terça-feira, 27 de março de 2007

O Grande Português

No concurso da RTP Os Grandes Portugueses, Salazar foi a mais votada das personalidades em jogo, com 42% dos votos, seguido de Álvaro Cunhal, com 19%, e Aristides de Sousa Mendes, com 13%. No entanto, o concurso é desvalorizado por historiadores como José Mattoso, António Reis, António Manuel Hespanha e Fernando Rosas, entre outros, que acusaram a RTP de desinformação e manipulação num texto publicado no jornal Expresso. Por seu turno, em declarações ao Diário de Notícias, Nuno Santos, director de programas da RTP, considera que a acusação é de mau gosto e revela má-fé.

Isso é o mesmo que um dia Ngungunhana como o Grande Moçambicano! Faz-me arrepiar os cabelos.
Entre os moçambicanos, Salazar será lembrado como o grande colonialista; arquitecto e estratega dos crimeis mais hediondos contra a afirmação nacionalista do povo moçambicano. E do povo Português também.

O Que BUSH Faz e Não Faz por Dinheiro

Para todos aqueles que acreditam em um mundo mais digno...

Assistam ao vídeo e vejam que podemos ser um diferencial...

http://www.youtube.com/watch?v=NSPZTman8w4&NR

Saudações!

Responsabilidade dos Estados Africanos por Violações de Direitos Humanos no Zimbabwe



Considerando que todos os países da região Austral são membros da SADC e subscritores da sua Carta, bem como da Carta Africana;

Sabendo que a Carta da SADC e a Carta Africana constituem o conjunto de mecanismos criados e aceites regionalmente como princípios de conduta e vida para engrandecimento e afirmação africana;

Sabendo que os Direitos Humanos são universais, indivisíveis, inalienáveis e intrinsecamente ligados, inerentes a pessoa humana, mesmo que autoridades governamentais ou estaduais assim não o entendam;

Tendo em mente que as violações de Direitos e Liberdades dos Cidadãos Zimbabweanos ultrapassa a dimensão e âmbito nacional, para inserir-se na conjuntura regional e global dos Direitos Humanos, dessensibilizando a harmonia, o bem estar e a justiça social requerida para todas as nações;

Considerando que os Estados Africanos, criaram entre si um relacionamento de extrema cumplicidade, o que outrora foi usado para o bem do povo, principalmente durante as lutas de libertação nacional, e hoje como um instrumento de encobrimento um do outro em prejuízo dos interesses nacionais;

Sabendo que o maior interesse prosseguido pelos Estados deve centrar-se no cidadão que é a razão da sua existência e não nos interesses pessoais de governantes ou minorias ligadas ao poder

A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, como organização nacional vocacionada na promoção e defesa dos Direitos Humanos, propõe a seguinte chamada de atenção aos Estados da Região, tendo maior incidência no Estado Moçambicano nos termos e seguintes fundamentos:

I

As graves violações de Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais dos Cidadãos Zimbabweanos não acontece em realidade isolada do contexto africano nem do global, é antes pelo contrario um grave atentado a Democracia, Justiça e Paz Social dos outros países, na medida em que tal governo ignora por completo os principais documentos pelos quais se deveria pautar, tal é o caso da sua Constituição, da Carta da SADC e da Carta Africana, sem esquecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

II

A questão do Zimbabwe coloca como urgente a discussão do conceito do Direito Internacional dos Direitos Humanos, discussão essa que teve seu inicio após a segunda guerra mundial, tendo como principal fonte o direito costumeiro e sua fundamentação no sistema global dos direitos humanos e de forma especifica nos sistemas regionais e para o caso concreto de África no sistema africano dos direitos do homem e dos povos.

III

O facto importante na internacionalização dos Direitos Humanos tem como consequências imediatas a internacionalização da cidadania, da qual ressaltam direitos e garantias internacionalmente assegurados sendo aqui onde se discute também a responsabilidade política dos outros Estados em face de um violador dos direitos dos cidadãos nacionais. O Direito Internacional dos Direitos Humanos configura-se como o conjunto de direitos e faculdades que garantem a dignidade da pessoa humana e beneficiam-se de garantias internacionais institucionalizadas


IV

Moçambique como Estado de Direito, integrante das Nações Unidas e da União Africana, tendo inclusive ratificado a Carta africana, ele integra a grande lista de Estados cuja responsabilidade sobre os direitos humanos na arena internacional recaem. Dizendo-se o mesmo em relação ao Zimbabwe e outros países subscritores tanto da Carta das Nações Unidas como do Acto Constitutivo da União Africana.

V

A Responsabilidade Internacional dos Estados em face de um violador dos direitos humanos, visa não só a afirmação das normas do sistema regional dos Direitos Humano, mas também a prevenção e a garantia da estabilidade e equilíbrio. É por isso de extrema importância a actividade de fiscalizar, condenar e responsabilizar os Estados violadores, quer a partir do próprio Estado como a partir das organizações de defesa e promoção dos direitos humanos, com a simples finalidade de garantir a efectivação dos direitos humanos.

VI

Nesse âmbito, é válido ressaltar que os Estados-Partes da União Africana, ao ratificarem a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, codificaram o princípio de Direito Internacional de que a declaração de responsabilidade internacional gera o dever de reabilitar a situação anterior à violação do direito, quando possível, e reparar os danos causados com a violação. Segundo o principio do Direito Internacional, essa reparação se rege pelo direito internacional – e não só pelo direito interno – em todos os seus aspectos: seu alcance, sua natureza, suas modalidades e a determinação dos seus beneficiários.
Dai inclusive a motivação para a criação de tribunais internacionais

VII

Ao enfrentar a publicidade das violações de direitos humanos, o Estado Zimbabweano é obrigado a justificar-se acerca das suas práticas, o que vai contribuir na modificação ou na melhoria das suas prática governamentais perversas, no que se refere aos direitos humanos, conferindo suporte ou estímulo para alterações internas. Entendendo muito bem o que a Professora Flávia Piovesan (2006, p. 279), diz ao afirmar que “De acordo com o direito internacional, a responsabilidade pelas violações de direitos humanos é sempre da União, que dispõe de personalidade jurídica na ordem internacional.” Reafirma-se, assim, o princípio geral de direito internacional, pelo qual a violação de normas internacionais atribuível a um Estado gera para este responsabilidade internacional e obrigação dos outros Estados intervirem obrigatoriamente.

