segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Semana I: Direitos e Pintos: é o Povo Que Clama!

A Semana é uma série semanal que se pretende seja publicada aqui todas as Segundas Feiras.
Na verdade, é uma série, assinada por mim e que é escrita para o jornal diário por fax: O Autarca, editado por Falume Chabane e publicado a partir da Cidade da Beira.

A todos e todas muito obrigado pelos comentarios e para comecar vai o primeiro titulo:

Direitos e Pintos: é o Povo Que Clama!


Começo esta série semanal realçando o lançamento do livro do conhecido jornalista Tomás Vieira Mário Presidente do MISA Moçambique sobre o Direito a Informação e o Jornalismo em Moçambique. Penso ser pertinente na medida em que temos no país jornalistas que na essência nunca o foram e nem conhecem os princípios que regem a profissão que pensam exercer. Mais do que isso, é a própria liberdade de imprensa que ainda é uma miragem neste Estado de Direito.
Entretanto, enquanto liamos o livro deparamo-nos com mudanças profundas no Sector da Justiça. Dizem que foram todas por fim de mandato, mas alguns mandatos terminados já tinham selo de eternos e, só Deus sabe, como é que sobreviverão esses antigos titulares que nunca conheceram uma vida sem protocolo e sem despesas domésticas pagas por si.
De qualquer das formas o mérito da mudança, está na própria mudança, embora se saiba que de mudança pouco se espera no sector senão a sua partidarização mais aguda dado que ao lado da competência técnica dos novos titulares caminha o temor reverencial que conservam em relação aos donos do actual poder.
Pouca sorte teve o PGR que foi ao parlamente dizer o óbvio, recusando-se a apresentar alguma resposta à demanda de justiça por parte dos cidadãos e por falar de resposta, parece que o órgão por ele dirigido tem um ouvido surdo, na medida em que não se preocupa com certas vozes como às do tribunal administrativo e da sociedade civil e se calhar foi por tanto gritar para que aquele ouvisse que Pale caiu.
Sem justiça o país não anda, foi a pensar nisso que o procurador da África do Sul deixou cair toda sujeira contra Zuma e permitiu sua eleição como o quarto Presidente negro da maior economia africana. Certo ou não, ficará para o continente a experiência de como combinar o judiciário com o político. E de tudo que se falar de Zuma ficará também a certeza de que pelo menos há um método eficaz contra o HIV, método por ele experimentado e publicado.
Espera-se entretanto que o novo governo sul africano impulsione a integração mais justa da região, contudo, no encontro promovido pelo IESE, ficou claro que a pobreza absoluta está a agudizar-se em Moçambique devido a falta de políticas públicas claras. Entretanto, sinais de enriquecimento rápido e exagerado vão cada vez mais luzindo no país e há quem quer que os funcionários públicos comecem a usar bicicletas de e ao serviço, para não sofrerem com os famosos chapa 100.
Se outra conclusão do encontro promovido pelo IESE com o tema Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação Económica em Moçambique foi que os serviços básicos passaram a ser produtos de venda e lucro não só no país, esperamos que a reunião de quadros da Frelimo não tenha servido só para reunir camaradas e matar saudades. O povo moçambicano espera que muito ainda seja feito por este governo e já que os próximos pleitos eleitorais serão fortemente concorridos pede-se com antecedência útil os respectivos manifestos eleitorais.
Enquanto em Portugal celebram a revolução dos cravos, aqui assassinam pintos sob o olhar sereno das autoridades. Quem diria ne? Pintos saudáveis mortos voluntariamente e deitados no lixo, só porque não podem ser comprados e oferecidos. Mas o povo que é pobre e faz sacrifícios para comer carne ou arroz, correu a morgue lixeira dos pintos e apanhou tanto os sobrevivos como os mortos, prova imbatível de que se não havia compradores, pelo menos havia interessados.
Até a próxima

1 comentário:

guanazi disse...

Querido,

estou muito feliz.Tenho o " CUSTÓDIO" qque conheço de volta, só não entendo porque andava "hermeticamente" calado com tanto assunto merecendo sua reflexão.