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domingo, 25 de dezembro de 2011

Aquilo que eu não ouvi no informe do “Estado da Nação”

Com a devida vénia publicamos o texto de Celso Celestino Manhiça, o qual serviu como mote de debate no grupo do facebook Todos por UM Moçambique (Diálogos sobre Moçambique). Refira-se que o texto foi escrito dentro de um "chapa 100", no período em que o autor regressava da única forma possível ao coração do seu bairro. 

por: Celso C. Cossa 

1. A nossa economia tem crescido bastante, embora isso não se faça sentir no bolso do cidadão comum. Embora continuemos a comer mal. Dormir mal. Com transportes públicos deficientes. Saneamento precário. Portanto, verifica-se um crescimento económico divorciado do desenvolvimento humano. Não é isso que o moçambicano quer. Nem é para isso que temos nos concentrado as nossas forças, nas diversas frentes que temos desencadeado para acabar com a pobreza absoluta. 

2. O financiamento externo tem crescido muito, o que é bom para o país, especialmente para nós que ganhamos sempre algum em cada nova empresa que é instituída. Isso ajudará muitos dos "nossos" a engrandecerem os seus impérios de negócios (esses impérios que foram construídos em nome do dinheiro do povo). 

3. O nosso país tem um potencial enorme no que diz respeito aos recursos naturais. Isso é bastante bom. Por isso não devemos parar com as exportações ilegais. Para isso temos os nossos irmãos chineses para uma ajudinha. 

4. Não podemos acabar com a criminalidade porque alguns criminosos estão entre nós. São nossos amigos. Nossos compatriotas. Nossos irmãos. Filhos. Ajudam-nos com alguns favores. Por exemplo, PARA CASOS COMO DESSES QUE FALAM MAIS DO QUE DEVIAM. Podemos precisar de uma mãozinha. 

5. Garantimos a expansão do ensino. Temos salas numerosas. Professores "Turbos". Falta de apetrechamento nas salas de aulas. Bibliotecas vazias. Campus universitários fora das faculdades. E todo o resto que todos nós já bem sabemos. No final das contas são estes alunos e estudantes que temos: alunos que mal sabem escrever os seus próprios nomes, estudantes que mal escrevem uma carta de pedido de emprego e universitários que mal sabem se expressar, mal sabem formular um discurso coerente. 

6. Há algo a ganhar com uma educação deficiente como a nossa. Somente com pessoas formatadas, pessoas que não pensam, cegas, obedientes, inertes, ignorantes é que é possível continuarmos com o nosso propósito: enriquecer, enriquecer, enriquecer. enquanto os outros, a maioria, os verdadeiros donos deste país, o POVO empobrece e empobrece e empobrece. Não podemos ser todos ricos. Que graça isso pode ter? 

7. Os nossos filhos devem continuar a estudarem no estrangeiros. Somente assim é que podemos garantir a continuidade do poder. Um dia estaremos velhos demais para continuarmos. Alguém deve nos substituir. 

8. Vamos continuar a patrocinar o entretenimento. Esta música descartável. Estes cantores medíocres. Estas festas descabidas. Estas televisões. Só assim é que podemos manter as mentes dos nossos jovens ocupadas. Para que pensem que está tudo bem, porque as suas mentes estão extasiadas. Jovem que pensa não é bom para aqueles que sabem que têm muitas falhas de governação. Temos que tomar cuidado! 

9. Enquanto os jovens se atem às diversões, ao entretenimento, a toda essa falta de ocupação e irresponsabilidades nos devemos pensar em mais um jeito de justificarmos a saída de dinheiro dos cofres do estado. 

10. Estes Azagaia, Edgar Barroso (Apóstolo da Desgraça), Iveth, C. C. Cossa, Ismael Mussa, Mia Couto (os mortos também: Pedro Langa, Siba Siba Macuacua, Carlos Cardoso.) e tantos outros são venenosos não acreditem no que eles falam, no que eles dizem. São pessoas que querem impor-se a nossa verdade, a estória e a história que temos contado. 

11. Continuaremos a calar a boca dos que falam demasiadamente. Avolumaremos as suas cotas bancárias. Iremos pôr à sua disposição cargos de chefia. Ou então o ultimo recurso: providenciar o eterno silêncio. 

12. Não podemos acabar com a corrupção. Existirá sempre uma ocasião em que precisaremos de pular a cerca. Arquitecto que desenha e pedreiro que construi uma cadeia sem que atente a possibilidade de um dia lá estar preso é totalmente desprovido do sentido visionário. Nós somos visionários! 

13. O Branqueamento de capitais, as negociatas, as falcatruas, o tráfico de drogas, e tantas outras coisas que muitos andam aí a falar que nós fazemos só nos deixam mais fortes, com os pés mais assentes na terra. Por que razão acabar com ele? Porque temos de parar com isso? Se pararemos com isso aí é que as coisas se estragam mesmo - seremos desmontados, destituídos, perdermos o trono. 

