O meu amigo que é filósofo insiste que não é possível que os seres humanos sejam iguais em dignidade e que gozem de direitos iguais, oportunidades iguais e deveres iguais. Ele insiste de forma racional para explicar-me que não adianta o quanto os defensores dos direitos humanos possam elevar a sua utopia em busca da igualdade, ela simplesmente não existe. Uns devem ser sempre superiores e melhores que os outros.
O meu amigo pode estar certo, mas eu não consigo entender porque é que nós os seres humanos não podemos ser iguais em direitos e dignidade. Porque não podemos ter as mesmas oportunidades e as mesmas facilidades de vida. Eu simplesmente não consigo entender isso. Não entendo porque os negros não podem ser iguais aos brancos assim como não entendo porque todos não podemos ser ricos ou pobres da igual maneira.
Não consigo entender porque uns podem trabalhar somente oito horas por dia e obterem o salário suficiente para viverem uma vida condigna enquanto outros precisam trabalhar 15 a 20 horas para poderem ter algum ordenado que na essência não chega a satisfazer um terço das suas necessidades básicas. Não entendo porque uns são obrigados a trabalhar enquanto ainda menores de idade e outros só começam a trabalhar com a maioridade necessária.
Não consigo entender porque as meninas não podem todas terem as mesmas oportunidades de educação e trabalho. Umas acabam se oferecendo a prostituição enquanto adolescentes. Vendem seu corpo para sustentarem a família inteira enquanto outras meninas da mesma idade estudam e têm alguém que cuide delas, custeando uma boa parte das suas despesas de educação, lazer, entre outros.
Não consigo perceber porque alguns vivem nas ruas, vestem-se de restos de roupa. Alimentam-se de lixo e dormem nas bermas das estradas ou nas esquinas da cidade cobrindo caixotes e folhas de árvores, enquanto outros vivem em condomínios. Comem pão importando e vestem-se da mais pura lã. Não consigo perceber porque uns vivem em casas de luxo e outros simplesmente vivem nas barracas.
Não consigo perceber porque algumas pessoas vivem toda a sua vida fugindo ou acampados como refugiados por causa da guerra ou catástrofes enquanto outros vivem na mais alta comodidade sem se aperceberem do que acontece no mundo fora. Não entendo porque algumas crianças nunca viram um sorriso de seus pais ou irmãos por causa da dor da guerra.
Não entendo porque algumas pessoas têm o direito de ter um pai e uma mãe. Tem o direito de viverem numa família e a apreenderem o valor da fraternidade, da solidariedade e do carinho, enquanto que outras pessoas nunca chegam a conhecer seus pais, ou pelo menos um deles. Outras pessoas nunca chegam a conviver com seus irmãos, nunca chegam a saber o que é o calor familiar ou o a união familiar.
Não entendo porque somente uns podem estudar e fazer um curso superior e outros não. Não entendo porque uns têm um nome que é respeitado e outros são completamente anónimos na sociedade. Não entendo porque uns rostos brilham mais que outros. Não entendo porque uns acreditam no futuro e outros não mais acreditam nem no futuro, nem na vida nem em nada. Vivem cada minuto que lhes aparece como o último das suas vidas.
Não entendo porque é que uns tem o direito de sonhar, sonhar com viagens, com festas, com um casamento, com outros continentes, com carros, aviões, casas, música, sonhar livremente sobre tudo que entender enquanto outros nunca sonham. Não sonham acordados nem a dormir. Simplesmente não sonham porque nem acreditam na vida que vivem. Não sabem se estão vivos ou mortos.
Não entendo porque uns podem sentar nas suas casas ou num cinema e com pipocas ao lado assistirem filmes ou shows, enquanto outros nem sabem o que é diversão e lazer.
Há muitas coisas que eu não entendo. Mas o mais grosso do que eu não entendo se resume em duas perguntas: como é que algumas pessoas podem pensar que isso tem que ser assim mesmo, que nunca seremos iguais e que uns devem sofrer e outros não, uns devem servir e outros servidos, uns devem controlar e decidir sobre a vida dos outros e esses outros devem somente esperar a sua sorte. Essa é a minha primeira indagação.