VIII

Em razão da coexistência de instrumentos internacionais de protecção dotados de bases jurídicas distintas todos os Estados (inclusive os que não ratificaram os tratados gerais de direitos humanos) encontram-se hoje sujeitos à supervisão internacional no tocante ao tratamento dispensado às pessoas sob sua jurisdição. Assim, nenhum Estado encontra-se eximido de responder, por seus actos e omissões, a denúncias de violações de direitos humanos perante órgãos de supervisão internacional, sendo pois irrelevante na responsabilidade internacional a intenção ou motivação das violações.




IX

Ao não intervirem, sabendo que as violações podem ser por acção ou omissão, os governos africanos incorrem nos mesmos erros que os do governo zimbabweano, cabendo-lhes a mesma responsabilidade política.
Algumas correntes africanas, como é o caso do Bispo Desmond Tutu, condenaram veementemente as atitudes do Presidente Sul Africano e do então Presidente moçambicano, Joaquim Chissano por declararem publicamente seu apoio a Mugabe. Recentemente, o presidente Zambiano, condenou a política usada pelo Presidente Mugabe para se manter no poder. Embora isso seja um passo positivo, esse passo ainda é insignificante na medida em que já se prolifera na mídia que José Eduardo dos Santos pretende encaminhar uma força chamada por “Ninjas” a fim de dar suporte ao regime de Mugabe. Se isso foi a pedido do próprio Mugabe não tardará que o mesmo pedido seja feito a Moçambique dados os estritos laços existentes.

X

Existe entre os africanos, neste caso do Zimbabwe e até de Darfur, uma permissão escondida na interpretação errada do principio da não ingerência e respeito pela soberania. A aplicação desses princípios tem limites e os limites não devem passar a dignidade humana. Neste caso a soberania seria limitada para garantir o Estado de Direito, Paz, Justiça Social e respeito pelos Direitos Humanos. Ao se manterem calados e protegendo o regime de Roberto Mugabe, os Estados Africanos estão simplesmente afirmando que podem a qualquer momento optar pelas mesmas vias a fim de protegerem seus interesses e não querem interferências de algum outro país. Isso periga a Democracia e cria precedentes para a criação e sobrevivência de Estados com fundamentos e filosofias na tirania e na demagogia;



XII

O regime Zimbabweano esta a desestabilizar a Região Africano, causou o crescimento do numero de refugiados em Moçambique, África do Sul, Malawi, Tanzânia e outros. Com esse fenómeno encrudesceu também a criminalidade, a prostituição, a vadiagem, a mendicidade, o tráfico, etc. Pelo que acontece, pelo que se vê, pelo que se ouve, tudo tende a levar a crer que os africanos não estão preocupados em construir suas sociedades nos princípios básicos e fundamentais da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Os governos africanos, tem a responsabilidade de remeter Comunicações a Comissão africana dos Direitos Humanos e dos Povos e inclusive de condenarem publica e expressamente o comportamento do governo do Zimbabwe pela flagrante violação dos direitos humanos e dos princípios mínimos de convivência humana consagrados na Declaração Universal dos Direitos humanos, bem como na Carta Africana dos Direitos e dos Povos. Tem também a obrigação de apoiarem a sobrevivência da Democracia no Zimbabwe e condenar a Diplomacia silenciosa de toda a África em face dos acontecimentos naquele país. É o urgente que os países africanos deixem claro nas suas comunicações que necessitam uma explicação exaustiva sobre as circunstancias que levaram a morte e detenção de activistas. Condenar a concessão de apoios técnico militares e até financeiros ao regime de Mugabe e recusar eles mesmo de darem esse apoio mesmo quando pedido encarecidamente.


XIII

Doutra forma, questionaríamos hoje, a todos os Estados Africanos o porque da adopção da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, questionaríamos hoje o porque da adopção de Uma Comissão dos Direitos Humanos e dos Povos e porque a criação de um Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos? Porque um sistema de protecção e defesa dos direitos humanos em África se dele não precisamos nem sentimos falta? Porque o estabelecimento de uma Comunidade dos países da África Austral se ele não pode contribuir para a justiça e para a paz? Hoje, a situação do Zimbabwe e de Darfur colocam um desafio ao sistema africano de protecção dos direitos Humanos e dos Povos. A situação do Zimbabwe desafia a SADC e todos os lideres da Região Austral. Em pleno século XXI não se percebe o olhar tolerante que os governos civilizados fazem em relação a comportamentos selvagens de certos governos. A realidade africana de hoje desafia o Grande Sonho Africano de Liberdade, que conduziu as independências e hoje se propõe a combater a miséria e a pobreza absoluta.


XIV

É responsabilidade de toda a sociedade civil, política, económica, académica e intelectual exigir que os Estados africanos tomem uma atitude urgente. A mídia, a Assembleia da República, o Conselho Constitucional, o Conselho de Estado, são todos convidados a fazerem parte desta força de pressão que se exige no caso Zimbabwe. Quando se avizinha a celebração da Independência daquele país, torna-se ridículo e irónico pensar que se pode falar de independência, Democracia e Estado de Direito no Zimbabwe.

A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos continua manifestando sua inquietação e exigindo que o governo Moçambicano tome uma posição imediata em relação aos últimos acontecimentos no Zimbabwe e quanto ao Regime de Mugabe. A retórica, o silencio e a diplomacia corporativista é o que está a contribuir para as graves violações de Direitos Humanos naquele país, sendo por isso que as Organizações da Sociedade Civil se acham na legitimidade de exigir uma atitude dos Governos e até de remeter o caso no fórum internacional.

