MOÇAMBIQUE regista actualmente um défice de cerca de um milhão de toneladas de produtos diversos, entre os quais arroz, trigo, milho, batata-reno, frango, peixe carapau e óleo alimentar, segundo dados da estratégia do Governo para fazer face à crise alimentar mundial.
Segundo a avaliação do Executivo, o maior défice é de cereais como arroz e trigo, que está situado, respectivamente, em 316 mil e 469 mil toneladas. Nos outros produtos, o défice é de 169 mil toneladas para a batata-reno, 54 mil para o carapau, 50 mil para o óleo alimentar e 24 mil para o frango.
Maputo, Quarta-Feira, 11 de Junho de 2008:: Notícias
A disponibilidade de alimentos como os cereais varia consoante o desempenho da campanha agrícola, mas a média anual de produção de arroz está situada em 223 mil toneladas, enquanto que a de trigo é de apenas três mil, estando em curso esforços para reduzir a excessiva dependência das importações com relação a estes cereais.As necessidades de arroz e trigo estão estimadas em 539 mil e 472 toneladas, respectivamente, facto que mostra que se consome mais do que se produz.
Com relação à batata-reno, as necessidades estão estimadas em 252 mil toneladas, contra uma produção nacional de 82700 toneladas. No que se refere ao frango, a produção nacional é de 30 mil toneladas, contra 54 mil das necessidades. No carapau e óleo alimentar praticamente se importa tudo o que se consome (pouco mais de 50 mil toneladas).A produção nacional de milho e de mandioca é que apresenta excedentes.
No presente ano comercial os excedentes de milho estão situados em 75 mil toneladas, enquanto que a mandioca é de 819 mil.A expectativa do Governo é de que a crise mundial de alimentos seja tomada como uma oportunidade para o aumento da produção no país.
A estratégia para lidar com a situação inclui a alocação de pouco mais de 20 milhões de dólares para a operacionalização da revolução verde nos próximos cinco anos.
A nível da região, Moçambique é o país que dispõe de “know-how”, maior potencial agroclimático, terras disponíveis para expandir rapidamente a produção e substituir as importações e até exportar. Com relação ao trigo, a óptica do Governo é de que o relançamento da sua produção internamente em moldes comerciais compensaria os preços altos a nível internacional, com a redução das importações.
O Executivo considera que também é possível aumentar a produção e consumo de milho e estabelecer uma produção competitiva de girassol que permita substituir as importações e abastecer a indústria nacional de óleos alimentares e de rações.
O desafio é no sentido de motivar e criar condições para que o sector produtivo responda às oportunidades. As acções incluem a importação de fertilizantes para aumentar a sua disponibilidade e reduzir os custos, para além da aposta na utilização de adubos orgânicos.Os 20 milhões de dólares serão também destinados à promoção e desenvolvimento da transferência de tecnologia para os pequenos produtores, através de parcerias com o sector privado; a melhoria da cobertura e rede de extensão, com o recrutamento (estimulando a fixação de jovens formados no campo); e a reciclagem e disponibilização de meios técnicos aos extensionistas.
Os investimentos serão ainda direccionados para a reabilitação, para o melhor aproveitamento e expansão dos sistemas de regadio, para além da capacitação e responsabilização dos utentes na gestão e manutenção dos mesmos, a massificação da tracção animal e fomento de parque de máquinas para as regiões com maior potencial agrícola.
Também serão mobilizados recursos para linhas de crédito especiais de campanha e para investimento em condições de acesso simples e a taxas de juro bonificadas.
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