domingo, 6 de dezembro de 2009

Marcolino Maco, Angolano: Algum Exemplo Parecido em Moçambique?


Se em 1956 Viriato da Cruz isolou-se, durante uma semana, num quarto do hotel Magestic ao São Paulo, em Luanda, e sentou-se diante de uma máquina de escrever para redigir o Manifesto do MPLA, hoje, passados 53 anos, Marcolino Moco escreveu num computador, a partir do bairro Azul (capital do País), outro (manifesto) que se opõe ao medo e à ditadura do silêncio que diz reinar em Angola.



O antigo secretário-geral do MPLA e ex-Primeiro-Ministro de Angola foi, no passado dia 24 de Novembro, à Assembleia Nacional (AN) ao encontro do actual secretário-geral do partido no poder.



Marcolino Moco respondia, assim, a uma inopinada chamada de Mateus Julião Paulo "Dino Matross" que - segundo Faustino Muteka, portador do recado ao primeiro - tinha como escopo trocar ideias.



A reunião entre os dois não foi tão bacana (permitam-nos o brasileirismo!) como era de esperar. Prova disso é que dias depois Marcolino Moco mandou um pequeno memorando sobre o sobredito encontro ao "camarada Dino Matross".



O actual responsável da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada diz, entre outras coisas, na referida epístola, esperar nunca mais ser perturbado quando falar nas suas vestes de cidadão e estudioso de Direito.



Marcolino Moco alerta que o MPLA está a ser arrastado à situação de ser o mais retrógado dos então chamados partidos progressistas de África e aproveita o embalo para declinar o convite que " o camarada diz ter pedido para mim, ao presidente do partido (José Eduardo dos Santos), para ser convidado ao VI Congresso do MPLA (sic!)".



Moco diz não aceitar a perspectiva chantagista, condicionante e ameaçadora que "Dino Matross" deixou transparecer do tipo: " se não for, então que não se arrependa" ou "então será abandonado (sic!)". Eis, já a seguir, ipis verbis as palavras de um homem que se diz preparado, desde a "Queda do Muro de Berlim", espiritual e psicologicamente para não viver às custas de lugares em partidos políticos. “Caro Camarada Dino Matross"



Após consulta à minha família nuclear e alargada, que me deu todo o apoio, e até me surpreendeu, ao declarar que eu nem devia ter ido ter consigo, mando-lhe este pequeno memorando do nosso encontro do dia 24 de Novembro, na Assembleia Nacional.



Na verdade, como deve ter sabido, a minha primeira decisão era não ter ido ter consigo, pela forma como fui abordado, como se eu fosse um desocupado, à chamada de um senhor misericordioso; e também não iria ao seu encontro por desconfiar que me iria dar lições atávicas, sobre as minhas opiniões, como cidadão e académico, em relação ao momento constituinte, que tem suscitado uma grande audiência em Luanda e no exterior, já que vocês, sem nenhum pejo, barraram todo o contraditório em relação ao interior do país, simulando uma grande generosidade em fazer participar o país na elaboração de uma constituição que vocês já sabem qual será.



Só que com o seu cinismo, conseguiu que o camarada Faustino (Muteka) me convencesse que seria uma conversa entre camaradas que iriam trocar ideias, neste momento importante. Aquilo foi mais degradante, não sei quantas vezes, do que o meu encontro com os camaradas João Lourenço, Paulo Jorge e Nvunda, em 2001, quando eu opinava publicamente sobre a urgência da paz. Devo reconhecer hoje, ter sido injusto com eles porque, foram certamente pessoas como o camarada Matross que os empurraram para aquele cenário, que até não foi tão triste assim, até porque bastante cordial.



Vocês não conseguem nem ter sentido de humor e um mínimo de informalismo, como a camarada Joana Lina, que quase não aceitou os meus cumprimentos, toda ela feita deusa de uma religião que eu não professo.



Pela forma arrogante como me falou não vou mais insistir nas opiniões que tentei trocar consigo, porque vi que o senhor não estava interessado em dialogar, mas apenas em tentar impor-me ideias que - diga-se, mais do que imaginava, horrorosamente atávicas.



