Continuando a minha reflexão da semana passada, gostaria de resgatar dois pontos essenciais, o primeiro é: os negros, onde quer que estejam, sempre vão sofrer. O segundo é: os negros estão amaldiçoados.
Embora todos os seres humanos encontrem sofrimento no seu dia a dia, parece que aos negros esse sofrimento é multiplicado. Veja que no caso de Haiti por exemplo, o país já era o mais pobre da América Latina, nunca teve momentos de paz e tranquilidade, tem um governo instável e acusado de corrupção, sofre de catástrofes naturais e para o cúmulo, o último drama que assistimos: o sismo!
Ainda na América Latina, encontramos o Brasil por exemplo, país que se gaba de ser multi cultural e racial, mas onde os negros sofrem demais. Eles são na prática, considerados cidadãos de segunda ou terceira classe, o que lhes tira todo o tipo de oportunidades e lhes conduz a um estilo de vida bastante pesado e contrário aos mais elementares valores humanos.
Vivem um ciclo vicioso, na medida em que o seu estilo de vida acaba colocando-lhes em situações bastante vulnerável. O que cria mais ladrões, mais traficantes, mais prostitutas e menos médicos, engenheiros, advogados, entre outros. Mas mesmo os que conseguem chegar a essas formações, podem não conseguir encontrar um emprego.
Nos Estados Unidos acontece o mesmo. Hoje temos um negro como o Presidente dessa maior potência do mundo, mesmo assim, as estatísticas mostram que há mais negros nas cadeias do que brancos, há mais negros na mendicidade do que brancos, há mais negros a viver com baixa ou sem renda do que brancos. É o drama dos negros.
Em Africa, o berço da humanidade, onde a humanidade começou e se espalhou para o resto do mundo e para onde a humanidade inteira retornará, o cenário não é diferente. Em Africa os negros sofrem de tudo, as maiores doenças e epidemias, as catástrofes naturais, as ditaduras governamentais, a fome, as pestes, as guerras, a pobreza e tudo o resto que se pode imaginar.
Para concluir o ciclo, para alem de governos corruptos e fraquezas nas formulações de planos de combate a pobreza, nota-se que o continente continua sendo a vaca leiteira de muitos outros. É de Africa que saem os recursos para que uma boa parte da máquina capitalista funcione. E os africanos quase que não ganham com isso.
Mas quem foi que amaldiçoou os africanos? Será mesmo que foi Noé? Pode ser que sim, mas também pode não ser? E se não for Noé quem terá sido? Dizem que a cultura de pobreza, preguiça e sofrimento se enraizou muito nos africanos que agora já não se esforçam para fazer nada. Passam a vida se divertindo e não reflectindo sobre a sua situação. Talvez seja por isso que em muitos lugares do mundo os negros são somente futebolistas, cantores, pintores ou simples seguranças.
Pode ser uma tese correcta, mas se olharmos atentamente a história de um e de outro, veremos o quanto esses africanos que se esforçaram tiveram que trabalhar no duro, duas ou três vezes mais do que um branco por exemplo poderia se esforçar para chegar ao mesmo ponto.
E não quero aqui colocar os africanos numa situação infeliz em relação aos brancos porque a questão não é africanos negros e brancos, é o sofrimento dos negros. Embora não se pode falar do sofrimento dos negros sem olhar para os brancos e se calhar aqui reside uma parte do problema. Comparar Africa com a Europa. Ler o negro tendo o branco como referência.
Ter a Europa ou a América e o branco como o modelo para africa e para os negros pode ser uma via errada de analisar os problemas de Africa e dos africamos e sobre tudo os seus dramas. Os factos mostram que a Europa deturpou a história de Africa e o que os africanos fizeram foi continuar com essa deturpação e perpetuar os vícios que aprenderam. Juntando esses vícios aprendidos aos males e ambições que já tinham por si, os africanos fizeram esta africa que temos: dramática!
Há quem diga que os africanos estão a pagar pelos males dos seus ancestrais, que venderam seus irmãos como escravos, que comeram alguns, que sacrificaram seus filhos e suas filhas a deuses imaginários, que queimaram vivos homens e mulheres inocentes por causa de poder político, por causa de recursos naturais, por causa de poder e ambição.
Mas aqueles comportamentos também podem ser vistos na Europa antiga, na Ásia e na América. Mas esses não sofrem tanto assim como os africanos. É por isso que em parte, não acredito na história das maldições e prefiro pensar que os africanos ainda não encontraram seu caminho e enquanto isso vão sofrendo tudo porque para alem de não verem a luz não entendem a dinâmica do mundo, nem a opinião que determina o curso da historia.
Já andam teorias conspiratórias de que o sismo do Haiti não foi natural, ele foi criado pelos Estados Unidos da América. Pode ser verdade, assim como pode ser verdade que várias doenças foram criadas especialmente para os africanos e que a gripe H1N1 foi inventada para criar pânico e galvanizar o mercado farmacêutico.
Se os africanos resgatarem ideias de Marcus Garvey, de Mandela, de Malcolm X, de Ndzinga Bandi, de Steve Biko, de Haile Selassie, de Samora Machel, de Bob Marley, de Kwamme Nkrumah, de Zumbi dos Palmares, de Luther King e até de Ninrode entre outros, penso que poderão ver a luz e encontrar o caminho para a sua afirmação.
Mais do que encontrar a fonte da maldição, importa encontrar o caminho, a luz e o destino dos negros no mundo. Isso ajudará a resgatar a sua auto afirmação, a sua identidade e definirá com certeza o seu lugar no mundo e poderão assim, ter o direito a vez e a voz, conceitos que são desconhecidos por muitos negros.
