segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Vala Comum na Moamba e Execuções Sumárias

A Notícia abaixo dá conta, mais uma vez, do posicionamento da Polícia da República de Moçambique, tentando fugir com com a boca na botija.
Hoje procura-se desmentir que pelo menos um desses jovens havia sido detido pela polícia e retirado das celas para ser baleado com outros dois e enterrados na mesma vala em Chiboene.
Se a polícia assim recusa, afirma categoricamente que os culpados nunca serão entregues e que a justiça para que seja feita deverá correr ainda muita tinta e se calhar também sangue.
Só agora é que a policia quer fazer o inquerito? Os corpos foram encontrados no dia 31 de Julho, mortos a bala, faces desfiguradas e em redor do local várias capsulas e muniçoes. Sem querer saber do que se tratava a polícia ordenou o enterro. Não procurou nem saber de onde vinham esses corpos, quem os terá tirado a vida? Mesmo sabendo que na mesma altura vários familiares procuravam seus queridos desaparecidos, um deles que teria desaparecido do comando da policia.
Passados mais de 37 dias, e só porque a mídia, os familiares e a Liga dos Direitos Humanos, depois de confirmar que Almeida, um dos mortos esteve detido nas celas da policia onde supostamente desapereceu sem dar rastos e, que a polícia havia confirmado a sua existência lá, mas que tinha saido para diligências, é que o Comando quer um inquerito?
Que inquerito será esse? No local nao restam senao as valas, todos os vestigios foram retirados pela propria policia que fazendo-se presente no local no dia seguinte acabou ordenando o enterro?
Negar que a policia está capturada por gansteres só aumenta a insegurança dos cidadaos.
Não é a primeira vez que cidadaos desaparecem das mãos da polícia e são encontrados mortos.
Neste momento estamos procurando ainda por um casal que tendo sido detido por agentes da Lei e ordem, a mulher encarcerada na Cadeia Civil e o Homem no Comando da Polícia, hoje nem um nem outro é localizável, sumiram nas mãos das autoridades e nao devemos falar mesmo se aparecerem mortos e enterrados algures nos arredores da cidade de Maputo.
Se não é a polícia a matar então é a polícia que deixa os bandidos entrarem nas celas, escolherem suas vítimas e as executarem nos campos. Nesta hipotese ainda existe responsabilidade criminal que recai sobre a corporação.
Lamento que o nosso trabalho esteja a ser mal entendido principalemte pelos próprios polícias, mas os corpos estão a aumentar e nós conhecemos os corpos dos mortos pelos bandidos, linchados pelas comunidades, assim como os executados pela polícia.

O COMANDANTE-GERAL da Polícia da República de Moçambique (PRM), Custódio Pinto, ordenou aos comandos da cidade e província do Maputo a darem explicação dentro de dias, sobre um alegado assassinato em série descoberto recentemente no distrito da Moamba, província do Maputo.
Maputo, Sábado, 6 de Setembro de 2008:: Notícias
A ordem, segundo apurámos, surge na sequência de denúncias feitas por alguns cidadãos, segundo as quais, os três corpos descobertos soterrados naquela região do país seriam de jovens que supostamentedesapareceram das celas do Comando da PRM na Cidade de Maputo.
No entanto, a corporação a nível da capital do país, segundo fonte autorizada, nega tal acusação, indicando não ter dado conta do desaparecimento de nenhum dos detidos.
Ao que nos afiançaram, todas as celas da corporação têm uma direcção e que diariamente emitem um relatório sobre tudo o que nelas acontece o que, de acordo com as forças da lei e ordem, de todos os relatórios divulgados, não consta nenhum caso de desaparecimento ou evasão de detidos que provavelmente teriam sido assassinados e enterrados no distrito da Moamba.
Aliás, de acordo com a fonte policial, admitindo a hipótese de terem desaparecido indivíduos e agora encontrados mortos, isso provavelmente poderá ter acontecido muito antes deles serem presentes às autoridades competentes (direcção da PRM).
“Essas pessoas nunca chegaram a dar entrada nas celas da corporação, razão pela qual não se pode atribuir tal responsabilidade às forças da lei e ordem” - disse.Assim, o inquérito ordenado por Custódio Pinto tem por finalidade saber se terão sido agentes da Polícia a assassinarem e enterrar clandestinamente as vítimas, ou se terão sido indivíduos desconhecidos a cometer tais crimes.
“Por enquanto é cedo para nos pronunciarmos sobre o assunto. O inquérito ordenado pelo comandante-geral irá trazer à superfície o que realmente aconteceu.
A Polícia soube do sucedido através da Imprensa, mas não podemos adiantar nada, a não ser que estamos a trabalhar no assunto e que dentro em breve divulgaremos os resultados obtidos” – explicou nossa fonte.

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