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Este é um espaço aberto para os Direitos Humanos: denúncias, debates, comentários, provocações e outros. Não é um lugar para especialistas, este é um lugar para todos aqueles que tenham algo a dizer ou queiram falar sobre a matéria!
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Carta de Boas Festas ao Povo: Moçambique está a subir!
Querido povo,
Espero que estejas bem de saúde e que já tenhas preparado todo o necessário para passares bem as festas do Natal e do Ano Novo. É que hoje, as festas do final do ano tornaram-se um ritual que não se contorna, embora seja um período rodeado por muitos excessos, acidentes, mortes e infelicidades.
Sei que tu não fazes parte desse grupo de gente que ritualiza as festas do fim do final do ano. É que um ritual pressupõe sempre a existência de datas, momentos, coisas, elementos, disposição e possibilidades. Um ritual de festas para o natal e ano novo, deve pressupor não só a existência de vinho, de peru, de azeite, de champagnhe, de arroz, de energia eléctrica, de bom som, entre outros.
Tu não tens essas possibilidades. Eu te conheço. Tu não podes comprar um peru para festejares, se não consegues levar os teus filhos ao hospital. Tu não podes comprar os litros de champagne se não consegues levar o teu filho a escola. Tu não podes reunir todos elementos daquele ritual se não consegues de longe, viver uma vida digna de ser humano.
Querido povo,
Dizem que definitivamente Moçambique está a subir. E o ano que está a findar foi um grande exemplo desses passos a subir. Eu concordo, mas fica sempre a pergunta: estamos a subir para o melhor ou para o pior? Estamos a subir para o sucesso ou para o insucesso? Essas são as perguntas difíceis de responder e que entretanto penso que fazem sentido.
Não sei se tens acompanhado as noticias, principalmente as económicas, dizem que Moçambique tem um crescimento económico bastante considerável. Não sei o que é considerável, mas isso pressupõe a existência de dividendos económicos para todos, a existência de capacidade económica para todos, a existência de serviços públicos que realizem o mínimo das tuas necessidades básicas.
Mas sabes muito bem que o resultado final do senso de 2007 que foi publicado neste ano que está a findar, trouxe nos uma imagem bastante assustadora da realidade deste nosso país que está a subir. É que, cerca de 70% das pessoas ainda vivem em pobreza extrema, para alem de que vivem no campo, onde facilidades económicas são quase inexistentes.
Essa percentagem dos 70% que vive no campo, é o conjunto de duas camadas de moçambicanos, os que vivem na segunda república e os que vivem na terceira república de Moçambique. Essas duas repúblicas é que fazem a Sub República de Moçambique, de que já te falei em tempos passados.
É lá onde vive a maior parte da população, mas é lá também que faltam os principais recursos, meios e serviços necessários ao povo. Temo que, quando se fala de desenvolvimento económico de Moçambique esteja a tomar-se a Cidade de Maputo, da Beira e de Nampula como referencia. Essas três cidades devem ser a foto de Moçambique que está a crescer e a partir daqui se faz todo o discurso politicamente correcto e se justificam os vários fundos que são dados ao país.
Querido povo,
Vê-se aqui que essa foto de Moçambique não é a mais adequada, porque a maioria não aparece nessa foto. Embora não apareça nessa foto, é a maioria que realmente faz a diferença. Vimos isso no processo eleitoral findo, em que a minoria desejou uma coisa, mas não conseguiu por causa da decisão da maioria.
Embora a maioria oriente-se por uma luz ofuscada, a sua escolha é importante e decisiva. O que já não acontece com as escolhas da minoria. Pois, embora a minoria se guie por uma luz mais nítida, a democracia manda que esta se submeta a vontade da maioria. É aqui que corremos todos os riscos, porque queremos que a maioria, essa que habita na segunda e na terceira república do país, possa decidir com consciência, com liberdade e com o senso de consequência.
Ok, não te escrevo esta carta para falar de política. Te escrevo para desejar-te boas festas e boa entrada ao ano de 2010. espero que ao menos tenhas conseguido realizar todos os teus objectivos para 2009. será que os tinhas? Isso não sei, a ver com o teu comportamento parecia que andavas a improvisar sempre. Não se espera que quem vive sem renda ou vive de baixa renda tenha objectivos concretos. Como é que os vai alcançar? Na verdade ele só vai gerindo as situações do momento.
De todas as maneiras, espero que o próximo ano seja de muito sucesso para ti, já que o campo é hoje considerado o pólo de desenvolvimento. Era bom que se transpusesse a sede do distrito e se entrasse mais um pouco no seu interior. E se entrasse para ai onde o povo real vive.
Querido povo,
Tenho que terminar a carta perguntando-te uma coisa: dizem que em 2012 o mundo vai terminar. Será verdade? Ou será um prenuncio do fracasso de Kyoto e agora de Copenhaga em relação ao aquecimento global. Mas sabes quem é que anda a aquecer o nosso planeta? Sabes como é que isso se repercute na tua vida? Espero que saibas, porque ninguém te vai explicar.
De todas as maneiras podes viver a pensar no fim do mundo em 2012. Há um senhor chamado de Nostradamus que profetizou isso e os Maias, um povo que viveu na América latina também o fez e coincidiram no ano e na data. Então veja lá. Viva pensando que tens pouco tempo.
Mas será que isso realmente importa para ti? Não sei. Como é que o fim do mundo pode fazer sentido para quem não tem pão, não tem agua potável, não tem o mínimo necessário para viver com dignidade. Será que para esse o fim do mundo não chegou ainda? Ainda esperamos outro? Ai ai ai aia!
Boas festas meu povo!
Vê-se aqui que essa foto de Moçambique não é a mais adequada, porque a maioria não aparece nessa foto. Embora não apareça nessa foto, é a maioria que realmente faz a diferença. Vimos isso no processo eleitoral findo, em que a minoria desejou uma coisa, mas não conseguiu por causa da decisão da maioria.
Embora a maioria oriente-se por uma luz ofuscada, a sua escolha é importante e decisiva. O que já não acontece com as escolhas da minoria. Pois, embora a minoria se guie por uma luz mais nítida, a democracia manda que esta se submeta a vontade da maioria. É aqui que corremos todos os riscos, porque queremos que a maioria, essa que habita na segunda e na terceira república do país, possa decidir com consciência, com liberdade e com o senso de consequência.
Ok, não te escrevo esta carta para falar de política. Te escrevo para desejar-te boas festas e boa entrada ao ano de 2010. espero que ao menos tenhas conseguido realizar todos os teus objectivos para 2009. será que os tinhas? Isso não sei, a ver com o teu comportamento parecia que andavas a improvisar sempre. Não se espera que quem vive sem renda ou vive de baixa renda tenha objectivos concretos. Como é que os vai alcançar? Na verdade ele só vai gerindo as situações do momento.
De todas as maneiras, espero que o próximo ano seja de muito sucesso para ti, já que o campo é hoje considerado o pólo de desenvolvimento. Era bom que se transpusesse a sede do distrito e se entrasse mais um pouco no seu interior. E se entrasse para ai onde o povo real vive.
Querido povo,
Tenho que terminar a carta perguntando-te uma coisa: dizem que em 2012 o mundo vai terminar. Será verdade? Ou será um prenuncio do fracasso de Kyoto e agora de Copenhaga em relação ao aquecimento global. Mas sabes quem é que anda a aquecer o nosso planeta? Sabes como é que isso se repercute na tua vida? Espero que saibas, porque ninguém te vai explicar.
De todas as maneiras podes viver a pensar no fim do mundo em 2012. Há um senhor chamado de Nostradamus que profetizou isso e os Maias, um povo que viveu na América latina também o fez e coincidiram no ano e na data. Então veja lá. Viva pensando que tens pouco tempo.
Mas será que isso realmente importa para ti? Não sei. Como é que o fim do mundo pode fazer sentido para quem não tem pão, não tem agua potável, não tem o mínimo necessário para viver com dignidade. Será que para esse o fim do mundo não chegou ainda? Ainda esperamos outro? Ai ai ai aia!
Boas festas meu povo!
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Direitos Humanos: 61 anos de Miragem!
O mundo continua a pregar que tem feito muito pelos direitos humanos. Os Estados vão cada um aperfeiçoando as suas Constituições e aparecem todos vestidos como cordeiros quando acontecem as grandes cimeiras. A sociedade civil vai se transformando em elite poderosa graças aos meios que de forma cúmplice os doadores vão dando e, estes, os doadores, fingem que não percebem o que se passa nem com a sociedade civil nem com os governos.
Mas qual o verdadeiro cenário até hoje, passados esses gloriosos 61 anos? Encontramos instituições fragilizadas, quase todas com pés e braços muito curtos, que não os possibilitam a agir, muitas delas reféns dos Estados membros das organizações que as criam, sejam elas das Nações Unidas, das uniões regionais ou mesmo de grupos de especialistas em determinadas área.
Encontramos discursos polidos para agradar audiências, promessas que nunca chegam a ser cumpridas e propagada eleitoralista, moralista, falaciosa e muitas vezes insustentável, tanto por parte de políticos, doadores, activistas e intelectuais ou académicos, como muitos gostam de ser chamados.
Encontramos o enriquecimento rápido desse grupo de pessoas. Encontramos a formação de elites que se preocupam somente em manter o seu status quo. Encontramos o crescimento de desigualdades no mundo, nos continentes, nas nações, nas províncias e nas cidades. Encontramos cidadãos desesperados, que clamam por um Estado de Direito, que clamam por mais liberdade, por mais comida, por mais trabalho e no geral, por mais oportunidades.
Encontramos pessoas sem voz, pessoas sem vez, pessoas que não fazem parte da partilha da riqueza da nação. Pessoas que não sabem que são exploradas, que não sabem que têm direitos. Que não sabem que são humanas, que não sabem que pagam impostos. Pessoas que não mais querem acreditar nas instituições. Instituições que lhes colocam na cadeia para investigar. Instituições que lhes tiram o pouco que têm porque não conseguem pagar as custas judiciais.
