sexta-feira, 30 de maio de 2008

ASSIM 'E VISTO O NOSSO PRESIDENTE

Guebuza family has finger in every pie

After he became President at the beginning of 2005 Armando Guebuza, did not stop developing his portfolio of investments. Better still, he and his family have since then expanded their business network via various companies in which they own stakes. The firm Moçambique Gestores (MG), of which the President is one of the shareholders, is present in the Maputo Port Development Company (MPDC) which runs the capital’s port. 

Meanwhile Guebuza’s family company Focus 21 owns a stake in the navigation company Navique, is a partner in the South African energy company Sasol and is involved in the bank BMI. Furthermore, the President is also a shareholder in the mobile telephone company Vodacom via his stake in Intelec Holdings. He can also be found in Moçambique Capitais, a firm which has just launched the Moza Banco in partnership with Geocapital owned by the Macao magnate Stanley Ho.


Guebuza’s new partners. Intelec Holdings, the company chaired by the head of theConfederaçao das Associaçoes Economicas (CTA, employers’ association)Salimo Amad Abdula, is to go into exploring for chalk and other ore with the aim of opening a cement works. To this end, it is participating in the creation at the beginning of May in Elephant Cement Moçambique Lda (ECM) with a 15% stake. The leading shareholder in ECM, with 85%, is Shree Cement Ltd, an Indian cement manufacturer represented in this transaction by its financial director, Ashok BhandariIntelec Holdings has at the same time launched into another project. Represented by its general manager Tomas Arone Monjane, it has founded a consulting and expertise company called Intelec Business Advisory & Consulting Lda (Intelec B.A.C) jointly with a Mozambican resident in Cape Town (South Africa), Tania Romana Matsinhe (the company’s CEO, with a 35% stake), Catarina Mario Dimande from Maputo (12.5%) and Armando Ndambi Guebuza (12.5%). The latter is none other than one of President Geubuza’s sons who has studied in South Africa. Intelec BAC will carry out market studies and reports on the business environment for its clients.

All the family is involved. Ndambi Guebuza is already a shareholder, as are his brother, his two sisters and his parents, in the family firm Focus 21. His sister Valentina Guebuza owns a small minority (2.5%) in Beira Grain Terminal SA, a company created at the beginning of 2007 to operate the cereals terminal at the port of Beira (ION 1209), while the Mozambican President’s eldest daughter, Norah Armando Guebuza, has joined forces with Zimbabweans and Mozambicans to launch the firm MBT Construçoes Lda, specialised in construction and public works, at the beginning of the year. She is married to the Mozambican Tendai Mavhunga, who for his part is in partnership with Miguel Nhaca Guebuza, one of the Mozambican President’s brothers, in a construction industry consulting company Englob-Consultores Lda (ION 1200)

This is the same Miguel Guebuza who has just been appointed to the board of the new firmMozambique Power Industries, which will manufacture and market electricity transformers. This company’s shareholders are Wilhelm François JacobsMunir Abdul SacoorMarilia Americo Munguambe and Christoffel Cornelius Koch. For her part, Ana Maria Dai, the twin sister of Mozambican First Lady Maria da Luz Dai Guebuza, is a shareholder in Macequece Lda alongside another member of her family, José Eduardo Dai. Her brother, Tobias Dai, is a former Defence Minister. Last year, Macequece created the mining company Mozambique Natural Resources Corp in partnership with International Minerva Resources BV.

Discreet withdrawal. Nevertheless, President Guebuza has just sold his stakes in two companies. In mid-April he withdrew from Mavimbi Lda (fishing) whose ownership is now split betweenMoises Rafael Massinga (38%) and a consortium whose members have not been revealed. Similarly, Mozambique Gestores and the former Minister Teodato Hunguana have sold their stakes in Sociedade de Aguas de Moçambique Lda to Joao Manuel Prezado Francisco andTotem Investments whose shareholders are not known since this company was created before the law obliging their disclosure. The time has come for Guebuza to become more discreet in business!

