domingo, 29 de agosto de 2010

Burladores na área

Caso receber uma mensagem deste tipo, saiba que está na mira dos burladores. A verdadeira VISA nunca manda este tipo de comunicações via e-mail, sem saber se você possui ou não um cartão VISA.

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terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Renascimento Africano Hoje – Papel da Juventude

Obama convidou alguns jovens africanos para reflectirem sobre o significado da passagem de meio século das independências de alguns países africanos. A iniciativa foi por um lado admirada por pessoas que acreditam no futuro de África e nas boas intenções desse primeiro presidente norte-americano de origem afro-americana. Por outro lado, a mesma iniciativa foi altamente criticada e batida por aqueles que suspeitam das boas práticas e da política externa dos americanos.

Não tenho nada a ver com uns nem com outros, alegro-me em saber que jovens africanos de vários países incluindo Moçambique tiveram a oportunidade de junto de Obama e de outros jovens norte americanos, envolvidos em actividades e sonhos semelhantes, como é o activismo e o sector privado, tiveram a oportunidade de, abstraídos do seu dia-a-dia normal reflectirem sobre África.

É que, pelo sim ou pelo não, um apelo deve e urgentemente ser feito pelos quatro cantos da terra: o Renascimento Africano Hoje! Parece que o aparente desenvolvimento do continente, os muitos carros que cá são deitados pelo Japão que não encontra outra lixeira e o constante clima de diversão com bebidas alcoólicas, sexo, música e dança, atrofiaram as mentes de muitos que olham para África como um continente acabado.


Porque a informação no mundo circula toda em inglês e francês, os cidadãos como moçambicanos, oriundos de países falantes da língua portuguesa vivem num total desenquadramento sobre o que vai e vem pelo globo, sobre as reais necessidades da humanidade e sobre tudo, muito distantes das grandes decisões que em última instância determinam a nossa maneira de pensar e de agir.

Um continente como a África não deve ser condenado a cumprir uma agenda alheia. Esse é o maior desafio da juventude actual: identificar a agenda africana, estabelece-la, lutar por ela e realiza-la em todas as esferas da vida deste continente. O Renascimento Africano Hoje parte em redescobrirmos a nossa essência, a nossa origem, as nossas raízes e regar a árvore.


Não se constrói uma identidade nem um sonho no meio da distracção ou da diversão. Não se erguem nações no meio de festas, orgias e bebedeiras. Os tempos que vivemos exigem um pouco mais dos povos africanos, digo povos referindo-me a jovens. Estes, porque inda não têm a sua mente cauterizada, alienada, depravada ou vendida ao ego, à ambição pelo poder ou pela riqueza.
Os jovens africanos serão com certeza a salvação deste continente. Mesmo que, hoje, olhando para eles vejamos um cenário bastante sóbrio, na verdade esse cenário não está enraizado ainda. A falta de referências políticas, académicas e revolucionário, tornam uma grande parte da nossa massa jovem alienada, entregue ao imediato e obrigada a ser reboque de certas propagadas elitistas.


Jovens assim ainda podem ser iluminados. Um pouco mais de trabalho com educação e informação, com arte e cultura, com dialogo interacção e oferecimento de oportunidades e liberdades de interagirem com o essencial, teremos a curto prazo turmas de jovens a indagarem o caminho que seguimos, o destino que buscamos e a voz que seguimos.


Dizem que os africanos não são desenvolvidos porque são preguiçosos e porque não gostam de ler e escrever. Pode ser uma tese correcta. É também bem defendida por muitos intelectuais africanos. Eu não desminto, mas não concordo. Me parece que essa tese vem imbuída de preconceito e falta de respeito pela autonomia de africanos. Querer resolver os problemas de África comparando-os com outros povos pode ser fatal na conclusão.


Outro dos grandes desafios dos africanos para o Renascimento Africano Hoje é a descoberta das suas próprias habilidades e genialidades. Não é o domínio das artes e conhecimentos dos outros povos que nos vai tornar africanos. África só será ela mesma se se redescobrir e redescobrir suas habilidades, seus engenhos e suas genialidades. É isso e só isso que fará com que mundo olhe para África como um povo que tem o seu espaço, a sua opinião, a sua palavra e o seu lugar.