Qual o cenário que encontramos? Encontramos académicos que fingem que não percebem dos direitos humanos. Vão perguntado o que significa igualdade, vão perguntando o que é pobreza, vão perguntando o que são as oportunidades iguais, vão perguntando o que é a corrupção. Esses académicos, esses comentadores, esses especialistas, perguntam-nos onde encontramos os tais pobres. Onde estão esses sem voz, onde andam esses excluídos? Vão fingindo que o mundo em que vivem é o universo.
Encontramos pessoas que vivem com medo. Que vivem oprimidas porque temem pelo seu emprego, porque temem pela sua família, porque temem pela sua vida. Pessoas que inventam palavras porque não podem dizer o que pensam, o que acreditam. Continuamos a encontrar pessoas que fingem não conhecer os defensores dos direitos humanos porque temem ser conotados.
Temem ser conotados com a oposição. Porque é isso que o poder faz. O poder cria uma máquina de propaganda para confundir a luta dos defensores dos direitos humanos. Cria uma máquina para ridicularizar os defensores. Cria um mundo para os coitados dos defensores. Para aqueles que só vêem fantasmas. Aqueles que só sabem falar mal, aqueles que só vêem maldade onde tudo está bem. E o poder vai alimentando essa máquina com mais dinheiro, com cargos políticos até com cargos executivos.
Esse é o cenário que encontramos, 61 anos depois e muitos anos depois da independência de muitos países africanos. Encontramos também esses países africanos, maniatados pelos seus doadores, a quem mais respeitam, que aos seus próprios cidadãos. Encontramos países que querem agradar a quem lhes dá mais dinheiro, dinheiro que é dívida, dívida que deverá ser paga pelos cidadãos, mas que o dinheiro é aplicado para o estômago dos líderes.
Encontramos uma encenação de combate a pobreza, uma encenação de combate à corrupção, uma encenação de combate às assimetrias, à diferenças sociais e a distribuição desigual de recursos. Encontramos programas governamentais que não passam de programas. Que não passam de cenários indicativos, que não passam de decoração. Que não passam de uma mentira.
Encontramos a criminalização da pobreza. A criminalização do HIV e Sida. Encontramos a feminização da pobreza. Encontramos a sexualização da mulher. Encontramos a instrumentalização das crianças. Encontramos a instrumentalização da própria pobreza. Encontramos a encenação da democracia. Encontramos a deificação dos líderes, o culto de personalidades e o trabalho para encher o estômago somente!
Mas será que nada foi feito para os direitos humanos nestes 61 anos? Muito foi feito com certeza. Penso que o primeiro passa foi dado. A criação de normas, tanto a nível internacional como a nível nacional. Hoje, parece que os países conseguem dialogar. Mas sempre ressalvando que cada um é soberano e no dialogo tem o seu próprio interesse. Dai que uns dizem que em Darfur está a acontecer genocídio e outros dizem que não. E todos pensam que estão em defesa da humanidade.
Muito foi feito. Pelo menos muito emprego foi criado. Muitos projectos, muitas viagens, muitos workshops. Muitos perdiems. Muitas amizades. Muitos artigos, muitos livros muitos programas de TV e muitos especialistas. Agora falta transformar isso tudo em resultados que possam beneficiar ao povo.
O que é que o povo quer. Não quer se divertir. Não quer ver muitas novelas nem muito futebol. O povo não quer ser distraído. O povo não quer passar de classe sem saber ler. Não quer ir ao hospital sem pagar e não ser curado. Não quer trabalhar sem se beneficiar. O povo quer segurança. Quer garantias fundamentais. O povo quer mais emprego. Mais hospitais, mais medicamentos. O povo quer mais riqueza, mais liberdade, mais paz e mais direitos. O povo que instituições democráticas fortes.
O povo quer a efectivação dos direitos humanos. O povo quer ser cidadão. Quer exercer os seus direitos e liberdades!
Esse continua sendo o desafio desde que começaram a contar os 61 anos dos Direitos Humanos!
Mas qual o verdadeiro cenário até hoje, passados esses gloriosos 61 anos? Encontramos instituições fragilizadas, quase todas com pés e braços muito curtos, que não os possibilitam a agir, muitas delas reféns dos Estados membros das organizações que as criam, sejam elas das Nações Unidas, das uniões regionais ou mesmo de grupos de especialistas em determinadas área.
Encontramos discursos polidos para agradar audiências, promessas que nunca chegam a ser cumpridas e propagada eleitoralista, moralista, falaciosa e muitas vezes insustentável, tanto por parte de políticos, doadores, activistas e intelectuais ou académicos, como muitos gostam de ser chamados.
Encontramos o enriquecimento rápido desse grupo de pessoas. Encontramos a formação de elites que se preocupam somente em manter o seu status quo. Encontramos o crescimento de desigualdades no mundo, nos continentes, nas nações, nas províncias e nas cidades. Encontramos cidadãos desesperados, que clamam por um Estado de Direito, que clamam por mais liberdade, por mais comida, por mais trabalho e no geral, por mais oportunidades.
Encontramos pessoas sem voz, pessoas sem vez, pessoas que não fazem parte da partilha da riqueza da nação. Pessoas que não sabem que são exploradas, que não sabem que têm direitos. Que não sabem que são humanas, que não sabem que pagam impostos. Pessoas que não mais querem acreditar nas instituições. Instituições que lhes colocam na cadeia para investigar. Instituições que lhes tiram o pouco que têm porque não conseguem pagar as custas judiciais.
Qual o cenário que encontramos? Encontramos académicos que fingem que não percebem dos direitos humanos. Vão perguntado o que significa igualdade, vão perguntando o que é pobreza, vão perguntando o que são as oportunidades iguais, vão perguntando o que é a corrupção. Esses académicos, esses comentadores, esses especialistas, perguntam-nos onde encontramos os tais pobres. Onde estão esses sem voz, onde andam esses excluídos? Vão fingindo que o mundo em que vivem é o universo.
Encontramos pessoas que vivem com medo. Que vivem oprimidas porque temem pelo seu emprego, porque temem pela sua família, porque temem pela sua vida. Pessoas que inventam palavras porque não podem dizer o que pensam, o que acreditam. Continuamos a encontrar pessoas que fingem não conhecer os defensores dos direitos humanos porque temem ser conotados.
Temem ser conotados com a oposição. Porque é isso que o poder faz. O poder cria uma máquina de propaganda para confundir a luta dos defensores dos direitos humanos. Cria uma máquina para ridicularizar os defensores. Cria um mundo para os coitados dos defensores. Para aqueles que só vêem fantasmas. Aqueles que só sabem falar mal, aqueles que só vêem maldade onde tudo está bem. E o poder vai alimentando essa máquina com mais dinheiro, com cargos políticos até com cargos executivos.
Esse é o cenário que encontramos, 61 anos depois e muitos anos depois da independência de muitos países africanos. Encontramos também esses países africanos, maniatados pelos seus doadores, a quem mais respeitam, que aos seus próprios cidadãos. Encontramos países que querem agradar a quem lhes dá mais dinheiro, dinheiro que é dívida, dívida que deverá ser paga pelos cidadãos, mas que o dinheiro é aplicado para o estômago dos líderes.
Encontramos uma encenação de combate a pobreza, uma encenação de combate à corrupção, uma encenação de combate às assimetrias, à diferenças sociais e a distribuição desigual de recursos. Encontramos programas governamentais que não passam de programas. Que não passam de cenários indicativos, que não passam de decoração. Que não passam de uma mentira.
Encontramos a criminalização da pobreza. A criminalização do HIV e Sida. Encontramos a feminização da pobreza. Encontramos a sexualização da mulher. Encontramos a instrumentalização das crianças. Encontramos a instrumentalização da própria pobreza. Encontramos a encenação da democracia. Encontramos a deificação dos líderes, o culto de personalidades e o trabalho para encher o estômago somente!
Mas será que nada foi feito para os direitos humanos nestes 61 anos? Muito foi feito com certeza. Penso que o primeiro passa foi dado. A criação de normas, tanto a nível internacional como a nível nacional. Hoje, parece que os países conseguem dialogar. Mas sempre ressalvando que cada um é soberano e no dialogo tem o seu próprio interesse. Dai que uns dizem que em Darfur está a acontecer genocídio e outros dizem que não. E todos pensam que estão em defesa da humanidade.
Muito foi feito. Pelo menos muito emprego foi criado. Muitos projectos, muitas viagens, muitos workshops. Muitos perdiems. Muitas amizades. Muitos artigos, muitos livros muitos programas de TV e muitos especialistas. Agora falta transformar isso tudo em resultados que possam beneficiar ao povo.
O que é que o povo quer. Não quer se divertir. Não quer ver muitas novelas nem muito futebol. O povo não quer ser distraído. O povo não quer passar de classe sem saber ler. Não quer ir ao hospital sem pagar e não ser curado. Não quer trabalhar sem se beneficiar. O povo quer segurança. Quer garantias fundamentais. O povo quer mais emprego. Mais hospitais, mais medicamentos. O povo quer mais riqueza, mais liberdade, mais paz e mais direitos. O povo que instituições democráticas fortes.
O povo quer a efectivação dos direitos humanos. O povo quer ser cidadão. Quer exercer os seus direitos e liberdades!
Esse continua sendo o desafio desde que começaram a contar os 61 anos dos Direitos Humanos!
domingo, 6 de dezembro de 2009
Marcolino Maco, Angolano: Algum Exemplo Parecido em Moçambique?
Se em 1956 Viriato da Cruz isolou-se, durante uma semana, num quarto do hotel Magestic ao São Paulo, em Luanda, e sentou-se diante de uma máquina de escrever para redigir o Manifesto do MPLA, hoje, passados 53 anos, Marcolino Moco escreveu num computador, a partir do bairro Azul (capital do País), outro (manifesto) que se opõe ao medo e à ditadura do silêncio que diz reinar em Angola.
O antigo secretário-geral do MPLA e ex-Primeiro-Ministro de Angola foi, no passado dia 24 de Novembro, à Assembleia Nacional (AN) ao encontro do actual secretário-geral do partido no poder.
Marcolino Moco respondia, assim, a uma inopinada chamada de Mateus Julião Paulo "Dino Matross" que - segundo Faustino Muteka, portador do recado ao primeiro - tinha como escopo trocar ideias.