A minha segunda indagação consiste no seguinte: como é que algumas pessoas para alem de somente pensar desta maneira, contribuem para que o mundo seja assim tão desigual. Não entendo porque algumas pessoas que já têm o mínimo do que precisam, continuam a roubar aos pobres. Não entendo porque é que os mais fortes exploram e chegam a matar os mais fracos. Não entendo porque os mais fortes pensam que os fracos, os pobres e os miseráveis são sempre um perigo e por conta disso devem ser controlados e se necessário banidos. Me parece um regresso ao estado da natureza.
Eu acredito que o mundo tem a cara que nós os seres humanos lhe damos. Se construímos um mundo cheio de amarguras teremos connosco milhares de rostos desesperados, murchados e prontos para qualquer sacrifício em prol da sua vida. Se construímos um mundo de desigualdade teremos os homens medindo sempre as suas forças, uns querendo ser mais fortes, mais ricos e mais poderosos e outros recusando essas premissas e por meio da violência passando seus recados.
Acredito também que quanto mais desiguais forem os homens na face da terra mais medo subsistirá entre os viventes. A desigualdade gera a onda de violência, do mal estar e de desrespeito à vida. O respeito pela vida é mais acentuado em pessoas que se sentem respeitadas, dignificadas e com espaço na sociedade. Aquelas que se sentem excluídas, desprezadas e humilhadas não estão dispostas a respeitar os valores impostos pelos detentores do poder económico, politico ou cultural.
Eu acredito numa sociedade em que todos os seres humanos podem ser iguais em direitos e dignidade. Onde todos podem ter voz e vez. Onde todos podem usufruir da riqueza da nação e onde todos podem respeitar a vida. Eu acredito na sociedade em que a tristeza de um é de todos, a dor de um é de todos e onde a alegria e a felicidade de um é de todos. Eu acredito!
O meu amigo pode estar certo, mas eu não consigo entender porque é que nós os seres humanos não podemos ser iguais em direitos e dignidade. Porque não podemos ter as mesmas oportunidades e as mesmas facilidades de vida. Eu simplesmente não consigo entender isso. Não entendo porque os negros não podem ser iguais aos brancos assim como não entendo porque todos não podemos ser ricos ou pobres da igual maneira.
Não consigo entender porque uns podem trabalhar somente oito horas por dia e obterem o salário suficiente para viverem uma vida condigna enquanto outros precisam trabalhar 15 a 20 horas para poderem ter algum ordenado que na essência não chega a satisfazer um terço das suas necessidades básicas. Não entendo porque uns são obrigados a trabalhar enquanto ainda menores de idade e outros só começam a trabalhar com a maioridade necessária.
Não consigo entender porque as meninas não podem todas terem as mesmas oportunidades de educação e trabalho. Umas acabam se oferecendo a prostituição enquanto adolescentes. Vendem seu corpo para sustentarem a família inteira enquanto outras meninas da mesma idade estudam e têm alguém que cuide delas, custeando uma boa parte das suas despesas de educação, lazer, entre outros.
Não consigo perceber porque alguns vivem nas ruas, vestem-se de restos de roupa. Alimentam-se de lixo e dormem nas bermas das estradas ou nas esquinas da cidade cobrindo caixotes e folhas de árvores, enquanto outros vivem em condomínios. Comem pão importando e vestem-se da mais pura lã. Não consigo perceber porque uns vivem em casas de luxo e outros simplesmente vivem nas barracas.
Não consigo perceber porque algumas pessoas vivem toda a sua vida fugindo ou acampados como refugiados por causa da guerra ou catástrofes enquanto outros vivem na mais alta comodidade sem se aperceberem do que acontece no mundo fora. Não entendo porque algumas crianças nunca viram um sorriso de seus pais ou irmãos por causa da dor da guerra.
Não entendo porque algumas pessoas têm o direito de ter um pai e uma mãe. Tem o direito de viverem numa família e a apreenderem o valor da fraternidade, da solidariedade e do carinho, enquanto que outras pessoas nunca chegam a conhecer seus pais, ou pelo menos um deles. Outras pessoas nunca chegam a conviver com seus irmãos, nunca chegam a saber o que é o calor familiar ou o a união familiar.
