segunda-feira, 18 de maio de 2009

Justiça Cultura e Minérios Nacionais



Finalmente foram aceites pelo povo os novos titulares das pastas do Tribunal Supremo, do Tribunal Administrativo e do Conselho Constitucional. Embora a bancada parlamentar da Renamo União Eleitoral tenha mostrado o seu desagrado a Assembleia da República fortemente dominada pela bancada da Frelimo deu como positiva a escolha de Guebuza nos novos nomes da justiça moçambicana.

Seja como for, a justiça não é feito por um só homem. Independentemente das capacidades e os compromissos pessoais dos novos titulares novos desafios foram lançados na edificação do nosso Estado de Direito. O constante recurso à justiça privada e a desconfiança que se tem em relação aos órgãos de administração de justiça são com certeza os principais desafios desses novos nomes.

Começou o julgamento de Alexandre Balate, suposto executor de Abranches Penicelo. Mais uma vez a justiça moçambicana é testada na barra do tribunal e o Estado é questionado sobre a conduta dos agentes que confia a missões de segurança pública. Mais do que um caso de homicídio, este é um caso de medo, de dor de intimidação, de abuso de poder e sobretudo de imprevisibilidade. Não se sabe ao certo se estamos no começo ou no fim do caso. Se as mortes já aconteceram ou ainda vão acontecer. Nada melhor que esperar para ver. Nisto o governo anuncia que vai acabar com a PIC para criar os serviços nacionais de investigação criminal (SICRIM).

Já Domingos Rosário teve uma semana repleta de realizações. Para quem não sabe, Rosário é o Director Nacional da Cultura. Homem bastante dedicado e cometido às causas da nossa terra. Para alem de estar em frente da semana da cultura, participou do lançamento de duas grandes obras que remetem a província de Manica. Manyica que é uma breve história da Cidade de Manica é da sua autoria e a Antologia de Jovens Escritores de Manica, que ele organizaou.

UNOREMA, união para organização dos escritores de Manica reuniu na década de 90 jovens escritores basicamente estudantes do IAC, Instituto Agrário de Chimoio e nela se destaca Raul Gonçalves que aparece na obra com o pseudónimo de K-Nino. Raul Gonçalves que nasceu em Nampula e foi um dos fundadores da unorema, morreu em Chimoio em 2004, depois de ter passado pelo Instituto de Comunicação Social e pela Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

A semana da cultura, para alem de ter sido coroada de várias palestras onde se destaca a de Marcelino dos Santos, este antigo combatente que nas artes responde pelo pseudónimo de Kalungano, teve a proeza de inventar a aldeia da Cultura que curiosamente aconteceu na Av. Samora Machel, em frente ao franco moçambicano, ao Gil Vicente e a sua própria estatua ao lado do Jardim Tunduro. Realçar que foi Samora quem escreveu o poema em que se lê algo parecido com o seguinte: a cultura é como a suruma no sangue do povo.

Entretanto o caso Cahora Bassa continua nos jornais, agora envolvendo os países de origem dos tais guerreiros do Orgone. Portugal e Botswana estão preocupados com os seus cidadãos citados na suposta sabotagem da barragem. Por outro lado os avisos da gripe dos porcos continuam um pouco por todo o mundo, já se diz que foi detectado um caso ou mais na África do Sul, o que significa que não falta muito que chegue a Moçambique.

Para terminar, vale a pena dizer que Tete está a nascer como o centro dos minérios do país. Já é até difícil ter uma reserva em hotéis naquela cidade porque as empresas mineiras como a Vale e a Riversdale tomaram conta de todos e até das viaturas de aluguer. Somos obrigados a ficar atentos senão o povo ainda é mais uma vez enrolado.

2 comentários:

Viriato Dias disse...

É verdade mano, é preciso estar atento a esses investimentos, apesar de serem uma mais-valia para o país, por outro lado, têm as suas consequências e o povo deve estar de olho nisso.

Abraços

Anónimo disse...

Os investimentos para a exploracao do mineral devem ser bem concertado, mas tambem a legislacao e seus regulamentos ainda necessitam de revisao para acomodar os beneficios das comunidades.
Acredito que a legislacao deve ir mais longe dando aos lideres comunitarios e seus administradores a negociarem acçoes nos mega-projectos para as suas comunidades.
Antonio Mutoua - Nampula