A reunião entre os dois não foi tão bacana (permitam-nos o brasileirismo!) como era de esperar. Prova disso é que dias depois Marcolino Moco mandou um pequeno memorando sobre o sobredito encontro ao "camarada Dino Matross".
O actual responsável da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada diz, entre outras coisas, na referida epístola, esperar nunca mais ser perturbado quando falar nas suas vestes de cidadão e estudioso de Direito.
Marcolino Moco alerta que o MPLA está a ser arrastado à situação de ser o mais retrógado dos então chamados partidos progressistas de África e aproveita o embalo para declinar o convite que " o camarada diz ter pedido para mim, ao presidente do partido (José Eduardo dos Santos), para ser convidado ao VI Congresso do MPLA (sic!)".
Moco diz não aceitar a perspectiva chantagista, condicionante e ameaçadora que "Dino Matross" deixou transparecer do tipo: " se não for, então que não se arrependa" ou "então será abandonado (sic!)". Eis, já a seguir, ipis verbis as palavras de um homem que se diz preparado, desde a "Queda do Muro de Berlim", espiritual e psicologicamente para não viver às custas de lugares em partidos políticos. “Caro Camarada Dino Matross"
Após consulta à minha família nuclear e alargada, que me deu todo o apoio, e até me surpreendeu, ao declarar que eu nem devia ter ido ter consigo, mando-lhe este pequeno memorando do nosso encontro do dia 24 de Novembro, na Assembleia Nacional.
Na verdade, como deve ter sabido, a minha primeira decisão era não ter ido ter consigo, pela forma como fui abordado, como se eu fosse um desocupado, à chamada de um senhor misericordioso; e também não iria ao seu encontro por desconfiar que me iria dar lições atávicas, sobre as minhas opiniões, como cidadão e académico, em relação ao momento constituinte, que tem suscitado uma grande audiência em Luanda e no exterior, já que vocês, sem nenhum pejo, barraram todo o contraditório em relação ao interior do país, simulando uma grande generosidade em fazer participar o país na elaboração de uma constituição que vocês já sabem qual será.
Só que com o seu cinismo, conseguiu que o camarada Faustino (Muteka) me convencesse que seria uma conversa entre camaradas que iriam trocar ideias, neste momento importante. Aquilo foi mais degradante, não sei quantas vezes, do que o meu encontro com os camaradas João Lourenço, Paulo Jorge e Nvunda, em 2001, quando eu opinava publicamente sobre a urgência da paz. Devo reconhecer hoje, ter sido injusto com eles porque, foram certamente pessoas como o camarada Matross que os empurraram para aquele cenário, que até não foi tão triste assim, até porque bastante cordial.
Vocês não conseguem nem ter sentido de humor e um mínimo de informalismo, como a camarada Joana Lina, que quase não aceitou os meus cumprimentos, toda ela feita deusa de uma religião que eu não professo.
Pela forma arrogante como me falou não vou mais insistir nas opiniões que tentei trocar consigo, porque vi que o senhor não estava interessado em dialogar, mas apenas em tentar impor-me ideias que - diga-se, mais do que imaginava, horrorosamente atávicas.
No entanto, quero que fique bem claro que, para mim, as conclusões daquele encontro são as seguintes:
1-Reitero, por minha livre vontade, que continuo ligado sentimentalmente ao MPLA (talvez deixe de fazer essa referência pública, e deixe de referir que vocês são meus amigos, se isso tanto vos perturba) conservando o meu respeito ao Presidente do Partido, mas sem temor (como temer um combatente na luta contra o medo colonial e não só!?). O que penso, a partir do nosso último encontro (pode ser que esteja enganado!), é que são vocês que o apoquentam com a ideia de que qualquer referência a ele, desde que seja crítica (mesmo quando positiva) é falta de respeito, é “falar mal do Chefe”, etc., etc., etc..
2- Fica claro que como docente, conferencista e cidadão, ninguém, mas absolutamente ninguém, me obrigará a distorcer as minhas convicções científicas, a favor de ideias de um partido qualquer, por mais maioritário que seja e por mais da minha cor que seja. É aí que vocês inventam que eu falo mal do Presidente do Partido, quando as referências são feitas a um cidadão que é Chefe de Estado e especialmente na sua qualidade de Chefe de Governo, num momento importante, em que todos nós temos o dever cívico de contribuir sem medo. Para mim o tempo da vovó Xica de Valdemar Bastos: “não fala política”, já lá vai há muito tempo. Paradoxalmente, o camarada Dino Matross, foi um dos grandes obreiros desta gesta. É pena! Era para nos tirarem o medo dos estrangeiros e nos trazerem o vosso medo?! Eu recuso-me a tremer perante qualquer tipo de novos medos.
3-Aquelas referências que fez, de forma tão sobranceira e até ameaçadora, sobre o camarada Chipenda (por quem, da lista, nutro um grande respeito), do Paulino Pinto João (degradante!) e de Jonas Savimbi (se não andasse distraído saberia que eu nunca entendi bem das suas razões) foi das coisas mais inacreditáveis na minha vida. O camarada Matross a deixar transparecer que me presto a mendigar os vossos favores ou que tenho medo de perder a vossa protecção? Ainda não se apercebeu que não?!
Neste ponto, saiba que a minha família e amigos, sobretudo os que vivem no Huambo e um pouco por todo o país, reiteraram-me o seu total e pleno apoio, no sentido de que nem que eu venha a comer raízes e ervas (que até são mais saudáveis que as comidas importadas) não irei pedir esmolas a ninguém, o que não significa dispensar os meus direitos e garantias perante as instituições competentes do Estado.
4-Declino o convite que o camarada diz ter pedido para mim, ao Presidente do Partido, para ser convidado ao VI Congresso do MPLA. Não aceito a perspectiva chantagista, condicionante e ameaçadora que deixou transparecer do tipo: “se não for então que não se arrependa” ou “então será abandonado”.
Como costumo dizer, desde a “Queda do Muro de Berlim”, em 1989, que estou preparado, sobretudo espiritual e psicologicamente, para não viver a custa de lugares em qualquer partido. E a mensagem que passo sempre aos meus alunos _ e tenho moral para isso _ é esta: “preparem-se como bons profissionais, para a vida; podem aderir a partidos ou assumir cargos políticos, mas não dependam deles em nenhum sentido, porque podem ser enxovalhados, em alguma altura”.
5-Espero nunca mais ser perturbado quando falar, nas minhas vestes de cidadão e estudioso do Direito. Se a questão é alguma comunicação social, que ainda não se vergou às vossas pressões, andar a divulgar as minhas ideias, o problema não é meu. Mandem fechar tudo o que não fale a vosso favor e deixem-me em paz.
6- Olhem à volta e vejam como arrastam o MPLA à situação de ser o mais retrógrado dos então chamados partidos progressistas de África! Incapazes de perdoar, do fundo do coração (já nem falo da UNITA e dos chamados “ fraccionistas”) até os próprios fundadores do nosso glorioso Partido, como os irmãos e primos Pinto de Andrade; e um Viriato da Cruz, de cujo punho brotaram estrofes esplendorosas, para uma África chorosa mas em “busca da liberdade”, usando palavras de outro vate da liberdade; o Viriato da pena leve e elegante que riscou o próprio “Manifesto”, donde nasceria uma das mais notáveis siglas da humanidade; sigla que vocês vão, hoje, transmitindo às novas gerações, como o símbolo do culto e da correria atrás de enxurradas de dinheiro e de honrarias balofas!
Triste espectáculo que fingem não ver!
Com certeza, já mandaram chamar o nosso “mais novo”, o deputado Adelino de Almeida para nunca mais escrever, como escreveu aquele artigo tétrico, no “Semanário Angolense”, após o desaparecimento do malogrado, talentoso e insigne tribuno, também nosso “mais novo” o ex-deputado André Passy. Dos textos dilacerantemente irónicos do ex-deputado Januário, mas exprimindo com arte as misérias (sobretudo do foro espiritual) que estão a ser criadas neste país, provavelmente nem se importam de reparar: pois, para além de ser já um “ex” é um “mijão de calças”, mesmo aos quase 50 anos, como o camarada Matross gosta de taxar “carinhosamente” todos os jovens que despontam com ideias diferentes das vossas. Por maioria de razão, o mesmo destino (cesto de papéis!) deram, certamente, àquele pujante libelo acusatório de um jovem, a sair dos vinte anos, que me fez chorar (das poucas vezes que chorei, em vida!) onde a vossa e minha geração são postas diante de uma realidade, nua e crua, do amordaçar de sonhos e liberdades que vocês nos anunciaram a todos, mas que ele e os da sua geração só os encontram nos livros de história e no canto esperançoso dos poetas (falo do jovem Divaldo Martins, que também escreveu no “Semanário Angolense”!).
7- E sobre todas estas coisas, não mais falarei com o camarada Dr. Dino Matross. Estou indisponível. A não ser em debate público.
Política, na verdade, diversamente do que vocês querem impor, contrariando (mesmo neste tempo de democracia pluralista), o grande Agostinho Neto, que disse não dever ser um assunto de “meia dúzia de políticos”, terá que ser, e será, inexoravelmente, uma questão fora do esoterismo a que vocês a querem submeter, em Angola. Estou cansado das vossas chantagens e humilhações. Por enquanto, é este o meu manifesto contra o medo e contra uma ditadura do silêncio que não aceito.
Obs.: Como vocês gostam de distorcer as coisas, guardo cópia deste documento que será distribuído a meus familiares e amigos e, quem sabe, chegará aos militantes de corações abertos, que ainda não os fecharam, ante a vossa inigualável capacidade de manipulação! Quem sabe a todo o país e ao mundo, que para vós não passa dos arredores da Mutamba e da marginal da baía de Luanda?!
Sem mais
Luanda, aos 29 de Novembro de 2009
Marcolino Moco (Militante livre do MPLA)"
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Hélder Nhamaze: Foto com Rastas Para o B.I.
Acabo de conversar com o meu amigo Hélder Nhamaze, que me confirmou ter sido permitido tirar a foto para o seu Bilhete de Identidade sem complicações com as suas dreads.
A ser verdade, este, é o primeiro passo para uma grande revolução neste país!
Uma Revolução que culminará com a conclusão segundo a qual, cada moçambicano tem a liberdade de viver a sua vida, da maneira mais plena e mais expressiva que lhe convier, sem medo e sem inibições, desde que não atropele a liberdade dos outros.