Mais não disse!
5 comentários:
A pedofilia, Homossexualismo,abortos escravatura e tantos males que nos somos inculcados como síbolos da modernidade, como sinónimos da dinámica cultural, não constituem pecado suficiente para o sofrimento dos modernos.
O que o africano fez ou faz que outras sociedades não fizeram ou fazem a todos os níveis?
Talvez o nosso mal estaja mesmo na origem da Humanidade onde África é o berço!
Foi só um pequeno desabafu... Na verdade o respeito pelas diferenças, menos igoísmo, infelizmente ninguém está disponível para por nós ser vendido e acumularmos capitais, tudo virá do nosso suor, do nosso empenho, da nossa dedicação etc.
Precizamos de modernizar o político de modo a saber que quando ele vende a a terra aos capitais estrangéiros (EU)ou (EUA) está a cometer o mesmo erro do passado, ele e sua família é que poderão tirar proveito disso em prejuizo da maioria! isso é maldição.
Hé Duma, veja a mozal, o governo só tem 4% de participação, os lúcros são totalmente recâmbiados, não paga impostos directos, de emprego pouco ou nada dá para o seu nível de externalidade, o único ganho é que os políticos se dividem com os donos dos capitais como facilitadores da estalação da fábrica em moçambique. veja que nos enganamos tanto com os "projectos de responsabilidade social". o que está fábrica dá neste âmbito segundo demostrações financeiras da PNUD cit. pela IESE é palha é a cerradura se fosse uma carpintaria...
Portanto, a maldição pode começar aqui. é preciso compreender que ninguém entra numa casa sem ser concedida licença, portanto o nosso mal são os brancos porque alguns negros lhes abrem a porta, foi assim também com os nossos antepassados.
espero não ter falado de mais
Duma,
a maldição pode até vir de fora (dos EUA, da China, da Europa ou dos EAU) mas na realidade, ela não teria sustento se nós africanos não lhe abríssemos a porta e não a alimentássemos.
É um dado irrefutável que uma boa percentagem da nossa pobreza é engendrada de fora, por potências que se satisfazem e crescem com a nossa condição de eternos pedintes.
por isso será sempre do interesse dessas potências que a África continue a receber o «peixe com legumes» oferecido por eles e nunca um anzol para ir à pesca!
entretanto, não podemos negar que na maior percentagem, nós somos culpados pela nossa própria pobreza.
somos nós que nos rendemos ao dinheiro do Ocidente quando este nos manda rebentar com guerras pelo continente todo.
somos nós que diante de fundos públicos não conseguimos pensar primeiro no bem comum e no desenvolvimento do pais, antes preferimos delapidar o património do Estado, transformando-nos em ilhas de riqueza num mar de indigência.
somos nós que quando ganhámos o concurso público para reabiltar uma estrada ou uma escola, fazemos o máximo para encontrar o material mais barato, para com isso ganharmos mais dinheiro de modo fraudulento.
somos nós que tentamos a todo o custo alterar leis constitucionais sobre eleições para eternamente nos mantermos no poder.
enfim caro Duma e falando estritamente sobre a tua área, nós violamos diariamente os direitos humanos sob o pretexto de que somos pobres.
mas a verdade é que não é a pobreza que nos faz violar esses direitos, antes pelo contrário, é a violação dos direitos que nos faz ser pobres.
fazer o que?:
1. Acreditar em valores e lutar por preservá-los;
2. Perceber que sempre vale mais um ganho comum, da comunidade, do que o ferrenho enriquecer injusto dos indivíduos;
3. Perceber que só nós podemos mudar nosso futuro; nós não somos crianças do Ocidente!
Ói Duma! Gostei da provocação. Em primeiro lugar, recuso-me a acreditar na maldição e recuso-me a aceitar a história da Bíblia. Como eram os Negros antes de virem os europeus? Éramos desenvolvidos provavelmente. Mas chegaram os ladrões (mais desenvolvidos?) e roubaram os nossos recursos (incluindo as nossas mentes). Agora já pensamos como eles. Julgamos os negros através dos olhos deles; até travamos os nossos pensamentos: não há soluções para os problemas dos negros - estamos amaldoados...
Meus manos
Concordo plenamente com voces. Parece evidente que a maldicao é criada por nós, ou pelo menos nao conseguimos encontrar o nosso destino.
Nós é que chegamos a vender uma boa parte da nossa soberania e da nossa identidade. É bom que nós os jovens possamos descobrir isso para que as nossas decisoes sejam mais conscientes e responsaveis.
De todas as maneiras continuam as questoes sobre como agir para reverter o cenario?
Quando olho para o curso da humanidade, chego a pensar que em vez de nos concentrarmos na tal maldicao, é melhor comecarmos a reflectir da sobrevivencia da humanidade, uma vez que africa mais uma vez salvará o mundo...
Temos que essa materia seja menos socializada e mais manipulada pelos grandes decisores.
è temos de reforcarmos as organizacoes, as universidades e a educacao a nivel da familia.
quanto menos reflectimos sobre a nossa vida mais vulneraveis nos tornamos.
É verdade que a cor preta é a amaldissoada, mas isto, não cabe apenas a humanidade e a historia em si, em algumas situações temos que nos chamar de responsaveis por esta falta de auto estima, nem respeito para com os que morreram pelos nossos direitos.
Esta mensagem, vai acima de tudo aos que procuram adiquirir uma cor branca a todo custo, até por via de produtos químicos oriundos da Europa, e Ásia, que hoje ganharam espaço, não só nas raparigas, mas por incrivel que se pareça, até os homens desta terra, já aplicam os ditos "Mulunguzantes"
Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo.
Ámem.
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