14. Temos que continuar a lutar contra a POBREZA ABSOLUTA. Mas atenção: não façam confusão. Há aqui duas "pobrezas absolutas". Enquanto para uns a "Pobreza a absoluta" é viver a baixo de um dólar por dia, sem uma habitação condigna, sem água, sem luz, sem acesso à educação, à saúde, para outros a "Pobreza absoluta" é andar em altos carros, últimos gritos (aqueles que ate os que os fabricam não conseguem ter com a facilidade com que muitos aqui no nosso país conseguem), viver em casas assustadoras, terem contas obesas. 

15. A lambibotice, o "engraxa sapato", o "falar para agradar o poder" devem continuar. Só assim os bolsos de "alguns" continuaram a engordar. Isso é uma garantia. É uma pena que existam pessoas que preferem "chutar latas" nas nossas ruas em vez desenvolverem essa capacidade de ganhar dinheiro facilmente. 

16. O acesso ao emprego, usando o critério do "apelido", as "costas quentes" deve continuar. Isso constitui o enraizamento do nosso poder sobre os demais. Não podemos nos misturar, sob pena de seremos descobertos e, assim, comprometermos os nossos propósitos para as gerações futuras. Continuarmos a governar. 

17. Não devemos admitir que um sei lá das quantas nos queira governar. Quem é ele? Combateu aonde? Quantas balas ele disparou? Mal conhece as matas deste país e agora quer nos governar. Isso não! 

18. Não tenham medo daqueles que são contrários, opositores às conquistas que até agora conseguimos. É sempre assim: "eles" sempre têm o que falar, mas depois calam-se. E continuam as suas vidas como se nada tivesse acontecido. Temos vários exemplos disso. Recuem um pouco o tempo. Há muito que podem encontrar. Muito! 

19. Como podem ver, o ESTADO DA NAÇÃO é bom. Para quem? Para nós que temos todas as plataformas montadas para perpetuarmos o nosso poder. Controlamos tudo. A educação. Os órgãos sociais. A economia. As leis. Em fim o POVO. 

20. O poder só existe quando há pessoas nas quais podemos submeter tal poder. É por isso que POVO deve continuar POVO. E nós aquilo que sempre fomos, desde que libertamos este país. 

Tudo isto e mais alguma coisa o nosso Chefe de Estado infelizmente não falou no INFORME DO ESTADO DA NAÇÃO. 

Fonte:

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Grécia no seu melhor


Le-se, por vezes, que os gregos, coitadinhos, são um pobre povo periférico que está a sofrer as agruras de uma crise internacional aumentada às mãos da pérfida Merkel.

Já é tempo de sair desta superficialidade, de perceber que os gregos têm muitas culpas no cartório, que não foram sérios e não estão a ser sérios. Os gregos levaram a lógica dos "direitos adquiridos" até à demência, até à falta de vergonha.

Contam-se factos inauditos. Os exemplos desta falta de seriedade são imensos, a saber:

1 - Em 1930, um lago na Grécia secou, mas o Estado Social grego mantem o Instituto para a Protecção do Lago Kopais, que, embora tenha secado em 1930, ainda tem, em 2011, dezenas de funcionários dedicados à sua conservação.

2 - Na Grécia, as filhas solteiras dos funcionários públicos têm direito a uma pensão vitalícia, após a morte do mãe/pai-funcionário público. Recebem 1000 euros mensais - para toda a vida - só pelo facto de serem filhas de funcionários públicos falecidos. Há 40 mil mulheres neste registo que custam ao erário publico 550 milhoes de euros por ano. Depois de um ano de caos, o governo grego ainda não acabou com isto completamente. O que pretende é dar este subsidio só até fazerem 18 anos …

3 - Num hospital público, existe um jardim com quatro (4) arbustos. Ora, para cuidar desses arbustos o hospital contratou quarenta e cinco (45) jardineiros.

4 - Num acto de gestão muito “social” (para com o fornecedor), os hospitais gregos compram pace-makers quatrocentas vezes (400) mais caros do que aqueles que são adquiridos no SNS britânico.

5 - Existem seiscentas (600) profissões que podem pedir a reforma aos 50 anos (mulheres) e aos 55 (homens). Porquê? Porque adquiriram estatuto de profissões de alto desgaste. Dentro deste rol, temos cabeleireiras, apresentadores de TV, músicos de instrumentos de sopro …

6 - Pagava-se 15º mês a toda a classe trabalhadora.

7 - As Pensões de Reforma de 4.500 funcionários, no montante de 16 milhões euros por ano, continuavam a ser depositadas, mesmo depois dos idosos falecerem, porque os familiares não davam baixa e não devia haver meios de se averiguar a inexactidão dessa atribuição.