Parabéns Hélder, Parabéns Moçambique!!!!!!
Parabéns Hélder, Parabéns Moçambique!!!!!!
Jah Live!!!
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Aprendizagens das Eleições de 2009
As eleições que terminaram trouxeram muita coisa boa para o povo moçambicano. Muitas aprendizagens e muita informação sobre o que os políticos pensam sobre este país. Também trouxeram monte de coisas más. Coisas feias que também significaram aprendizagem e acima de tudo revelações.
Diz um filósofo que eu admiro: “só se conhece o homem quando este estiver em necessidade”. Só assim conseguimos perceber o que ele é capaz de aceitar, de fazer ou não fazer. Esse pensamento pareceu-me muito nítido quando começou a pré campanha e depois a própria campanha.
Devo dizer que aprendi muito com todo o processo. Aprendi a conhecer-me mais, aprendi a conhecer os meus amigos. Aprendi também que nem todos que estão connosco são nossos amigos, assim como nem todos os que não estão connosco são nossos inimigos.
Vi o quanto muitos ao visualizar que o processo eleitoral não estava em seu favor decidiram entrar em alianças muito contraditórias quanto ao verdadeiro conceito de democracia e participação. Percebi o quanto as pessoas ficam dispostas para a guerra quando se trate de defender seus interesses estomacais.
Ficou também, na minha óptica, muito patente a forma como o espírito humano se oferece a cobardia e a traição para obter visibilidade, ganhos e confiança. Foi um processo bastante renhido em termos de propagada e essa propaganda poderá valer cargos ministeriais ou seus vices e até de directores nacionais a muitos dos meus amigos. A ver vamos.
Se isso vier a acontecer jamais se saberá ao certo os moldes de diálogo cidadão que se pretende entre os vários intervenientes sociais e políticos. É que, de repente, muitos pequenos ficarão grandes e muitos grandes ficarão pequenos. Muitos ambiciosos usarão o chapéu de Deus e os antigo mal intencionados, mas fracos, ficarão fortes e muito arrogantes.
O processo ensinou-nos a ser cauteloso. Ensinou-nos que cada palavra que proferimos é analisada até a sua ultima gota. Ensinou-nos a perceber que mesmo quando falamos sem dizer nada, alguém existe para dar sentido às nossas mais vazias palavras. Foi um processo onde aqueles que fazem a opinião pública foram testados.
Com esse teste, muitos foram promovidos e muitos foram despromovidos. Muitos vão sentir o sabor tanto da verticalidade como da cobardia. Dizem que não existe o lambobotismo e o puxa-saquismo. Eu não concordo. Notei que uma boa parte do processo eleitoral foi coberto por lambe botas e puxa sacos. Sejam eles de que partido ou movimento pertencerem. O existem a que farta.
Aprendi que não adianta querer ser lúcido no meio de lunáticos, senão te tomam por um pior que eles. Aprendemos que o elogio da loucura de Erasmo continua tão actual quanto o era no século em que foi escrito.
Penso que os partidos que participaram do processo é que chegaram a tirar os mais altos proveitos do processo. Uns para melhor se prepararem para os próximos pleitos e outros para gerirem sua vida durante os próximos cinco anos.
Enquanto nos preocupamos com o que aprendemos durante o processo também nos preocupamos com o Governo que está por vir, com a Assembleia da República e com a participação cidadã.
Se não há duvidas sobre a próxima presidência de Armando Guebuza que ganhou as eleições de forma estrondosa, pouco se pode dizer em relação aos outros candidatos, os vencidos. Dhlakama continuará sendo o segundo mais votado, embora adoentado. Continuará sendo membro do Conselho do Estado e ainda pode gabar-se de ser o pai da democracia ou o Obama de Moçambique, como sempre diz. O homem tem agora oportunidade de reformar a sua Renamo se quer continuar a ser respeitado. É lamentável o estado em que a sua actual imagem se encontra.
Daviz Simango tem um município bastante acelerado para tomar conta. Sendo que é nesse município onde também reside a sede do seu partido, precisa fazer jus aos 9% dos votos que ganhou do eleitorado. Embora tenha perdido as eleições penso que o processo foi uma lição ao seu partido e a si próprio. Os próximos cinco anos servirão para que mostre o que vale e consiga convencer o eleitorado distante das cidades.
Ok, embora a gente saiba que na assembleia da república a Frelimo possui 191 deputados, a Renamo 51 e o MDM somente 8, não sabemos quem vai, quem fica ou quem vem para o novo elenco do Governo. Não sabemos se serão criados novos ministérios ou extintos alguns. Não sabemos quais são as surpresas e tudo que podemos fazer por ora é expecular.
Mas como disse acima, aprendemos com o processo que as pessoas estão dispostas, até a matar para ganharem cargos. Muitos que aparentavam boa educação vieram mostrar o contrario. Alguns mostraram-se verdadeiros terroristas e acima de tudo todos saímos a ganhar na medida que passamos pelo menos a nos conhecer, aparentemente.
Parabéns a todos, com votos de um mandado inclusivo, participativo e promotor de direitos humanos e boa governação!
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Cultura e Classe num só lugar
Nas minhas vagueações pela Internet moçambicana, encontrei uma página interessante e com os objectivos meritórios, que se caracteriza pelo gosto descomunal pelas letras maiúsculas, além de algum desconhecimento de uso regular do plural / singular, entre outros.
Muitas felicidades e algum cuidado com a língua!
Muitas felicidades e algum cuidado com a língua!
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Lista dos Novos Deputados da Assembleia da Republica
A COMISSÃO Nacional de Eleições (CNE) divulgou recentemente as listas, definitivas dos nomes dos deputados que irão integrar a nova Assembleia da Republica, cuja investidura deverá ocorrer até 20 dias após a proclamação e validação dos resultados das quartas eleições gerais - presidenciais e legislativas-e das assembleias provinciais do pretérito dia 28 de Outubro.
Maputo, Segunda-Feira, 23 de Novembro de 2009:: Notícias
No total são 191 parlamentares que ocuparão a bancada parlamentar da Frelimo, 51 da Renamo e oito do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), e cujos nomes julgamos por bem publicar no interesse dos nossos leitores e do público, em geral:
PROVÍNCIA DE CABO DELGADO
Dos 22 mandatos disponíveis no círculo eleitoral de Cabo Delgado, a Frelimo elegeu 19 parlamentares contra os três da Renamo. Assim, o partido no poder fez eleger Eneas da Conceição Comiche, Conceita Sortane, Severina Banze, David Machimbuko, Miguel Mussa, Valéria Mitelela, Filomena Nachaque, Alberto Jacinto Matukutuku, Alberto Jumulate, Afonso Bombeni, Ernesto Lipapa, Julieta Chauma, Maria Bachir, Muanassa Abubacar, Tiago Simba, Sefo Sente, José Mateus Kathupa, Alafo Sufu e Julião Nembe.
A “perdiz” elegeu neste círculo Vicente Ululu, Mussitagibo Bachir e Ruquia Gustavo.
PROVÍNCIA DO NIASSA
No círculo do Niassa estavam em jogo 14 mandatos, dos quais a Frelimo arrecadou 12 e a Renamo apenas dois.
Para a bancada da Frelimo na Assembleia da República foram eleitos Margarida Talapa, Maria Miguel, Caibe Ussene, Augusto Chalamada, Mateus Assane, Flora Meque, Ana Paula Cordeiro, Xavier Chicutirene, Maria Elias Jonas, Carlos Siliya, Eduardo Muaride e Fernando Bilali.
Para o grupo parlamentar da Renamo foram escolhidos Hilário Uaite e Mário Cinquenta Naula.
PROVÍNCIA DE NAMPULA
Considerado o maior círculo eleitoral, Nampula tem à sua disposição no plenário do mais alto órgão legislativo do país 45 assentos, dos quais 32 serão ocupados pelo partido no poder e os restantes 13 pela organização liderada por Afonso Dhlakama.
Neste contexto, a Frelimo fez eleger Manuel Jorge Tomé (actual chefe da bancada da Frelimo na AR), Teodoro Andrade Waty, Lucinda Malema, Alexandre Capitão, Luciano de Castro, Lourenço Sabonete, Catarina Muacamissa, Etelvina Fevereiro, Eduardo da Silva Nihia, Botelho Mário Chuni, Maria de Lurdes Lobo, Albertina Makata, Abel Safrão, Rupião Saide, Maria Álvaro, Francisco Mucanheia, Daniel Cueteia, Marquita Jaime, Palmira Mbanze, Roberto Saide, Carlos Moreira Vasco, Domingos Tavira, Rosa Maiope, Matilde Anchunala, Luciano Augusto, Sónia Maria Mapameia, Adelaide Amurane, Rosário Mualeia, Nelson Nria, Alisa Amina Timóteo, Anacleto Torres Meque e Olímpio Vaz.
Ossufo Momade, secretário-geral da Renamo, lidera a lista do seu partido neste círculo, que se completa com os nomes de Lúcia Afate, Luís Trinta Mecupia, Simão Bute, Irene Joaquim, Maria da Costa Xavier, Zacarias José, Carlos Manuel, Felizarda de Castro, Julião Munhequeia, Fernando Matovazanga, Arnaldo Chalaua e Essa Hussene.
PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA
A par de Nampula, a província da Zambézia também tem à sua disposição no semi-círculo da 24 de Julho 45 assentos, dos quais 26 ficaram com a Frelimo e 19 com a Renamo.
Encabeçada pela actual Primeira-Ministra, Luísa Diogo, a lista do partido no poder na Zambézia comporta os nomes de Raimundo Pachinuapa, Zeca Morgado, Hélder Injojo, Joana Simão, Alfredo Ibraimo, Bonifácio Gruveta Massamba, Nyelete Mondlane (filha de Edurado Mondlane), Fátima Madeira, Jaime Himede, Damião José, Beatriz Murenge, Lucília Hama, Inácia Ngonde, Safi Mohamed Gulamo, Carvalho Muária (actual Governador da Zambézia), Elisa Melo, Nelson Paiva, Lucas Chomera (actual Ministro da Administração Estatal), Domingas Ceia, Alexandre Vicente, Graça Lindo Dinheiro, Caifadine Manasse, João Afonso, Pedro Armando Vírgula e Jacinta Inácio.
