O mundo hoje, tende a mostrar nos que tudo tem um valor de mercado. Tudo tem um preço e tudo pode ser comprado. Tudo pode ser vendido e tudo pode estar na banca, ostentando ou não algum certificado de garantia.
Hoje compramos os alimentos, compramos a lenha para cozer os alimentos, compramos carros, compramos celulares, compramos a Internet, compramos os canais de televisão e até chegamos a comprar produtos proibidos, como a cocaína e a suruma.
Mas também compramos pessoas. Pelo menos pagamos para as usar. Homens pagam mulheres para satisfazerem suas fantasias sexuais ou mesmo para serem suas eternas amantes. Do mesmo jeito que mulheres pagam homens para as satisfazerem. O sexo tem um valor financeiro, as vezes em dólar ou em euros.
Qualquer homem ou qualquer mulher pode ser obtido/a basta ter-se dinheiro e mostrar que se tem esse dinheiro e o resto é pagar e fazer. Nas ruas até pode negociar-se o preço, como se estivesse a comprar bananas e tomates, ou então carne para o caril do jantar.
Nada contra a economia de mercado. E não sei se o negócio que envolve pessoas, sexo e órgãos humanos pode ser considerado de impulsionador da economia, mas dizem que é um dos mais rentáveis em países como Moçambique, Africa do sul, Angola entre outros. Há pessoas que chegam a viajar em primeira classe e nos voos caros por causa desse tipo de negócio.
De todas as maneiras, a parte da minha questão cinge-se com a conexão que o negócio tem com o tráfico de seres humanos. É que como podemos perceber, algumas mulheres e alguns homens não aderiram ao negócio por livre e expontanea vontade, foram aliciadas e às vezes traficadas. Foram mentidas, ludibriadas e levadas para um mundo sem volta.
Há gente que não percebe que isso acontece. Há gente que vive isso diariamente e há gente como eu que pergunta qual o valor do ser humano. Se alguém me tivesse que vender, qual o preço que colocaria? Em que critérios se basearia para determinar o preço e onde deixaria a minha vontade, a minha dignidade como pessoa humana?
Bom, tenho que assumir que quem vende uma pessoa humana parte de pressuposto de que essa pessoa não goza de dignidade humana como a sua, ou simplesmente a ignora. Será que os que vendem pessoas seriam capazes de vender seus filhos, irmãos ou pais? Raramente venderiam os pais porque no mundo do tráfico interessa mais gente jovem e não velha não é?
Bom, lembro a história da minha amiga Sarita, que foi a África do Sul para fazer negócios. Ela via as amigas a viajarem para Joanesburgo a fazer negócios. Pouco tempo depois as tais amigas eram praticamente ricas. Haviam conseguido em intervalo de 12 a 24 meses melhorar as condições de vida a que viviam nas periferias da cidade de Maputo e tinham inclusive comprado viaturas para se locomoverem quando estivessem no Maputo.
A minha amiga começou a acreditar nesse negócio e entrou nele e na verdade o que acontecia é que o negócio consistia em prestar serviços sexuais na África do Sul a certos militares ricos vindos de Angola e em troca, recebiam grandes somas de dinheiro. A minha amiga chegou a ser contratada várias vezes a prestar o mesmo serviço em Luanda.
Aos poucos foi perdendo o vigor da pele e dos ossos. Agora a minha amiga faz streep tease em uma das casas especializadas também em Joanesburgo. Contudo, quando ela vem para Moçambique é uma menina rica, linda e bem vestida. Coroada de jóias e celulares caríssimos.
Foi com a Sarita que fiquei a saber de outras tantas e daquelas que foram levadas a força para o mercado do sexo na Africa do Sul. Foi com a Sarita que conheci uma outra amiga dela que está presa na Cadeia Central da Machava acusada de tráfico de drogas a partir do Brasil. É que, depois do sucesso baixar no negócio do sexo, os tais grandes que pagam por ele, investem nas tais mulheres para trazerem drogas do Brasil.
Na verdade, uma boa parte do dinheiro que circula nesse mundo tem uma marca timbrada: sangue, sexo e droga. É um mundo clandestino, um mundo rico, mas sujo e perigoso. Cada peça envolvida é descartável e pode a qualquer momento ser retirada da circulação. O pior é quando se chega a vez da cadeia, os mais pequenos é que pagam o preço.
Sarita lembra me uma infância perdida. Uma juventude vendida e um alma infeliz. Eu sou daquelas pessoas que não percebem o sucesso de mulheres ou homens que se dedicam ao negócio do sexo para pagarem os estudos. Não sei se os estudos merecem tanto assim. É que ao lado do sucesso académico que é pregado por essas pessoas, elas também contam histórias horríveis que não sei se algum dia poderão sair das suas vidas, mesmo depois de concluírem os estudos. Penso que quem entra nessa vida nunca mais sai dela, se conseguir sair, com certeza que tudo lhe irá perseguir.
Conheço uma mulher vendedeira do sexo que fez os estudos universitários. Ela fez os estudos universitários para sair da vida e ganhar a vida com outro tipo de trabalho. Mas depois de graduar descobriu que ganhava melhor no mercado do sexo que como licenciada e hoje continua a vender o sexo, agora para doutores ou executivos.
Queria um mundo onde os homens não tem preço, onde as mulheres e principalmente as jovens e adolescentes não vivessem com medo. Onde o sexo é a expressão máxima da felicidade e da amizade entre os seres humanos. Onde as pessoas repudiam o tráfico e a exploração de seres humanos, porque a vida, a vida é um momento impar, curto e sagrado, que todos nós temos o privilegio de viver intensamente no universo.