Estou convencido que a educação, a informação e a auto descoberta ou auto conhecimento nos próprios africanos pode significar a apresentação de uma nova África à humanidade. Precisamos aniquilar para sempre a África que é antiga colónia, aniquilar completamente a África subdesenvolvida e dependente, aniquilar a África reboque e vaca leiteira. É preciso fundar uma nova África, uma África feita de homens e mulheres que escrevem o seu destino, uma África de homens e mulheres responsáveis dos seus actos e cientes das consequências das suas decisões.


Estou também convencido que a disciplina e a organização podem fazer diferença num cenário em que tudo é colocado em frente das pessoas para distrai-las. A África passou a ser a principal cliente de muitos que pretendem vender tudo e mais nada, passou também a ser uma lixeira de quem já não tem espaço. A África passou a ser o circo onde quem quer divertir-se vem encontrar a distracção e a comédia. Só a disciplina pode virar o cenário. Quando pensarem que vamos comprar tudo ai nós mostramos o que realmente buscamos, quando pensarem que aceitamos tudo ai mostramos o que realmente nos faz sentido e quando connosco quiserem brincar mostramos que é passado o tempo de brincadeiras.


O Renascimento Africano Hoje, passa necessariamente em definirmos muito bem os limites das nossas fraquezas e habilidades. Só mentes dispostas a mudar podem reproduzir a consciência desse renascimento. Uma África indisciplinada e virada a resultados imediatos não logrará nenhum sucesso. Quanto mais nos viramos aos nossos umbigos mais adiamos a verdadeira revolução, a revolução que este continente busca. A revolução que definitivamente fundará a espaço do continente africano e do seu povo.

É chegado o momento em que a juventude africana precisa estabelecer uma nova palavra de ordem: Educação, Informação, Redescoberta e Disciplina em prol de uma nova África! Já se adiou bastante tudo o que devemos fazer por nós e pelas futuras gerações. Já se adiou demais o levantar da nossa consciência bem assim o esticar do primeiro passo rumo ao Renascimento Africano Hoje. Enquanto o dia ainda se levanta, levantemo-nos nós também, do sono existencial e estabeleçamos uma nova ordem de África para África!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Um Mundo sem Violência: Será que é Possível?


Quando a minha cabeça começou a abrir-se ao mundo, adoptei como meus modelos principais, de vida, de conduta e de inspiração, personagens como Marcus Mosiah Garvey e Malcolm X descendentes de escravos, Jesus Cristo e Rei Salomão figuras lendárias do povo judeu, Bob Marley e John Lennon músicos imortais, Elidja Muhamad, Abraão Lincoln, Mahatma Gandhi, Kwame Nkrumah, Leopold Senghor, Imperador Hailé Selassie da Ethiopia, Rainha Dzinga Mbandi de Angola, Martin Luther King, Madela e outros.


Cada uma das personalidades acima mencionadas teve seus bons e maus momentos, são por alguns, consideradas figuras santas e por outros, figuras diabólicas. Umas daquelas pessoas pautaram-se por uma política de violência e outras pautaram-se por uma política de não-violência. Porém, de entre tudo, algo tinham em comum: a inspiração pela paz, por um mundo onde todos fossem iguais e onde ninguém oprimisse o outro.


Alguém pode pensar que não é possível gostar de Malcolm X e de Martin Luther King ao mesmo tempo. Então pode crer que é possível, porque eu me inspiro nos dois, mais no Malcolm X que no Luther, mas sempre nos dois. E outros podem pensar que não é possível admirar Jesus Cristo ao mesmo tempo que Muhamad ou Sellassié. Pode crer que neste caso também é possível. Há sempre espaços em nós para admirarmos, venerarmos e amarmos personalidades diferentes. Depende do ângulo em que interpretamos os fenómenos.


