quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Benazir Bhutto assassinada

A intolerância religiosa no Paquistão acaba de assassinar a ex-Primeira – Ministra do país, Sra. Benazir Bhutto. A democracia no Paquistão recebeu um duro golpe e não sei se o consegue superar nos próximos anos...



http://edition.cnn.com/2007/WORLD/asiapcf/12/27/pakistan.sharif/index.html

Paz a sua alma!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Queridos Amigos, Colegas e Visitantes do Blog

Quero por esta via desejar vos Festas Felizes e um Próspero 2008.

Que o próximo ano seja de muitas realizaçoes e que consigamos todos realizar o que nao conseguimos neste que já é findo.

Quero agradecer a todos pelo apoio, carinho e atençao que dispensaram em especial a minha pessoa. Eu que nada tenho a mais, mas que pela amizade que nutrem por mim ofereceram o vosso melhor.

Quero também pedir as minhas sinceras desculpas por ofensas e faltas que eventualmente tenha feito ou cometido contra algum de voces. Podem crer que nao foi propositado, jamais intentaria fazer isso de forma deliberada.

E faço votos que juntos possamos entrar para o ano de 2008 e que juntos consigamos obter as melhores realizacoes possiveis.

Deus é grande por isso vamos manter a FÉ

Obrigado e mais uma vez FESTAS FELIZES.

Sempre vosso

Custódio Duma

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Uma Carta de Boas Festas ao Povo



Querido povo, chegados a esta altura do ano, resta somente deseja-te festas felizes. Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Estas são palavras que achei em um postal português de felicitações e como nada tenho de material para oferecer, deixa-as para ti.
São todas tuas, mesmo sabendo que passarás um natal sem pão e que entrarás para um novo ano sem esperança nem certeza.
Sinto muito porque vivemos em um país onde a verdade é um bem de luxo e anda escondida entre algumas e bem poucas pessoas. Muita pena porque quem tentar falar a verdade, neste país será conotado como membro do partido da oposição, como se a oposição fosse inconstitucional.
Desejo-te festas felizes, mesmo sabendo que terás um Natal sem salário e um Ano Novo sem justiça porque os salários e o acesso a justiça não são bens para o povo. O povo deve continuar a ter um salário mínimo que não satisfaz nem um quarto das suas necessidades, assim ele não saberá definir suas prioridades. Continuará a viver numa condição sub-humana.
O povo continuará a chorar por justiça. E ao falar de justiça, espero que entendas que ela ainda vai demorar a chegar neste país. Afinal de contas, quando certo gabinete contra a corrupção tentou provocar os tribunais foi imediatamente chicoteado porque os entendidos procuravam salvar sua própria pele? E o povo? Onde fica nisso tudo? Só observa, ele não tem direito a opinião.
Mais tarde, o tal gabinete veio mesmo a ser desmantelado. Depois vieram a luz denuncias e, muitos escritores a acusar, a defender, a opinar, a insultar, em fim, cada um a falar do que sabe, do que ouviu, do que acredita e do que acha que deve dizer.
Feliz Natal meu povo. Feliz Ano Novo também. O pior de tudo é que para o ano ainda terás um monte de cientistas que ao olharem para ti morrendo de fome vão pedir provas. Para o ano continuarás a ter cientistas que quererão que se produzam premissas que demostrem que teus filhos estão nas estatísticas da mortalidade infantil e que nunca acreditarão que a tua aldeia não tem água potável.
Então, já conseguiste comprar um rádio? Como é que pensas que vais ouvir as notícias. Bom, não estás atrasado, pelo menos não para ouvir sobre o estado da nação. No próximo ano ouvirás o que neste não ouviste, que o estado da nação é bom e que a Cahora Bassa já é nossa. Só não sei se conseguirás perceber porque é que ainda moras em trevas e continuas a pagar muito caro para manteres a luz.
Ouvirás que o estado da nação é bom, mesmo que os teus filhos estejam na décima classe e não saibam ler nem escrever, mesmo que as tuas crianças prefiram a rua que a casa, e mesmo que a prostituição seja agora uma das melhores alternativas para que as tuas filhas possam sustentar a família. E mesmo assim, continuarás a ter cientistas que continuarão a rotular-nos de retardados, ignorantes e alto-falantes de presidentes de partidos políticos na oposição.
Desejo-te Festas Felizes meu povo. Procure consolar-te no que podes. Consola-te em qualquer coisa, qualquer ideia ou qualquer crença, porque este teu país continuará nas mãos de certa elite, um clube de amigos e de familiares. Tu que és Zé ninguém e com o pé rapado continuarás a pagar os impostos e cada vez mais excluído da riqueza, porque tudo tem um dono. O pior de tudo é que haverá cientistas que te desafiarão a provar que tudo que digo tem uma dose de verdade. Não te preocupes, Jesus já tinha respondido a esse paradoxo: o que foi escondido aos sábios foi revelado as crianças e aos que ainda mamam. O povo consegue ver onde os cientistas não conseguem. Afinal de contas aquele que fala sabe o que sente.
Nesta altura te pedirei somente que não te preocupes com assuntos difíceis, não percas tempo a querer compreender porque é que o Presidente da República manda plantar jatropha onde devias plantar milho, mapira, mandioca ou bata doce. Não percas tempo a querer perceber o que é revolução verde, alguns músicos desta canção ainda nem percebem a sua letra. Não invistas tempo também a procurar saber porque o ministério da agricultura em três ano teve três ministros e o que agora é já foi povo.
Não procures perceber o que são eleições provinciais, parece que ninguém mesmo sabe o que são. Há vezes em que penso que se calhar uma pessoa invisível está a dirigir este país, na verdade são tantas as perguntas sem respostas, são tantos os absurdos que não se percebe de onde eles vêem.
Peço-te que não perguntes porque compraram transportes públicos demasiadamente luxuosos para a nossa realidade? Não te perguntes porquê há sempre enchentes a noite nas paragens de chapas. Não procures saber porque é que a política de transportes públicos deve ser confiada na sua maioria aos chapeiros. Suportas os chapas na estrada?
Te pedirei também que não invistas tempo a querer perceber porque é que em vez de informação só te dão novelas e músicas que exaltam sexo, ócio, riqueza, beleza e nunca o trabalho, a fraternidade, a união e a humildade. Não procures perceber isso, só te roubará tempo.
Evite também ser enganado pelos oportunistas, todos pensam que o povo é burro, é inconsequente e não tem direcção. Mostra que és um povo consciente e que a tua maneira sabes fazer valer os teus ideais. Não te esqueças que mesmo sendo o último na fila, tu é que dás poder a quem está em cima, por isso procure saber usar muito bem o teu direito a voto.
Não te deixes levar pelo discurso segundo o qual a criminalidade reduziu ou está controlada. Afinal de contas, quase ninguém pára para pensar na pessoa do criminoso. Tu que és povo conheces muito bem quem é o criminoso. Ele é teu filho, teu sobrinho, teu irmão teu amigo, produto da exclusão social, alguém que é criado na rua, lava os carros, ganha uns trocos, cresce e quer tomar seu protagonismo.
Quero que tenhas festas felizes e saibas que fazer justiça com tuas próprias mãos não vai resolver o problema. É verdade que o Estado já falhou na sua política de segurança pública, embora haja alguém que ainda queira que apresentemos provas, mas só a ele como Estado, cabe fazer a justiça. Mesmo que o procurador não pronuncie aqueles que tu apresentas como criminosos, não adianta matá-los, insista com os órgãos do Estado porque água mole, em pedra dura tanto bate que chega a furar.
Feliz Natal e próspero Ano Novo meu povo. Confio em ti e estou certo de que conseguirás sobreviver este momento difícil da vida sem pão e sem esperança. Tu já sobreviveste ao muito, ao mais difícil e ao mais pesado, por isso mesmo que acredito que sobreviverás.
Ora bem, para não encher-te de palavras e palavras, vou ter que fechar esta carta. Tu precisas de tempo para reflectir sobre a tua vida, assim como eu preciso de tempo para pensar como fazer te chegar esta carta, já que não usas internet nem tens uma caixa postal.
E mesmo assim: FELIZ NATAL E PROSPERO ANO NOVO!