Queria um mundo onde homens e mulheres não são classificadas e atribuídas um preço em dólares, rands ou euros. Mas onde todos nós valêssemos a própria vida e pudéssemos viver com dignidade.
4 comentários:
Oh Duma, a estoria da Sarita é igual a de tantas outras Saritas que do nada ficam ricas mas para tal colocam as suas vidas em risco.
Estes são daqueles assuntos deficeis de analisa-los por muitas vezes as vitimas serem voluntarias embora tenhamos também involutarias. mas deixe-me só olhar as vitimas voluntarias como a Sarita e as Saritas do meu país.
este assunto é complicado porque as pessoas voluntariamente assumem este modo de vida como solução aos seus problemas economicos e é solução, so que é a solução mais facil.
Temos exemplos de gente que optou por soluções complicadas mas dignas e que venceram na vida.
para terminar, meu irmão, eu acho que as Saritas se metem nessa vida porque não querem dsbravar como faz uma outra Sarita universitaria que está concluindo os seus esetudos com recursos vindos da sua habilidade de colocar mechas em outras jovens.
abraço
Ola mano,
Pensei muito nesta matéria durante o final de semana e para alem de ter respostas cheguei a muitas perguntas.
Algumas pessoas nao tem outra hipotese de sobrevivencia e dedicam se a vender o sexo. Outras pessoas gostam dessa profissao e conseguem viver com isso.
O maior problema para mim é o trafico de meninas e meninos para exploracao sexual, laboral e extracao de orgaos. Chegamos a um estagio da humanidade que o ser humano tem um preco.
Saimos da escravatura e entramos num estilo de negocio mais terrivel ainda. temo para os meus filhos. sera que poderao viver em um ambiente de paz e soceguidade?
meu amigo, eu dou a minha forca a todos aqueles que ganham a vida de forma honesta. é o que eu tento fazer.
Optima semana e obrigado por teres passado
Nos tempos idos da escravidão, seres humanos eram vendidos por causa de sua cor e se buscava nestas, qualidades vendáveis. Olhavam-se os pés, as ventas, os dentes. Mas quanto custaria um ser humano não pela sua cor, mas pelo simples fato ser humano?
Os matadores de aluguel cobram de 200 a 5.000 mil reais dependendo do status da pessoa. Mas ao escrever este texto quero deixar claro que o ser humano não tem preço. No entanto por 60 reias os traficantes de meu bairro deixam mães chorando a morte seus filhos por causa de dívidas de drogas.
A Lista de Chingler dá-nos um pouco a idéia do que vale uma alma, um ser humano. Quando no ultimo capítulo da história Chingler chora a morte de alguns judeus e olhando para seus dedos cheio de anéis diz: "- dois desses anéis poderiam ter comprado 5 vidas, e tira os anéis dos dedos e os joga longe. Em pé do lado de seu carro fala alto: "- esse carro poderia ter salvo 20 judeus e chora compulsivamente chutando os pneus do carro."
Quanto vale uma vida? Quanto vale um ser humano? Para salvar um jovem da morte demos uma moto no valor de 5.000 mil reais. Foi pouco. Quanto o cobrador pedisse daríamos pois valorizamos aquilo que amamos. De igual modo a história nos conta de um homem que morreu na cruz do calvário para salvar a humanidade.
O ser humano não tem preço. O seu valor é incontável.
Que Deus nos ajude!
Admito ser simples um ser humano, com as mesmas paixões de um mortal e anseio como todo mundo ser feliz. Algumas vezes penso ter encontrado a felicidade, mas não, é mera vaidade. Sei que Deus em meu pensamento é alegria, e paz em meu ser.
No entanto como todo mundo, seja lá qual for à religião que tenha, busca as bem-aventuranças descritas na bíblia e até mesmo os que não tem religião. Aliás, não posso esquecer-me destes.
A felicidade é um estado de espírito. Podemos até momentaneamente ficar tristes por um pequeno espaço de tempo, mas passa. Aí que nos encontramos pessoas felizes apesar das circunstâncias adversas, somos felizes.
O que nos faz felizes? O dinheiro? Termos um carro do ano? Ou a casa dos sonhos? Ou a namorada que tanto nos fez parar de respirar? Vigora hoje em nós um mecanismo de TER. E o market nos passa a mensagem que só somos felizes se tivermos aquilo que está na moda.
Tudo se transforma em produto de consumo e até mesmo o ser humano. Um cantor, uma atriz, um modelo, um político, um pastor ou um padre. Uma secretária, um jogador de futebol. Tudo é um produto que se vende. um produto vendável. Até mesmo o ser humano se tornou um produto de consumo e as técnicas para se tornar vendável.
O Cristianismo passou por uma faze no Brasil que a moda era ser religioso da comunidade evangélica e não foram poucos que aderiram a essa idéia. Ledo engano, acharam que era fechon ser cristão.
Mas concordo com Custodio Duma: "O mundo hoje, tende a mostrar-nos que tudo tem um valor de mercado. Tudo tem um preço e tudo pode ser comprado. Tudo pode ser vendido e tudo pode estar na banca, ostentando ou não algum certificado de garantia."
Sem direitos de garantias você compra milagres dando sua oferta nas igrejas.
Mas eu sou simplesmente um ser humano e não tenho preço. Eu sou riquíssimo e não preciso sair por aí mostrando ou me amostrando. O que vale é o que sou e não o que tenho.
que deus nos ajude!
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