Da lista da Renamo foram eleitos Viana Magalhães, Ireneu Muanaco, Maria Martins, Luís Goveia, Armindo Acelece, Madalena Francisco, Victor Mudivila, Leopoldo Ernesto, David Moiane, Elisa Cipriano, José Manteigas, Angelina Camões, José Palaço (presidente do partido FAP), Eva Caetano Dias, Anselmo Victor, Latifo Xarifo, Eduardo Ladria, Simões Mário e Maria Ivone Soares.
PROVÍNCIA DE TETE
Com 20 assentos no Parlamento, o círculo eleitoral de Tete fez eleger 18 deputados da Frelimo e dois do maior partido de oposição nacional – a Renamo.
Na lista da Frelimo figuram os nomes de Eduardo Mulémbwe (Presidente da AR), Paulina Nkudo, Joana Anacleto Vasco, Oreste Bustani, Castro Qualquer Ntemansaka, Matias Nhongo, Maria Marta Fernando, Sofia Cussaia, Tomás Mandlate, Manuel Vasconcelos Maria, Ana Antónia Dimitri, Luísa João Simão, Azevedo Mussimpora, Akele Paulo Katet, Ermelinda Rodolfo, Damião Banda, Ana Maria Rafael e Guilherme Uissiquete.
A Renamo estará representada neste círculo por Francisco Maingue e Albano José.
PROVÍNCIA DE SOFALA
Sofala é um dos dois círculos eleitorais que ficou “dividido” em três partes, ao aparecer na lista dos 20 deputados eleitos parlamentares propostos pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), de Daviz Simango, edil da Beira, e dos dois candidatos derrotados na eleição para a Presidência da República.
Dos 20 assentos em disputa, a Frelimo conquistou 10 e a Renamo e o MDM repartiram, por igual os restantes dez.
Assim, a formação do “batuque e maçaroca” elegeu Alberto Chipande, Alberto Vaquina (actual governador da província), Joaquim Veríssimo, Angelina Nchumaili, Antónia Charre, Jaime Neto, Zezinho José, Maria das Dores de António, Ana Simante e Francisco Caetano Madeira.
O MDM elegeu Eduardo Elias Augusto, José Manuel de Sousa, Lutero Chimbirombiro Simango (irmão do líder do partido), Geraldo Carvalho e Agostinho Ussore.
A Renamo, por sua vez, “meteu” na AR Manuel Pereira, Fernando Mbararamo, Francisco Machambisse, Pedro Chichone e Rosa Mafunda Sitole.
PROVÍNCIA DE MANICA
Na corrida para o preenchimento dos 16 assentos disputados no círculo eleitoral de Manica, a Frelimo ocupou 12 e a Renamo quatro.
Nos 12 assentos do partido no poder constam os nomes de José Pacheco (actual Ministro do Interior), Maurício Vieira (governador provincial), Tobias Dai, Francisca Tomás, Amílcar Hussene, António Amélia, Salma Alexandre, Leonor Pedro Sambai, Helena da Glória Muando, Adriano Tesoura Passandura, Tânia Elson Canhemba e Inácio António Nunes.
Os quatro deputados da Renamo escolhidos são Albino Muchanga, Saimone Macuiana, Maria Angelina Dique Enoque e Aida Massangaíce.
PROVÍNCIA DE INHAMBANE
Com 16 lugares em disputa, o círculo eleitoral de Inhambane manteve a tradição de a Frelimo eleger todos com a excepção de um assento que vai sempre para a Renamo, isto desde as primeiras eleições gerais multipartidárias realizadas em 1994.
Assim, os eleitos da Frelimo são Aires Bonifácio Aly (Ministro da Educação e Cultura), Mário Sevene, Gildo Muaga, Virgília dos Santos Matabele (Ministra da Mulher e Acção Social), Sabina Bicá, Sebastião Dengo, José Chuquela, Ana Rita Sithole, Carlos Panguana, Filipe Jaime, Judite João, Cidália Chaúque, Dário Machava, Abílio António e Jerónimo Agostinho.
A deputada eleita da Renamo neste círculo eleitoral é Gania Aly Manhiça.
PROVÍNCIA DE GAZA
Tal como em Inhambane, a tradição voltou a vincar neste círculo, onde a Renamo não consegue eleger nenhum deputado.
Neste contexto, a Frelimo “ocupou” os 16 mandatos disponíveis ao eleger Alcinda Abreu (Ministra para a Coordenação da Acção Ambiental), Edson Macuácua, Juvenália Muthemba, Margarida Chongo, Ricardina Mazive, Regina Muchanga, Joaquim Mondlane, Daniel Matavele, Sabina Fache, Arminda Vombe, Félix Sílvia, Benardo Macamo, Justino Langa, Tsoquisse Munhiwa, Danilo Ragu e Manuel Bendzane.
PROVÍNCIA DO MAPUTO
Mais uma vez o partido Frelimo demonstrou a sua supremacia a nível deste círculo eleitoral ao não “deixar” a Renamo ir para além do já habitual um dos 16 deputados a eleger.
Tal como nos pleitos anteriores, a Frelimo elegeu todos os deputados do círculo, com excepção de um lugar que coube a Renamo que fez eleger José Manuel Samo Gudo, que substitui António Muchanga.
Da lista apresentada pela Frelimo constam os nomes de Verónica Macamo, Edmundo Galiza Matos Jr., Eulália Atibe, Beatriz Gama Ajuda, Telmina Manuel Pereira (governadora da província), Sábado Marenja, Zacarias Chivavi, Milagrosa Langa, Manuel Chang (Ministro das Finanças), Casimiro Huate, Suzete Dança, Ângelo Tai, Faustino Uamusse, Faruk Osman e Joana Mondlane.
CIDADE DE MAPUTO
Na capital do país os mandatos subiram de 16 para 18 assentos. Neste círculo, a Frelimo levou a melhor ao conseguir 14 assentos, posicionando-se o MDM em segundo lugar ao eleger três parlamentares e a Renamo com apenas lugar.
Os 14 parlamentares eleitos para a bancada da Frelimo são, nomeadamente, Aiúba Cuereneia (Ministro da Planificação e Desenvolvimento), António Niquice, Margarida Salimo, Elvira Mabunda, Isadora Faztudo, Roberto Chitsondzo, José António Chichava, Carolina Chemane, Henrique Mandava, Alcido Nguenha, Angelina Mavota, Maria Ema Cassimo, Carlos Sabonete e Danilo Texeira.
Da lista dos eleitos do MDM na capital do país constam os nomes de Imael Jamú Mussa, Lucinda da Conceição e Agostinho Macuácua.
A Renamo fez eleger o mágico e ilusionista António Timba.
ÁFRICA E RESTO DO MUNDO
Nos dois círculos eleitorais da diáspora a Frelimo conseguiu suplantar a concorrência de todos os partidos ao eleger os dois deputados pretendidos. Do círculo de África o eleito foi Crisanto Naiti e do círculo da Europa e Resto do Mundo o escolhido foi Rui Conzane.
“NOTÁVEIS” NOS SUPLENTES
Nas listas de deputados suplentes da Frelimo e da Renamo para os diversos círculos eleitorais, figuram alguns notáveis de cada um dos partidos, como são os casos de Teodato Hunguana, Ussumane Aly Dauto, António Hama Thay, Virgínia Videira (na Cidade de Maputo) ou ainda Arnaldo Bimbe (governador do Niassa), Alfredo Gamito, Abdul Razak Noormahomed, Maria Helena Taipo, Dionísio Cherewa (Nampula); Salimo Abdula, Palmira Francisco (Zambézia); Açucena Duarte, Domingos Viola (Tete); Isau Menezes (Sofala); Zacarias Vuma e Francisco Braz (Gaza).
Da lista de suplentes da Renamo constam os nomes de Eduardo Namburete, Fernando Mazanga, Rahil Khan (Cidade de Maputo); Ismael Lalá, António Muchanga (província do Maputo); Freitas Tiquila, Daúdo Faz-bem, Rajá Rajá (Zambézia); Francisco Domingos, Rui de Sousa, Bernardo Fernando (Tete); Fernando Carrelo, António Campira (Sofala), entre outros.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
10 Mais Poderosos do Mundo
Segundo a Forbes que classificou as 67 pessoas mais poderosos do mundo, "número baseado no conceito de que é possível reduzir os 6,7 bilhões de pessoas do mundo a uma em cada 100 milhões que realmente tem importância."
1. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
2. O presidente da China, Hu Jintao.
3. O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin.
4. O presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), Ben Bernanke
5. Sergey Brin e Larry Page, fundadores do Google
6. Carlos Slim, executivo-chefe da empresa mexicana Telmex
7. Rupert Murdoch, presidente do grupo de mídia News Corp.
8. Michael T. Duke, executivo-chefe da Wal-Mart Stores
9. O rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz
10. Bill Gates, co-presidente da Fundação Bill & Melinda Gates
Também constam da lista pesos pesados financeiros, incluindo o executivo-chefe do banco Goldman Sachs, Lloyd Blankfein (18o) e o investidor e filantropo bilionário Warren Buffett (14o), além do papa Bento 16 (11o).
Bin Laden foi o 37o colocado na lista, e Opra Winfrey, a 45a. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ocupou a 29a colocação, e a rainha Elizabeth não figurou na lista.
Lula da Silva está na 33 posicao!
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
18 de Julho: Dia Internacional de Nelson Mandela
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou por unanimidade a consagração do homem que percorreu um longo caminho para que a África do Sul se tornasse um país de são convívio entre todos os seus filhos.
Foi por consenso dos 192 países membros que a ONU determinou terça-feira que a partir de 2010 se passe a celebrar o Dia Internacional Nelson Mandela, na data do aniversário do dirigente negro que em 1993 partilhou o Prémio Nobel da Paz com o seu compatriota sul-africano Frederik de Klerk.
A Assembleia Geral decidiu assim reconhecer o contributo fundamental de Mandela, nascido em 1918 na pequena vila de Mvezo, para a resolução dos conflitos, a liberdade no mundo e a promoção das boas relações entre todos os grupos étnicos.