CARLOS TEMBE

Foi com muita dor que recebi atraves da Rádio Moçambique a informação do desaparecimento físico do Dr Carlos Tembe, ele que era até a hora da sua morte Presidente do Conselho Municipal da Matola.
A família enlutada, aos municipes da Matola, aos académicos e todos os moçambicanos que tanto estimavam este homem, as minhas mais sentidas condolências!
Descanse em Paz amigo.
As tuas obras não deiarão que Moçambique se esqueça de ti.
Viverás para sempre em nossas memórias
Sempre
Custódio Duma

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Não à violência doméstica!

Uma nova linha gratuita de atendimento para as vítimas da violência doméstica foi aberta recentemente na cidade de Maputo. Se é vítima, não cale, consentindo, denuncie!

Número gratuito: 800 112 112

O Direito e a Sociologia


Sobre Aquilo Que Fica nas Entrelinhas

Procurarei de forma mais clara possível mostrar através de palavras simples e populares o entendimento do Direito confrontado com a Sociologia. A análise que se segue é despida de qualquer conteúdo com valor retaliador já que, como jurista e analista o meu prisma é a discussão de ideias em busca da melhor opção.
O Direito é por si um campo de conflitos. Um conjunto de conflitos que deve levar-nos a justiça. Se a justiça é um fim do direito então este é um meio.
Se o direito é um campo de conflitos, a sociologia também o é. Não estudei sociologia, mas penso que ela pode ser definida como a ciência que estuda a formação, a transformação e o desenvolvimento das sociedades humanas bem como os seus factores, todos eles. Assim, o Direito seria a ciência normativa que estabelece e sistematiza as regras necessárias parra assegurar o equilíbrio da sociedade.
As ideias acima colocadas levam-nos a concluir que o estudo das duas ciências é fundamental para a sociedade, dai por exemplo que existe uma área especifica conhecida por Sociologia Jurídica.
Embora centradas na sociedade, embora ocupadas com os conflitos sociais, as duas ciências são autónomas. A autonomia das ciências compreende-se também e principalmente nos seus princípios, ou seja, o Direito tem seus próprios princípios, assim como a Sociologia tem também os seus.
A interpretação dos fenómenos sociais, sob ponto de vista jurídico, não pode ser a mesma quando se parte da perspectiva sociológica. Dai que, normalmente, os juristas devem deixar que os sociólogos discutam as matérias de acordo com a sua hermenêutica assim como estes devem procurar no máximo evitar restringir as liberdades dos juristas quando procuram interpretar os fenómenos sociais.
A sociologia examina os fenómenos colectivos usando as suas próprias teorias e métodos, assim também, o direito usa os seus próprios mecanismos e elementos. A hermenêutica jurídica é própria e pode ofender quando aplicada pelos sociólogos na sua ciência ou quando estes procuram através da sua própria ciência de interpretação entender o que o direito pretende deixar passar.
Há uma ideia generalizada de que qualquer cientista do ramo das ciências sociais possui domínio completo de qualquer ramo social. Isso pode ser falso, o facto do sociólogo ter uma cadeira de sociologia jurídica no seu curso não o transforma em jurista nem a mesma cadeira transforma o jurista em sociólogo. Da mesma maneira, as dificuldades de perceber um ou outro serão sempre maiores, até que os dois encontrem um meio termo.
O conhecimento, a verdade, a ciência, etc., não são conceitos absolutos. Não podem ser absolutos para que não reduzam a investigação ao vazio. A ciência avança porque a ciência não é absoluta e porque os cientistas percebem da liberdade de opinião, de investigação e de conclusão, mesmo que isso não signifique concordar ou apoiar.
Percebo o Direito e a Sociologia como duas faces da mesma moeda. Contribuem para o mesmo fim e centram-se no mesmo objecto, embora cada um tenha a sua própria cara, sua própria marca e seus próprios princípios, pois, o indivíduo, embora ser social, deve pautar sua conduta em regras impostas pelo grupo em que se insere ou pelo Estado.
É verdade que onde houver sociedade haverá direito, embora o jurista não seja sociólogo nem sociólogo um jurista, como disse antes, são ambos duas faces da mesma moeda. Sem o direito a sociedade não pode ser de paz e de justiça, mesmo que a sociologia faça o seu mais perfeito trabalho, dai que a relação entre os dois deve ser sempre de reciprocidade.
Não é inteligente que sociólogos venham exigir a juristas que interpretem os fenómenos sob seu próprio ponto de vista, não vejo juristas a exigir isso dos sociólogos.
A sociologia tem seus métodos de provar a veracidade dos factos. O direito também tem os seus, a verdade deve ser dita: é necessário que os factos levantados tanto pelo sociólogo bem como pelo jurista sejam prováveis. Podem ser provados na hora em que são levantados ou a posterior, dependendo das situações.
Há vezes em que, quando levantados os factos, a pessoa que os levanta não precisa na hora trazer os elementos probatórios, ou porque estão evidentes e patentes a todos interlocutores, ou então porque ainda não se está em sede própria. O facto de não serem apresentados imediatamente, não significa que os elementos probatórios não existam.
Toda a critica social visa o bem e ela não deve ser exclusiva de uma única área do saber.
Outro ponto que também tem probabilidades de ser verdadeira e necessária é que tanto o jurista, como o sociólogo, todos tem o direito de falar e transmitir os seus sentimentos. Sejam esses sentimentos por via de críticas, desabafos ou denúncias. Tudo é permitido. O que não é permitido é insultar as pessoas ou procurar ridicularizar o que os outros fazem. Não interessa muito o nome a que a pessoa dá as suas intervenções, o que interessa é que ele percebe que é actor social e tem inclusive a obrigação de participar activamente.
A intervenção, seja em forma de crítica, desabafo, denuncia ou uma outra forma, não é um direito exclusivo de juristas e sociólogos, é um acto ou prática de cidadania, qualquer um pode fazer e deve fazer. Ninguém deve ser impedido pelo aprumo ou rigor cientifico de alguns cientistas.
A blogsfera por exemplo, não foi criada para gente altamente formada, não para adultos, não para cientistas. A blogsfera é um quintal onde todos cidadãos podem brincar a vontade, podem jogar a bola, podem dançar e saltar a corda, podem fingir de papá e mamã e até de presidentes ou astronautas. É um jardim para as crianças, é uma praia para os apaixonados, é um mercado para os negociantes, é um shopping para quem quer relaxar. Os blogs foram criados para facilitar as conversas, difundir ideias, responder perguntas, postar fotografias, queimar o tempo e fazer amigos. É um lugar onde os oportunistas fazem política, roubam e ofendem indivíduos que nem conhecem.
Os blogs não deviam ser uma floresta nem um ringue. Não são palcos de competições, não são arenas nem espaço para gladiadores.
Os blogs são também objecto de estudo da Sociologia e do Direito. É aqui onde o jurista e o sociólogo deviam reflectir sobre a missão reguladora e pacificadora das suas áreas de trabalho. É aqui onde descobririam como as diferenças podem ser benéficas.
Embora o Direito seja um campo de conflitos, deve perceber-se que esse conflito é puramente de factos, de direito e argumentos. O campo de conflitos aqui referenciado não é pessoal. Não é contra sociólogos ou outros mestres do saber é um campo de conflitos fundamentado na norma jurídica que fazem parte do Estado de Direito, onde inclusive a sociologia faz o seu trabalho de forma pacifica e as vezes também conflituosa, pois, como alguém disse, a sociologia é uma religião com muitas seitas e, por isso mesmo, nem sempre os próprios sociólogos estão de acordo.
Para terminar, é preciso dizer o seguinte: embora o direito e a sociologia sejam duas faces da mesma moeda, tem dia que o direito é ela mesma uma única moeda e nesse dia o direito é um ser que segundo alguém tem “um pé na realização da vida social e outro na organização do caos da natureza".

