As eleições que terminaram trouxeram muita coisa boa para o povo moçambicano. Muitas aprendizagens e muita informação sobre o que os políticos pensam sobre este país. Também trouxeram monte de coisas más. Coisas feias que também significaram aprendizagem e acima de tudo revelações.
Diz um filósofo que eu admiro: “só se conhece o homem quando este estiver em necessidade”. Só assim conseguimos perceber o que ele é capaz de aceitar, de fazer ou não fazer. Esse pensamento pareceu-me muito nítido quando começou a pré campanha e depois a própria campanha.
Devo dizer que aprendi muito com todo o processo. Aprendi a conhecer-me mais, aprendi a conhecer os meus amigos. Aprendi também que nem todos que estão connosco são nossos amigos, assim como nem todos os que não estão connosco são nossos inimigos.
Vi o quanto muitos ao visualizar que o processo eleitoral não estava em seu favor decidiram entrar em alianças muito contraditórias quanto ao verdadeiro conceito de democracia e participação. Percebi o quanto as pessoas ficam dispostas para a guerra quando se trate de defender seus interesses estomacais.
Ficou também, na minha óptica, muito patente a forma como o espírito humano se oferece a cobardia e a traição para obter visibilidade, ganhos e confiança. Foi um processo bastante renhido em termos de propagada e essa propaganda poderá valer cargos ministeriais ou seus vices e até de directores nacionais a muitos dos meus amigos. A ver vamos.
Se isso vier a acontecer jamais se saberá ao certo os moldes de diálogo cidadão que se pretende entre os vários intervenientes sociais e políticos. É que, de repente, muitos pequenos ficarão grandes e muitos grandes ficarão pequenos. Muitos ambiciosos usarão o chapéu de Deus e os antigo mal intencionados, mas fracos, ficarão fortes e muito arrogantes.
O processo ensinou-nos a ser cauteloso. Ensinou-nos que cada palavra que proferimos é analisada até a sua ultima gota. Ensinou-nos a perceber que mesmo quando falamos sem dizer nada, alguém existe para dar sentido às nossas mais vazias palavras. Foi um processo onde aqueles que fazem a opinião pública foram testados.
Com esse teste, muitos foram promovidos e muitos foram despromovidos. Muitos vão sentir o sabor tanto da verticalidade como da cobardia. Dizem que não existe o lambobotismo e o puxa-saquismo. Eu não concordo. Notei que uma boa parte do processo eleitoral foi coberto por lambe botas e puxa sacos. Sejam eles de que partido ou movimento pertencerem. O existem a que farta.
Aprendi que não adianta querer ser lúcido no meio de lunáticos, senão te tomam por um pior que eles. Aprendemos que o elogio da loucura de Erasmo continua tão actual quanto o era no século em que foi escrito.
Penso que os partidos que participaram do processo é que chegaram a tirar os mais altos proveitos do processo. Uns para melhor se prepararem para os próximos pleitos e outros para gerirem sua vida durante os próximos cinco anos.
Enquanto nos preocupamos com o que aprendemos durante o processo também nos preocupamos com o Governo que está por vir, com a Assembleia da República e com a participação cidadã.
Se não há duvidas sobre a próxima presidência de Armando Guebuza que ganhou as eleições de forma estrondosa, pouco se pode dizer em relação aos outros candidatos, os vencidos. Dhlakama continuará sendo o segundo mais votado, embora adoentado. Continuará sendo membro do Conselho do Estado e ainda pode gabar-se de ser o pai da democracia ou o Obama de Moçambique, como sempre diz. O homem tem agora oportunidade de reformar a sua Renamo se quer continuar a ser respeitado. É lamentável o estado em que a sua actual imagem se encontra.
Daviz Simango tem um município bastante acelerado para tomar conta. Sendo que é nesse município onde também reside a sede do seu partido, precisa fazer jus aos 9% dos votos que ganhou do eleitorado. Embora tenha perdido as eleições penso que o processo foi uma lição ao seu partido e a si próprio. Os próximos cinco anos servirão para que mostre o que vale e consiga convencer o eleitorado distante das cidades.