INDIAN OCEAN NEWSLETTER - 31.05.2008

Cada Dia Me Descubro



Cada dia me descubro mais perdido
O mundo caminha numa lógica
Que hipocritamente meu ser demarca
E seus íntimos segredos não revela

Cada dia me descubro enganado
Por uma banda que comigo dança
Embora tenha sua própria lírica
O mundo me surpreende com medo

Vendido e ridículo sou eu
Eu que cantei, dancei e me enganei
Porque não se dança o que não se sente

Esperto, inteligente e coerente
'E o mundo que canta e dança
Uma canção que não respira nem sente

quinta-feira, 29 de maio de 2008

DEUS TENHA MISERICORDIA DE AFRICA 2

Epidemia de estupro faz do Congo o pior lugar da Terra



Do tamanho da Europa ocidental, a República Democrática do Congo é um dos países com maiores recursos naturais de África. Tem diamantes, cobre, cobalto e uma infinidade de outras riquezas que facilmente poderiam fazer da nação uma potência regional. Infelizmente, o Congo sofre do que se costuma chamar de a “maldição dos recursos naturais”. Há anos governos corruptos e milícias sanguinárias transformaram o país na melhor versão terrestre do inferno, onde atualmente se concentram as maiores atrocidades cometidas contra seres humanos no mundo.

Na parte leste do país, especialmente na região de Kivu (veja mapa abaixo), uma “epidemia de estupro” tem atingido milhares de mulheres – algumas com menos de 4 anos de idade. Segundo a ONU, só em 2006 cerca de 27 000 mulheres foram vítimas de violência sexual em Kivu, e a própria organização internacional admite que o número oficial provavelmente se refere a apenas uma pequena parte das vítimas.



Um documentário chocante, “The Greatest Silence: Rape in the Congo”, acaba de ser lançado e traz entrevistas com mulheres que não só foram estupradas por grupos de mais de 20 homens, mas que tiveram de assistir seus maridos e filhos serem assassinados durante ataques a vilarejos. Feito por Lisa F. Jackson, o filme mostra ainda entrevistas com os estupradores, que admitem com naturalidade em frente à câmera como o estupro se tornou banalidade no país. Um deles, membro do exército congolês, diz que “estuprar dá força ao espírito e ajuda na guerra contra os inimigos”.

Um dos personagens mais sensacionais do filme é uma policial que cuida, ao mesmo tempo, dos casos de estupro e de abusos a crianças em Kivu. Ela trabalha sozinha, sem nenhum apoio maior do governo e tem muitas vezes de pagar o próprio transporte para se deslocar até os pequenos vilarejos e entrevistar as vítimas.

O presidente Joseph Kabila não faz nada para colocar um fim na situação, e o Conselho de Direitos Humanos da ONU recentemente não renovou o mandato de seu expert para o Congo. Ou seja, nem o governo local e muito menos a comunidade internacional ligam para o que acontece por lá.

Enquanto isso, mais e mais vítimas padecem em um dos mais vergonhosos massacres contra mulheres da história da humanidade.

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terça-feira, 27 de maio de 2008

Bob Marley e o Sofrimento dos Negros no Mundo

Publicado no Autarca

(perdao pelos erros. coisa do Mac)

 

Celebrou-se no passado domingo, dia 11 de Maio a passagem dos 27 anos depois da morte de Bob Marley, este que ‘e a Lenda, a Primeira Super Estrela do Terceiro Mundo, o definitivo Rei do Reggae e acima de tudo um dos mais conceituados mensageiros do orgulho negro.

A história e a musica de Bob Marley, imediatamente conduzem todo o leitor e ouvinte atento a historia dos negros no mundo, bem assim a sua luta pela independência, libertação e afirmação.

Bob Marley nasceu e cresceu em uma Jamaica extremamente pobre, racista e altamente dominada pelo preconceito em relação ao negro e ao mestiço. Ele mesmo, filho de mãe negra e pobre, e de pai branco sofreu na pele todo tipo de discriminação, preconceito e exclusão social.

A sua musica, mais do que uma forma de expressão artística, era também um instrumento de enfrentamento, de sobrevivência e de luta por um mundo melhor.

