Ser ouvida por todos e receber aplausos e elogios por todo o dia. Sugere algo muito agradável, não é mesmo? Agora pense em uma vida em que você não pode expressar seus reais sentimentos e precise representar um papel 24horas por dia.
Não parece uma sensação nada agradável, não é? Foi pensando nesse conflito de sentimentos que alguns artistas plásticos propagam um movimento ao redor do mundo em que passam despercebidos aos olhos do público em fotografias. Com pinturas no corpo, eles se camuflam diante das câmeras e ficam "invisíveis".
A ideia é levantar a bola de que ser mais um na multidão é tão legal, ou até melhor, do que ser uma pessoa famosa, que vive no foco dos holofotes. "Diferente do que as pessoas acreditam, o anonimato sugere uma vida mais tranquila e recheada de benefícios do que quando há o reconhecimento público.
Ser o foco das atenções pode ser penoso e complicado para muitas pessoas", explica o psicoterapeuta Chris Allmeida. De acordo com o especialista, não são apenas os artistas que sofrem com esse problema.
"Ser o mais reconhecido no emprego, na turma, no dia a dia, enfim, quando somos o centro das atenções, podemos gerar conflitos de personalidade e até mesmo desenvolver um quadro de depressão, já que entram em conflito aquilo que as pessoas pensam de nós e o nosso autoconhecimento", diz.
Porque queremos ser o centro das atenções
Claro, todos nós queremos ter o talento reconhecido ou simplesmente ser admirado pelos colegas ou pela família.
Mas, quando esse desejo passa dos limites e ser o centro das atenções vira praticamente uma regra, pode significar sinal vermelho. "Pessoas que desejam aparecer o tempo todo, sinalizam problemas sérios de autoestima . Quando não nos sentimos bem com nós mesmos, queremos, a todo custo, mostrar os valores que temos, mesmo sem acreditar que eles existam."
Representar um papel
O grande problema de ser a estrela de um ambiente é quando você não está sendo verdadeiro. "Existem pessoas que são reconhecidas pelo jeito sempre espirituoso, por exemplo, mas na realidade, no interior, elas não são tão bem-humoradas assim, então, para não perderem o valor, precisam representar uma coisa que elas não são", explica. Dessa forma, os problemas aparecem, porque a pessoa percebe que não é reconhecida pelos seus valores reais.
"O que adianta gostarem do seu lado engraçado se, na verdade, você não é assim. No fim, você acaba percebendo que não gostam de você, mas do papel que representa", diz.
Imagem social x autoimagem
O psicoterapeuta explica que existem dois tipos de egos: a imagem social e a autoimagem. Mas quando eles entram em conflito, os problemas aparecem.
A primeira é o que as pessoas acham de nós, já a segunda é a análise que fazemos de nossos sentimentos e de nossas atitudes. "Viver em conflito com esses sentimentos é uma situação complicada, já que vemos que as pessoas nos admiram e nos atribuem valores que sabemos que são falsos. É como um jogo de mentiras".
Para acabar com esse dilema, o ideal é se empenhar em mostrar quem você realmente é. Assumir quais são os seus reais valores e acabar com a representação é o primeiro passo. "É importante fazer tudo isso sem ter medo de perder o reconhecimento e a admiração", alerta o especialista.
Anônimo e feliz
Mas, será que ser invisível aos olhos das pessoas a sua volta realmente pode ser gratificante. "Uma pessoa que não é o centro das atenções, não precisa focar no comportamento ou na aparência o dia inteiro, por exemplo.
O direto de ir e vir, de se comportar do jeito que gosta, de vestir a roupa predileta, enfim, são simples atitudes do dia a dia que podem ser realizadas de uma forma natural, sem se preocupar com a sua imagem e com que as pessoas vão falar. A vida fica mais leve".
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