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Cumplicidade europeia vs ditaduras em África

Cimeira Europa / África – a cumplicidade da Europa na legitimação das ditaduras em África

Por: Fernando Casimiro (Didinho)
16.12.2007


Uma Europa com princípios de conveniência nos dias de hoje, é uma Europa claramente desacreditada quanto à essência e ao percurso evolutivo da humanidade em função de tudo o que tem tentado definir até aqui, em nome de um mundo mais equitativo, mais seguro, mais justo, mais social, em suma, de um mundo globalizado na sua vertente humana!
A Europa continua a ser um continente com vários discursos: um para consumo interno, outro para as relações com os Estados Unidos; outro para as relações com a Rússia, outro para as relações com a China; outro para as relações com o Brasil, outro para as relações com África, etc.
A questão que se coloca não se prende com as realidades de circunstância nos diferentes discursos de relacionamento entre a Europa e os seus parceiros, mas tão somente no critério de referência em relação às temáticas do Direito Internacional, tendo em conta a defesa de princípios e valores universalmente reconhecidos.
Tendo acompanhado pela Comunicação Social, os trabalhos da Cimeira Europa/África e, na qualidade de cidadão do mundo com raízes de ambos os continentes, atrevo-me a contrariar o espírito de consagração (hoje em dia acto corrente, vulgar), resumido numa definição de histórico, com que se abriu e se encerrou a referida Cimeira.
Uma Cimeira de retórica, com discursos de referência a princípios e valores universais por parte das presidências executiva e de comissão de ambos os organismos continentais, mas assente na falta de coragem para abordagens concretas relativamente a temas do Direito Internacional que, por exemplo, só em relação aos Direitos Humanos teria uma larga abrangência de sub-temas de interesse comum, para debater e esclarecer.
Dizer que "Esta é uma Cimeira entre iguais" foi uma forma elegante de dizer que na verdade nunca estivemos em pé de igualdade (humanamente falando) e estávamos a sê-lo naquele instante, só naquele instante...obviamente, por razões de conveniência, já que o essencial era que a Cimeira decorresse sem incidentes do tipo - abandono de sala por parte de delegações africanas, caso houvesse uma referência mais detalhada e acusadora da parte europeia sobre questões de Direito Internacional, com destaque para os Direitos Humanos, um tema que não devia ficar pelo resumo, pela superficialidade, mas sim por uma abordagem extensiva e de lealdade em busca de respostas enquadradas e argumentadas.
Em África os governantes também falam de Democracia, de Direitos Humanos e de Boa Governação, por conveniência, tal como se falou nesta Cimeira...
No entanto, que respostas temos para as seguintes questões em relação aos Direitos Humanos no continente africano?
a) Ausência de liberdade de expressão;
b) Incumprimento no acesso aos direitos básicos como a Saúde, a Educação, o direito à água potável etc.;
b) Perseguições, agressões e assassinatos de cidadãos e políticos da oposição em diversos países africanos que não só o Zimbabwe, sendo que, com conhecimento de facto da União Europeia!
c) O exílio ou refúgio forçado de cidadãos africanos (fluxos migratórios incluído) consequentes do desrespeito e violação dos Direitos Humanos nos seus países, sendo que com conhecimento factual da União Europeia.
Também poderíamos equacionar a ironia da expressão "entre iguais" para nos referirmos comparativamente ao que hoje se intitula de Boa Governação, um termo a meu ver dirigido ao continente africano precisamente pela constatação de maus desempenhos governativos no continente.