Na altura de se aprovar a proposta que fora apresentada pelo embaixador sul-africano em Nova Iorque, Baso Sangqu, o presidente da Assembleia, o líbio Ali Treki, disse que o mundo pretende manifestar o seu apreço por “um grande homem”, que dirigiu a luta contra o apartheid e por isso passou 27 anos na cadeia.
A coincidir com a consagração universal deste símbolo da esperança, que de 1994 a 1999 foi Presidente da África do Sul, o International Herald Tribune dedicou-lhe um longo artigo, onde destaca que se trata provavelmente do “estadista mais amado do mundo”; e que apesar dos seus 91 anos mantém um lugar essencial na consciência da nação a que pertence.
“É a ideia de Nelson Mandela que mantém o país unido”, disse Mondli Makhanya, chefe de redacção do Sunday Times de Joanesburgo, enquanto o embaixador tanzaniano nas Nações Unidas, Augustine Mahiga, destacava que a vida deste dirigente histórico do Congresso Nacional Africano (ANC) tem sido “a definição última da paz, tanto na África do Sul como no resto do mundo”.
Exemplo para todos
O seu apelo à reconciliação da maioria negra com os opressores brancos é um exemplo que deveria ser seguido por todos, acrescentou aquele diplomata, uma das muitas entidades de diferentes países que se congratularam com a perpetuação do nome do antigo prisioneiro de Robben Island.
“Nelson Mandela, ao lado de Amílcar Cabral, é dos poucos políticos africanos que respeito. Tinha tudo para ser um ‘osajief’ (N’Krumah) e recusou-o, dando ao mundo uma lição que deverá perdurar por muito e muito tempo, espero.
A sua capacidade de perdoar, o seu desapego ao poder, a sua humanidade, são os aspectos que mais destaco na sua personalidade. Infelizmente, exemplos como o dele são poucos em África e no mundo”, disse ao PÚBLICO o jornalista e escritor cabo-verdiano José Vicente Lopes.
A Fundação Nelson Mandela concordou o mês passado em vender a editores de duas dezenas de países os direitos do livro Conversations with Myself, baseado em material dos documentos pessoais daquele ícone deste último século, nascido no ano em que terminava a Primeira Guerra Mundial.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Bob Marley: Uma Resposta ao Alexandre Chaúque
Este texto vem em resposta a um artigo de Alexandre Chaúque publicado no jornal a Verdade de 30 de Outubro, sua coluna conhecido por Bitonga Blues e o título é: “Bob Marley já não é meu ídolo”.
Chaúque fala de muita coisa boa sobre Bob Marley e eu concordo com muitas delas ou quase todas. Depois recusa-se a ser seu fá alegadamente porque Bob tinha como ídolo o Imperador da Etiópia Hailé Sellasie I, a quem Chaúque chama de “animal destes”.
Embora eu acredite que tanto Haile Selassie como Bob Marley, na sua condição humana, foram humanos muito iguais a nós, falíveis e com muitos erros, me parece entretanto, que é necessário esclarecer algumas dúvidas.
Para esse esclarecimento, deixe me dizer ao Chaúque que não preciso mencionar a quantidade de bibliografia que possuo sobre Samora Machel, também meu ídolo, mas tenho comigo, e já li, 5 biografias definitivas de Bob Marley. Nenhuma delas escrita por ele. Tenho também duas biografias doTafari Makonnen o Negus Magestus, que sim era violento, autoritário e repreensivo. Mas ao mesmo tempo o que introduziu a primeira Constituição escrita na Etiópia.
Há uma dose de má fé quando se afirma que Haile Selassie “puxava da sua erva e viajava”, alias, tendo ele aceite que alguns jamaicanos Rastas “retornassem” a Africa, a Etiópia, ele veio a arrepender-se e parar o “regresso desses” devido o seu costume com o fumo da suruma. Ele mesmo o Hailé Sellasie nunca chegou a aceitar a categoria de que era atribuído pelos Rastas, mas sentia a responsabilidade na medida em que era descendente directo do Rei Salomão, filho do Rei David, rei de Israel, da mesma linhagem em que nasceu Jesus Cristo.
É portanto sobre esta parte espiritual que muitos não conseguem perceber a crença dos rastas principalmente em relação a Haile Selassie. Não a pessoa em si, mas o que essa pessoa representa. Sei inclusive que alguns rastas devotos também não percebem bem dessa espiritualidade.
Contudo, Selassie, ao mesmo tempo em que era um governante centralizador, autoritário, extremista, que governou seu país com punho de ferro, não admitindo manifestações contrárias às suas ideias, ele foi um imperador muito reformista, tendo sido o responsável pela abolição da escravatura, por promover uma tentativa de reforma e modernização da Etiópia e por lutar activamente pela independência de diversos países africanos. Foi o anfitrião e um dos fundadores da OUA, hoje União Africana. Alias, é na Etiópia que fica a sede desta organização.
Selassie fez parte da Liga das Nações e durante a Segunda Guerra exilou-se na Inglaterra (a mãe do imperialismo), de onde tirou muitas de suas ideias reformadoras para aplicar em seu país.
É difícil resumir os multi aspectos desse imperador etíope que é naquele país, o mais importante da modernidade e em africa um ícone das liberdades. É sim criticado por causa dos seus leões, que na sequência, não eram alimentados com carne humana e sobre isso, o artigo de Chaúque mostra o quanto os intelectuais desconhecem profundamente das coisas.
Vamos falar duas coisas sobre Bob Marley e Zimbabué. Primeiro devo dizer que Samora Machel nunca chegou a ir ver a Independência do Zimbabué. Ele recusou-se! O que significa que não assistiu o show de Bob no Estádio Rufaro (alegria) em Harare, então Salisburia. Também não foi Samora quem impediu Bob de vir a Moçambique, há alguém que até defende que o Marechal nada tinha contra. Lembre-se Chaúque que todos os que viam o show de Bob ficavam electrizados. Assim como ficam hoje os que assistem os seus DVDs.
Segundo é preciso dizer que Bob não deve ser julgado por causa das suas crenças. Ninguém deve ser julgado por acreditar em algo. Há pessoas que veneram pedras, cães, bois, estatuas, espíritos, pessoas, sol e lua, etc etc. Ninguém deve ser julgado por isso. Temos que ser julgados pelas nossas acções e atitudes e Bob não tinha leões mas acreditava que o Leão representava a Sua Majestade.
Em jeito de conclusão, pedir ao amigo Chaúque para não acreditar em tudo o que ouve sem antes fazer uma análise crítica. Se pudermos ter mais conversas sobre a religião rastafari, a figura e a música de Bob Marley, o imperador Haile Sellassie, o grande Marcus Mosiah Garvey, a Negritude e as suas figuras, entre outros, poderei ter a liberdade de emprestar-lhe os meus livros
Gostaria que publicasse esta pequena reacção em relação ao seu desapontamento em torno de Bob Marley.
John Allen Muhammad o Franco Atirador foi Ontem Executado!
Washington, 11 Nov (Lusa) - John Allen Muhammad, que ficou conhecido mundialmente em 2002 como "o atirador de Washington", por ter morto aleatoriamente 10 pessoas em três semanas, foi executado terça-feira por injecção mortal na Virgínia, anunciou um porta-voz dos serviços penitenciários.
"Não o ouvi pronunciar uma palavra", declarou à imprensa Larry Traylor, depois de ter confirmado que Muhammad morreu.
O Supremo Tribunal rejeitou segunda-feira o último recurso deste homem, de 48 anos, condenado à morte em 2004 na Virgínia por uma série de homicídios, cometidos entre 2 e 22 de Outubro de 2002 na região de Washington
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Eleições 2009: o Voto de Qualidade e a Quantidade de Votos
Nas vésperas das eleições de 28 de Outubro, circulou um e-mail que chamaram de o maior de todos os tempos e eu transcrevo na integra a sua conclusão, com pedido adiantado de desculpas devido a alguns termos: "o problema de Moçambique é que, quem elege os governantes não é o pessoal que lê jornal, mas quem limpa o cu com ele!"!
Eu percebo o trecho acima como querendo dizer que a grande parte do eleitor moçambicano não tem acesso a informação, ou por conta da sua condição sócio económica ou simplesmente porque não sabem ler, escrever ou perceber a língua portuguesa que é a oficial. E como tudo acontece em português é já previsível os efeitos disso.
Até pode parecer uma brincadeira de mau gosto, mas parece que os resultados preliminares e os que ainda estão por vir mostraram que, realmente, as pessoas que contribuíram por via do voto para a vitoria do partido já no poder, são aquelas que vivem nas zonas rurais e que por causa da sua condição social não têm acesso a informação.
Não foi difícil notar que o partido vencedor perdeu em alguns círculos urbanos muito fortalecidos como é o bairro central da Cidade de Maputo e a Polana Cimento, lá onde moram os sortudos do país. Se as eleições de 2009 foram maioritariamente concorridos por jovens então os filhos, netos e sobrinhos dos sortudos não votaram neles. Quem sabe, alguns deles já não acreditam em si.
Na Beira por exemplo, a cidade conhecida como sendo a segunda do país, os resultados dos vitoriosos tiveram que ser forcados por via da fraude, devidamente comprovada por gravações em vídeo. Isso porque as pessoas que lêem o jornal já mudaram a sua tendência de voto.
Mas quantos são esses que lêem o jornal? Não passam de 20%. Aproximadamente, a percentagem que votou em Daviz Simango. Incluindo na Polana, na Josina Machel e em outros lugares altamente urbanizados.
Os que não podem ler o jornal em Moçambique, são acima de 70% e maioritariamente, essas pessoas vivem nas zonas suburbanas, nos subúrbios e no campo. Mas essas pessoas têm uma característica: são adoptadas de uma obediência cega a quem manda. Não precisam reflectir muito sobre as consequências das suas decisões, pois pensam que as suas decisões não podem influenciar demasiadamente. São pessoas que governam sem saber!
São pessoas que obedecem cegamente como ovelhas conduzidas ao matadouro. Eu fiquei preocupado quando e, alguns lugares de votação, um único candidato e o seu partido chegaram a obter 100% dos votos. Este é um dado muito importante para a reflexão. Embora isso agrade ao vencedor, mas é aqui que o vencedor descobre a sua fraqueza. É acompanhado por muita gente que não o questiona, que é pobre de informação e que obedece cegamente. É por isso que falo da quantidade de votos e da qualidade de voto.