Sua mensagem, era sempre a favor dos negros, dos oprimidos, dos excluídos e dos pobres. Bob Marley não precisava investigar muito para poder escrever uma boa letra. Bastava olhar para sua própria história e lembrar-se de alguns episódios de sua própria vida que já dava para fazer uma musica excelente.

O que Bob Marley não sabia, era que o sofrimento dos negros no mundo era diferente. Dominado pela cultura Rastafari, e conhecendo somente a realidade dos negros nas Antilhas e nos Estados Unidos, Bob Marley acreditou que em África os negros tinham a mesma necessidade dos negros em países independentes.

Ele acreditou que era igual a necessidade de liberdade, de independência e de direitos iguais em todos os negros no mundo. Durante um período dessa concepção de Bob, a Babylonia, que era o principal motor da opressão da pessoa negra, era produzido por algumas pessoas brancas que ao mesmo tempo eram imperialistas, egoístas, racistas e opressoras.

Na mentalidade de Bob Marley, pelo menos ate 1978, altura da produção do álbum Babylon By Bus, África era o continente da esperança e da salvação para a humanidade inteira. Para ele, não havia nenhum outro lugar no mundo, com melhores condições para que o homem se realize como tal senão em África.

Para Bob Marley, o único mal em África era o colonialismo, que cessando, África seria um paraíso. Tanto que 1979 ele produz o álbum Survaval, que era um apelo a união dos africanos contra o colonialismo. ‘e este álbum que contempla as musica África Unite e Zimbabe.

Para Bob Marley, completando-se o ciclo das independências com Zmbabwe, o passo seguinte seria África do Sul e Namíbia que ainda estavam sob o jugo do Apartheid e assim a África estaria livre para sempre. Ele mesmo sonhava vir para África e cá viver eternamente e em paz, como varias vezes afirmou em entrevistas, alias, o álbum Exodus era uma pregação desse retorno a África.

Porem, devido a musica Zimbabwe e devido o impacto do álbum Survaval no Mundo inteiro, Bob Marley ‘e convidado de honra para a celebração da independência do Zimbabwe em 1980 e ali, sob todas as honras oferecidas pelo então Primeiro Ministro Gabriel Robert Mugabe, ele descobre uma nova realidade.

Afinal de contas, África não era aquilo que ele sempre imaginava, mais do que a opressão colonial, mais do que o efeito do colonialismo na vida dos africanos, estavam os próprios africanos reféns de sua própria mentalidade e eles mesmos impedidos pela sua mente de perceber que eram um povo capaz de viver em harmonia, em paz e em respeito um pelo outro.

Bob Marley descobre no Zimbabwe, um povo africano que luta contra si, que se divide em si mesmo e que dentro de si cria classes sociais, se discrimina e conceitua as desigualdades. Bob Marley descobre uma África minada pela ganância dos novos dirigentes africanos que antes foram os combatentes pelas libertações e independências.

Assim ele fica a saber que o problema de África era muito mais graúdo que o que ele imaginava e do que os outros africanos no mundo pensavam. Afinal, havia ate correntes de negros que queriam voltar para África, acreditando que não havia nem na Europa, nem na América um lugar para si.

‘e assim que em 1980, bem pertinho da sua morte, ele lança um disco que ‘e fortemente dedicado aos negros nos Estados Unidos da América, nas Antilhas e na Europa para que despertem em relação a África e em relação aos negros em África: Uprising.

‘e neste album que vem a musica: Redemption Song, o hino da que libertação mental (uma referencia de que não basta ser independente politicamente) a musica Real Situation, (onde os africanos se matam entre eles) Coming in From the Cold, (a realidade gelada e tenebrosa) e Zion Train, que ‘e um comboio da libertação.

Infelizmente, o álbum Uprising foi o ultimo que ele lançou enquanto vivo. Me parece que o desgosto vivido no continente africano, o câncer que o atormentava e a dificuldade dos negros no mundo perceberem que afinal de contas, a libertação partia de dentro para fora e não o contrario, apressaram a morte da Lenda do Reggae a 11 de Maio de 1981.