No entanto, quero que fique bem claro que, para mim, as conclusões daquele encontro são as seguintes:



1-Reitero, por minha livre vontade, que continuo ligado sentimentalmente ao MPLA (talvez deixe de fazer essa referência pública, e deixe de referir que vocês são meus amigos, se isso tanto vos perturba) conservando o meu respeito ao Presidente do Partido, mas sem temor (como temer um combatente na luta contra o medo colonial e não só!?). O que penso, a partir do nosso último encontro (pode ser que esteja enganado!), é que são vocês que o apoquentam com a ideia de que qualquer referência a ele, desde que seja crítica (mesmo quando positiva) é falta de respeito, é “falar mal do Chefe”, etc., etc., etc..



2- Fica claro que como docente, conferencista e cidadão, ninguém, mas absolutamente ninguém, me obrigará a distorcer as minhas convicções científicas, a favor de ideias de um partido qualquer, por mais maioritário que seja e por mais da minha cor que seja. É aí que vocês inventam que eu falo mal do Presidente do Partido, quando as referências são feitas a um cidadão que é Chefe de Estado e especialmente na sua qualidade de Chefe de Governo, num momento importante, em que todos nós temos o dever cívico de contribuir sem medo. Para mim o tempo da vovó Xica de Valdemar Bastos: “não fala política”, já lá vai há muito tempo. Paradoxalmente, o camarada Dino Matross, foi um dos grandes obreiros desta gesta. É pena! Era para nos tirarem o medo dos estrangeiros e nos trazerem o vosso medo?! Eu recuso-me a tremer perante qualquer tipo de novos medos.



3-Aquelas referências que fez, de forma tão sobranceira e até ameaçadora, sobre o camarada Chipenda (por quem, da lista, nutro um grande respeito), do Paulino Pinto João (degradante!) e de Jonas Savimbi (se não andasse distraído saberia que eu nunca entendi bem das suas razões) foi das coisas mais inacreditáveis na minha vida. O camarada Matross a deixar transparecer que me presto a mendigar os vossos favores ou que tenho medo de perder a vossa protecção? Ainda não se apercebeu que não?!



Neste ponto, saiba que a minha família e amigos, sobretudo os que vivem no Huambo e um pouco por todo o país, reiteraram-me o seu total e pleno apoio, no sentido de que nem que eu venha a comer raízes e ervas (que até são mais saudáveis que as comidas importadas) não irei pedir esmolas a ninguém, o que não significa dispensar os meus direitos e garantias perante as instituições competentes do Estado.



4-Declino o convite que o camarada diz ter pedido para mim, ao Presidente do Partido, para ser convidado ao VI Congresso do MPLA. Não aceito a perspectiva chantagista, condicionante e ameaçadora que deixou transparecer do tipo: “se não for então que não se arrependa” ou “então será abandonado”.



Como costumo dizer, desde a “Queda do Muro de Berlim”, em 1989, que estou preparado, sobretudo espiritual e psicologicamente, para não viver a custa de lugares em qualquer partido. E a mensagem que passo sempre aos meus alunos _ e tenho moral para isso _ é esta: “preparem-se como bons profissionais, para a vida; podem aderir a partidos ou assumir cargos políticos, mas não dependam deles em nenhum sentido, porque podem ser enxovalhados, em alguma altura”.



5-Espero nunca mais ser perturbado quando falar, nas minhas vestes de cidadão e estudioso do Direito. Se a questão é alguma comunicação social, que ainda não se vergou às vossas pressões, andar a divulgar as minhas ideias, o problema não é meu. Mandem fechar tudo o que não fale a vosso favor e deixem-me em paz.



6- Olhem à volta e vejam como arrastam o MPLA à situação de ser o mais retrógrado dos então chamados partidos progressistas de África! Incapazes de perdoar, do fundo do coração (já nem falo da UNITA e dos chamados “ fraccionistas”) até os próprios fundadores do nosso glorioso Partido, como os irmãos e primos Pinto de Andrade; e um Viriato da Cruz, de cujo punho brotaram estrofes esplendorosas, para uma África chorosa mas em “busca da liberdade”, usando palavras de outro vate da liberdade; o Viriato da pena leve e elegante que riscou o próprio “Manifesto”, donde nasceria uma das mais notáveis siglas da humanidade; sigla que vocês vão, hoje, transmitindo às novas gerações, como o símbolo do culto e da correria atrás de enxurradas de dinheiro e de honrarias balofas!



