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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Angola: 500 mil em prostitutas
No julgamento do ‘Angolagate’, em Paris, a acusação sustentou que o empresário Pièrre Falcone, cérebro do negócio da venda de armas russas a Angola, pagou mais de 500 mil euros em dinheiro vivo a 50 acompanhantes de altos funcionários angolanos. Três das jovens garantiram, em tribunal, que apenas serviram o chá e o café.
http://www.correiodamanha.pt/noticia 23 Jan. 09
domingo, 25 de janeiro de 2009
Todo Mundo Quer Ser Como Obama
Mas ninguém quer mudar
Tenho lido com certa atenção os comentários e escutado com frequência as ideias que diversas personalidades, sejam elas figuras públicas ou não, dão em relação a Obama, o novo presidente dos Estados Unidos da América. Na verdade, parece que em Obama o mundo encontrou o seu ponto de intercessão e quase todos afirmam que gostariam de ser como ele, ou que ele é o exemplo ideal a seguir.
Um outro analista que se identificou como sociólogo bem conhecido, acabou escrevendo três lições que retirou da postura de Obama e não teve vergonha de chamar os africanos de selvagens. Outro também analista, chegou a afirmar que os africanos não seriam capazes de aceitar Obama, chegando mesmo ao ponto de afirmar que o teríamos morto, se o fenómeno surgisse cá entre nós.
Outros ainda aparecem a puxar Obama para si, a se identificarem com ele, discutem se é negro ou misto, se é caneco ou mulato, se é cristão ou muçulmano. Alguns chegam a questionar porque é que só se pensa num Obama que tem pai africano e não num Obama que tem mãe branca, a americana que lhe deu a nacionalidade para chegar a presidência dos EUA.
Uma coisa é comum em todos: o elogio ao jovem Presidente, que passou a ser o primeiro afro-americano a ocupar a Casa Branca.
Gosto de ver e ouvir toda essa discussão, pessoalmente também admiro o Obama, entretanto, sem retirar o seu mérito e o dos anteriores presidentes norte americanos, sou incontornavelmente fascinado por Abraham Lincoln, o cara da nota dos cinco dólares, de quem li biografias diversas.
Tudo o que se fala sobre Obama, levanta em mim certos questionamentos, dos quais destaco o seguinte: já que todos nós vemos em Obama o modelo mais perfeito de integridade, de criatividade, de postura política, de fé, de família, de humildade, de inteligência e eloquência, de estratégia e integridade, de inclusão e diversidade, quanto é que nós estamos preparados para mudar aquilo que descobrimos em nós não ser o mais recomendado, a fim de que sejamos no mínimo como ele?
Temo que a letra da música de um destemido pensador não venha a ter a sua realização em nós: “everybody want to go to heaven but nobody want to die, everyone heading for the top but tell me how far is it from the bottom”.
Afinal de contas de onde vem o Obama? O que ele tem a mais que o resto da humanidade? E porque é que tantos contrários convergem em Obama? Será que ele caiu dos céus? Deve ser marciano? Ou foi inventado em uma central informática super sofisticada?
A resposta é uma e única: Obama é tão humano como todos nós. Sofre os mesmos dramas e as mesmas pressões que sofremos. Em determinados momentos da sua vida teve os mesmos sofrimentos que temos no dia a dia e como nós ele, em algum momento da sua vida frequentou uma religião e lavrou a sua fé.
Portanto, Obama não é um extra terrestre, Obama é um ser humano tão comum como todos nós, sendo que a única diferença que nos pode separar é a maneira como olhamos para o mundo e o interpretamos.
Ora vejamos, enquanto o régulo da cabeça do velho, que afirma ser um sociólogo da praça bem identificado, afirma nas suas três lições ao mundo que “acho que somos selvagens pelo local de nascimento, crescimento e vivência”, interpretando o mundo de uma forma muito pessimista, chegando a sugerir como um outro arquitecto que os africanos ou os negros são selvagens, Obama olha para o mundo com optimismo.
Enquanto um analista acredita que nós africanos seriamos capazes de rejeitar ou matar o fenómeno Obama se surgisse cá entre nós, ele mesmo, o Obama, olha para o ser humano como alguém que pode mudar, que pode aceitar o bem e rejeitar o mal, olha para a humanidade como aquela que pode ultrapassar os seus limites e considerar mais o que lhe une que o que lhe separa. Olha para o ser homem como aquele que merece mais um voto de confiança.