Infelizmente para Bob Marley, o mundo dos negros continua o mesmo ate hoje. Grandemente influenciado pelo mercado livre e pela ignorância. Os negros continuam vivendo realidades e contextos diferentes sendo o sonho de liberdade e justiça social entre os africanos em África e no mundo uma autentica utopia.

Conscidentemente, celebra-se em Maio a Marte de Bob Marley no dia 11 e o dia do Continente Africano 10 dias depois. Neste 2008, enquanto celebramos os 27 anos da morte de Bob, também celebramos 45 anos de África. Duas idades que chamam a nossa atenção e reflexão. Receio que ate agora, Bob Marley e a África sejam muito mal entendidos e mal interpretados, tanto pelos surumaticos, bem como pelos políticos.

P.S.

No dia 8 de Abril deste ano, perdeu a vida em sua casa, em Miami, de morte natural, a senhora Cedella Marley Booker, aos 81 anos de idade. Mother B, como era carinhosamente conhecida, era a mãe de Bob Marley, filho que ela deu a luz com somente 16 anos de idade e, avo dos 11 filhos do Robert Nesta Marley.

DEUS TENHA MISERICORDIA DE AFRICA

Xenofobia na África do Sul

Xenofobia na África do Sul: moçambicanos chegam à Maputo aos milhares, fugindo do conflito que está escalar no país vizinho.

Por: FRANCISCO MANJATE

Mais de 3.300 pessoas atravessaram ontem a fronteira entre República da África do Sul (RAS) e Moçambique (posto de Ressano Garcia), fugindo da onda de violência xenófoba que se regista na vizinha África do Sul desde a semana passada. Este número foi registado até às 10:00 horas de ontem, altura em que as autoridades migratórias & fronteiriças fizeram o primeiro balanço do dia.
Dados colhidos pela nossa Reportagem no local indicam que, de segunda-feira até aos princípios da noite de ontem, aproximadamente dez mil moçambicanos terão atravessado aquela fronteira, na sua maioria pessoas que, residindo há vários anos na RAS, vêem-se na contingência de regressar abruptamente ao país. Com efeito, na segunda-feira passaram por Ressano Garcia 2.911 pessoas, e na terça-feira registou-se um movimento de 2.725, na sua maioria pessoas provenientes de Joanesburgo. Estes números, segundo soubemos, são apenas de pessoas que se registaram à sua saída, mas as autoridades migratórias dizem que os dados podem estar muito acima daquilo que está registado oficialmente.

A título de exemplo, até à noite de ontem estava-se à espera que chegassem cerca de dez autocarros trazendo pelo menos 700 moçambicanos que haviam se refugiado nas esquadras e outras instituições governamentais e dos direitos humanos na RAS. Contrariamente ao que está a acontecer a nível de entradas para Moçambique, para o território sul – africano quase não está a ir ninguém.
A nossa Reportagem pôde constatar que grande parte das pessoas que entram para o território moçambicano estão afectadas social e psicologicamente pelos acontecimentos na RAS. Muitos dos que entram para Moçambique chegam sem nada. Dizem que os seus bens foram pilhados e saqueados por grupos xenófobos sul – africanos que lhes intimam a abandonar aquele país.

A violência é extensiva a gente de nacionalidades zimbabweana, malawiana e nigeriana, que também é acusada de fomentar a onda de criminalidade e marginalidade na RAS. Dada a violência dos acontecimentos, muitos dos que chegam não aventam a hipótese de regressar num curto prazo, apesar de terem perdido quase todos os seus haveres, fruto de vários anos de trabalho árduo. [...] Contam que os xenófobos andam em grupos de 20 ou 30 pessoas, armados com paus, catanas, machados, bastões e quando chegam a zonas como Alexandra, Soweto, Thembissa e Germiston, locais onde residem muitos moçambicanos, entram nas suas residências, pilham bens e violentam os proprietários das casas. Há relatos de casos de gente que foi queimada viva nas suas habitações e outra espancada até à morte nas ruas e becos daqueles bairros, depois de os revoltosos se terem apoderado dos seus haveres.