Ok, embora a gente saiba que na assembleia da república a Frelimo possui 191 deputados, a Renamo 51 e o MDM somente 8, não sabemos quem vai, quem fica ou quem vem para o novo elenco do Governo. Não sabemos se serão criados novos ministérios ou extintos alguns. Não sabemos quais são as surpresas e tudo que podemos fazer por ora é expecular.
Mas como disse acima, aprendemos com o processo que as pessoas estão dispostas, até a matar para ganharem cargos. Muitos que aparentavam boa educação vieram mostrar o contrario. Alguns mostraram-se verdadeiros terroristas e acima de tudo todos saímos a ganhar na medida que passamos pelo menos a nos conhecer, aparentemente.
Parabéns a todos, com votos de um mandado inclusivo, participativo e promotor de direitos humanos e boa governação!
8 comentários:
Mano Duma
Que coincidência ao falar dessa aprendizagem. Tenho reflectido sobre que aprendizagem tivemos nestas eleicões e quase que conclui o mesmo que fazes. Há uma semana atrás, numa conversa com um amigo, afirmei que estas eleicões foram uma licão importantíssima porque nos permitiram a conhecermo-nos, seja lá dentro dos partidos em que nos simpatizamos ou somos membros ou nos partidos em que nos opomos.
Claro, houve os que evitaram a se disporem e de facto conseguiram. Congratulo-os.
Cautela foi uma das licões neste processo.
Lucidez foi uma das coisas que aprendi não se dar importância na nossa terra. A melhor coisa é esperteza e malandrice, me pareceu.
Mas acho que essa aprendizagem me aterrozou, pois ficaram poucos os que confio como honestos, imparciais e justos seja lá onde for. Fiquei com problemas de análise da sociedade mocambicana. Como ela é, como a podemos construir, que entraves temos a frente. Eles dirão que são coisas da campanha, mas eu lhes perguntarei se a campanha não é permanente.
Seja como for aprendemos bastante.
Meu mano,
Sao muitas as aprendizagens...que eu mesmo senti que nao consegui esgota-las...penso que o mais importante é sabermos que as coisas nao mais serao as mesmas..algumas aprendizagens ficarao no nosso subconsciente e nos servirao quando necessario.
Tenho que concordar contigo quando dizes que em algum momento dessa aprendizagem nos aterrorizamos...é verdade, muitos terrosristas se revelaram, e mesmo que se venha a dizer que foram coisas da campanha, tens ainda razao quando dizes que a campanha nao pára!
Tenho sempre reflectido sobre isso, nesta caminhada, com quem devemos contar...ou com quem nós estamos! me parece que há muito joio no meio do trigo.
De todas as maneiras, valeu a pena meu mano..
Amizade...
Estas eleições trouxeram sim aprendizagens, tanto parte dos partidos assim como por parte dos cidadãos. Estes demonstram que tem consciencia das peripericias que envolvem este processo e isto é bom.
Moçambique apresenta uma forma esquisita de Democracia, onde as pessoas compram-se,vendem-se, não tem ideias proprias e vão txopelando os outros, vão lambendo botas o maximo possivel pra ver se conseguem um lugarzinho, no qual permanecerão os proximos anos atado as ideias que nem ele concorda, mas vão vivendo sempre naquela base que para mim é extremenda cobardia a de "fazer o quê, não tenho para onde ir".
Estamos longe ainda de as pessoas, os partidos terem em mente licções de moral nos pleitos eleitorais, há ainda muita probreza de espirito...e isso é dificil de construir...
Amizade,
Nós aprendemos muito com a propria vida. Penso que a nossa pobreza é que nos faz aceitar tudo para ter boa vida...Exemplos que temos de pessoas que foram sacrificadas porque nao aceitaram determinados comportamentos...deixam-nos em dúvidas sobre o quanto podemos ser integros num contexto de alinhamento...
Eu aprendi que devo caminhar para onde a minha cabeca me direcciona...correcta ou incorrectamente!
Estes filosofos que acabaram se destacando durante a propaganda eleitoral, jamais pagarao a nossa conta!
Apredemos com o processo que precisamos estar dispostos a sermos abandonados no meio do caminho!