Enquanto um político que quer ser como Obama, ou vê Obama como seu irmão, é autoritário, apresenta sinais de enriquecimento rápido e duvidoso, não opta pela inclusão na sua proposta de governação nem apresenta uma estratégia de participação na distribuição da renda, Obama é alguém que ganhou o seu voto de confiança por pregar uma visão onde todos tem espaço independentemente da sua cor política ou sua condição social e económica.
Obama é um jovem que mesmo sendo rodeado por corporações gigantescas, teve a coragem de afirmar de viva voz que o mercado e o capitalismo precisam ser muito bem regulados para que não se transformem em máquinas destrutivas da dignidade humana.
Obama é aquele jovem que tendo saído da realidade mais aproximada a nossa, hoje no poder consegue afirmar que um país que não olha nem zela pelos seus fracos não pode sobreviver. Refere-se ele aqui dos aposentados, dos idosos, das mulheres, das crianças, dos desempregados, dos economicamente francos e outros. Pede ele aqui uma cuidadosa atenção às políticas tributarias que podem significar mau trato a dignidade dos cidadãos. Afirma ele que os serviços públicos precisam ser efectivos.
O que o discurso de Obama tem a mais do que aquilo que nós sempre sonhamos para a humanidade? Obama procurou no seu discurso ser mais ele do que um sonhador. Tocou nos problemas como eles são e reconheceu que só se pode chegar a solução quando todos os cidadãos da nação americana se unirem e trabalharem juntos, para tanto, Obama apresenta um Governo não de vencedores nem de perdedores, mas do povo americano.
Não é preciso ser marciano para ser como Obama, e não precisamos esconder em Obama a nossa cobardia, os nossos medos, as nossas desilusões bem assim a nossa incredulidade. Como ele mesmo afirma uma nova forma de ser é possível. O que quer dizer que a mudança que esperamos aconteça ao nosso redor deve partir de nós mesmos.
Quem ler os livros de Obama e aqueles escritos sobre ele por pessoas que assistiram o seu crescimento vão descobrir uma coisa verdadeira, Obama não procurou ele ser compreendido, não procurou mudar o mundo, não inventou uma roda, ele procurou compreender-se a si mesmo, porque só assim poderia compreender o mundo que o rodeia, procurou mudar-se a si mesmo, porque a mudança começa em nós e, na sua atitude, fez com que os outros acreditassem neles mesmo.
É difícil querer ser como Obama e não estar disposto a mudar. Não pode ser verdade o elogio a Obama enquanto apresentamos uma atitude arrogante para connosco mesmo e para com os nossos concidadãos. Não se pode pensar em ser como Obama se não conseguimos ser nós mesmos.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Alguma Coisa Não está Bem Com Esta Notícia!!
A Empresa Correios de Moçambique lançou esta semana, em todo território nacional, um selo postal em homenagem a Maria de Lurdes Mutola. De acordo com a Televisão de Moçambique, o selo faz de Lurdes Mutola o quinto símbolo de Moçambique depois do Presidente da República, da Bandeira Nacional, do Hino e da Moeda.
O lançamento deste selo, que certamente vai dar a conhecer os feitos de Mutola às gerações vindouras, faz parte de um conjunto de iniciativas destinadas a homenagear a “menina de ouro”. Por Adrian Frey (Moçambique Hoje Ed. 154)
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Alguém Tem Ouvidos Para Escutar a Graça Machel?
"Nós confiamos por muito tempo e já é altura de dizermos aos nossos lideres que reclamamos as vidas de todos aqueles que morreram.nas mãos dos lideres da SADC porque eles têm a responsabilidade de travar aquela confusão", disse Machel, citada pela agência sul-africana de notícias "Mail and Guardian".
Ela falava durante um almoço realizado hoje (Quarta-feira) em Johannesburg, inserido na campanha "Salvar Zimbabwe Agora" dirigida por um grupo de líderes religiosos, incluindo o Bispo Anglicano Desmond Tutu, que deverá participar num programa visando despertar a consciência regional sobre a crise zimbabweana.