PELOS DIREITOS HUMANOS
JUSTIÇA, PAZ E DEMOCRACIA
Maria Alice Mabota

sexta-feira, 23 de março de 2007

O PRINCÍPIO 90 / 10 - Stephen Covey

Que princípio é este?
Os 10% da vida estão relacionados com o que se passa com você, os outros 90% da vida estão relacionados com a forma como você reage ao que se passa com você. O que isto quer dizer?
Realmente, nós não temos controle sobre 10% do que nos sucede. Não podemos evitar que o carro enguice, que o avião atrase, que o semáforo fique no vermelho.
Mas, você é quem determinará os outros 90%. Como?
Com sua reação. Exemplo: você está tomando o café da manhã com sua família. Sua filha, ao pegar a xícara, deixa o café cair na sua camisa branca de trabalho. Você não tem controle sobre isto. O que acontecerá em seguida será determinado por sua reação. Então, você se irrita. Repreende severamente sua filha e ela começa a chorar. Você censura sua esposa por ter colocado a xícara muito na beirada da mesa. E tem prosseguimento uma batalha verbal.
Contrariado e resmungando, você vai mudar de camisa. Quando volta, encontra sua filha chorando mais ainda e ela acaba perdendo o ônibus para a escola. Sua esposa vai pro trabalho, também contrariada. Você tem de levar sua filha, de carro, pra escola. Como está atrasado, dirige em alta velocidade e é multado. Depois de 15 min. de atraso, uma discussão com o guarda de trânsito e uma multa, vocês chegam à escola, onde sua filha entra, sem se despedir de você. Ao chegar atrasado ao escritório, você percebe que esqueceu de sua maleta. Seu dia começou mal e parece que ficará pior.
Você fica ansioso pro dia acabar e quando chega em casa, sua esposa e filha estão de cara fechada, em silêncio e frias com você.Por quê? Por causa de sua reação ao acontecido no café da manhã.
Pense: "Por quê seu dia foi péssimo?" A) por causa do café?B) por causa de sua filha?C) por causa de sua esposa?D) por causa da multa de trânsito?E) por sua causa?A resposta correta é a E. Você não teve controle sobre o que aconteceu com o café, mas o modo como você reagiu naqueles 5 minutos foi o que deixou seu dia ruim.
O café cai na sua camisa. Sua filha começa a chorar. Então, você diz a ela, gentilmente: "está bem, querida, você só precisa ter mais cuidado". Depois de pegar outra camisa e a pasta executiva, você volta, olha pela janela e vê sua filha pegando o ônibus. Dá um sorriso e ela retribui, dando adeus com a mão. Notou a diferença? Duas situações iguais, que terminam muito diferente. Por quê? Porque os outros 90% são determinados por sua reação.
Aqui temos um exemplo de como aplicar o Princípio 90/10. Se alguém diz algo negativo sobre você, não leve a sério, não deixe que os comentários negativos te afetem. Reaja apropriadamente e seu dia não ficará arruinado. Como reagir a alguém que te atrapalha no trânsito? Você fica transtornado? Golpeia o volante? Xinga? Sua pressão sobe?
O que acontece se você perder o emprego? Por quê perder o sono e ficar tão chateado? Isto não funcionará. Use a energia da preocupação para procurar outro trabalho. Seu vôo está atrasado, vai atrapalhar a sua programação do dia. Por quê manifestar frustração com o funcionário do aeroporto? Ele não pode fazer nada. Use seu tempo para estudar, conhecer os outros passageiros.
Estressar-se só piora as coisas.Agora que você já conhece o Princípio 90/10, utilize-o. Você se surpreenderá com os resultados e não se arrependerá de usá-lo. Milhares de pessoas estão sofrendo de um stress que não vale a pena, sofrimentos, problemas e dores de cabeça.
Todos devemos conhecer e praticar o Princípio 90/10.
Pode mudar a sua vida! Que tal começarmos hoje mesmo, com todas as coisas à nossa volta. Um só momento em que não agimos impulsivamente pode fazer que todo o nosso dia, ou nossa vida, se torne positiva e agradável até o fim

segunda-feira, 19 de março de 2007

Falar Falar...falar facil

O cara chega ao restaurante, senta-se e, acenando com o braço, diz:
- Faz favor, firmeza, fineza fazer frango frito!
- Pois não, com quê, cavalheiro? - Farofa, feijão e fritas.
- Deseja beber alguma coisa?
- Fanta.
- Um pãozinho para esperar a refeição?
- Faça fatiado.
O garçom serve o cliente inconformado com o fato dele falar tudo com F, e volta depois que o sujeito termina a refeição.
- Vai querer sobremesa?
- Frutas frescas.
- Tem alguma preferência?
- Figo.
Depois da sobremesa, ainda curioso, o garçom pergunta:
- O senhor deseja um café?
- Forte e fervido.
Quando o sujeito termina o café, o garçom lhe faz algumas perguntas:
- E então, como estava o cafezinho?
- Frio , fraco, fedorento, fervido num filtro furado, formiguinhas flutuando no fundo e fazendo fofoca.
Aí o garçom decide desafiá-lo a fim de testar até onde ele vai.
- Qual é sua graça?
- Fernando Fagundes Faria Filho.
- De onde o senhor vem?
- Fortaleza .
- O senhor trabalha?
- Fui ferreiro.
- Deixou o serviço?
- Fui forçado.
- Por que?
- Faltou ferro.
- E o que o senhor fazia?
- Ferrolho, ferradura, faca... ferragem.
- O senhor torce por algum time?
- Fui Fluminense.
- E deixou de ser por que?
- Fez feio.
- Qual é o seu time agora?
- Flamengo.
- O senhor é casado?
- Fui.
- E sua esposa?
- Faleceu.
- De que?
- Frio e fome.
O garçom perde a calma e diz:
- Escute aqui, se você falar mais dez palavras com a letra F, pode se levantar e ir embora sem pagar a conta.
- Foi formidável, figura. Fazendo fiado fica fácil fidelizar freguezes!!
O homem levanta-se e sai andando, mas o garçom grita:
- Ei, espere aí! Ainda falta uma palavra!
O homem responde, sem se virar:
- Foda-se!

sexta-feira, 16 de março de 2007

“Não se insulta o crocodilo antes de atravessar o rio”

Brincar aos Polícias e Ladroes

Reacção da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos

Senhor Director do Semanário Domingo

Permita-nos por esta via e na mesma página, fazer o uso do Direito a Resposta que por lei se nos oferece, sobre o artigo Brincar aos Policias e Ladroes, publicado na Edição 1312 de 11 de Março 2007