É isso duma pensi que fosse eu sozinho que teve o abc nestas eleições.
sabes que cheguei a comentar sobre alguns comentários de pessoas que achava que conhecia! Mas tarde as mesmas diziam "estava na TV o que acha que devia dizer?"
Portanto, a falta de tudo (emprego, capitais para auto empregar-se) facilita o nosso controlo pelos nossos proprietários.
Aprendi que não adianta querer ser lúcido no meio de lunáticos, senão te tomam por um pior que eles. Sim Duma, Sim. Houve muita humilhação acima de tudo. Aprendi que a seriedade pode comprometer a carreira política
Opa meu mano Chacate...foram muitos os alunos do processo eleitoral findo...alguns até ainda nao descobriram o que aprenderam, mas como os ruminantes, mais tarde vao perceber que tudo valeu a pena..
Essas perguntas tipo: estava na TV o que haveria de fazer? sao somente para escovar os nossos ouvidos...a tv nao muda a essencia da pessoa, pode mudar sua cara, sua voz, seus gestos, mas nao a essencia!
Matusse meu mano,
espero que efectivamente tenhamos chegado a mesma conclusao...por pouco nao transformavamos os vários foruns de discussao em laboratorios infectados!
Pelo menos ficou a licao!
«Os Americanos concluiram o lançamento do sistema de Satélites para órbita em 1994: eu gostava de saber quando é que o Jorge Rodrigues, funcionário do terceiro piso da vossa Instituição (ANACOM), pode fazer o favor de desligar de cima do meu corpo os aparelhos «DGPS» que anda a programar e localizar diariamente em cima do meu corpo desde meados de 1994? Aguardo atento a simpática resposta da ANACOM». Este foi o último formulário que enviei à Instituição ANACOM sem resposta. A minha primeira participação no Ministério Público acerca deste assunto foi no ano de 2001- foi arquivada porque não há provas que os Satélites estão programados para cima do meu corpo desde 1994. Apresentei mais umas três participações no MP e passei para as participações na Procuradoria Geral da República (salvo erro a primeira foi em 2005). Estou à espera da resposta do/a PGR para apresentar queixa para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Isto quer dizer que os Satélites estão programados para cima do meu corpo há quinze anos! Isto quer dizer quinze anos de torturas diárias! Estes aparelhos inventados pelos Americanos quando lançaram os Satélites para órbita produzem umas «pequenas correntes eléctricas» que acompanham o meu corpo para toda a parte para onde vou e sentem-se pricipalmente quando estou parado (para dormir é o inferno e é sempre quando as torturas são maiores!), em casa, na rua, em Portufgal, na Espanha, na França, em toda a parte para onde vou, assim que estou mais imóvel, logo sinto que estes aparelhos estão localizados nos mais diversos orgãos e músculos do meu corpo, nos pés, nos músculos das pernas, nas partes, na bexiga, no ventre, no coração, nas mãos, no cérebro, nos ouvidos, nos olhos, etc, em tdos estes sitios eu já pude constatar a presença destas radiações provenientes das «Nossos Satélites». Estes aparelhos dão a velocidade e a localização com uma margem de erro de dois metros o que também quer dizer que são ideais para o GAMANSO, portanto cuidem-se com os ASSALTOS por parte da Instituição ANACOM! Espero que esta minha participação tenha um fim divulgador para o próximo ser humano que for vítima de semelhantes torturas. Estas «pequenas correntes eléctricas» atingiam(em) por vezes intensidades tais que mesmo em movimento eu sentia os efeitos destruidores destes aparelhos; para dormir tinha que estar a borrifar o meu corpo com água. Agora estão um pouco mais fracas, os Satélites já não estão novos! Mas eu já tenho 48 anos e também já não sou novo. Costumo terminar assim: A Instituição ANACOM tem estatutos aprovados pela Assembleia da República, os Satélites não foram feitos para serem programados para cima do corpo das pessoas, muito menos duante quinze anos. Tendo em conta que NINGUÉM aguentava o que eu sofri por causa do «DGPS», durante quanto tempo mais é que os Satélites vão continuar programados para cima do meu corpo?
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