Não entendo porque somente uns podem estudar e fazer um curso superior e outros não. Não entendo porque uns têm um nome que é respeitado e outros são completamente anónimos na sociedade. Não entendo porque uns rostos brilham mais que outros. Não entendo porque uns acreditam no futuro e outros não mais acreditam nem no futuro, nem na vida nem em nada. Vivem cada minuto que lhes aparece como o último das suas vidas.
Não entendo porque é que uns tem o direito de sonhar, sonhar com viagens, com festas, com um casamento, com outros continentes, com carros, aviões, casas, música, sonhar livremente sobre tudo que entender enquanto outros nunca sonham. Não sonham acordados nem a dormir. Simplesmente não sonham porque nem acreditam na vida que vivem. Não sabem se estão vivos ou mortos.
Não entendo porque uns podem sentar nas suas casas ou num cinema e com pipocas ao lado assistirem filmes ou shows, enquanto outros nem sabem o que é diversão e lazer.
Há muitas coisas que eu não entendo. Mas o mais grosso do que eu não entendo se resume em duas perguntas: como é que algumas pessoas podem pensar que isso tem que ser assim mesmo, que nunca seremos iguais e que uns devem sofrer e outros não, uns devem servir e outros servidos, uns devem controlar e decidir sobre a vida dos outros e esses outros devem somente esperar a sua sorte. Essa é a minha primeira indagação.
A minha segunda indagação consiste no seguinte: como é que algumas pessoas para alem de somente pensar desta maneira, contribuem para que o mundo seja assim tão desigual. Não entendo porque algumas pessoas que já têm o mínimo do que precisam, continuam a roubar aos pobres. Não entendo porque é que os mais fortes exploram e chegam a matar os mais fracos. Não entendo porque os mais fortes pensam que os fracos, os pobres e os miseráveis são sempre um perigo e por conta disso devem ser controlados e se necessário banidos. Me parece um regresso ao estado da natureza.
Eu acredito que o mundo tem a cara que nós os seres humanos lhe damos. Se construímos um mundo cheio de amarguras teremos connosco milhares de rostos desesperados, murchados e prontos para qualquer sacrifício em prol da sua vida. Se construímos um mundo de desigualdade teremos os homens medindo sempre as suas forças, uns querendo ser mais fortes, mais ricos e mais poderosos e outros recusando essas premissas e por meio da violência passando seus recados.
Acredito também que quanto mais desiguais forem os homens na face da terra mais medo subsistirá entre os viventes. A desigualdade gera a onda de violência, do mal estar e de desrespeito à vida. O respeito pela vida é mais acentuado em pessoas que se sentem respeitadas, dignificadas e com espaço na sociedade. Aquelas que se sentem excluídas, desprezadas e humilhadas não estão dispostas a respeitar os valores impostos pelos detentores do poder económico, politico ou cultural.
Eu acredito numa sociedade em que todos os seres humanos podem ser iguais em direitos e dignidade. Onde todos podem ter voz e vez. Onde todos podem usufruir da riqueza da nação e onde todos podem respeitar a vida. Eu acredito na sociedade em que a tristeza de um é de todos, a dor de um é de todos e onde a alegria e a felicidade de um é de todos. Eu acredito!
11 comentários:
Difícil é comentar, mas eu acredito realmente que até um certo nível são imcompreensíveis as desigualdades. Mas num outro, acho eu que é necessário de cada um de nós capitalize as oportunidades que tem tido.
Veja só: Quantos estudaram e trabalharam (com qualquer um de nós) que hoje ou estão acima ou abaixo das suas (nossas)condições?
Custódio meu amigo,
sabe? Eu até acredito no que tu acreditas, mas divergimos num aspecto: tu meu caro, és um eterno impaciente, e eu, tenho toda a paciência do mundo. As coisas Custódio, acontecem quando devem acontecer, as revolucões, guerras, mudanças benéficas etc. tudo, tudo tem o seu tempo.
A propósito, leia o pensamento do dia de hoje no jornal notícias.
saudades...e muitas!
errata: diferimos e não divergimos.
Caros amigos,
Nao duvido que haja diferencas consoante as capacidades, os dons e o genio de cada individuo..quanto a este aspecto prefiro nao argumentar sobre as desigualdades.
