sexta-feira, 23 de maio de 2008

Mais Uma Vez os Ecos dos Fantamas

Midia e Poder

Publicado no Jornal Escorpiao

NB. Nao relevem a falta d acentos! Estou a usar um PC dificilimo

 

Na actualidade, uma das grandes perguntas que sempre me coloco ‘e: será que Moçambique conseguira algum dia criar um Barack Obama? Na verdade, tenho dificuldades de encontrar uma resposta positiva, a única tentativa de resposta que encontro ‘e mais aproximada ao negativo.

A minha resposta ‘e o resultado das influencias directas e indirectas do meio e do sistema sócio politico que me rodeia, doutra forma, eu diria que sim, porque em nada vejo os moçambicanos diferentes de Obama nem Moçambique diferente dos Estados Unidos da América (digamos que politicamente falando).

Contudo, ‘e também muito importante perceber como o poder e a midia influenciam o discurso, a criatividade, as aspirações e ate mesmo as convicções sócio politicas.

Em todo o mundo a midia e o poder manipulam os cidadãos. O resultado disso ‘e o caos e a ausência de politicas publicas. Os cidadãos cada vez mais se aprisionam a discursos políticos e a midia vai reproduzindo os ecos de seus detractores ou financiadores.

Porque ‘e que Moçambique por exemplo precisaria um Barack Obama na sua cena politica. Simplesmente para trazer diversidade e originalidade. Para afirmar o principio da independência e impulsionar a criatividade, para iluminar as mentes e para desafiar o futuro.

Um pais onde a midia e o poder servem para manipular as liberdades individuais não são exercidas na plenitude. Num pais onde a midia ‘e um eco contra ou a favor a criatividade ‘e sacrificada. Num pais onde o poder ‘e a única via de riqueza e realizacao o futuro ‘e incerto.

Não que eu queira impor uma revolução. Na verdade ela aparecera por si mesma. Não que eu queira contrapor o poder, ele, na sua forma mais descontrolada se divide ao meio ou aos ter’cos. Mesmo que ninguém se levante para impor ordem, coerência e militância, o universo sabe como conspirar para dar maiores liberdades aos cidadãos.

Fico preocupado com a consciência politica que se cria no pais, onde uma boa parte dos cidadãos tem medo de ser conotada com opositores do partido no poder. Fico preocupado com o clima de insegurança e insatisfação vivido pelos cidadãos que fazendo parte de partidos na oposicao são no mínimo ridicularizados pelas suas escolhas.

Minha maior preocupação esta no facto da midia ser usada como principal instrumento de batalha, de intriga, de ressonância e de manipulacao. Na medida em que ela, se não ‘e a favor de um partido ‘e contra o outro. Se o editorial não ‘e um cavalo de Tróia ‘e no mínimo uma caixa de ressonância.

Um pais que se pretende livre, de direito e de efectiva liberdade de expressão e de imprensa, o poder, a midia e a politica não são um casal. E mesmo assim não são inimigos, antes pelo contrario, constituem actores sociais importantes na construcao de uma democracia cada vez mais eficiente, participativa e inclusiva.

Uma democracia eficiente e participativa tem partidos na oposicao e no poder. Estes partidos embora não puxem o saco um do outro eles não são inimigos, são cada um deles vistos como alternativas na senda politica.

Uma democracia inclusiva possui uma midia que não se atrela ao poder so porque tem medo de ser excluída da arena politica, mas que se esforça em ser a primeira a levar a mensagem de consciencialização dos cidadãos e da construção de uma cidadania cada vez mais participativa.

O que dizer da actualidade civil e politica de Moçambique? Ela ‘e feita do medo. Medo de manifestar sua opinião. Medo de mostrar seu posicionamento, medo de mostrar sua cor politica e medo de buscar e falar a verdade. A realidade civil e politica de Moçambique, ilustra-se através de uma brilhante estatua de barra banhada de ouro fino.

Hoje, a África e Moçambique em especial, se debatem com a questão da identidade ideológica. Essa questão ‘e cada vez mais enfraquecida pela busca e corrida para os recursos. Nada ha de errado em querer ser rico, mas como ensina Óscar Wilde no seu romance: Dorian Gray, a alma vale mais que a riqueza.

A alma são os princípios e as cren’cas. Um jornal, uma revista, uma televisão deve ter princípios. Um jornalista não ‘e um instrumento. Um jornalista ‘e um ser humano, uma das mais sublimes criaturas da natureza, por isso deve ter princípios e seguir uma certa ética.

Um politico, um cidadão, um académico, um deputado ou um juiz, todos estes, devem guiar-se me princípios e não em funcao do quanto podem ganhar. ‘e triste ver juízes e advogados servirem, atrelarem-se e prosseguirem na funcao, de um sistema em que publicamente afirmam não acreditar.

O poder e a midia criam fantasmas para si mesmos. Mas são os princípios de liberdade, independência e cometimento com uma sociedade cada vez mais democratizada que criam cidadãos como Barack Obama, conscientes do seu papel politico e que não temem o fantasma.

A cosnciencia politica que cria e fomenta ódio partidário, regionalista, etnocista, racista ou económico traduz um estado bastante rudimentar da cosnciencia humana. Uma midia atrelada e manipulada pelos fazedores da politica traduz uma autentica ausência de princípios, assim como cidadãos apáticos e passivos perante um sistema amedrontador representam um estado vergonhoso da sociedade humana.

Mais não disse.

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