- Boa governação
a) Ausência de rigor na aplicação de financiamentos e investimentos, incluindo os enviados/disponibilizados pela Europa;
b) Desvio e transferência de fundos por parte de governantes africanos para agências bancárias na Europa;
c) Alastramento da corrupção;
d) Enriquecimento visível e ilícito de figuras de Estado de vários países africanos;
e) Ligação/envolvimento/conivência de várias figuras de Estado de diversos países africanos com o tráfico de droga e de seres humanos inclusive para o espaço europeu;
f) Acentuar dos índices de pobreza nos países africanos, quando a tendência, numa governação positiva deveria ser a melhoria das condições de vida das populações africanas.
Falou-se muito, mas fugiu-se aos assuntos delicados durante esta Cimeira.
Digamos que houve uma manifestação de propaganda política principalmente da parte europeia, ao querer mostrar que está tudo bem, apesar de algumas referências superficiais e sugestivas sobre os Direitos Humanos e a Boa Governação em África que insinuam precisamente o contrário.
Foi uma Cimeira de discursos ambíguos, uma Cimeira que não produzirá resultados práticos em relação aos Direitos Humanos e à Boa Governação em África, pois o essencial da Cimeira não era e nem é a vertente humana, mas sim a vertente económica e é aqui que a Europa se despe de princípios e valores e regressa aos velhos tempos do cinismo, da hipocrisia, influenciada por uma concorrência feroz e também meramente de interesse material por parte da China.
Esta Cimeira "limpou" e reforçou a imagem dos ditadores africanos, pois demonstrou um certo servilismo político da Europa, que ao catalogar a Cimeira de "Entre iguais", não fez mais do que tentar desencorajar os que lutam contra a ditadura nos seus países, sabendo que a ditadura existe e quem são os ditadores. Mas a Europa também sabe disso e por conveniência, usa a ambiguidade para manter uma postura de bem com todos mas, principalmente com pessoas que têm dado ordens para assassinar, torturar ou perseguir os seus opositores políticos, dentro e fora dos seus países!
A Europa ofereceu dinheiro a 30 países africanos, uma oferta que visa dividir, mas uma oferta que irá servir para o reforço da corrupção, do enriquecimento de elites e, que servirá igualmente para a repressão dos povos africanos!
Porquê este cinismo?
1- Porque os ditadores estão há vários anos no poder e são eles que dominam as riquezas e decidem os negócios dos seus países, prejudicando o continente africano, beneficiando os seus interesses pessoais, ao mesmo tempo que fortalecem a Europa e outras potências.
2- Porque quem colocou no poder ou sustenta a maioria dos ditadores africanos é precisamente a Europa, através das antigas potências coloniais. (Nas eleições legislativas ou presidenciais em África, a maioria dos observadores internacionais são da União Europeia e são os primeiros a dizer que correu tudo bem...)
3- À Europa interessa que África continue a ser um continente dependente, um continente por desenvolver em vez de desenvolvido, um continente de importação e não de exportação, um continente dividido nas suas tomadas de decisão e acção, mesmo que para isso se tenha que fomentar guerras, sendo que o negócio de armamento faz parte da estratégia ambígua de relacionamento que a Europa mantém com África.
Para mi, quem quer a Paz e a Segurança, não incentiva a guerra. A Europa tem produzido e vendido armas de guerra a países africanos, a governos ditatoriais em África, a troco de dinheiro, de benefícios de exploração de riquezas dos países africanos, alimentando guerras, enquanto cinicamente fala em Paz e Segurança.
Onde estão os bons princípios europeus?
Onde está a igualdade de critérios na definição e aplicação de valores que a Europa defende para os seus cidadãos e para os seus países, comparativamente com a forma como a Europa se posiciona (face aos governantes africanos), em relação aos mesmos critérios de definição e aplicação de valores em África?
Há quem diga que a África está a passar por problemas que outros continentes tiveram no passado, um argumento incoerente e que não deve ser tomado em consideração por quem quer, de facto, ver África no bom caminho, não pelo que reza o percurso de outros continentes no passado, mas pelo que é a realidade de outros continentes no presente!
Se ontem outros continentes ou potências não tinham exemplos reais e pontuais dos passos a dar, hoje, a África tem-nos, de todas as formas e com meios de acompanhamento que podem servir para encurtar o percurso que outros levaram muitos anos a trilhar para hoje se apresentarem da forma como se apresentam.
Porque será que os exemplos de luxo, de uso e porte de bens pessoais se equipara e em certos casos supera a de realidades de outros continentes e os exemplos de fazer bem, de servir os países e povos africanos já é visto como um percurso que merece comparação com o que outros passaram e até para a eterna atribuição de responsabilidades e condenação do colonialismo em África?
Quantos anos mais precisarão os governantes africanos para compreender que a vida humana é a maior riqueza dos seus países?
Que outros exemplos são precisos para se perceber isso para além da liquidação dos melhores filhos de África ao longo dos anos e o exílio forçado dos que conseguem escapar da tirania?
O mundo está em mudança, todos sabemos disso, no entanto, há quem não tenha em conta o reaproximar das potências ao continente africano, onde existe toda a matéria prima/recursos naturais de que África praticamente não se serve, porquanto não ter indústrias dignas do termo, mas que são fundamentais para a sobrevivência dos programas de desenvolvimento ousados e de sobrevivência de potências e continentes carenciados de matérias primas vitais para os seus programas estratégicos de desenvolvimento, isto falando da área industrial, num conceito geral.
Hoje, cada um quer garantir o seu espaço em África, esquecendo-se que África pertence aos africanos e deve ser apoiada para se desenvolver e, no futuro ajudar positivamente outros continentes na base de relações saudáveis e justas, visando servir toda a Humanidade!
Que não se reedite o imperialismo, que não se ressuscite o colonialismo nesta nova definição que é a Globalização, bastando para isso que o humanismo se sobreponha aos interesses materiais e o Homem sinta a sua dor e tristeza para tentar compreender a dor e a tristeza do seu próximo; que o Homem viva a sua alegria e felicidade para tentar compreender a alegria e felicidade do seu próximo.
Digamos a verdade por inteiro e não por meios-termos se, realmente, querermos ajudar na definição e edificação de um mundo melhor!
Vamos continuar a trabalhar!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O Que há de Positivo nas Mexidas do Presidente Guebuza