Triste espectáculo que fingem não ver!



Com certeza, já mandaram chamar o nosso “mais novo”, o deputado Adelino de Almeida para nunca mais escrever, como escreveu aquele artigo tétrico, no “Semanário Angolense”, após o desaparecimento do malogrado, talentoso e insigne tribuno, também nosso “mais novo” o ex-deputado André Passy. Dos textos dilacerantemente irónicos do ex-deputado Januário, mas exprimindo com arte as misérias (sobretudo do foro espiritual) que estão a ser criadas neste país, provavelmente nem se importam de reparar: pois, para além de ser já um “ex” é um “mijão de calças”, mesmo aos quase 50 anos, como o camarada Matross gosta de taxar “carinhosamente” todos os jovens que despontam com ideias diferentes das vossas. Por maioria de razão, o mesmo destino (cesto de papéis!) deram, certamente, àquele pujante libelo acusatório de um jovem, a sair dos vinte anos, que me fez chorar (das poucas vezes que chorei, em vida!) onde a vossa e minha geração são postas diante de uma realidade, nua e crua, do amordaçar de sonhos e liberdades que vocês nos anunciaram a todos, mas que ele e os da sua geração só os encontram nos livros de história e no canto esperançoso dos poetas (falo do jovem Divaldo Martins, que também escreveu no “Semanário Angolense”!).



7- E sobre todas estas coisas, não mais falarei com o camarada Dr. Dino Matross. Estou indisponível. A não ser em debate público.



Política, na verdade, diversamente do que vocês querem impor, contrariando (mesmo neste tempo de democracia pluralista), o grande Agostinho Neto, que disse não dever ser um assunto de “meia dúzia de políticos”, terá que ser, e será, inexoravelmente, uma questão fora do esoterismo a que vocês a querem submeter, em Angola. Estou cansado das vossas chantagens e humilhações. Por enquanto, é este o meu manifesto contra o medo e contra uma ditadura do silêncio que não aceito.



Obs.: Como vocês gostam de distorcer as coisas, guardo cópia deste documento que será distribuído a meus familiares e amigos e, quem sabe, chegará aos militantes de corações abertos, que ainda não os fecharam, ante a vossa inigualável capacidade de manipulação! Quem sabe a todo o país e ao mundo, que para vós não passa dos arredores da Mutamba e da marginal da baía de Luanda?!



Sem mais



Luanda, aos 29 de Novembro de 2009



Marcolino Moco (Militante livre do MPLA)"

16 comentários:

Nkutumula disse...

Mano Duma,

Esse Homem nao ta para brincadeiras. Creio que, como ele, ha muitos em Mocambique. E houve outros. Infelizmente morreram. Mas saiba mais: havera muito mais homens como ele em Mocambique. A democracia esta' a consolidadr-se, e com ela aparecerao muitas manifestacoes de ideias contrarias ao "Regimen"

Um abraco

Unknown disse...

Deus te escute meu mano...Não há nada melhor que ter a liberdade e a paz de cosnciência!

E acho que mais do que ter a liberdade de manifestar ideias contrárias, Homens como Maco buscam somente ser o que eles sao, sem necessariamente terem de se "arrepender" ou serem "abandonados" como ele mesmo diz no ponto 4 da sua carta!

Egidio Vaz disse...

Bom texto. Corajoso, para o ambiente em que se vive em ANgola.
Quero aqui apenas frisar que o MPLA é mais "fechado"que a Frelimo ou ANC, se quisermos comparar. A situação lá é bem quente que a nossa. Mas, sinais de ruptura, como é óbvio, começam a adespontar. Estaremos perante o início de uma degradação de um partido hegemónico de angola?

Unknown disse...

Mano Egídio,

Por acaso eu nao acho que estejamos "perante o inicio de uma degradacao de um partido homogenico".

Eu acho que, quanto mais o regime for fechado, mais coerente são os homens e pouco espaco há para cobardia, hipocrisia e baixaria.

Sistemas abertos e de ditadura velada, tendem a ser o útero de homens mediocres, escovistas e incoerentes!