Fonte:
Fotos:
AP/Scanpix & Simphiwe Nkwali

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sobre a Xenofobia Sul Africana

COMUNICADO À IMPRENSA
 
Declaração do Presidente Thabo Mbeki
sobre os ataques contra cidadãos estrangeiros
(Segunda-feira, 19 de Maio de 2008)
 
 
"Os cidadãos de outros países do continente africano e fora dele são tão humanos como nós e merecem ser tratados com respeito e dignidade.  O nosso humanismo como povo impele-nos a todos nós a respeitar, cuidar, cooperar e agir com solidariedade para com todos os outros povos, independentemente da sua nacionalidade.
 
"Desumanizamo- nos a partir do momento que começamos a pensar que a outra pessoa é menos humana que nós simplesmente porque é proveniente de outro país.  A humanidade é indivisível. Como temos visto, tudo que quebra a estrutura do respeito pelos outros e pela lei abre caminho à criminalidade.
 
"Como Sul-Africanos, temos que reconhecer e compreender que estamos ligados aos outros Africanos pela história, cultura, economia e, acima de tudo, pelo destino.  A África do Sul não é e nunca será uma ilha separada do resto do continente.
 
"Nunca podemos deixar de ter presente a realidade fundamental da nossa interdependência como povo Africano.
 
"Apelo a todos os que estão por detrás destes actos vergonhosos e criminosos para parar!  Nada os pode justificar.  Os organismos  que fazem cumprir as leis devem e irão responder com as medidas apropriadas contra todos os que se encontram envolvidos nestes ataques.
 
"Quero ainda expressar a minha gratidão a todos os membros do público, bem como aos líderes políticos e comunitários que têm vindo a apelar para a cessação imediata destes ataques. Em particular, quero agradecer a todos os que têm prestado assistência às vítimas, oferecendo, entre outras coisas, abrigo, roupas e comida.  Ao fazê-lo, demonstraram o verdadeiro espírito Sul-Africano.  Vamos trabalhar em conjunto para que alguns criminosos não tenham possibilidade de atingir os seus objectivos desumanos.
 
"Será feito tudo o que é possível para forçar os criminosos a cumprir a lei.  Até agora, já foram presos mais do que 200 alegados criminosos. O Ministro da Segurança e o Comissário da Polícia Nacional irão manter-me informado sobre os acontecimentos e estou confiante que a polícia irá brevemente efectuar avanços significaticos no sentido de chegar à raíz desta anarquia.
 
" A transição da África do Sul para a democracia foi um dos testemunhos mais exemplares em todo o mundo de tolerância e co-existência pacífica.  Os repulsivos ataques xenófobos a estrangeiros observados recentemente, e prepetrados através de actos de intensa violência e desumanidade, constituem uma ameça aos nossos feitos históricos como nação. Não podemos esquecer a hospitalidade que foi concedida aos Sul-Africanos que se exilaram nos países vizinhos e no resto do continente durante o período do apartheid.  O apoio dos estados da linha da frente da África Austral e de todo o continente africano foi decisivo para a conquista da democracia que hoje temos e desfrutamos" .

 

 
Embaixada da África do Sul,
Lisboa, 21 de Maio de 2008
 
 
 
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SOUTH AFRICAN EMBASSY
EMBAIXADA DA ÁFRICA DO SUL
Av. Luís Bívar, Nº10, 1069-024 Lisboa, PORTUGAL, Tel: (351) 21 319 22 00  Fax: (351) 21 352 5618

 

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Que Cenario se Constroi em Africa Assim?




15 mulheres são queimadas vivas no Quênia acusadas de bruxaria               Mulheres da tribo masai, no Quênia. Uma multidão descontrolada queimou vivas quinze mulheres acusadas de bruxaria em um povoado do Quênia, segundo um correspondente da AFP.                Foto:Simon Maina/AFP


NYAKEO, Quênia (AFP) - Uma multidão descontrolada queimou vivas quinze mulheres acusadas de bruxaria em um povoado do Quênia, segundo um correspondente da AFP.

Dezenas de pessoas tomadas pela fúria foram de porta em porta no povoado de Nyakeo, 300 km a oeste de Nairóbi, prendendo as vítimas antes de imolá-las, informou à AFP um responsável local e vários habitantes do povoado.