A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH) é uma das poucas Organizações criadas por Moçambicanos e sem terceiros interesses, para alem do acesso a justiça e desenvolvimento humano. Por conta disso a Liga tem uma cobertura nacional que se expande até aos distritos onde em todos esses lugares, através das Delegações regionais e Centros de Paralegais oferece assistência Jurídica a milhares de Cidadãos que carecem de recursos por terem rendas baixas ou mesmo por não tê-las a fim de acederem à justiça.
O acesso a Justiça carece de recursos financeiros, ora para contratar um advogado ora para fazer o pagamento das custas judiciais, preparos ou imposto de justiça. Essa situação com que a Liga já vem se debatendo há anos constitui um impeditivo para que os cidadãos pobres deste país tenham o acesso à justiça. O que por um lado significa que a justiça só aproveita aos cidadãos economicamente estáveis e que por outro lado exclui os cerca de 70% dos Moçambicanos que vivem em extrema pobreza.
O Estado tentou resolver o problema com a criação do IPAJ (Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica). Contudo essa entidade que se esperava poder alargar o número de Advogados pelo país com a inclusão de técnicos e Assistentes jurídicos como defensores frustrou as expectativas quando tais técnicos e Assistentes transformaram-se em Advogados Propriamente ditos e aproveitando-se da procura principalmente fora da Cidade de Maputo, ignoraram a sua missão e começaram a competir no mercado, mais uma vez em detrimento do cidadão pobre.
É assim que o papel da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos é de extrema preponderância em todo o país, na medida em que guiado pela mesma visão e missão, mantém a sua filosofia de actuação e intervenção social.
Por cada dia de atendimento, só na sua sede localizada na Avenida Maguiguana 2219 nesta cidade de Maputo, são atendidos cerca de 100 cidadãos a procura de aconselhamento, assessoria e assistência jurídica dada sua situação económica e de necessidade de conhecimentos das leis. O tal atendimento é quase gratuito e é feito com maior atenção possível, personalizado e com sensibilidade para cada caso.
Dizer que muitos dos casos atendidos na Liga Moçambicana dos Direitos Humanos tem seu desfecho nela mesma, quando através de mediação, principalmente nos casos cíveis, a liga consegue conciliar as partes e juntamente encontrar um meio termo que satisfaça a ambos.
São de natureza diversa os casos que entram para a Liga dos Direitos Humanos, havendo maior incidência para casos de família, laboral e brutalidade da policia. Não são poucas as vezes que também são atendidos casos de violência e abuso sexuais.
A família moçambicana é guiada por uma filosofia machista o que restringe ou reduz os direitos dos outros membros como é o caso da mulher e da criança. Maior dilema se verifica quando a mulher perde o marido por morte, muitas vezes a viúva é obrigada a abandonar a casa sem direitos nem garantias nenhumas.
É tão grande e importante o trabalho que a Liga dos Direitos Humanos realiza no âmbito da família. E só uma mente desatenta, ingrata e com ignorância completa sobre o que está a acontecer no país pode citar a Liga dos Direitos Humanos como um defensor dos bandidos. Doutra forma estaria a chamar de bandidos todas essas famílias que com grande desespero encontram na liga uma luz de esperança para resolução dos seus problemas.
A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos funciona com três gabinetes importantes:
O gabinete da Informação e Educação Cívica, cuja missão é divulgar informações sobre os direitos humanos, consciencializar os cidadãos e pressionar os órgãos de administração da justiça a adoptarem uma postura que contribui para uma sociedade cada vez mais justa e igualitária.
A missão do gabinete é realizada através da produção e distribuição de panfletos ilustrados e muitas vezes coloridos, brochuras, cartazes, revistas, programas radiofónicos e outros, que em diferentes línguas nacionais procura ser mais abrangente possível, inclusivo e participativo.
O segundo gabinete, denominado Gabinete da Monitoria Prisional e Reforma Legal, tem a nobre missão de fiscalizar e monitorar a implementação da Política Nacional das Prisões, tendo maior enfoque no tratamento que as autoridades dão ao cidadão privado de liberdade, as condições que o estado cria tanto para o funcionários e agentes de protecção e segurança afectos ao estabelecimento prisional, direitos do recluso etc.
Ao lado desta missão o mesmo gabinete contribui na reforma legal, participando no debate nacional e na apresentação de propostas concretas sobre situações contraditórias na própria lei ou levantado a discussão sobre formulações desenquadradas, ultrapassadas ou incoerentes na conjuntura sócio política e económica que Moçambique vive neste momento.
Por último, o terceiro gabinete da Liga dos Direitos Humanos é o Gabinete da Assistência Jurídica, onde se oferece a assistência, assessoria, o aconselhamento e apoio jurídico ao cidadão quase sem encargos nenhuns, ou seja, de forma gratuita. O gabinete ‘composto por Advogados e paralegais que de forma incansável e sempre atentos aos prazos e as reais necessidades dos cidadãos impingem uma dinâmica grandiosa e admirável, digna de grandes louvores dada a falta de muitos recursos porque a Liga sobrevive de doações.
O que se afirma acima, deve ser entendido para todo o país, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Indico.
Para além dessas actividades, a Liga também participa na monitoria, fiscalização das políticas públicas, para alem de participar na sua elaboração. A liga participa nas discussões levantadas pela sociedade civil e no reforço da sua expressão como força de intervenção social. Um trabalho de Advocacia e Pressão tem sido levado a cabo tanto em relação aos órgãos do Estado como em relação a sociedade civil.
Embora pareça para algumas pessoas que a Liga dos Direitos Humanos tem o seu foco unicamente virado aos reclusos, na verdade, essa componente nem é a maioritária no universo da missão da organização. O trabalho com o recluso é só uma componente de um todo virado a promoção e defesa dos direitos humanos dos cidadãos moçambicanos.
De entre muitos equívocos que são levantados e que de forma grosseira levam a que muitas pessoas, algumas com boa formação académica possam cair no ridículo, tem a sua base no desconhecimento das leis e dos princípios universais sobre os direitos humanos. Sendo um dos mais importantes o tratamento igual perante a lei de todos os cidadãos independentemente da sua cor, raça, sexo, condição económica, extracto social, idade, orientação religiosa ou partidária. Sendo que todos os homens em todos os lugares, nas condições normais devem ter o mesmo tratamento por lei.
O outro principio não menos importante que o já enunciado, é o principio da presunção da inocência de cidadãos indiciados até que se prove o contrário.
Quanto aos reclusos, está o tratamento mínimo exigindo às autoridades para salvaguarda dos direitos fundamentais do cidadão recluso.
O que a Liga dos Direitos Humanos tem feito ao longo dos mais de dez anos da sua existência é exigir que o Estado observe e cumpra as suas leis e os documentos internacionais por si ratificados. É também consciencializar o cidadão a exigir de forma organizada e pacífica que os seus direitos e liberdades sejam efectivados, ou que no mínimo não sejam violados.
A Liga dos Direitos Humanos não é um partido político nem é uma força de oposição ao governo no sentido de querer desistabiliza-lo ou arrancar-lhe o poder. A Liga é uma força de pressão, de fiscalização e monitoria, de apoio e assessoria para que a caminhada ao desenvolvimento humano seja cada vez mais rápido e atinja de forma inclusiva e participativa todos os cidadãos moçambicanos.
Fora estas actividades e para além do muito que se poderia mencionar, a LDH fornece dados e informações a jornalistas, pesquisadores e até a órgãos do Estado, produzidos das suas muitas pesquisas, para enriquecimento de trabalhos e relatórios. A Liga aconselha e acompanha estudantes no fim do curso, oferece estágios a muitos e alguns acabam se empregando ou se oferecendo como activistas e membros da organização.
Só conhecendo a LDH, a sua missão e sua visão é que se pode fazer uma crítica mais elaborada, imparcial e emocionalmente equilibrada, pois a Liga já teve casos e experiências em que seus antigos acusadores e injuriadores acabariam recorrendo aos seus serviços e trabalhos para reaverem o seu direito. Como diz alguma sabedoria popular não se insulta o crocodilo antes de atravessar o rio.