Graça Machel, que é também viúva do primeiro Presidente de Moçambique Samora Machel, referia-se ao facto de as conversações realizadas em Harare, na Segunda-feira última, envolvendo os três principais rivais políticos do Zimbabwe, com a participação do Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o seu homólogo sul-africano, Kgalema Motlanthe, terem terminado num impasse, após longas horas de conversações à porta fechada.
"Os políticos têm um enorme ego por proteger. Eles não se importam por outros milhares, milhares e outros tantos milhares que perdem a vida, desde que eles protejam o seu ego", lamentou ela.
Machel disse que o Governo prolongado do Presidente da Zanu-PF, Robert Mugabe, já perdeu toda a sua legitimidade e aconselhou aos outros movimentos de libertação da região a não seguirem a mesma rota.
Esta advertência surge na sequência de no passado, os lideres da região, incluindo o de Zimbabwe, terem se levantado em conjunto na luta contra os regimes coloniais.
"O que está a acontecer neste momento no Zimbabwe? Aqueles meus colegas do passado agora estão a brutalizar a sua própria população simplesmente porque a população não votou a favor deles", disse ela, acrescentando que "esta é uma questão que me assombra e me assombra continuamente" .
Até ao momento, mais de duas mil pessoas já morreram devido a epidemia da cólera naquele país da SADC desde a eclosão da doença em Agosto último e outras pessoas perderam a vida devido a violência politica, sobretudo momentos antes e depois das eleições do ano passado.
Os principais líderes rivais do Zimbabwe ainda não chegaram a algum acordo sobre a formação de um Governo de Unidade Nacional, nas negociações chefiadas pelo antigo presidente sul-africano, Thabo Mbeki.
O pastor zimbabweano Wison Mugabe, um membro do Fórum Nacional dos Pastores, disse que hoje iniciaria uma greve de fome de 21 dias.
O pastor afirma que a população do seu país estava num "jejum forçado pelo Governo".
"Nós nos tornamos pedintes. ontem nós éramos uma população que podíamos alimentar toda a Africa Austral", disse ele.
"Ouça-nos! Já sofremos o suficiente", disse o pastor, que depois ficou com o rosto banhado de lágrimas, tendo sido apoiado por Graça Machel, antes de prosseguir com o seu discurso.
Na sua greve de fome, ele será acompanhado por outras 54 pessoas, na sua maioria irão se submeter ao sacrifício durante um dia por semana, incluindo Desmond Tutu, que irá iniciar o seu desafio na próxima Quarta-feira.
Os outros participantes são o Bispo Paul Verryn, da Igreja Metodista Central e o Reverendo.
A campanha "Salva Zimbabwe Agora", cuja sede será estabelecida na Igreja Metodista Central em Johannersburg, é apoiada por diversas organizações e grupos religiosos, incluindo o Conselho das Igrejas da Africa do Sul, a Liga Comunista Juvenil, Os Adultos, o Partido Comunista Sul-africano e o centro Islâmico de Ajuda Humanitária.
Nomboniso Gasa, líder da Comissão da Igualdade do Género da Africa do Sul, e Kumi Naidoo, o presidente honorário da ONG Civicus, irá se juntar ao pastor Mugabe na sua greve de fome de 21 dias.
Graça Machel disse que os líderes da SADC precisam de adicionar mais vozes à sua tentativa de resolver a crise zimbabweana.
"Eles estarão reunidos novamente na Segunda-feira (na cimeira da SADC em Gaberone). Penso que devemos enviar uma mensagem clara e inequívoca. estamos morrendo, isto tem de parar", reiterou ela.
Ela recordou que a SADC tem um mandato conferido pelos cerca de 200 milhões para garantir estabilidade no Zimbabwe.
"Este é o maior teste para todos os líderes da SADC. eles, como uma liderança colectiva, tomaram a responsabilidade de resolver o conflito e há muito temos vindo a espera dessa ocasião", reafirmou.
Machel disse que Zimbabwe não conseguiu cumprir com a sua responsabilidade de proteger os seus cidadãos e apelou ao Mugabe para libertar todos os prisioneiros políticos encarcerados nas cadeias.
"Eu quero dizer a liderança do Zimbabwe . o Governo deve proteger os seus cidadãos. é na forma como você protege os seus cidadãos donde vem a sua legitimidade" , disse a fonte, reiterando que "o Governo perdeu completamente qualquer tipo de legitimidade" .