"É inaceitável. As pessoas não podem fazer justiça por si mesmas porque suspeitam de alguém", declarou o responsável local do distrito, Mwangi Ngunyi.

Dezenas de pessoas acusadas de bruxaria foram assassinadas no oeste do Quênia nos anos noventa. Na região, corria o boato de que essas pessoas atraíam o azar e tornavam as pessoas canibais, surdas, mudas ou sonâmbulas. A região passou a ter a reputação de ser uma "área de bruxas

Mais Uma Vez os Ecos dos Fantamas

Midia e Poder

Publicado no Jornal Escorpiao

NB. Nao relevem a falta d acentos! Estou a usar um PC dificilimo

 

Na actualidade, uma das grandes perguntas que sempre me coloco ‘e: será que Moçambique conseguira algum dia criar um Barack Obama? Na verdade, tenho dificuldades de encontrar uma resposta positiva, a única tentativa de resposta que encontro ‘e mais aproximada ao negativo.

A minha resposta ‘e o resultado das influencias directas e indirectas do meio e do sistema sócio politico que me rodeia, doutra forma, eu diria que sim, porque em nada vejo os moçambicanos diferentes de Obama nem Moçambique diferente dos Estados Unidos da América (digamos que politicamente falando).

Contudo, ‘e também muito importante perceber como o poder e a midia influenciam o discurso, a criatividade, as aspirações e ate mesmo as convicções sócio politicas.

Em todo o mundo a midia e o poder manipulam os cidadãos. O resultado disso ‘e o caos e a ausência de politicas publicas. Os cidadãos cada vez mais se aprisionam a discursos políticos e a midia vai reproduzindo os ecos de seus detractores ou financiadores.

Porque ‘e que Moçambique por exemplo precisaria um Barack Obama na sua cena politica. Simplesmente para trazer diversidade e originalidade. Para afirmar o principio da independência e impulsionar a criatividade, para iluminar as mentes e para desafiar o futuro.

Um pais onde a midia e o poder servem para manipular as liberdades individuais não são exercidas na plenitude. Num pais onde a midia ‘e um eco contra ou a favor a criatividade ‘e sacrificada. Num pais onde o poder ‘e a única via de riqueza e realizacao o futuro ‘e incerto.

Não que eu queira impor uma revolução. Na verdade ela aparecera por si mesma. Não que eu queira contrapor o poder, ele, na sua forma mais descontrolada se divide ao meio ou aos ter’cos. Mesmo que ninguém se levante para impor ordem, coerência e militância, o universo sabe como conspirar para dar maiores liberdades aos cidadãos.

Fico preocupado com a consciência politica que se cria no pais, onde uma boa parte dos cidadãos tem medo de ser conotada com opositores do partido no poder. Fico preocupado com o clima de insegurança e insatisfação vivido pelos cidadãos que fazendo parte de partidos na oposicao são no mínimo ridicularizados pelas suas escolhas.

Minha maior preocupação esta no facto da midia ser usada como principal instrumento de batalha, de intriga, de ressonância e de manipulacao. Na medida em que ela, se não ‘e a favor de um partido ‘e contra o outro. Se o editorial não ‘e um cavalo de Tróia ‘e no mínimo uma caixa de ressonância.

Um pais que se pretende livre, de direito e de efectiva liberdade de expressão e de imprensa, o poder, a midia e a politica não são um casal. E mesmo assim não são inimigos, antes pelo contrario, constituem actores sociais importantes na construcao de uma democracia cada vez mais eficiente, participativa e inclusiva.

Uma democracia eficiente e participativa tem partidos na oposicao e no poder. Estes partidos embora não puxem o saco um do outro eles não são inimigos, são cada um deles vistos como alternativas na senda politica.

Uma democracia inclusiva possui uma midia que não se atrela ao poder so porque tem medo de ser excluída da arena politica, mas que se esforça em ser a primeira a levar a mensagem de consciencialização dos cidadãos e da construção de uma cidadania cada vez mais participativa.