Maco, mesmo reconhecendo os perigos que corre, apresenta-nos uma forma de ser e de estar, realmente de invejar!

Unknown disse...

Devo diser, só para que conste, que o DIVALDO MARTINS, a que Maco se refere no ponto 6 da sua carta, é meu amigo pessoal!

E conheco de perto o que Maco procurou mostrar naquele parágrafo, onde diz que foi "das poucas vezes que chorei, em vida"!

Unknown disse...

Duma, há esperança.

Caro Egídio, Pensar diferente não é sinónimo de degradação. talvez um assumir da natureza racional da HUMANIDADE.

Matusse disse...

Entre nós há muitos Moco´s no partidão e noutros também, sem sombra de dúvida. Não adianta mencionar aqui, que nem há espaço para tal.
Agora, uma coisa é certa. Por nós cá a coisa ainda não está tão "apertada" como em Angola. Vejam só quanta TV, Rádio, Jornal, ONG´s temos por aqui e agora os blongs a quebrar e unir o país. em Angola, nem pensar....MENTE FORMATADA.

Unknown disse...

Com certeza Matusse, com certeza!!!

Reflectindo disse...

Estou lendo e relento a carta de Marcolino Moco. Quero compreender de como decorreu aquele encontro entre ele e Dino Matross. Quero compreender mais dos encontros não revelados com os mesmos objectivos como Moco imagina. Eu também imagino. Imagino em tantos encontros na minha própria terra.

Viajo com a carta de Marcolino Moco e com ela regresso aos nossos partidos em casa. Descubro que nem que não tenham tido o mesmo conteúdo, por não falarem de algum encontro de ameaças, tanto na Renamo como na Frelimo, já há quadros vivos que algo semelhante escreveram, manifestando a liberdade ou pelo menos a luta pela liberdade. Eu pelo menos recordo-me das cartas de Benjamim Pequenino, Valeriano Ferrão, Jafar Gulamo.

O grande problema, parece não ser se mais corajosos não tenhamos ou não possam sair, manifestando a vontade de continuar a lutar contra os novos ditadores ou tudo o que degrada a nossa África. O problema é a cobardia, hipocresia e egoismo, falta de valores éticos e morais de muitos, seja lá nos partidos ou na sociedade em geral. Muitos angolanos, e não ,menos MPListas, por exemplo, podem estar a concordar com Marcolino Moco, mas quantos estão preparados para darem a cara? Em sociedades sem tanta cobardia, degradação de valores éticos e morais, este já era um escândalo político que levaria a Dino Matross à demitir-se do cargo de revelo no MPLA ou pelo menos a um time-out. Mas como é que as coisas serão tratadas lá em Angola depois desta revelação? Tenho receio que alguns dos que espiritualmente estejam com ele [Moco] agora estejam a lamber Dino Matross para não serem conotados ao homem livre. Acima de tudo, as pessoas são mais guiadas pelo “tacho” e não pela ideia própria.

Marcolino Moco prega uma coisa muitíssimo útil não só para os seus estudantes em Angola, mas isso serve mesmo para nós, e, eu passo a citar: “preparem-se como bons profissionais, para a vida; podem aderir a partidos ou assumir cargos políticos, mas não dependam deles em nenhum sentido, porque podem ser enxovalhados, em alguma altura”.

Pensemos nisto.

Unknown disse...

Reflectindo, uma das vantagem do Marcolino Moco é ser Professor, o que muitos de nós ainda não nos apecebemos da força desta figura na tansformação social.

A outra coisa é que os que eu conheço em Moçambique com a ascepção da Lina Magaia quando querem discordarem com o regime primeiro renunciam o grupo!

A questão é como manifestar ideia diferente dentro do grupo?

Reflectindo disse...

Caro Chacate, concordo em parte contigo, sobretudo pelo facto de Marcolino Moco ser Professor. E, aliás é o que ele recomenda e eu acabei citando. Só os bons profissionais têm forca para recusar que sejam enxovalhados.

Os que citei, e mais outros que não renunciaram o grupo, os seus partidos, mas que directamente ou indirectamente foram abandonados pelos grupos. É isso que estou a dizer que vamos ainda ver o que vai com Marcolino Moco em Angola.