Por não ser contabilista, escuso-me de contar as vezes que o Presidente da República, Sua Excelência Armando Guebuza, fez mexidas no seu Governo, contudo, como observador e de certa forma sujeito activo no processo de governação e construção da nossa Democracia, obrigo-me a deixar alguns pontos que considero essenciais na matéria em questão.
Quero partir do ponto segundo o qual, só faz mexidas alguém que percebe da situação e da necessidade de reformas. Os moçambicanos sabem muito bem quando é que a nossa governação consegue satisfazer as suas necessidades básicas e quando é que ela não satisfaz.
Eventualmente, o Presidente da República, esteja a ser obrigado pela insatisfação dos serviços públicos ao cidadão para sempre fazer mexidas no seu Governo. Digo sempre porque a onda de exonerações e nomeações veio a ser uma das característica da Governação do Presidente Guebuza, ao lado dos vários conflitos com a Constituição.
Ainda bem que não há limites Constitucionais para exonerações ou nomeações para o mesmo cargo durante um mandato. O Ministério da Agricultura bateu recorde ao ter um ministro que não ficou na cadeira pelo menos um ano. Embora não haja limites temporais, acho que, é de certa forma chato, principalmente do ponto de vista de auto estima, para alguém que fica como ministro alguns dias ou meses e depois é exonerado. Que historia a contar aos familiares e amigos. Afinal quem é exonerado, muitas vezes é por incompetência, pelo menos é o que fica na cabeça do povo.
E ainda bem que já não existem as casas protocolares, casas para ministros e directores durante o exercício, pois, fica incomodo estar sempre a mudar de casa. Sair da sua casa própria para a casa do Estado por ser ministro e meses depois ter que voltar a sua própria casa porque foi exonerado. Será por isso que preferiram alienar as casas? Numa de que, se nos tiram não precisaremos mudar para a casa antiga? Não sei.
Voltando ao assunto, eu dizia antes que só faz mexidas aquele que entende da situação e aposta nas reformas e não há dúvidas de que o Presidente da Republica percebe muito bem disso.
Com as constantes mudanças, eu percebo que o Presidente Guebuza quer dar a entender que está preocupado com o trabalho, quer maior dinâmica, quer cometimento e gente séria. Afinal de contas ele tem um manifesto e um plano que pretende realizar e o mandato está a terminar. Como bom político e estratega que ele é, sabe que o bom desempenho deste mandato garantirá com certeza o segundo mandato, valendo-se também da fragilidade e falta de seriedade da oposição moçambicana.
No meio de tudo isso, embora não haja dúvidas da visão e capacidades do Chefe do estado, é preciso que se faça uma questão. Atendendo que cargos como de um ministro ou de um governador não são mesquinhos porque é que também estão tão expostos a ponto de um ministro ou governador ficar como tal apenas alguns meses? Ou seja, mesmo havendo necessidades de reformas, porque é que o Presidente não faz mexidas que de certa forma durem no tempo e produzam frutos palpáveis? Afinal de contas estamos a falar de cargos sustentados pelo dinheiro público, de ministros e governadores que são pagos pelas nossas contribuições.
Bom, é preciso entender que quem dirige o país não é o Presidente sozinho, é o seu partido também e muitas vezes não é fácil chegar a consenso sobre o que deve ser feito ou sobre a quem confiar para determinada tarefa ou missão.
Se calhar esta pode ser uma das respostas para as várias perguntas que se colocam. Será que uma pessoa que tanto percebe que os quadros que colocou não estão a corresponder as expectativas, não é capaz de também procurar a pessoa certa para o efeito.
A conclusão que podemos tirar sem aprofundar o silogismo é que: o presidente acerta no identificar o problema e não no solucioná-lo. Atendendo e considerando que identificar o problema já é meio caminho andado, então aqui encontramos o lado positivo das mexidas do Presidente da República.
Mas como uma viagem não é feita só da metade do caminho é preciso que o Chefe do Estado invista grandemente na outra metade do caminho. De que maneira? Vamos adiante tentar criar hipóteses.
Dizem muitos analistas que o problema do Presidente reside nos seus conselheiros, ou seja, o Presidente da República está a ser mal aconselhado ou a ser mal assessorado. Pode ser verdade. Mas eu que não duvido das capacidades do Presidente da República não quero concordar com esta hipótese, pois, um bom político e governante, alguém do tamanho de Armando Guebuza, sabe muito bem que não deve escolher conselheiros inexperientes, incapazes, míopes, mentirosos ou puxa-sacos. A grandeza do líder nota-se também nas qualidades dos seus conselheiros.
Outros analistas aventam a ideia segundo a qual o Presidente da República é pressionado pela ala dura do Partido a nomear certas pessoas. Bom, isso também pode ser verdade, afinal o partido tem seus compromissos e com certeza os cargos governamentais são um bom galardão para os militantes. Contudo, sabendo que o partido Frelimo, de acordo com discursos de várias figuras altamente posicionadas na sua hierarquia, quer manter-se no poder por muitos e longos anos, seria um contra-senso, o próprio partido nomear gente que eventualmente venha a manchar o seu bom nome, a ponto de ser exonerada em meses.
Há analistas também, que asseguram que os compromissos pessoais do Próprio Presidente muitas vezes influenciam as suas escolhas. Sobre este ponto vale a pena duvidar que um Presidente da República venha a pôr em causa todo um ministério, uma província ou o país inteiro, só por causa dos seus interesses pessoais.
Alguém chegou a colocar a seguinte hipótese, que os nomeados ou indicados pelo Presidente da República acabam, já no poder, guinado-se por fofocas, bocas, intrigas ou outros comportamentos menos aconselháveis e não propriamente nos termos de referência para o cargo que passa a ocupar. Pode ser verdade, mas será que esses nomeados pela confiança política do Presidente não podem aprender dos erros cometidos pelos seus antecessores?
Bom, como disse antes, o assunto é sério, a neste momento só nos cabe levantar hipóteses para desvendar o mistério que se esconde na presente governação. Mas como a minha abordagem não era essencialmente essa, é importante que fique bem claro que a mensagem que fica quando o Presidente faz mudanças é de que ele quer trabalho e isso é bom para os cidadãos. Os cidadãos também querem serviços públicos, querem servidores públicos, querem homens cometidos com o desenvolvimento deste país. Os cidadãos querem segurança, querem direitos humanos e acima de tudo querem paz e justiça social.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