8 - Chegava-se ao ponto de só se pagarem os prémios de alguns seguros quando fosse preciso usufruir deles!

9 - A Grécia é o País da União Europeia que mais gasta, em termos militares, em relação ao PIB (dados de 2009). O triplo de Portugal!

10 - Há viaturas oficiais da administração do Estado que têm 50 condutores. Cada novo nomeado para um cargo nomeia três ou quatro condutores da sua confiança, mas como não são permitidos despedimentos na função pública os anteriores vão mantendo o salário.

No dia 27/06, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentou mais uma à lista.

Afirmou ele: “Na Grécia, cerca de 90% da terra não tem cadastro”.

Agora digo eu: sabem o que significa isso? Significa que os proprietários não pagam impostos. Eu já tinha ouvido dizer que os gregos não pagavam impostos. Ora, a grande receita do Estado provém dos impostos. Isto quer dizer que o erário publico do Estado grego esta vazio, totalmente vazio. Quer dizer, os milhões da UE é que serviram, durante todos estes anos, para manter o nível de vida atingido dos gregos. Não admira que já tenham estoirado 115 mil milhões e agora precisem de mais 108 mil milhões.

Depois, para cumulo, tem a orquestrar a instabilidade e a violência no Pais os sindicatos comunistas, que convocam greves sobre greves para afundar ainda mais tudo e fieis, la como ca, ao seu lema preferido: “QUANTO PIOR, MELHOR! “

E so ver na televisão o resultado criminoso da actuação daqueles sindicatos, sob a capa de actuarem para o bem do Povo … quando o estão a afundar cada vez mais.

Cada dia de greve são centenas de milhões de horas de trabalho destruídas, alem da riqueza que deixa de ser gerada, riqueza que e a única coisa que poderá ajudar a Grécia a sair do buraco em que se encontra.

P.S.
Compreende-se agora, preto no branco, a indignação e a resistência dos contribuintes dos Países emprestadores, nomeadamente da Alemanha, em ver o dinheiro dos seus impostos e das suas poupanças serem canalizados para estes fins. Quaisquer cidadãos, de outro qualquer Pais, teria justamente essa mesma reacção.

Fonte: Internet (recebi este artigo via e-mail)...

domingo, 23 de novembro de 2008

POLITICANDO: Democracia multipartidária em Moçambique: "UM JOGO DE CABRA CEGAS"

No dia 19 de Novembro, decorreram as 3ªs eleições autárquicas em 43 cidades e vilas autárquicas do país. A RENAMO, maior Partido da Oposição em Moçambique, com 90 Deputados na Assembleia da República, que detinha 5 das anteriores 33 autarquias, regista uma baixa naquilo que são os resultados parciais que a Comissão Nacional de Eleições vai divulgando.
Estas 3ªs eleições autárquicas, não obstante, terem sido caracterizadas por uma estranha afluência dos eleitores às urnas, contaram com algumas situações anómalas tais como desaparecimento de cadernos de eleitores em Mocuba, impedimento, por parte dos membros das mesas de voto, de eleitores procederem a votação na Ilha de Moçambique, eleitores de áreas fora do raio autárquico votaram em Dondo, por exemplo, entre outras irregularidades não menos importantes que os órgãos eleitorais do Partido de Afonso Dhlakama vêm denunciando nas comissões provinciais de eleições e a outros níveis.

Na AR- Assembleia da República quando se debatia a lei eleitoral, a Frelimo defendia que não importava o númenro de eleitores que fosse encontrado nas urnas, que todos os votos lá existentes seriam válidos.

O Governo, estranhamente, decreta tolerância de ponto em 128 distritos, quando as autárquicas abrangeriam apenas 43 municípios, no entanto quando há tolerância de ponto por ocasião do Id, ou Natal a tolerância de ponto é válida apenas para os muçulmanos e/ou cristãos. Porquê neste caso os 128 distritos tiveram tolerância quando as eleições eram em apenas 43 autarquias?

Outro aspecto não menos inquietante é o facto da CNE- Comissão Nacional de Eleições ter embalado, nos kits de votação, a deliberação 125 que preconiza que o eleitor que se fizer às urnas, mesmo que seu nome não conste nos cadernos elitorais (manuscritos e informatizados) se apresentar um cartão de eleitor pode votar!!!???

A lei concede imunidade aos delegados de candidatura, o que foi durante estas 3ªs eleições autárquicas, grosseiramente violado pela PRM- Polícia da República de Moçambique. Esta deteve delegados de candidatura da RENAMO em Maputo, Tete, Ilha de Moçambique entre outros locais.
É caso para dizer que a democracia multipartidária no país é um jogo de cabra cegas.

Ivone Soares