Lembre-te, meu irmão que Mocambique ser crítico dentro do grupo sempre se considera pertencer ao grupo adversário. O caso da Lina Magaia até pode servir de estudo se é que ela faz críticas do nível de Marcolino Moco.

Unknown disse...

Crítica dentro do grupo, nao é possível na Frelimo, nao é possivel no MPLA, nao é possivel na Renamo, na UNITA, no ZANU-PF. Nao é possivel no contexto de partidos políticos da SADC...penso que nao precisamos tapar o sol com a peneira, só porque algum intelectual, algum deputado, ou um ministro apareceu publicamente a dizer que no seu partido pode-se criticar.

Eu nao gosto de falar destas coisas, porque daqui a pouco a máquina de propaganda vai levantar-se e querer torcer o meu ou nosso discurso, a comecar por perguntar o que é a critica? qual o objecto da crítica...bla bla bla...

Mas os factos falam por si e se olahrmos alguns que quiseram ser contundentes dentro de alguns partidos, foram, comom Maco diz: "abandonados" ou se "arrepnderam".

Maco fala de Divaldo Martins, era oficial de policia, bem formado, em Angola e em Portugal, foi meu colega em cursos de direitos humanos e liberdades individuais, é meu amigo pessoal, tentou criticar a maquina de dentro e deu no que deu!

Ele nao queria matar a maquina, queria melhorar a maquina, mas foi mal visto, foi "abandonado" e nao sei se se "arrependeu".

Maco, mais do que ser academico, penso que ele confia mais na sua integridade e acomo ele mesmo diz: nao vai pedir comida a ningyuem mesmo que tenha que comer raizes...

Manos,

Voltareui pa completar mia ideia...o dever me xama..

Unknown disse...

Duma,

apelo para que não verguemos, os intelectuais ou especialistas de transformar factos em defesa da falsidade, da desumanidade, do egoísmo, do favoritismo que se danem. é como diz Nero quem quizer que fique mas nós vamos andando o sistema determina.

Reflectindo,

O maior problema é dos cobardes, hipócritas, mesmo vendo que os lugares de ministros hoje só são mais humilhação do que prestício continuam a falar um coisa diferente do que dizem em público. aceita reunirem antes de irem a um debate público, deviamos começar por negar isso e mostrarmos que somo deste grupo independentemente das nossas ideias.

amosse macamo disse...

O MPLA era ainda mais fechado no periodo em que o MOCO era Primeiro Ministro e no entanto esse manifesto nunca aconteceu! Porque acontece agora?
Em todo caso, está de parabéns por a ter escrito em algum momento.

Unknown disse...

Amigo Macamo,

Para mim, esse "algum momento" é que interessa! penso que interessa a muitos.

Vai ver meu amigo, que em muitos casos, esse "algum momento" nunca chega a acontecer!

Blesses from The Most High!

Kudumba disse...

Acho que em Moçambique há espaço para isso, mas não vejo ninguém no regime com calma necessária para isso. A FREL é um partido meticuloso e sabe defender-se bem, futebolisticamente falando. Tem ideólogos, que quanto a isso, são nota cem. Com isso não digo que não pode acontecer aqui, não. Quem sabe um dia... Mas acho que situações destas não surgem ao acaso. Olhando comparativamente os cenários políticos dos dois países, veremos que havia mais probabilidade disso acontecer em Moçambique, uma vez que houve mudança daquilo que chamamos de "alas". Nesta situação há mais probabilidade de exclusão de influentes da velha senhora, e a ascensão de novos bosses. Em Angola o regime é o mesmo (trato de "regime" aos líderes), então deveria haver mais coesão com o andar de tempo, uma vez que mais confidentes, mais partilhadores e mais bros. Acho que isto é mais assunto para politóligos. Mas o mais visível é que a alternância (não no sentido ocidental), faz bem às elites em particular, e ao país em geral. Com a alternância, as elites antigas reconhecem (ou são forçadas a reconhecer) o novo regime, e lá se aconchegam no seu canto. Mas no mesmo regime, a reforma ou a dessidência (o que aparenta Moco), são vistas com olhos vermelhos e veias salientes na nuca. Em Moçambique até que pode acontecer, mas esta alternância é boa porque faz rodar as elites pelo tapete vermelho, e os egos lá vão se saciando, um a um.