O que dizer da actualidade civil e politica de Moçambique? Ela ‘e feita do medo. Medo de manifestar sua opinião. Medo de mostrar seu posicionamento, medo de mostrar sua cor politica e medo de buscar e falar a verdade. A realidade civil e politica de Moçambique, ilustra-se através de uma brilhante estatua de barra banhada de ouro fino.

Hoje, a África e Moçambique em especial, se debatem com a questão da identidade ideológica. Essa questão ‘e cada vez mais enfraquecida pela busca e corrida para os recursos. Nada ha de errado em querer ser rico, mas como ensina Óscar Wilde no seu romance: Dorian Gray, a alma vale mais que a riqueza.

A alma são os princípios e as cren’cas. Um jornal, uma revista, uma televisão deve ter princípios. Um jornalista não ‘e um instrumento. Um jornalista ‘e um ser humano, uma das mais sublimes criaturas da natureza, por isso deve ter princípios e seguir uma certa ética.

Um politico, um cidadão, um académico, um deputado ou um juiz, todos estes, devem guiar-se me princípios e não em funcao do quanto podem ganhar. ‘e triste ver juízes e advogados servirem, atrelarem-se e prosseguirem na funcao, de um sistema em que publicamente afirmam não acreditar.

O poder e a midia criam fantasmas para si mesmos. Mas são os princípios de liberdade, independência e cometimento com uma sociedade cada vez mais democratizada que criam cidadãos como Barack Obama, conscientes do seu papel politico e que não temem o fantasma.

A cosnciencia politica que cria e fomenta ódio partidário, regionalista, etnocista, racista ou económico traduz um estado bastante rudimentar da cosnciencia humana. Uma midia atrelada e manipulada pelos fazedores da politica traduz uma autentica ausência de princípios, assim como cidadãos apáticos e passivos perante um sistema amedrontador representam um estado vergonhoso da sociedade humana.

Mais não disse.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Morreu Irena Sendler

polonesa que salvou 2.500 crianças judias
 
 
 
 
 
Irena Sendler nasceu na Polônia em 1910, num vilarejo chamado Otwock,
 
a 23 quilômetros de Varsóvia. Seu pai, Stanislaw Krzyzanowski era um
 
médico que atendia a uma grande comunidade de judeus pobres e era
 
ativista do Partido Socialista Polonês (PSP). Suas idéias influenciaram
 
fortemente a jovem Irena, que estudou literatura polonesa e pertencia à
 
União da Juventude Democrática, (de esquerda) e acabou por filiar-se
 
também ao PSP.
 

Irena trabalhava como administradora do Departamento de Bem-estar
 
Social de Varsóvia, responsável pelos refeitórios comunitários da cidade,
 
quando os alemães invadiram o país, em 1939. Graças a ela os
 
refeitórios não proporcionavam apenas comida, assistência,
 
financeira e outros serviços para órfãos, anciãos e pobres,
 
mas forneciam roupas, remédios e dinheiro a famílias judias.
 
Para evitar as inspeções, elas eram registradas com nomes
 
cristãos fictícios e diagnosticadas como portadoras de
 
doenças graves e muito contagiosas, como o tifo e a tuberculose.
 

Mas em 1942, com a designação de uma área fechada para alojar e
 
confinar os judeus, conhecida como o Gueto de Varsóvia, as famílias
 
dos confinadas só poderiam - dali por diante - esperar por
 
uma morte certa. Horrorizada pelas condições em que viviam os
 
 
judeus, Irena uniu-se ao Conselho para a ajuda aos judeus, Zegota,
 
organizado pela resistência polonesa. A jovem foi uma das primeiras
 
organizadoras do resgate de crianças judias. Nessa ocasião,
 
morriam mensalmente no Gueto 5.000 pessoas,
 
de fome, execuções e enfermidades.
 

Irena conseguiu obter um passe do Departamento de
 
Controle Epidêmico de Varsóvia para poder entrar legalmente no Gueto.
 
Ia diariamente com o propósito de restabelecer contatos,
 
levar comida, remédios e roupa usando uma braçadeira com
 
uma estrela de Davi, como sinal de sua solidariedade aos judeus.
 

Persuadir os pais para separar-se de seus filhos era uma tarefa
 
horrorosa para uma jovem mãe, como Irena.
 