PELOS DIREITOS HUMANOS
JUSTIÇA, PAZ E DEMOCRACIA


Maria Alice Mabota
Presidente da LDH

quinta-feira, 15 de março de 2007

De novo a bordo

Cá estou eu, escravo destas teclas noutro Mundo. O Mundo dos Direitos Humanos. O Custodio convidou-me e eu aceitei. Mais pela nobre causa. A defesa dos Direitos Humanos. Os abusos perpetrados pelas autoridades e singulares aos mais elementares direitos dos cidadãos será motivo para muitas linhas neste blog. Espero que também me vejam neste e neste espelhos, que também são meus.
Ao Custódio, apenas lhe aconselhar a mudar a foto, porque esta a dar-me as costas.
Um abraços a todos e bem vindos a bordo.
The battle continues ou simplesmente,
A luta continua.
EV

quarta-feira, 14 de março de 2007

O Tratamento Que a Nossa Polícia dá ao Cidadão

A questão “polícia-cidadão” é realmente muito delicada na sua abordagem. Houve alguém que escreveu sobre isso e referiu-se antes a diferenciação entre a polícia e o policia. Sendo a polícia a corporação toda e o polícia o agente ou a agente da lei e ordem. Penso que a caracterização é de todo muito importante para não generalizar o particular nem particularizar o geral.
Fazendo um olhar sem lupa vemos que a relação policia cidadão, que deveria privilegiar a responsabilidade, a confiança, a garantia e a certeza não está saudável. Digo policia corporação e também policia agente.
Em primeiro lugar é preciso acentuar que a polícia tem como principal responsabilidade garantir a ordem pública e manutenção da segurança na comunidade. Em segundo lugar é preciso notar e sublinhar que esse serviço dado a sociedade é de extrema importância e é acompanhado de grandes desafios.
A responsabilidade e o desafio colocado na testa da policia é consequência da sua existência em uma sociedade livre e democrática em que se pressupõe a realização de uma política de segurança que implique imediatamente o exercício pleno da cidadania.
A missão da policia compreende deste modo colocar a segurança no centro das suas atenções a fim de que, através dela a sociedade que se pressupõe livre e democrática possa progredir social, política e economicamente.
Essa actividade, compreende também a prevenção e o combate contínuo a todos os tipos de criminalidade para a salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos de forma a que o prestigio e a autoridade do Estado esteja sempre em alta e que o cidadão não apareça de forma organizada ou não e aponte o dedo a essa estrutura soberana.
A segurança é responsabilidade do Estado que através de órgãos próprios e com responsabilidade colectiva deve garantir ao cidadão que ao mesmo tem a tem como um direito e um dever.
Esta é, em linhas gerais, a missão da policia coo corporação. O policia, indivíduo que tem a designado de agente da lei e ordem tem como missão efectivar aquela missão de forma mais coerente e equilibrada, bem da forma que o estado obrigou que seja.
É por isso que o policia deve ter a cara do cidadão, o policia deve ser o reflexo da vontade do Estado em manter a ordem pública, a segurança e a tranquilidade.
O policia ao decidir ser agente manifesta publicamente a sua vontade de se comprometer com o estado e com o cidadão, assumi a causa e entrega a sua vida a valores e ideais superiores a si e votados a comunidade, como sejam o serviço de segurança ao cidadão, o combate da marginalidade, combate a delinquência, corrupção e o trabalho de manutenção do clima de paz e orem.
Isso requer que o policia seja um ser humano realmente prudente, firme das suas convicções, não violento, sereno no combate ao crime, conhecedor e respeitador dos direitos individuais dos cidadãos, para alem de ser capaz de cuidar de forma zelosa da política prosseguida pelo Estado.
Isso torna tanto a policia como o policia instrumentos e indivíduos que realmente se identificam com o cidadão e contribuem para a construção de uma sociedade de justiça social tranquilidade e ordem pública.
Tais características, mesmo contra certas teorias, contribuem bastante para o desenvolvimento económico da sociedade, isto é, o bom comportamento da policia impulsiona o desenvolvimento humano e erradica a pobreza.
Não pretendo aqui defender a tese segundo a qual a pobreza absoluta é directamente impulsionada pela má actuação da policia, mas dizer que o bom desempenho da policia e do polícia cria condições para que a pobreza seja gradualmente reduzida, na medida em que os direitos e as liberdades dos cidadãos são cada vez mais ampliadas.
Contrariando todas as expectativas, tanto a nossa policia, como o nosso policia esta bem longe desse entendimento e desse desempenho. A policia não corresponde a expectativa do Estado e o policia não tem a cara do cidadão.
As causas podem ser muitas e as consequências também. As soluções podem ser difíceis mas o maior problema é a falta de vontade das duas partes de colocar a máquina a funcionar.
O que se sabe é que a nossa polícia atormenta o cidadão, usa os instrumentos públicos que tem e aproveitando-se da fragilidade física do cidadão, abusa sistematicamente do poder. As balas perdidas, as detenções arbitrarias, as torturas nas esquadras e os vários acordos com o crime organizado são as várias provas de tudo.
A corporação colabora na medida em que deixa impune e muitas vezes oculta as situações que são denunciadas. Esta actuação não só incentiva os abusos do poder como também perpetuam e desviam a missão do estado o que o torna ausente e distante dos interesses do cidadão. É também obrigação da polícia tornar a Constituição da República mais efectiva.
O tratamento que a nossa policia dá ao cidadão é totalmente contraria aos mais nobres interesses do Estado. Por mais caricato que seja, esse mau tratamento ao cidadão só legitima o discurso segundo o qual o governo pouco se importa com o cidadão.
Parece que a policia e o policia olha para o cidadão todo como potencial criminoso. E realmente pode ser, mas ate que se prove o contrario, qualquer cidadão não é criminoso. O olhar desconfiado do policia ao cidadão, engrossa o grande índice das execuções sumarias que os ministros, vice ministros e porta-vozes do executivo se contradizem nas suas intervenções na mídia.
O que eu não consigo entender é que tanto os membros da polícia, como os próprios policias eles são cidadãos, saíram da comunidade e hoje trabalham para restringir as liberdades e os direitos dos cidadãos que ao mesmo tempo são deixados numa situação de extrema vulnerabilidade, na medida em que em vez de protecção e segurança recebem repreensão e ameaças.