É Longo o Percurso da Vida e do Amor

É longo o percurso da vida e do amor
Tão sinuoso, doloroso e traidor
Feliz é a pessoa que no ser e estar
Se gaba de ser feliz da vida e do amor

Conheci gente que amei e me traí
Traí e magoei gente que do fundo me amou
De tão vivo e inteligente que sou
Um ser imprudente e desprezível me encontrei

Custa-me culpar a quem quer que seja
Somos todos vítimas do mesmo existir
E da vida todos colhemos a dor

Dói-me viver e não alcançar o que se almeja
O valor da vida está no quanto podemos sentir
Queira Deus que mereça alguém digna deste amor

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

RETROSPECTIVA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO E O PODER

Resposta a Custódio Duma
Lí o seu último Email, no qual versava sobre a necessidade de provimento de Educação para todos para que o usufruto dos direitos humanos seja efectivo e para que os valores democráticos se consolidem. Onde igualmente descreva sabiamente a situação de Moçambique.

Na verdade a melhor forma de providenciar o usufruto dos direitos humanos é a educação. Primeiro porque ela ajuda a alcançar outros direitos de carácter económico como sejam os bens materiais para a satisfação das necessidades básicas. Segundo, porque é através deles que se exerce os direitos de natureza Civil e Política. Nos países do terceiro mundo e particularmente em Moçambique é comum a ideia de que se estuda para satisfazer as necessidades básicas.

Com efeito, como diz Sartori a educação possibilita a emergência de uma sociedade civil esclarecida, a qual luta para que o governo possa olhar para as camadas mais desfavorecidas. Para que se possa fiscalizar o governo, para que haja responsabilização e prestação de contas. Assim, me ocorre que quanto maior for o grau de escolarização maior será o usufruto dos direitos humanos e a consolidação de valores democráticos.

Mas, o grande problema que coloco neste ensaio é a natureza como as relações de poder foram arquitectadas. A este respeito Thomas Hobbes diz que o Homem é Lobo pela natureza. Isto significa que a perpetuação dos seus interesses seria o mais essencial do que a salvaguarda dos interesses da maioria. A teoria Realista dominante no campo das Relações Internacionais parece consubstanciar o pensamento hobesiano, mesmo que para esta isto aconteça ao nível dos Estados.

Quando olho para os sistemas sócias desde a Comunidade primitiva até à fase Contemporânea parece-me que os sistemas de poder procuraram beneficiar a sí próprios. Na Antiguidade a educação esteve ligada à Geopolítica do poder. O expansionismo Romano por exemplo terá impulsionado pesquisas geográficas e militares sobre as zonas adjacentes. Na Grécia Antiga a situação foi também similar. Os mais esclarecidos é que instituíram a Democracia ateniense, caracterizada pela pela posse da educação naqueles que controlavam o Sistema.

Na Idade Média, os Monges é que tinham acesso à ciência. E estes é que controlavam o Sistema. Povo foi lhe retirado o direitos de contacto com a Ciência, e nesse período, segundo Langlois “a ciência terá regressado à infância.

E o que dizer do Estado Absolutista, que foi contra este que se instituiu o iluminismo e a filosofia dos direitos humanos? Neste Estado a Educação buscou salvaguardar os interesses das Elites. Os escritos de Machiavelli em “O Príncipe” constituem uma historiografia para salvaguardar interesses da classe monarca.

No entanto, quando os desfavorecidos pelo sistema tiveram acesso à educação lutaram contra o Absolutismo e fundaram um Estado baseado na Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Todavia, dentro deste novo sistema de coisas a educação buscou salvaguardar interesses daqueles que estavam no poder, portanto da burguesia. O argumento é que perpetraram violação massiva e sistemática dos direitos humanos.

Arquitectaram o Xadrez colonial delineado em Berlim. A prática da escravatura, mesmo depois da sua abolição formal é uma prova inequívoca de que esta Ordem buscava salvaguardar os seus próprios interesses. Será que estes direitos eram Universais numa situação em que a mulher europeia lhe eram vetados alguns direitos? Será que havia respeito pela dignidade humana numa altura em que os inventores da doutrina dos direitos humanos praticavam a escravatura?

A Educação sempre foi e ainda constitui um instrumento de poder. O colonizador foi relutante em formar o africano porque sabia que se este fosse iluminado lutaria contra o sistema colonial. E na verdade a luta pelas Independência de Africa começa quando surge a primeira vaga de intelectuais em Africa. Eduardo Mondlhane que estudou com muitas dificuldades constitui um exemplo desta realidade.

Quando os africanos tomaram as rédeas de governação dos seus Estados também usaram a Educação como instrumento de poder. O melhor ensino esteve para aqueles que estivessem ligados ao poder. Ou seja, enquanto se massificava o ensino com pouca qualidade para as camadas mais desfavorecidas, havia circuitos patrimoniais, que tinham acesso ao ensino luxuoso nas universidades Europeias e Americanas.

Para o caso de Moçambique há um conjunto de reformas no Sector da Educação, as quais a meu ver tendem a reduzir cada vez mais a qualidade de ensino. Crianças fazem Sétima Classe sem saber escrever o seu próprio nome. O professor lhe foi retirado o poder de Ceifar os inúteis pois tem que preservar o seu emprego. E eu questiono: Afinal estamos comprometidos com o saber para descobrir as causas da miséria e pobreza ou queremos formar cadáveres académicos?

