma decisão judicial que pode desvirtuar toda a forca do judiciário.

Fico a pensar nos cidadãos desse Estado. Na sua vulnerabilidade e na situação de insegurança em que se encontram. Fico a pensar nos doentes, nos idosos, nas crianças, nas mulheres e em todos aqueles que um dia acreditaram que as leis podem de alguma forma servir para algo. Fico a pensar no desespero desse povo.

Penso no desespero da viúva que perde a sua casa. Fico a pensar no idoso que perde a sua pensão. Fico a pensar no órfão que perde a herança, fico a pensar na mãe que perde as crianças, fico a pensar no pai que perde a propriedade, fico a pensar na comunidade que perde o direito de uso e aproveitamento da terra. Fico a pensar no empresário que é expulso, fico a pensar na barraca que é fechada, que é partida, fico a pensar no trabalhador que é escorraçado e no docente que perde a cadeira. Fico a pensar nos moçambicanos que são confrontados com a decisão superior.

Fico a pensar na decisão superior, na sua forca e no seu poder. Fico a pensar nos moçambicanos que vivem uma ilusão de terem garantias fundamentais de seus direitos enquanto na verdade todos eles são orientados por uma decisão superior acima da lei e de todos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Rock contra genocídio

Londres, Reino Unido, Concerto “Rock Against Genocide”, dia de Darfur – 13 de Abril, lembrando o Holodomor ucraniano.