Contudo, acho que independentemente do genio de cada um, todos deveriamos ter as mesmas oportunidades...que consoante as oportunidades cada um escolhesse o seu nivel ou tipo de vida...o que repudio é o facto de para muitos nao haver sequer uma escolha!
O que gastamos com as guerras e outros conflitos, é cerca de 5 vezes mais do que precisamos para combatermos as desigualdades entre os humanos quando falamos de desenvolvimento.
Isso me faz ser impaciente...penso que o agora é o tempo oportuno para combatermos isso, condenarmos isso e fazermos algo!
Olá! gostei muito do seu blogue.
sou Andriy. eu faço o blogue sobre a Ucrânia "Ucrânia Online" http://ucraniaonline.blogspot.com
sugiro a troca dos links
contacte comigo andriy803@gmail.com
obrigado!
Olá Duma,
Concordo com seu pensamento, porém existem duas coisas: Uma se chama Carma e outra livre arbítrio.
Pelo pouco que te conheci, vc mesmo é um exemplo de pessoa que poderia estar viendo revoltado nos guetos, porém se auto valorizou e deu a volta por cima. Ninguém faz o que faz se a pessoa, ou melhor, as pessoas não deixarem por mais humildes e sem poderes que sejam, pois existem duas coisas: Revolução e Amor próprio. Falo isso pois oferecia emprego a pessoas que precisavam muito e não aceitavem por preferirem viver no conforto da miséria. Por isso temos que ser espelho na sociedade e fazer revolução com exemplos próprios. Não adianta falar
em crescimento e não fortalecer o povo não só com exemplos mas sim com atitudes. O segredo está na simplicidade e nas atitudes pequenas que servem de exemplo e injeção de ânimo.
Tanta gente equivocada, falam falam, mas não tem nada a dizer. Mais do que a palavra é o exemplo.
Paz, moral e liberdade.
Estudo os negros e realmente o carma deles realmente é enorme.
Esse carma só irá mudar quando os negros respeitarem a si mesmos e principlamente seu povo, quando se unirem e lutarem entre si!!
Bjs
Camila Lopes
Andry...eu entro em contacto contigo...podes tb mandar me um mail: cdnesta@gmail.com
Obrigado
Depeduc,
Concordo plenamente contigo. Ha muitos exemplos semelhandos dos que acabaste de dar...o que me doi realmente é o facto de, para alguns, que sao a maioria, ser necessario lutarem tao pesadamente para terem o minimo necessario. Nao axo isso justo. Quem sai do gueto atraves de dezenas de noites sem pao, centenas de quilometros caminhados a pe...doencas que foram curadas somente por rezas e misturas tradicionais...leituras feitas a luz da lua e das estrelas...fico muito constrangido com isso. Axo que essas pessoas nao sao o modelo, sao uma excepcao...a sociedade precisa de criar bases para oferecer aos cidadaos condicoes para os primeiros passos...
Mano Duma, parabéns pelo post. Fica muito feliz quando vejo que há pessoas como tu (e eu) que se preocupam com o mundo, com as desigualdades e direitos humanos.
Eu acho que essa gente que concorda com a desigualdade são todos de uma burrice extrema e nem deviam ser vistos como pessoas. É incrível como estes podem ser tão egoístas assim como o teu amigo, ele é mesmo horrível.
Um mundo melhor é possível, basta pessoas como este seu amigo filosofo pateta mudarem a sua forma de pensar!
Eu acredito!
Angola
Olá, Custódio!
É verdade. Embora tu não o tenhas dito, eu digo: o ser humano será mesmo humano, conforme nós entendemos a palavra?
Obrigado por este tão brilhante trabalho, Custódio. A nossa impotência também conta muito. Mas a nossa "alcalmia", quantas vezes, quantas, conta muito mais.
Seremos dotados de dignidade? - Não sei, grande, amigo. Não Sei.
Um grande abraço e até sempre, David Santos
Obrigado Fabio,
estamos juntos nessa.
David, penso k realmente a nossa calma e indiferenca acaba impulsionando essa grande onda de injusticas sociais. De todas as maneiras nao devemos nunca parar a nossa luta.
A dignidade humana deve sempre prevalecer!
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