"Esta situação constitui uma lição para a nossa região. Viemos juntos para nos libertarmos, mas agora (estamos a ver) que o poder pode-lhe converter a se tornar precisamente o contrário do que lhe fez tornar num combatente da liberdade", considerou ela, salientando que "esta é uma lição para os outros movimentos de libertação da região".
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
A Bíblia, Os Direitos Humanos e o Filho de Agar
A matéria sobre a segurança pública em Moçambique, merece uma grande e especial atenção, principalmente quando parece que a guerra entre a polícia e os criminosos já não é mais às escondidas, na medida em que as declarações de uma e de outra parte são feitas com dor e raiva, pública e abertamente.
Embora essa atmosfera com cheiro de pólvora, prefiro não dedicar-me a essa matéria, somente para não correr o risco de abrir um debate que não poderei concluir. Sabe-se que a mídia é um dos grandes moderadores desse diálogo entre a polícia e os meliantes, não se sabe entretanto os efeitos positivos disso.
Por também não ser pouca coisa, proponho-me a provocar algumas reflexões sobre a crise levantada entre Israel e Palestina na faixa de Gaza. Para tanto, partirei do Bíblia.
A Bíblia, é o principal livro de inspiração dos cristão. A sua primeira parte, a conhecida como Velho Testamento, que antecede a vida e obra de Jesus Cristo, a figura central do Livro, inspira não só os cristãos, mas também o judeus, os muçulmanos e outras correntes religiosas nascidas antes ou depois do messias.
O Novo Testamento, conta, basicamente, a vida e a obra de Jesus Cristo, o fundador do cristianismo. Conta a vida e a obra dos seus discípulos, bem assim a vida dos primeiros cristãos. Dos discípulos de Jesus Cristo, sobressai grandemente Paulo de Tarso que, embora tendo se convertido depois da morte e ressurreição de Cristo, é o autor da maior parte das epístolas.
É Paulo quem afirma na segunda carta aos Coríntios (3:6) que, enquanto “a letra mata, o espírito vivifica”, chamando aqui atenção a interpretação da palavra que ele pregava, para que não fosse levada segundo o entender literal, mas espiritual, porque corria-se o grande perigo de se usarem os mesmos “textos da vida” para a morte, sendo que toda a vontade contida nesse livro sagrado é para a “vida com abundância”, segundo Jesus Cristo no livro de João (10:10).
A religião é segundo Aristóteles um fenómeno natural, ou seja, todo o homem é por natureza um ser religioso, mas o povo Hebreu ou Cananeu é o primeiro a apresentar-se com uma religião monoteista, ou seja com um único Deus, diferentemente de outras religiões da época que prestavam culto a vários deuses.
Entretanto, sem desprezar tudo que pode ser dito, com maior sabedoria, por pessoas que se dedicam a esse tipo de estudo, Abraão é tido como o pai da fé dos hebreus e de subsequente crentes, embora com maior peso tenha sido Moisés que cimentou os alicerces de uma grande parte daquilo que se pode ler e entender sobre o judaísmo, cristianismo, islamismo e outros, já que o mesmo, é tido como o principal escritor do pentatêutico, ou seja, dos primeiros cinco livros da bíblia.
Recuando até Abraão, lê-se que este foi o pai de Isaque (Génesis 21:1-13) e Isaque, filho que quase ele imolou oferecendo em sacrifico ao seu Deus (Génesis 22:1-18), foi gerado por Sara a legítima esposa de Abraão que na velhice já tinha perdido a esperança de gerar um filho ao seu marido. Tendo sido entretanto, Agar, quem deu a Abraão, a alegria de ser pai, ao gerar para ele um menino a quem chamou de Ismael (Génesis 16:11), este que veio a ser considerado o pai do povo que hoje é considerado muçulmano, na medida em que os primeiros que habitaram a área hoje conhecida como o médio oriente, foram descendentes dos filhos deste primogénito do pai da fé.
Os dois, Isaque e Ismael, receberam a promessa de virem a ser grandes nações, embora, em relação a Isaque, Deus tenha dito a Abraão que seria nele que a sua semente seria chamada, enquanto que “também do filho desta serva (Agar) farei uma nação, porquanto é uma semente.”(Génesis 21:9-13; 14-21). A coisa se agrava quando a terra prometida é dada à semente de Abraão, que não parece incluir Ismael, (Génesis 22) e isso veio a ser confirmado pelas figuras bíblicas subsequentes a Abraão: a Jacob (Génesis 31:13), a Moisés (Génesis 3:6-14) entre outros.