Como podemos perceber no nosso dia-a-dia, a vida em sociedade é feita de adversidades, de contrários, de oposições e incoerências. Tento imaginar uma vida em sociedade onde tudo fosse coerente, concordante, linear e sem oposições. Mataríamos para sempre o fim último da existência humana, perderíamos o rumo da edificação da nossa personalidade e sucumbiríamos no desespero de nunca termos sido nada e nada!


Se então o mundo é e deve necessariamente ser feito de contrários ou opostos, será que podemos pensar numa existência sem violência? É que a tendência e o que estamos acostumados a ver é que na convivência dos contrários, os mais fortes tendem a usar da forca para suplantar os mais fracos. Mesmo que essa forca não seja só física, mas também psicológica, emocional ou de espiritual (para quem acredita).


O que vemos é que, os mais fortes, porque detêm a força física ou qualquer outro poder, mesmo que não estejam certos ou não tenham a opinião mais acertada, procuram e fazem de tudo para impor a sua vontade nos mais fracos. E os mais fracos, mesmo quando certos, são sujeitos a vontade dos fortes sob pena de exclusão, de sanção, de opressão, de sevícias, de dor e amargura.

Há que nem uma tendência de se pensar que a vontade da maioria é a mais acertada. Daí as falsas percepções sobre as pessoas que tenham hábitos ou costumes diferentes dos da maioria. Lembro que já houve tempos em que os canhotos representavam pessoas diminuídas. Em algumas sociedades se considera a homossexualidade um crime e me outras, os albinos são pessoas diferentes ou até objectos.

Em todo o mundo, as diferenças das pessoas podem criar desentendimento e até violência. Na África do Sul, aparentemente país mais desenvolvido de África, os emigrantes vivem num clima constante de tensão e violência porque não são bem-vindos em alguns lugares desse país. E uma das grandes razões é porque os imigrantes africanos trazem hábitos e costumes diferentes, para além de roubar o trabalho aos naturais. Mais uma razão para a violência, do mais forte para o mais fraco.

É incrivel, de acordo com uma representação feita por Zappiro, como os sul-africanos depois de se juntarem aos outros africanos torcendo por Ghana, findo o mundial de futebol se pre-dispuseram a “correr” com todos! Acabou o mundial de futebol, acabou o que nos une.

Não sei o que mais pode unir os humanos senão o facto de serem humanos. Não sei o que nos pode tornar iguais, como humanos, do que a nossa própria condição de seres humanos. Posso até ser redundante na minha fala, mas é que, por incrível que pareça, vejo nos argumentos que nos separam todos os elementos para nos unirem.

É verdade que precisamos todos fazer um profundo exercício reflectivo da nossa existência. Acontece muitas vezes todos passamos a ser vítimas das situações que nos hostilizam. O que discrimina, sofre tanto quanto o que é discriminado. O que não é discriminado e não está a discriminar é tão vítima também quanto os outros dois. A humanidade não é livre enquanto um ou dois seres humanos não são livres.

A visão global da humanidade faz-nos perceber os dramas de quem finge ser mais forte, mais rico, mais inteligente e o melhor dos humanos. Faz-nos perceber os dramas de quem se esforça a ser diferente para esconder sua fraqueza e suas dores. Daí que na matéria de vida em sociedade ser imperioso não se pensar em inimigos. Não há inimigos dos gays, das lésbicas, dos negros, dos gordos, dos baixinhos, dos judeus, dos mulatos, dos pobres, dos ricos, das mulheres, dos do norte, dos do centro ou dos do sul. Não há inimigos, há vítimas.


Somos todos vítimas de um sistema social que não foi capaz de fazer brilhar uma luz ou tornar visível um espelho onde todos nós, humanos nascidos iguais, embora cada um com suas diferenças, podemos nos olhar e descobrirmos como somos iguais e em grande medida uma única pessoa. Sim, uma única pessoa. Acredito que a humanidade inteira é uma única pessoa.


Isto, é um pouco do que tenho vindo a aprender a medida que me vou conhecendo. Não sei se algum dia me conhecerei profundamente, mas a verdade é que não serei capaz de conhecer os outros seres humanos se não me conheço a mim mesmo. O exercício de conhecer-me é já um exercício de conhecer a humanidade, sendo eu parte dela.

Bem haja a todos