'Você pode me garantir que ela sobreviverá?' , perguntavam- lhe os
 
pais angustiados. Mas ela só podia garantir que os pequenos
 
morreriam se ficassem no Gueto; 'em meus sonhos,
 
ainda posso escutá-los chorar quando deixavam seus pais', dizia.
 

Não era fácil encontrar famílias que quisessem dar refúgio
 
a crianças judias. Começou a tirar crianças do Gueto numa
 
ambulância, como vítimas do tifo, mas com o passar do tempo,
 
qualquer coisa: sacolas, latas de lixo, sacos de batatas,
 
caixões, praticamente tudo se transformava em
 
instrumento de fuga nas mãos de Irena.
 

Outros métodos incluíam uma igreja que tinha dois acessos,
 
um pelo lado do Gueto e outro do lado 'ariano' de Varsóvia.
 
As crianças entravam na igreja como judias e saíam como cristãs.
 

Irena conseguiu recrutar pelo menos uma pessoa em cada um
 
dos dez centros do Departamento de Bem-estar Social.
 
Com essa ajuda, elaborou centenas de documentos falsos
 
com firmas fictícias, atribuindo identidades temporárias às crianças judias.
 

Mas era mais fácil escapar do Gueto que sobreviver no lado 'ariano'.
 
O resgate de uma criança requeria a ajuda de pelo menos dez pessoas.
 
As crianças eram levadas para unidades de serviço humanitário e daí
 
para um 1ugar seguro, em geral casas, orfanatos e conventos.
 
'Enviei a maioria das crianças para instituições religiosas',
 
lembrou, 'sabia que podia contar com as freiras'.
 
 
Irena também teve muita ajuda para abrigar crianças maiores: '
 
Ninguém se recusava a aceitar uma criança', disse.
 

Ela anotava, por meio de um código, os nomes verdadeiros
 
dos meninos, meninas e suas novas identidades.
 
Esses registros foram conservados em garrafas enterradas
 
sob uma macieira num pátio vizinho ao QG alemão.
 
Ela tinha a esperança de, algum dia, poder desenterrar os frascos,
 
localizar as crianças e informá-las sobre a sua origem.
 
As garrafas continham os nomes de 2.500 crianças.
 

Um dia os nazistas descobriram suas atividades e em 20 de outubro de 1943,
 
Irena foi presa pela Gestapo. Ela era a única que sabia os nomes e
 
endereços das famílias que albergaram as crianças judias.
 
Foi brutalmente torturada, mas não cedeu, quebraram-lhe as duas
 
pernas, mas a sua vontade e a força foram mais fortes que a dor.
 
Ela passou três meses na prisão de Pawiak e levada ante um
 
tribunal nazista foi julgada e condenada à morte.
 

Enquanto esperava a execução, um soldado alemão veio buscá-la
 
para um 'interrogatório adicional'. Ao sair da prisão, pensando que
 
a tortura recomeçaria, o soldado gritou-lhe em polonês:
 
'Corra!' No dia seguinte viu seu nome na lista dos resistentes executados.
 
Os membros de Zegota tinham conseguido evitar a sua morte,
 
subornando o alemão. Irena continuou trabalhando com uma identidade falsa.
 

Quando a guerra acabou, desenterrou as garrafas e usou as notas
 
para encontrar as 2.500 crianças, reuniu as que pode com seus parentes,
 
disseminados por toda a Europa, mas a maioria havia perdido suas
 
famílias nos campos de extermínio nazistas.
 

As crianças só a conheciam por seu codinome, Jolanta. Mas anos
 
depois, quando sua fotografia saiu num jornal noticiando que fora condecorada
 
por bravura durante a guerra, 'um homem, um pintor, me telefonou',
 
contou Irena, 'lembro o seu rosto, foi você que me tirou do Gueto',
 
disse e acrescentou: 'recebi muitos telefonemas como esse'.
 

Irena Sendler não se considerava uma heroína.
 

Jamais reivindicou qualquer crédito por suas ações.

'Podia ter feito mais', disse e finalizou: 'a mágoa por não
 
tê-lo feito me perseguirá até o dia de minha morte'.