Embora a confusão, lendo atentamente Génesis 22:16-18, nota-se que todas as nações são em Abraão benditas, o que nos leva a voltar a Paulo que nos manda não levarmos a discussão da terra só na dimensão da letra, que mata, mas na dimensão do espírito que vivifica.
Deus, segundo a Bíblia, ou segundo o Pentatêuco que é comum às várias religiões é de paz e não de guerra ou luta, ou seja, na perspectiva divina, não cabe a violação dos direitos humanos, independentemente do pretexto, mesmo em defesa do nome Dele, porque Ele não precisa que os homens se matem para que seja engrandecido, pois, mesmo que eles se calem, “as próprias pedras clamarão” (Lucas 19:40).
Abro a televisão, leio os jornais e escuto a rádio, noto o povo de Israel, o mesmo que é da semente de Abraão, o pai da fé, a matar, a mutilar, a humilhar, a destruir sem nenhuma justificativa racional, outro povo, que por sinal é seu irmão. Para agravar, não são poupadas as crianças, os velhos, as mulheres, os fracos e os doentes. Que exemplo esse povo quer dar ao mundo?
Não sou pessoa indicada para questionar o povo de Israel, já que diz Deus: “abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Génesis 12:3). Peço somente que Israel não caia na armadilha dos tempos actuais e volte a servir o Deus que durante 40 anos esteve com ele no deserto e no monte Sinai deu os 10 mandamentos (Génesis 19 e 20) onde também se pode ler como mandamento: “não matarás” (Génesis 20:13), por maioria de razão, muito menos a inocentes.
Seja qual for a motivação que leva a que Israel cometa os crimes que comete na faixa de Gaza, receio que tenha aval de seu Deus, temos que lembrar que em nome desse único Deus, muitas barbaridades já foram feitas, só para exemplificar: as cruzadas, o assassinato de cientistas e pesquisadores, a execução da Joan d Arc e de outros.
Alias, em certo momento da história da igreja, encontramo-la sendo aproveitada pelos reis, imperadores e poderosos da terra para aplicarem o seu domínio sobre pobre mortais. Receio que Israel não este a ser usada como um instrumento ou um escudo dos interesses imperialistas dos seus apoiantes.
Seja como for, homens racionais devem parar de maltratar inocentes, independentemente das suas motivações ou situações em que se encontrem. Vou parar a minha provocação, roubando o espírito de uma brilhante ideia de Ghandi, segundo a qual, se cada um de nós começa a matar o outro em nome do seu Deus ou da sua fé e religião ninguém mais prevalecerá vivo na face terra.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Africa Ainda nas "Trevas"
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Onde param os muçulmanos moçambicanos?
Mas agora, quando em menos de duas semanas foram assassinados mais de 700 e foram feridos mais de 3.000 palestinianos, qual é a resposta dos mesmos “defensores da fé”? Eu não conheço nenhuma resposta pública. Nenhuma manifestação pacífica foi convocada, ninguém da comunidade islâmica mostrou a sua viva indignação perante agressão israelita contra a Palestina.
A titulo de exemplo: à partir de hoje, dia 09 de Janeiro, 2.000 restaurantes muçulmanos na Malásia vão deixar de vender a Coca – Cola, protestando desta maneira contra o aval concedido pelos EUA ao Israel na questão da Palestina. Não estou a dizer, que devemos de deixar de beber a Coca – Cola, estou a dizer que enquanto outros estão se manifestar pacificamente e até decisivamente (money talking), nós continuamos mudos e calados.
Vejam este extraordinário vídeo, em que uma jovem palestiniana magrinha, mas muito corajosa e determinada, consegue parar dois (!) soldados israelitas armados.
Ela não diz aos bandidos armados nada de extraordinário. Palavras simples, pouco elaborados: “Parem! Porque vocês fazem isso? Porque vocês disparam? Será que vocês não entendem que isso não se faz?”. Jovem apela para o senso comum do “homem armado”, isso se chama a resistência pacífica: apelo à parte humana do humano.