E o mais agravante é que os filhos dos Coulossos nem sequer frequentam este ensino com pouca qualidade. Estudam nos melhores Liceus da Capital do País ou em melhores universidades do Mundo. Nesta lógica, os descendentes daqueles que decidem tem melhor qualidade para melhor controlar o sistema. Argumento, enquanto o pobre recebe aulas com o monitor UEM o filho dos Coulossos recebe aulas com Doutores, PHDs e Mestres. Como podem ser iguais? Os últimos são tecnicamente mais eficazes e eficientes.

A alegada massificação do ensino me parece ser falsa, pois visa não só aumentar as páginas de relatórios, mas também, angariar mais fundos da comunidade internacional para o auto-enriquecimento e ampliação de redes patrimoniais de controlo pela coisa pública.

Nesta ordem de ideias me parece que o poder visa proteger os interesses daqueles que controlam o bolo político. Naquilo que em Relações Internacionais chamaria de instrumento de poder. Com o fim da Guerra - fria o conceito de poder passou a ser multidimensional.

Portanto, fico cada vez mais confuso com a forma anárquica como as relações de poder foram arquitectadas. Será que será possível um dia a humanidade usufruir dos seus direitos humanos? Serão os direitos Humanos algo que procura oferecer ao Homem a dignidade humana e honra humanas ou são algo utópico?

Espero que com estes escritos tenha atingido o meu principal objectivo, que é provocar o debate e não necessariamente chegar a conclusões ou avançar recomendações. ESPERO O SEU CONVITE DR, PARA FAZER PARTE DAS COMEMORAÇÕES DO 10 DE DEZEMBRO. AÍNDA QUE NÃO SEJA ESPECIALISTA TENHO MUITA PAIXÃO PELA PELOS DIREITOS HUMANOS, RAZAO PELA QUAL MINHA TESE DISCUTIU SOBRE ELES.


BY: LEOCALDIO DE SOUSA.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Um Mundo, Uma Vida

A maioria das pessoas que me conhece sabe do meu desejo de intervir activamente pelos Direitos Humanos.

Mas enquanto a oportunidade mais realista não é encontrada, o mínimo que se pode fazer é utilizar as novas tecnologias como portas que nos abram essas oportunidades.
Por isso, faço o convite! Avanço o desafio!

Cada um de nós, seres humanos conscientes, tem notado que, por todo o globo, existe um sempre crescente de atrocidades contra a espécie humana. Mas, quantos de nós paramos para pensar sobre elas e mostrar a nossa indignação e asco?

É essa a razão desta causa: criar uma rede activa que leve o seu desagrado aos seus leitores.
No dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, eu gostaria de nos ter a todos trabalhando em conjunto, como um mundo, uma vida, de modo a que todos os nossos leitores possam ter em mente de que somos, de facto, um mundo e uma vida.Para os que possuem blog e desejem participar, é simples: Não há limites para as vossas imaginações (até porque a unidade deveria vir da diversidade)!.

Podem escolher uma situação particular ou geral;
Escrever sobre a economia e os direitos humanos, a perspectiva religiosa e os direitos humanos, a psicologia dos direitos humanos, filmes sobre direitos humanos, poemas, vídeos de música, pinturas;

A vossa imaginação é o limite!
Os que não tem blogs, mas desejam participar, não se esqueçam que toda a tecnologia é um meio e não um fim, em si mesmo.

Usem os vossos hi-5, orkut, ou até mesmo no nickname do messenger;
Podem só mesmo publicitar esta campanha a outras pessoas que tenham blog;
Ou se inscrever e publicitar a nossa comunidade de facebook .

O objectivo é fazer com que todos os que se conectem connosco entendam que, enquanto um único humano for privado de seus direitos, iremos todos continuar a trabalhar juntos, porque estamos interligados como um mundo, uma vida .

O nosso principal objectivo é lembrar que somos um mundo, uma vida.
Se quer participar desta iniciativa:

Envie um email;
Informe através da página de facebook;
Ou deixe aqui um comentário.

Os selos da campanha, desenvolvidos pelo amigo Lino Resende, seguirão em breve.
Obrigado a todos!
veja em:

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Vi Um Povo Oprimido

Um poema que com franqueza
dedicado ao povo moçambicano

Vi uma luz que brilhava
Tanto brilhava que cegava
E a alma humana escravisava

Vi gente que caminhava
Tanto caminhava que se cansava
E da sua missão se desviava

Vi um vazio que dominava
Tanto dominava que matava
E a luz da gente quebrava

Vi gente sem luz que brilhava
Vi um povo oprimido que não gritava
Vi gente que chorava e ressonava

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

HOJE RECEBI FLORES!!!!

Não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial; tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite e ele me disse muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade. Mas sei que está arrependido e não as disse a sério, porque ele me enviou flores hoje. E não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial.

Ontem ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos acordamos e sabemos que não é real. Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados. Mas eu sei que está arrependido porque ele me Enviou flores hoje. E não é São Valentim ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me. Nem a maquiagem ou as mangas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que percebessem. Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não era dia das mães ou nenhum outro dia.

Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é que vou fazer? Como poderia eu sozinha manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar o dinheiro? Tenho tanto medo dele! Mas dependo tanto dele que tenho medo de o deixar. Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje.

Hoje é um dia muito especial: é o dia do meu funeral. Ontem finalmente conseguiu matar-me. Bateu-me até eu morrer. Se ao menos tivesse tido a coragem e a força para o deixar... Se tivesse pedido ajuda profissional.. Hoje não teria recebido uma coroa de flores!

Por uma vida sem violência!!!
Partilhem esta mensagem para criar consciência...