Eu sou daqueles que acredita que a democracia para que seja participativa e inclusiva, o poder constituinte precisa dos elementos mais básicos para tomar a decisão. Os poucos que possuem esses elementos são os que estão nas zonas urbanas e eles mostraram qual a sua tendência de voto. Muito contraria daqueles que estão no campo.
É coisa para dizer que os moçambicanos eleitores estão divididos em três grupos: os que ainda não sabem em quem votar ou não podem votar por outros motivos, os que votam nas zonas urbanas e os que votam na periferia e nas zonas rurais. Esses que não votam são as abstenções, os que votam nas cidades são os que perdem porque são poucos e a vitoria é daqueles que votam no campo, em que mesmo sem os pressupostos do exercício do direito a votar são a maioria.
Coisa para dizer que é sempre bom saber a quem pedir o voto. A quem pode dar um voto de qualidade e perder ou a quem pode dar a maioria dos votos e ganhar? Os mais espertos começaram por colocar o campo e as zonas rurais como o pólo das suas atenções e conseguiram atrair aquela massa que não lê o jornal.
Mas ok, tudo acima são somente algumas provocações, o que conta mesmo é o resultado final, porque tanto o que vota com consciência como o que vota sem consciência, incluindo aquele que prefere abster-se são todos moçambicanos e as suas escolhas devem ser muito bem respeitadas, sob pena de dividirmos o país.
É aqui que mais uma vez se apela tanto aos perdedores como aos ganhadores que pautem sempre pelo bom senso, pela razão e pela inclusão dos moçambicanos em todo o processo das suas actividades politicas. Porque, embora votados no campo, é na cidade onde acontece o laboratório de desenvolvimento nacional. Embora perdendo nas cidades é sobre o campo em que a maior parte da governação deve incidir.
E o mais importante ainda é que todos devem começar a perceber que embora a democracia seja um sistema de maiorias elas podem não reflectir o ideal, quando não dotadas dos elementos necessários para tomar uma decisão mais democrática, no ponto de vista de razoabilidade, inclusão e participação. Penso que precisamos dialogar melhor sobre a dicotomia campo e cidade, considerando o acesso a informação de qualidade.
domingo, 8 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Eleições 2009: Finalmente caiu o pano, mas e depois?
Aconteceram sem violência relevante nem intimidações de vulto, as eleições gerais moçambicanas de 2009. Como se esperava, Guebuza está a frente dos outros dois candidatos às presidenciais e a Frelimo continua a liderar a corrida às legislativas. Penso que a vitória será retumbante como já profetizava Macuacua!
Dhlakama que parecia ter sido pesadamente vencido por Daviz Simango que eventualmente ainda poderá ser o segundo candidato mais votado, parece ressuscitar e embora suas declarações de desespero, quando diz que irá incendiar o país, nota-se que caminha para uma aceitação sem queixas do processo todo.
Ele, Dhlakama tem que aceitar tudo que der e vier, possivelmente ainda pode ser premiado com a segunda posição, mas não se pode queixar dos resultados, já que ao complicar a vida do Daviz e do MDM, inclusive elogiando as muito criticadas decisões da CNE esperava tirar partido nisso. Esqueceu-se o mais velho que nisto de política tudo vale e que todos podem ser instrumentalizados.
Dhlakama vai incendiar o país se pelo menos não ser o segundo mais votado. Isso porque, se não for o segundo mais votado, a sua carreira de político já terminou. Sim, já terminou mesmo, porque daqui para frente nada mais se pode esperar dele, na medida em que perde não só o posto no Conselho de Estado, mas também muitos dos benefícios que recebia como o líder da oposição. Ficará somente a inscrição de que assinou o acordo de paz com Chissano.
É disso que Dhlakama tem medo, ceder esse posto ao Daviz que apareceu como uma luz para uma parte do eleitorado que já não acreditava muito nas duas forças que são a Frelimo e a Renamo.
Dos outros partidos fora da Renamo, Frelimo e MDM, nada se pode falar. Sabia-o de antemão a CNE, que esses partidos terão a única função de legitimar o processo que se pretende democrático, participativo e inclusivo e, não realmente de fazer alguma diferença na competição politica moçambicana. Nenhum deles conseguiu uma expressão considerável, entretanto podem ser saudados por terem confusionado o processo, com seus nomes e seus símbolos propositadamente escolhidos e alocados em círculos eleitorais.
Alguns foram mais coerentes ao afirmarem abertamente que de oposição não têm nada e que para não gastarem tempo com falatórios, nem gastar dinheiro que já não têm, preferem declarar-se frelimistas. Coisa para dizer que é difícil fazer política em Moçambique. É difícil também, por isso, analisar o fenómeno politico moçambicano.
O Daviz e o MDM apareceram para dar mais esperança ao eleitorado moçambicano na matéria de diversidade de opinião e de participação política. É muito curioso que eles conseguiram maiores votos na escola secundaria Josina Machel e na Polana, locais onde toda a elite politica moçambicana foi votar. Locais onde o próprio Guebuza e seu elenco foram votar. Uma mensagem muito clara de que alguém das mesas do poder já não vota neles. Ao votarem em Daviz e no MDM, não significa necessariamente aceita-lo, mas a dizer que o podem aceitar. Porque não?
Embora a Frelimo possa vir a conseguir a maioria que sempre procurou, já recebeu o recado dos seus partidários que essa maioria só a pode complicar ou destruir. Só a pode tornar mais arrogante e menos preocupado com os reais problemas do povo.
A Renamo vai perder mais alguns assentos e o MDM vai ter pela primeira vez assentos parlamentares. E se o MDM tivesse concorrido no país todo? Alguém dizia: olha nunca faças essa pergunta, ela não tem importância nenhuma. Eu penso que é pertinente perguntarmos isso, porque não foi justa a forma como o tal partido foi excluído. Mas a resposta é simples e clara: teria muito mais assentos parlamentares, veja-se que mesmo em Inhambane onde foi posicionado, conseguiu alguns votos.
Os observadores já saíram a elogiar o processo que foi justo, livre e transparente. Eu acho que, se olharem só para o dia 28 então estão certos, mas se olharem o processo todo então deve questionar-se esse pronunciamento. Muitos dos observadores chegaram no país dois ou três dias antes das eleições. Não podem tirar conclusões precipitadas.
Para uma conclusão coerente e justa, os observadores devem ver o processo todo. As inscrições nos órgãos eleitorais, a pré campanha, a própria campanha, as eleições, a contagem, etc. etc. Não basta ver a cabeça para dizer que viu o animal.
Dos observadores nacionais, tenho a reprovar aqueles que tiveram que atrelar-se ao governo para observarem eleições. Os observadores devem ser independentes. Como é que aparecem observadores que são subsidiados pelo governo? Governo esse que tem o seu partido também como concorrente? Isso é promiscuidade!
Mas ok, as eleições aconteceram e agora a questão é: e depois? E depois o quê? E depois? Será que Dhlakama vai voltar a concorrer pela quinta vez? Será que ele vai continuara a afundar a Renamo? Será que Daviz vai consolidar o seu partido e a sua liderança? Já que uma boa parte do eleitorado acreditou nele e no seu partido? Será que ele vai lembrar-se que a campanha para 2014 começou no dia 29 de Outubro de 2009?
E a Frelimo? E Guebuza? Será que se vão lembrar que os mais de 20 milhões de pessoas em Moçambique são todos moçambicanos, com mesmos direitos e deveres? Independentemente de fazerem parte ou não da Frelimo?
É isso que vamos ver. Entretanto esperemos pelos resultados finais que ainda são uma surpresa. E depois? Esperemos pelos pronunciamentos e pelos comportamentos!
domingo, 25 de outubro de 2009
28 de Outubro: O fim de um Mandato e as mil Perguntas
Estive a conversar com a minha amiga Unaiti e ela fez-me uma pergunta: imagine que no dia 28 todos os eleitores que forem votar o façam nulo. Ou seja, todos os votos encontrados nas urnas sejam nulos. O que vai acontecer a seguir? A continuidade do governo? A realização de novas eleições? Ou a existência de um estado sem governo? Mas isso é possível?
Não sei de onde ela tirou a ideia, mas a pergunta fez-me pensar em monte de coisas não só sobre as eleições, mas o fim do presente mandato e os resultados que se podem esperar das eleições que se vão realizar.
Quando um mandato termina, sempre fazemos uma avaliação para perceber os avanços e os retrocessos do governo que esteve durante os cinco anos que agora findam. Cinco anos parece pouco tempo, mas é muito. E as vezes parece muito tempo mas é pouco.
Cinco anos é muito tempo para quem está a governar e não sabe o que fazer. É muito tempo para uma oposição que só sabe aparecer na época das eleições. É muito tempo para todos aqueles que esperam o momento eleitoral para se enriquecerem mais um pouco. Muitas vezes, é a cabeça das pessoas que dita a velocidade do tempo.
Mas, cinco anos é pouco tempo para quem está a governar e sabe o que está a fazer. É pouco tempo para quem está no poder a viver folgadamente a custa dos impostos. É pouco tempo para uma oposição que trabalha, trabalha e se preparar para participar activamente não só no processo de governação, mas nas eleições, esperando ganhar acentos no parlamento e a presidência da república.
Se cinco anos são poucos ou muitos na óptica em que olhamos os partidos e seus representantes, o cidadão comum vive os mesmos dilemas ao longo dos cinco anos. É pouco tempo para quem está apressado e muito tempo para quem está a espera. Muita gente está a espera. A espera de um novo emprego, de um novo salário, de uma casa, de uma graduação, de um casamento, de uma ida ou de um regresso.
Mas ok, o que isso tudo significa para nós cidadãos comuns? Significa que cada cinco anos têm a sua história, tem as suas pessoas, os seus partidos e os seus acontecimentos. Cada cinco anos marcam definitivamente uma existência, uma revolução, um ser e um não ser. Infelizmente, em termos de poder, Moçambique nunca conheceu um outro partido maioritário senão a Frelimo. Digo infelizmente não porque seja mau, mas porque nunca conhecemos o outro lado da coisa, mais concretamente: os moçambicanos nunca conheceram um país sem a Frelimo.