Porque eles a escutaram, porque pararam? Pode-se argumentar que aqui jogou o seu papel o “inglês americano” da jovem (ela estuda na Universidade de Michigan), mas olhando para a linguagem corporal dos soldados, é impossível não sentir que eles próprios entendem que fazem “algo de errado”. Que disparar contra os civis realmente não é a coisa mais honrosa para um exército regular. Que apesar do poder da força, o poder do direito não está do lado deles...
http://www.youtube.com/watch?v=SQyIKyd2gqA
A moça palestiniana se chama Huwaida Arraf (nasceu me 1976 na cidade de Detroit, estado de Michigan), co-fundadora da ONG International Solidarity Movement (ISM). Arraf é graduada nos estudos Arábicos e Judaicos e a Ciência Política da Universidade de Michigan.
Fonte:
http://www.juancole.com/2009/01/palestinian-girl-israeli-troops.html
"Welcome To Jamrock"
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
A Essência da Liberdade
Dinamarca Apoia as Vitimas dos Ataques em Gaza
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Diario do Wikipedia
Nasceram neste dia...
Morreram neste dia...
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Capítulo III: Sobre a solicitude do Estado para com o bem-estar positivo do cidadão
O texto abaixo, saiu do artigo de Wilhelm von Humboldt, resumido por Roberto Fendt, com titulo: Os Limites da Acção do Estado.
Pela importância da parte, coloco a disposição dos amigos leitores para discussão.
Tendo em vista as conclusões a que chegamos no capítulo anterior, poderíamos proceder de modo a derivar uma limitação ainda mais estrita à acção do Estado: qualquer interferência do Estado em assuntos particulares – em que não ocorra qualquer violência aos direitos individuais – deveria ser absolutamente condenada.
Falo aqui do esforço do Estado para elevar o bem-estar positivo da nação, de seus cuidados pela população do país, da manutenção dos habitantes, em parte através de hospitais, em parte através do fomento da agricultura, da indústria e do comércio; de todas as operações financeiras e monetárias, das proibições de importação e exportação, etc. Finalmente, de todas as disposições para a protecção e compensação de danos produzidos pela natureza, animadas pelo propósito de manter ou fomentar o bem-estar físico da nação.
O Estado pode ter duas finalidades: pode incentivar a felicidade ou somente querer impedir o mal, aí incluído o mal dos próprios homens. Se limitar-se ao último, o Estado busca somente a segurança; e me permitam contrapor o termo segurança a todas as demais finalidades possíveis, que agrupo sob o nome de bem-estar positivo.
A diferença dos meios empregados pelo Estado dá também à sua acção uma extensão diferente. O Estado procura obter seu fim directamente, seja pela coação – leis prescritivas e proibitivas, penas – ou por estímulos e exemplos; ou de maneira imediata, procurando moldar a vida externa dos cidadãos e impedindo-os de actuar de outra forma; ou, finalmente, procurando influir sobre seus corações e mentes para que estejam em conformidade com ele. No primeiro caso, o Estado determina somente acções particulares; no segundo, determina todo o modo de actuar; por fim, no terceiro, o carácter e o modo de pensar. O efeito da limitação é, no primeiro caso, mínimo, no segundo, maior, e no terceiro, máximo, em parte porque actua sobre as fontes de que brotam múltiplas acções, em parte porque a própria possibilidade de ocorrência do efeito requer muitas medidas.
Sustento que todas essas disposições têm consequências nocivas e que são inapropriadas para um verdadeiro sistema de sociedade organizada; um sistema que parta das mais altas aspirações, embora de forma alguma incompassível com a natureza humana.
1. O espírito de governar predomina em todas as instituições estatais. Por muito sábio e salutar que seja esse espírito, produz na nação uma uniformidade e uma maneira contida e artificial de actuação. A sociedade passa a ser composta de vassalos isolados que entram em relação com o Estado; isto é, com o espírito que domina em seu governo, e em uma relação tal que o poder prevalecente do Estado reprime o livre jogo das energias individuais.
Por conseguinte, quanto mais actua o Estado, tanto mais semelhantes serão, não só todos os agentes, mas também os pacientes. Essa é precisamente a aspiração dos Estados. Eles querem bem-estar e tranquilidade Mas ambas se obtêm com facilidade justamente na medida em que o indivíduo luta menos contra os outros. Só que o homem aspira e deve aspirar a algo completamente diferente, à variedade e à actividade. Somente isso produz caracteres diversificados e vigorosos; e por certo não haveria alguém tão degradado que prefira para si mesmo bem-estar e felicidade à grandeza.