quinta-feira, 8 de março de 2007

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


Hehehe...makes you wonder....

Quatro funcionários públicos chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.
Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria.
Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez.Alguém zangou-se porque era um trabalho para Toda-a-Gente.
Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria.
No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um quinto funcionário para evitar todos estes problemas

terça-feira, 6 de março de 2007

SOLUÇÕES AFRICANAS PARA PROBLEMAS AFRICANOS



Nada há do melhor, no que o homem pode ter, senão a sua auto-estima. Sem ela nada é possível fazer. Sem ela não se consegue enxergar o real valor que o ser humano tem, nem se pode conhecer o seu lugar no universo. A auto-estima constitui o primeiro passo da realização das pessoas.
Há muito que os africanos perderam esse sentimento. Ha muito que já não acreditam em si mesmo e há muito que tudo é medido, é feito e é esperado tendo como referencia o homem branco ou o povo ocidental.
Os conflitos africanos só são resolvidos com a intervenção de entidades ocidentais. As calamidades africanas são superadas graças ao apoio que os países ocidentais dão. As modificações políticas e económicas do país dependem em grande da opinião dos outros. Andam rumores de que um alto dirigente da administração de estradas foi indicado por exigência de doadores.
E aqui se pergunta, onde está a tal força da sociedade civil? Onde estão os governos tão revolucionários? Onde estão os governos comprometidos com o desenvolvimento? Estas e outras constituem perguntas de reflexão e não carecem de resposta imediata.
Os últimos acontecimentos no Vale de Zambeze e na província de Inhambane transportam um pouco dessas respostas que necessitamos e não podem ser respondidas.
Há que louvar a coragem e a ousadia do Presidente da Republica, Armando Guebuza pela sua determinação em não sair e clamar logo pó socorro internacional enquanto o país tem as mínimas condições para responder o desafio que nos é colocado.
Na verdade, o cerne da questão não reside no facto de haver ou não condições para responder o problema, mas no facto de, numa atitude rara, o Presidente, junto da Nação, aparecer em público e dizer que tem um plano que deve ser implementado para mitigar a situação.
Há que reconhecer que o povo moçambicano não está acostumado a esse tipo de comportamento. Nós estamos acostumados a pedir e não a dar. Gostamos de reclamar e não de fazer. Propusemo-nos a criticar e não a elogiar. Alimentamos a nossa preguiça, fomentamos a intriga e louvamos a loucura.
Estes comportamentos reduzem a auto estima do povo e desmoronam aquele velho sonho de liberdade que África precisa recuperar.
Já é tempo de mudar o discurso segundo o qual os outros são culpados pelo destino de África e de Moçambique. Se houve culpados, isso é no passado e o que interessa agora é o futuro. Se há culpados eles são fracos porque temos os recursos todos para manter a nossa dignidade em firmeza.
Esta louvável atitude do Presidente Guebuza devia se transformar em primeiro lugar num sentimento geral dos trabalhadores em servir e construir o país. Em segundo lugar devia também ser ampliado para outras áreas de intervenção social que não caminham porque se está a espera de uma resposta ao apelo feito a comunidade internacional.
Deve o sentimento ser transformado em geral e ser apropriado por todos os moçambicanos porque temos notado o quanto os agentes tanto do Estado como de privados se oferecem aos desmandos e ao aproveitamento quando se trata de servir o povo. Parece que viver a custa da desgraça e miséria do povo transformou-se num negocio extremamente rentável e pouco trabalhoso. Quantos pedidos são feitos em nome do povo? Quantas doações são recebidas em nome das vitimas, quanto recurso chega aos visados? Estas também são perguntas que não necessitam de resposta, bastam as perguntas.
No nosso entender, um sentimento do Presidente da Republica não produzirá efeitos quando não for sentimento de todos. Uma vontade presidencial não ajudará ao povo se essa não for vontade de toda uma massa de agentes. Há agentes que preferem ignorar sua missão em beneficio do seu próprio estomago. E o que o Presidente Guebuza quis dizer é que devemos com os escassos recursos que temos dar uma resposta condigna ao povo que neste momento está numa situação de extrema vulnerabilidade.
Quanto aos apelos a comunidade internacional é curioso como estamos acostumados a pedir e receber. Para abrir uma latrina, vamos pedir dinheiro ao ocidente, para cobrir uma escola, para ampliar a rede de estradas, para garantir a saúde materno-infantil, para reformar um sector público, temos sempre que pedir dinheiro ao ocidente.
Todos pensam assim, os dirigentes políticos, os directores e ministros, os agentes do Estado da categoria mais baixa, acreditam que sempre e sempre precisamos pedir dinheiro para responder nossas necessidades. E para que serve o Orçamento Geral do Estado? Bom esse serve para servir os interesses individuais das pessoas que por incumbência das suas actividades ou inerência do próprio trabalho tem acesso aos fundos.
A consciência de que o Orçamento Geral do Estado está para servir o povo em todas as suas vertentes ainda não está generalizado e tristemente falando, ainda é um sentimento de uma pequena fracção de pessoas, se calhar só do Presidente.
Falta a auto estima, falta a força interna que valorize a nossa essência, potencia e existência. Falta o orgulho de ser africano e herdeiro de uma historia milenar segundo a qual a espécie humana tem seu berço neste continente.
É a auto estima que pode socorrer África. É a auto estima que pode socorrer Moçambique. E vale pena entendermos muito bem os discursos de dirigentes como Guebuza e outros que procuram trabalhar na consciência do povo porque o nosso problema não é falta de forças, recursos ou meios para o desenvolvimento. O problema de África é a mentalidade e a consciência que até agora está colonizada.
O povo africano ainda se considera colônia de seus antigos opressores, pensam, agem e se programam em função dos antigos colonizadores. Puxam seu saco e não conseguem manter uma postura perante situações em que deviam manter a soberania intacta. O pior de tudo é porque uma certa minoria é que pretende responder pelo restante do povo.
Um dia Moçambique e África verão a sua luz nascer mas a auto estima é a nossa esperança. É importante que saibamos quem somos, de onde viemos e para onde vamos. É importante ter a noção da missão e responsabilidade que temos para com este magnífico continente que é o paraíso e mais do que um berço é a esperança do mundo inteiro.
Temos um legado por valorizar, temos um sonho por realizar, temos uma chama por avivar. Vale a pena lutar por esta África, combatendo a preguiça, a ociosidade, o materialismo e a falta de horizonte. Vale a pena entronizar e se apropriar da convicção e discursos como o do Presidente Guebuza na busca de soluções Africanas para problemas Africanos.
O Estado está para servir o povo e não para servir interesses de certos políticos e governantes ou executivos. O Estado está para servir o povo. Quanto mais dado a prática que ao discurso cedo este país será capaz de colher os frutos da Luta Armada.
Vale a pena lutar por Moçambique e por África!