PARA QUE SE TENHA RESPEITO COM A MULHER, COM AS CRIANÇAS, COM O IDOSO...
ENFIM, AMIGOS, QUE SE TENHA RESPEITO COM O PRÓXIMO, SEJA QUEM FOR!!!
DENUNCIEM A VIOLÊNCIA!!!
Visite o sítio www.saynotoviolence.org patrocinado pela Embaixadora da Boa Vontade do UNIFEM e UNIFEM, actriz Nicole Kidman.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Sobre a Independência e a Liberdade do Povo Moçambicano


Ao pensar nos tópicos deste artigo, lembrei-me das palavras de Jesus Cristo que dizia: “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Afinal, não são as armas que libertam o povo, não são os discursos nem é a boa vontade dos dirigentes. É a verdade que liberta o povo.
Os exemplos da história, mostram que os dominantes sempre procuraram omitir a verdade para melhor subjugar. Quanto menos esclarecidos, menos iluminados ou menos informados, menos difícil era enganar e dominar as pessoas.
O grande exemplo é a política colonial que não oferecia educação como um direito universal. Política essa que de certa forma está sendo perpetuada no país.
Hoje, a educação parece para todos os moçambicanos, mas não é. Actualmente, encontramos pessoas vivendo entre 20 a 50 quilómetros distantes da escola mais próxima. As pessoas que moram relativamente próximas da escola têm uma educação extremamente deficitária, pois, não é possível que um professor com 10ª classe venha dar aulas a uma turma da 8ª classe ou 9ª classe.
Ainda temos escolas neste país cujos professores não entendem nada de pedagogia.
Na hipótese de termos professores relativamente formados para o feito, vemos que as políticas do Banco Mundial e do FMI ridicularizam os objectivos da maior parte dos documentos internacionais sobre direitos humanos, pois estão cada vez mais viradas ao benefícios económicos e não propriamente ao desenvolvimento humano.
Não posso culpar essas instituições de Bretton Woods, mas aos nossos governos africanos no geral e de forma específica ao moçambicano, que na ganância pessoal dos titulares do poder furtam-se seu dever de negociar em beneficio de todo o povo e principalmente da nação.
Por conta disso temos pessoas graduadas da décima e décima primeira classes que não sabem redigir uma carta ao seu pai ou irmão. Temos secretárias em repartições públicas que não entendem nada da estrutura de uma comunicação interna, nem podem responder com clareza a um pedido de informação.
Temos juízes de direito que não conseguem formular uma frase em língua portuguesa.
Percebo que para independência e liberdade, o povo precisa da verdade. E para mim, a verdade vem da educação e da informação.
Só uma pessoa educada pode perceber a informação que lhe é transmitida. E mesmo que não lhe seja transmitida alguma informação, por causa da educação, a pessoa sente a necessidade e uma profunda sede de receber informações.
A inquietação é uma característica de pessoas educadas. A educação pode ser formal, secular ou uma outra fora da que recebemos nas escolas.
O que importa é que seja educação porque só assim a pessoa pode ser iluminada.
Hoje, a ideia propagada é que, “não há educação para o povo. Se lhes derem alguma educação que essa educação seja deficitária. Que o povo nunca perceba o que está a acontecer no seu país nem no mundo em geral. Que o povo continue a gravitar seus interesses em torno do seu
quintal e da sua machamba.”
A verdade é que, oferecendo educação ao povo oferece-se-lhe a liberdade!
Acima de 60% da população moçambicana é analfabeta. Estamos com essa percentagem e, as vezes crescente, desde a independência nacional e mesmo assim o povo ainda não é livre, porque mais de 60% não entende o que está a acontecer.
Como é que o povo vai fiscalizar o governo se não percebe que o Orçamento Geral do Estado é fruto do seu suor e sacrifício? Como é que o povo vai questionar a implementação dos Planos Económicos e Sociais se continua a pensar que é um favor tudo que o governo faz em prol do desenvolvimento?
Como é que o povo vai perguntar sobre todos os termos dos acordos sobre Cahora Bassa se ninguém tem vontade de dar informação? Como é que os cidadãos vão perceber a política externa do governo se tudo é feito num secretíssimo cerrado?
A democracia só serve ao povo se ela é inclusiva e participativa. Para que ela seja inclusiva e participativa é importante que ao povo seja dado uma educação de qualidade e efectiva, por um lado e, por outro lado, que o governo e todos os outros órgãos do Estado se predisponham em facultar a informação ao cidadão.
Num país em que a mídia não é independente, o povo não pode ser livre, pois a verdade nunca é divulgada.
Num país em que os activistas sociais e as organizações da sociedade civil são todos cúmplices e caixas de ressonância do poder, na expectativa de um dia vir a ter dividendos, o povo jamais será livre, porque a verdade nunca será dita.
Só a verdade pode libertar um povo. Só a verdade pode contribuir para uma governação transparente e com objectivos virados ao desenvolvimento e a justiça social.
Vivemos em um país em que maioritariamente as pessoas são hipócritas. Não é possível servir a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo, não é possível defender a massa laboral e ao mesmo tempo ter negócios com os empregadores.
Um país onde o conflito de interesses não é regulado a verdade nunca sairá ao de cima. Continuaremos a ter legisladores que ao mesmo tempo são empresários, continuaremos a ter funcionários públicos que contratam as suas próprias empresas para prestar serviços ao cidadão.
Continuaremos a ter o tráfico de influências e desvio de aplicação de fundos e mesmo assim a verdade nunca será dita. E mesmo que seja dita, o povo não poderá perceber porque não está educada.
Vivemos em um país em que nossos governantes são saqueadores da coisa pública, num país onde o Estado já não tem um património público. Tudo é dos governantes, é dos partidos ou dos empresários que também são homens provenientes do poder.
Quantas pessoas conseguem perceber o discurso falacioso dos nossos dirigentes? Quantas pessoas conseguem criticar as estatísticas apresentadas pelo Banco Mundial e pelo FMI, quantas pessoas realmente se importam?
Quem se importa? Quantas pessoas realmente se preocupam em que o povo saiba a verdade? Os jornais, a televisão, as rádios, os activistas ou os políticos?
Que jornal se importa? A puxa saco do poder? O jornal que é vendido para um povo que ganha cerca de 60 USD mês e tem que alimentar 5 pessoas? Que rádio se importa? A que tem emissões em português para um universo de entre 10 a 15 milhões de pessoas que não entendem o português ou não conseguem captar porque não tem um receptor ou vivem em áreas com ruído? Que televisão? A que só é captada nas cidades e também só em português? Que activistas? Que de dia são das ONGs e a noite são do Partido? Que políticos? Que dirigentes?
A verdade é que, o povo não conhece a verdade e sem a verdade é falacioso afirmar que o povo está livre ou é independente, porque só a verdade pode libertar.
A verdade seja dita, até que o povo tenha a capacidade de perceber qual é a política interna e externa do seu país ele não será livre. A liberdade é uma conquista, mas uma conquista que só pode ser conseguida se o povo tiver acesso a educação e a informação. E parece que ninguém está interessado em garantir isso ao povo.
Mais não disse!
O AUTARCA – 30.11.2007