Neste ano de 2008, África celebra 45 anos da sua existência como organizacao ou União. Foi com efeito que 1963 em Adis Abeba, acolidos pelo imperador Haile Sellasie os Africanos fundaram a Organizacao da Unidade Africana, hoje União Africana, com simples intuito de lutar pela afirmacao do continente e pela libertacao do jugo colonial.
Passados 45 anos desde aquela longiqua data importa mais uma vez fazer algumas perguntas. Mais uma vez porque em 2005 ja publiquei um artigo sobre África 43 anos depois.
Penso que os problemas continuam os mesmos e as possíveis solucoes também. Mas como ‘e obvio, o tempo d’a luz a novas aboordagens sobre a matéria e como diz o filosofo, a cada momento o homem ‘e uma nova pessoa.
Vejo África, 45 anos depois, com dificuldades de perceber que esta num moment crucial da sua historia, um momento histórico e um momento de trasicao. Uma roptura com as sequelas da colonizacao, com os modelos de governacao importados e com a dependência absoluta de valores culturais e existenciais.
Vejo África, 45 anos depois como o centro das atencoes do mundo inteiro, principalemnte dos mais industrializados, na medida em que, com a excassez de recursos naturais e de matéria prima, com o fim da era do petróleo, o continente se afigura como a salvacao do globo, ainda mais se juntar seus esforços com a grande Amazónia.
Vejo África, 45 anos depois, com uma grande dificuldade de definir seu caminho, seu rumo, seus objectivos e seu fim. Vejo uma África incapaz de impor ao mundo a sua identidade e a sua visão. Vejo uma África atrelada a globalizacao e incapaz de afirmar a sua cor.
Vejo uma África colonizada, politica e economicamente colonizada, palco de exploracao de varia ordem e de graves abusos de direitos humanos. Vejo uma África executora de planos importados, vitima do mercado aberto, vitima da colonizacao verde e uma África sem voz.
Vejo uma África, 45 anos depois, incapaz de ter uma democracia partidária e participativa saudável. Vejo uma África onde os patidos da oposicao são tidos como inimigos a eliminar e todos outros activistas que de alguma forma fiscalizem ou critiquem os governos, como alvos a tirar da arena.
Vejo África, 45 anos depois sem instituicoes democráticas funcionais, sem separaco de poderes, sem comissões nacionais de eleicoes, sem comissões nacionais de direitos humanos, sem um sistema judiciário eficaz e célere e acima de tudo sem uma União Africana capaz de impor uma ordem africana funcional e benéfica a todos.
Vejo uma África incapaz de olhar para o cidadão como o fim ultimo de tudo que se pode imaginar e construir no continente. Vejo uma África incapaz de definir politicas publicas para melhorar a vida dos cidadãos através de aproximacao de serviços básicos aos africanos.
Vejo uma África devastada pela pobreza e pela miséria. Vejo uma África cada vez mais empobrecida depois da década 1960, Década da Independecia Africana. Vejo uma África incapaz de travar o HIV/SIDA, vejo uma África onde as crian’cas e as mães grávidas perdem a vida sem cuidados, devido a malária. Vejo uma África sem futuro.
Vejo uma África que não percebe so problemas climáticos que assolam a humanidade e nem se prepara para enfrentar os desafios do novo milénio. Vejo uma África de forte insegurança alimentar e onde as pessoas morrem de desnutricao aguda.
Vejo uma África sem propostas para os desafios cienticos da actualidade. Vejo uma África não industrializada, não iluminada, uma África violenta, onde o desrepeito a pessoas e bens ‘e tão grande e humilhante.
Vejo uma África de desigualdades sociais, onde so os políticos podem enriquecer e onde a corrupcao ‘e a deusa dos governos. Vejo uma África descomprometida com o desenvolvimento e com a sua própria Carta.
45 anos depois, vejo uma África desorientada, descomprometida, despreparada e completamente dependente. Vejo uma África sem lugar para seus jovens, uma África onde a sua forca coerente tende a fugir do continente. Vejo uma África sem futuro.
Receio que a minha geração, a geracao da década de 1970 seja uma geracao frustrada sob o ponto de vista de não poder a materializacao dos primeiros objectivos da Organizacao da Unidade Africana e da União Africana.
Receio que os ideiais dos principais filósofos africanos, poetas e músicos, artistas e políticos visionários venham todos a serem esmagados pelas botas da ambicao, da ganância e da prepotência dos actuais lideres africanos.
Receio que África não consiga construir a sua própria continuidade, correndo o risco de deixar o continente em mãos alheias. Receio que a minha previsão venha realmente a materializar-se e África vir recusar publicamente o seu direito de identidade.
45 anos depois, ‘e tempo de mudanças e compromissos. 45 anos depois, ‘e tempo de lutar pelo poder para servir os africanos e não para servir-se a si mesmo e aos seus correligionários. 45 anos depois, ‘e tempo de África ter uma oposicao mais coerente, capaz de apresentar um argumento valido e convencente aos intelectuais e ao cidadão comum.
45 anos depois, ‘e tempo de repensarmos para onde vamos e o que realmente queremos, pois, ao deixarmos o continente em mãos de africanos ultrapassados no tempo e na conjuntura internacional actual, uma revolucao não tardara a acontecer e mais do que uma revolucao paniafricanista, tudo ser’a destruído e construído de novo, so assim se apagarão as sequelas coloniais, imperialistas e tiranas.
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