sexta-feira, 2 de março de 2007

SÓ O QUE ACONTECEU - “Chics”, carros, compras e exibicionismo


ALGUNS moçambicanos são “chics”, por excelência. A sua finória não tem igual nem rival. E a esta virtude acrescentasse-lhes o “show” em exibicionismo.
Maputo, Terça-Feira, 27 de Fevereiro de 2007:: Notícias

Esta crónica vem a propósito de um espectáculo que me foi dado a observar num destes dias em um supermercado de Nelspruit, África do Sul e na fronteira de Ressano Garcia, lado moçambicano, respectivamente. O “show” tinha como protagonistas gente “folgada” e cheia de “mola”. Tipo que sabem gastar manifestamente o seu dinheiro... conseguido claro, nos “árduos” 30 dias de labor (quiçá, não sejam dinheiros públicos).
Aconteceu assim: no supermercado onde me encontrava, entra uma senhora “chic” moçambicana acompanhada de uma sua filha. Dirigiu-se à prateleira de produtos de higiene e limpeza e, de lá, pegou quase “tudo” que tinha rótulo de detergentes. Depois pela secção dos cosméticos e, não escapou nenhum desodorizante, champô, creme e outro produto de beleza. Na secção dos consumíveis para cozinha, ela “arrasou” tudo o que estava disponível para uma boa cozinha de luxo. Acto contínuo, deu-se com outras prateleiras, a que se direccionou, nomeadamente de frescos, comidas, bebidas etc. Vou poupar o leitor com outros etc. e tal...
Na hora de pagar a conta, aí é que foi o verdadeiro “show”. Só mesmo visto: a senhora retira da bolsa e espalha pelo balcão notas em dólar, rand, metical, incluindo cartões multibanco e livros de cheques. A conta da cliente atingiu o “tamanho XXXL”, segundo mostrava o painel digital da caixa electrónica de pagamentos. Mesmo assim, a “chic” foi a tempo de exclamar de viva voz e a bom som (para os presentes, claro) a “gorda conta” que tinha a pagar. Mas que falta de modéstia e pudor! Uma “chic” que se preze é discreta e evita fazer exibicionismo em público.
E quando se supunha que a “chiquérrima” tinha finalmente adquirido “tudo mais alguma coisa” para o seu rancho, eis que a filha se lembra de acrescentar à farta ração do seu cachorro veludo, mais uns quilogramas de carne... parece ficção não é? Mas é verdade! Só mesmo visto!
E no final, o volume das compras mais se parecia para a revenda do que para o consumo doméstico de uma simples casa... só que mais tarde, ela se apercebe de que o seu “Rodeo” já não dispunha de espaço suficiente para arrumar tanta carga na bagageira do cromado “pick-up”. Curiosamente, parte daqueles produtos poderiam ser adquiridos em qualquer esquina e supermercado de Maputo. Enfim, a “chic” acabava de dar incontestavelmente, o merecido destino às suas economias. Para os “chics”, não há mãos a medir quando se trata de gastar dinheiro que é seu e, assim sendo, estão livres de fazerem dele o que bem entenderem.
Naquele instante, vieram-me imagens de uma viúva de Inhaminga em Sofala que vive no limite da linha de pobreza absoluta, sem meios para sustentar os filhos órfãos da falecida irmã que morreu vítima de Sida.
Uma outra imagem povoou o meu imaginário: a velha Massaganha, uma idosa de Nicoadala, na Zambézia (cerca de 80 anos) que perdeu o marido durante a guerra e vive rodeada por uma dúzia de netos menores, cujas mães e pais morreram por diversas doenças. A cubata que alberga estes infortunados só tem estacas cercadas pelos quatro lados e nada mais.
“Demasiado pobre”
Maputo, Terça-Feira, 27 de Fevereiro de 2007:: Notícias