2. A segunda consequência nociva é a de que tais instituições estatais enfraquecem a vitalidade da nação. Em geral, o entendimento do homem só se forma, como qualquer outra de suas faculdades, graças à própria actividade. As instituições estatais, porém, trazem sempre consigo maior ou menor coação, e mesmo quando não fosse esse o caso, de qualquer forma habituam em demasia os homens a esperar das instruções a condução e a ajuda alheia, em lugar de encontrar soluções por si mesmos.
Sofrem ainda mais, sem dúvida, a energia da acção em geral e o carácter moral por uma acção ampla do Estado. Quem é dirigido muito e com frequência, sacrifica com facilidade e voluntariamente o restante de sua própria vontade. Se sente liberado pelos cuidados que vê em mãos alheias e crê fazer o suficiente com o esperar e seguir as suas directivas. Com isso se atrofiam suas percepções do mérito e do dever. Não somente se acredita livre de toda obrigação que o Estado lhe imponha de maneira expressa, como se sente também liberado de todo e qualquer esforço para melhorar sua própria situação. E procura burlar, na medida do possível, as próprias leis do Estado, considerando cada evasão como um ganho.
3. É inestimável o ganho em grandeza e beleza que o homem obtém quando se esforça incessantemente para que seu ser interior seja sempre a primeira fonte de toda sua acção. Ocorre que a liberdade é a condição necessária sem a qual mesmo o empreendimento mais espiritual não poderia produzir efeitos saudáveis dessa natureza. O que não foi escolhido pelo próprio homem não se incorpora ao seu ser, permanece sempre alheio, não é feito com energia propriamente humana, mas com habilidade mecânica.
4. A solicitude de um Estado para com o bem-estar positivo de seus cidadãos é nociva porque tem que actuar sobre uma multidão heterogénea, prejudicando o indivíduo com medidas que somente se adaptam a cada um com deficiências consideráveis.
6. Quem quer que tenha tido a oportunidade de relacionar-se com a alta administração do Estado sabe, por experiência própria, como poucas medidas possuem de fato uma necessidade imediata e absoluta. Daí se segue que é necessário uma quantidade excessiva de meios, e esses meios são subtraídos da obtenção do fim propriamente dito. Não é só que o Estado requeira maiores receitas, mas que requererá também os dispositivos mais artificiais para a manutenção da segurança política, suas partes terão menos coesão e a tutela do Estado terá que ser muito mais activa. Daí surge um cálculo difícil e infelizmente quase sempre omitido, sobre se as forças naturais do Estado são suficientes para a implantação de todos os meios necessários. Se esse cálculo é incorrecto, se produz um desequilíbrio; então, novas disposições artificiais devem extremar as forças – um mal de que padecem muitos Estados modernos, embora não somente por essa causa.
Não há que subestimar aqui um dano que toca de muito perto o homem e sua formação, isto é, que a administração dos assuntos do Estado se enreda com ele de tal maneira que, para não levar a uma confusão, se requer uma inacreditável quantidade de disposições detalhadas e se necessita ocupar um número equivalente de pessoas. Destas, a maioria tem somente que tratar com a burocracia. Com isso, não somente se subtrai do pensamento muitas cabeças talvez capazes, e do trabalho real, muitas mãos que estariam mais utilmente ocupadas com outras coisas, mas também suas forças espirituais padecem dessa ocupação em parte vazia, em parte unilateral em demasia. Surge assim uma nova e generalizada tutela dos assuntos do Estado, e esta depende dos servidores do Estado, que paga os seus salários, que da nação. Com isso, os assuntos se tornam quase que inteiramente mecânicos e os homens, máquinas; e a verdadeira habilidade e rectidão diminuem junto com a confiança.
Se quisermos extrair um resultado dos argumentos precedentes, o primeiro princípio dessa parte da presente investigação deve ser: que o Estado deve abster-se de toda interferência pelo bem-estar positivo dos cidadãos, e não dar nenhum passo além do necessário para garanti-lhes a segurança frente a si mesmos e aos inimigos externos; que não limite a liberdade deles com vistas a nenhum outro fim.