Com tudo isto, fiquei emocionado e chorei “dentro-dentro”.
Chorei de raiva e repulsa. Senti-me chocado e agredido psicologicamente com a extrema contrariedade de um país, “demasiado pobre” e paradoxalmente “demasiado rico”. Chorei também por remorso e culpa, por eu e outros clientes naquele “shop” sermos também cúmplices daquele exibicionismo barato já que assistíamos impotentes e acomodados sem poder fazer nada. E o mais preocupante nisto tudo é que a “chic” vinha acompanhada de sua filha!
Afinal, que valores queremos transmitir às nossas crianças? Que geração de crianças queremos formar para o Moçambique de amanhã ? Como será, por exemplo, esta criança que “participa” com a mãe neste tipo de “show-off”? Será esta criança capaz de compreender amanhã existência de um outro lado da sociedade moçambicana o lado da penúria e carência absolutas? Estas crianças serão que saberão que mais de 80 porcento da população do seu país vive abaixo da linha de pobreza absoluta? E por que então gastar “rios de dinheiro” aos olhos dos nossos filhos, quando há outras da mesma idade sem lápis, um caderno para escrever, para não falar de um tecto e comida (como os netos órfãos daquela velha Massaganha)!? Já se pensou no que poderá acontecer se estas crianças um dia (na juventude ou na fase adulta) não conseguirem dinheiro “que baste” para alimentar os seus caprichos?
Não custa adivinhar que a frustração levá-la-ás ao submundo da droga, prostituição e criminalidade para conseguirem aquilo a que foram habituados na sua lorde infância.
Sem pretender apregoar o igualitarismo na sociedade, já que igualdade na Natureza não passa de um conceito ou de uma abstracção, não custa compreender essa oposição de contrários em que alguém com dinheiro à farta, compra carne e champôs para cachorros de estimação quando um outro semelhante ao lado, nem pão sequer tem para “enganar” o estômago?
Voltei a emocionar-me, pois não compreendia a insensibilidade humana e questionei-me “afinal onde andam os valores morais de que tanto defendemos”? Ao mesmo tempo que me soavam aos ouvidos as insistentes recomendações do Presidente da República, Armando Guebuza, para a entrega dos cidadãos no combate à pobreza no país.
É tempo de incutirmos nas nossas crianças, o espírito de simplicidade e modéstia. É preciso dizer a elas (quando choram caprichosamente por uma fantasia de brinquedo de luxo que, invariavelmente, destroem dias depois) que há outros meninos que vivem do lixo e não têm casa nem nome registados...
Às nossas crianças cultivemos valores de solidariedade e generosidade para que amanhã possam perante a sociedade orgulhar-se dos pais que tiveram (os filhos de Samora Machel, figuram nesta lista). Vamos salvá-las do ganancioso mundo material (música de Stewart Sukuma) ensinando-as a amar o próximo como no video-clip “Vidas Positivas”, que passa nos nossos canais televisivos.
ALBINO MOISÉS
SÓ O QUE NÃO ACONTECEU : “Chics”, carros, compras e exibicionismo (2)
MAS o filme que mais me alongou o queixo passou-se na fronteira de Ressano Garcia - do lado moçambicano: um “chic” estaciona sua viatura e dirige-se ao “guichet”. Já aviado vai a um agente das Alfândegas para últimos demarches, o agente junto de mim, pergunta ao “chic”: qual é a marca da sua viatura? E o “chic” depois de uma ligeira pausa respondeu, meio duvidoso: “Mercedes” (provavelmente, daqueles da classe “C”).
Maputo, Quinta-Feira, 1 de Março de 2007:: Notícias

Só quando iniciam o passo para o local da viatura, o “chic” dá conta que se enganara. Afinal, ele desta vez não vinha no seu habitual “Mercedes”, mas no elegante “RAV4”. Rectificou o erro e pediu desculpas pelo despropositado... aquele “engano” do “chic” deixou-me boquiaberto e fiz algumas confidencia aos meus botões, “puxa, será que esta gente tem tantos carros assim, que troca como camisas, até ao ponto de não se recordar em qual deles se fazem transportar, a dado momento?
Talvez por isso mesmo, Jaime Cuambe editor na sua coluna “escreviver” de 11.06.02 tenha observado e que, passo a citar “... o que é dado a assistir é que existem casos de funcionários e técnicos do Aparelho do Estado que possuem nas suas garagens uma frota de carros das mais variadas e modernas marcas e estilos. Muitos destes “quadros” justificam a posse destes carros dizendo tratar-se de viaturas adquiridas para projectos. Mas a realidade é tão nua que desmente por completo este argumento. Os tais carros que dizem ser para projectos são viaturas que vemos desfilar nas cidades, quintas, praias e outros lugares de diversão. São carros que vemos nas mãos das esposas, filhos, sobrinhos e, muitas vezes “enteados” e amigos dos funcionários seniores do Estado, e não muitas vezes assistimos aparatosos acidentes de viação envolvendo pessoas próximas aos funcionários que beneficiam dessas regalias tropicais”. E isto acontece precisamente, volto a citar o cronista, “... quando o principal hospital do país não possui ambulâncias para atender a casos de urgência, o enfermeiro de Mavonde, em Manica, percorre centenas de quilómetros a pé para assistir os seus doentes”.
Esbanjamento de dinheiro
Maputo, Quinta-Feira, 1 de Março de 2007:: Notícias

A crónica de “James” (como é tratado pelos mais próximos na Redacção) levou-me a uma “viagem” daquele doente cadavérico que vi em Morrumbala transportado na jangada montada numa bicicleta “cansada” percorrendo dezenas de quilómetros a pé. E talvez venha a propósito um apontamento de Gil Carvalho (15.07.02) sobre este assunto que afirmava “... há muitos dirigentes neste país (desculpa a ousadia), que pegam nos dinheiros do Estado e passam férias em locais cómodos deste mundo, sob o pretexto de estarem em missão de serviço”.
Tal como nos é mostrado pelos dois cronistas, parece existir muita evidência de utilização do dinheiro público para fins pessoais. Fará sentido que um tipo tenha tantos carros na garagem a ponto de até se esquecer das marcas e seus modelos?
Voltando ao “chic” do “RAV4”, dizia eu que fiquei apavorado e boquiaberto. E foi então que resolvi evitar um olhar frontal ao “chic” com o medo que ele se voltasse para mim e perguntasse à moda “ku duru”: “Tá me olhar porquê / Támos sempre a subir/ Estamos a subir mesmo assim”. E foi então que desviei o meu olhar para um outro ponto e, mais uma vez não fui feliz: é que os meus olhos captaram uma outra cena: um dos carros que acabava de estacionar ao meu lado um “Audi” (A4) tinha na sua bagageira entre as inúmeras compras um produto que me agrediu psicologicamente... PAPAIAS. Tive que abrir bem a vista para acreditar no que via. Sacudi a cabeça para me certificar de que não estava a sonhar... ou seja, “Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade”(Mia Couto, carta ao presidente Bush, 26.03.03, in “SIC Online”). E afinal o que eu via eram papaias mesmo. Importadas da África do Sul. Mas para quê isso compatriotas? Há justificações para tal? Alguém encontrará uma resposta convincente? Isso não levará a que os outros pensem que cá nós não produzimos nem sequer papaias?
Perante isto, fiquei imobilizado e a minha auto-estima ficou “em baixo”. Fará qualquer sentido que alguém vá ao estrangeiro comprar aquilo que mais aqui temos aos “pontapés”: papaias”? Por favor, revejam os padrões de consumo!
ALBINO MOISÉS