E como eu tenho dito em muitas ocasiões, votar é governar. Cada voto que se deposita é uma manifestação do tipo de governo, do tipo de exercício de poder que se almeja e o povo moçambicano, embora não consciente, na sua maioria, consegue exercer esse poder com alguma responsabilidade.
Mas governar sem instituições é utopia. Ninguém consegue governar sem instituições democráticas. E não basta que sejam instituições. É preciso que essas instituições sejam credíveis, estáveis, respeitadas e que se pautam na lei, na legalidade e nos mais nobres princípios da justiça. Esse é o desafio de Moçambique: estabelecer instituições que sejam legitimas, do ponto de vista de aceitação pela maioria da população.
Das mil perguntas que se podem levantar depois do dia 28 eu escolhi somente 3. São elas: e se ninguém for as urnas votar, ou se todos que forem as urnas votarem nulo? O que vai acontecer? Essa é a pergunta da minha amiga e eu pensei muito nela porque faz sentido. Como é que seria interpretado isso e como é que nós cidadãos haveríamos de viver?
A segunda pergunta é: e se dos que forem votar representarem somente 20 ou 30% dos eleitores inscritos? E se desses 20 ou 30% somente um terço ou menos que isso votar ao partido e ao candidato que ganhar, que consequências teríamos em termos de legitimidade? Pode aceitar-se que um candidato e um partido que foram votados por somente 5 ou 10% dos eleitores capazes seja legitimo e seja aceite por todos os mais de 21 milhões de cidadãos?
A terceira pergunta tem a ver com uma hipótese de certa forma muito sensível e que é: um candidato da oposição ganhe as eleições. Estamos a falar de Dhlakama ou Daviz Simango. E Guebuza perca as eleições. Eu nem quero entrar na questão dos partidos que eventualmente terão assentos no parlamento. Mas que país teremos com um presidente da republica que não vem da Frelimos?
A minha questão não é um duvidar das capacidades da oposição, mas é que a realidade é muito desafiadora: temos um governador do banco que é membro da Frelimos. Temos um Procurador Geral da República que é do partido no poder. Temos os maiores empresários que são do partido no poder. Temos quase todos os PCAs das maiores e mais importantes empresas que são do partido no poder. Não só, uma boa parte das empresas que existem são de figuras sonantes do partido no poder.
As principais instituições democráticas e outros são dirigidos por membros do partido no poder estamos a falar do Conselho Constitucional, do Tribunal Constitucional, do Tribunal Administrativo, quem sabe também da Comissão Nacional de Eleições e muito mais. Esse cenário é tenebroso. Não pode ser pacifico e esse presidente não vai sobreviver muito tempo no poder: ou vai abandonar por iniciativa própria ou vai ser obrigado a faze-lo sob pena de ser assassinado.
No meio disso tudo, é o cidadão que vai chorar. Só o cidadão é que vai sentir a dor do exercício de cidadania e a dor do seu voto, já que votar é governar. Mas há que ter coragem de enfrentar as adversidades e a alternância do poder, que é por si, uma adversidade necessária, já que nenhum país que se considere democrático deve fugir da alternância do poder.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
O Medo, o Voto da Alice Mabota e o Texto de Nkutumula!
Eu sou um cidadão que se recusa a viver sob o jugo do medo. Não aceito, não aceito e nem quero que alguém me tente. Sei que posso e devo ter algumas limitações no exercício das minhas liberdades, contudo, sei que essas limitações não devem ser por medo nem por aprisionamento, mas por respeito e solidariedade. A máquina social só funciona se os humanos viverem e conviverem na base de respeito mútuo, solidariedade e fraternidade.
Quando comecei a perguntar o porque dos muitos anónimos e muitos comentadores de identidade falsa, as respostas vieram ao de cima. Muitas bem interessantes e algumas tinham a ver com o medo: as pessoas não assinam seu nome por medo de represálias, por medo de serem excluídas.
Outras respostas eram mais do tipo racional e faziam apologia das liberdades individuais, segundo as quais o homem era livre também de se esconder por de trás de uma máscara e dar a sua opinião. Ninguém é obrigado a falar o que quer de forma aberta, pode por tanto inventar um pseudónimo ou um heterónimo, como também inventar de ser anónimo.
Concordei com todas as explicações, mas não aceito que alguém que aparece no anonimato venha com insultos e aqui foi onde eu afirmei que esses anónimos parecem usar o velho truque da avestruz, que escondendo a cabeça fica com a ilusão de que o corpo também está escondido.
Mas o mais importante nisso tudo é que, realmente, todos podem usar do anonimato. Alguns até, aparecem como anónimos e depois, assinam os seus textos com seus verdadeiros nomes. Estes não são anónimos. Outros aparecem com heterónimos ou pseudónimos mas de certa forma já se identificaram e nós os conhecemos, tanto que a ninguém insultam, pelo contrário, manifestam livremente as suas opiniões. É o caso do Reflectindo, do Nero, da Ximbitane e outros.
Vejo entretanto que ao provocar o debate muita coisa foi levantada e uma delas tem a ver com as consequências do exercício da nossa liberdade. Mais do que os anónimos, heterónimos e pseudónimos, vive no nosso inconsciente o medo das consequências pelo uso pleno das nossas liberdades e o sabe melhor o meu amigo Alberto Nkutumula, que escreveu no seu blog: “Nero Kalashnicov” sobre a “Declaração de voto da Maria Alice Mabota: Afronta ou Infantilidade?”
Vejo nesse texto do meu amigo, (que agora que escrevo, deve ter retirado o post do blog), de certa forma uma ameaça ou advertência a Maria Alice por ter dito publicamente que não havia de votar nem na Frelimo nem no seu candidato. O meu amigo chega até a questionar a sobrevivência da Liga dos Direitos Humanos no próximo mandato, numa profecia exacta de que a Frelimo e o seu candidato vão ganhar as eleições e que todos os que votarem contra eles não vão conseguir sobreviver. Nkutumula fala de atravessar o deserto.
Eu estive no debate, também senti-me traído pelo Presidente Chissano, porque acho muito estranho, que alguém desse tamanho, chame juristas: juízes, advogados, procuradores e outros, para que eles subam ao podia e declarem o seu compromisso de votar na Frelimo. Se eu tivesse sabido que a intenção era essa eu não iria. Mas fui porque não sabia e porque respeito Chissano. Não me lembro de ter visto lá o Nkutumula, se ele estivesse lá, teria visto a palhaçada que lá dentro aconteceu.
Na tal lista de pessoas que eventualmente não vão votar na Frelimo, estão muitos outros juristas que no final do encontro vieram saudar a Alice pela coragem e afirmaram categoricamente que também queriam dizer o mesmo mas não o fizeram por medo. Bem, acho que a Alice já tinha dito em nome deles, mas o mau foi de terem subido ao pódio para dizer uma coisa enquanto intentavam outra.
Na tal lista de pessoas que eventualmente não vão votar na Frelimo e no seu candidato, estão todos os membros de outros partidos, incluindo o meu amigo Azagaia que já apareceu publicamente a oferecer seu voto a MDM, tanto que era cabeça de lista pela Província de Maputo. O texto de Nkutumula, ameaça a todos estes e os coloca numa situação muito delicada, no deserto, onde poderão não sobreviver porque com a Frelimo não se brinca.
Sei que a intenção do meu amigo não era de ofender nem de ameaçar a todos esses que directa ou indirectamente já mostraram que não vão votar na Frelimo e seu candidato, mas acabou ele, revelando dados muito interessantes, primeiro que a Frelimo vai ganhar e que esses dessa lista da Mabota que se cuidem, porque o deserto que vão atravessar é penoso. Segundo, que neste país, ideias contrarias só podem advir de inimigos, que na sequência, devem ser abatidos. É um texto que me assusta, devo confessar.
Entretanto, esse é que é o nosso verdadeiro cenário político em que o Estado, que devia ser de direito é de medo e cria anónimos. Cria pseudónimos e heterónimos. Sinto pena do cidadão moçambicano, pois que, ainda precisa de conquistar a sua liberdade: a liberdade de consciência, a liberdade de voto, a liberdade de expressão, a liberdade de escolha. A liberdade de ser. A liberdade de ser livre!
Entre crises políticas e violência, os jornalistas africanos à mercê da instabilidade do continente
O Corno de África afunda-se, Madagáscar e Gabão recuam, Zimbabwe progride
Este ano, e mais uma vez, o Corno de África foi a região do continente mais afectada pelos ataques à liberdade de imprensa. A Eritreia (175º lugar), onde nenhum meio de comunicação independente é tolerado e onde trinta jornalistas permanecem presos (tantos quanto na China ou no Irão, apesar de ter uma população infinitamente inferior) mantém-se na última posição mundial, pelo terceiro ano consecutivo. Quanto à Somália (164º), que vê partir a pouco e pouco os seus jornalistas, assume-se como o país mais mortífero para a imprensa, com seis profissionais do sector assassinados entre 1 de Janeiro e 4 de Julho.
O ano de 2009 confirmou que, nalguns países africanos, a democracia avança sobre bases sólidas e que o respeito das liberdades públicas se encontra assegurado. Noutros países, porém, as crises políticas e a instabilidade desferiram um rude golpe ao trabalho dos jornalistas e dos média.
Em Madagáscar (134º), por exemplo, que este ano retrocede quarenta posições, os meios de comunicação viram-se apanhados pelo confronto entre o presidente deposto Marc Ravalomanana e o presidente da Alta Autoridade da Transição, Andry Rajoelina. Censura, pilhagens e desinformação estão na origem do forte recuo da ilha, na qual um jovem jornalista foi morto ao cobrir uma manifestação popular. No Gabão (129º), o black-out mediático instaurado pelas autoridades quanto ao estado de saúde de Omar Bongo antes da sua morte e o ambiente de tensão em torno às eleições presidenciais do mês de Agosto entravaram o trabalho da imprensa.
O Congo (116º) regista um retrocesso de vinte e quatro lugares, principalmente devido à morte em circunstâncias ainda misteriosas do jornalista de oposição Bruno Jacquet Ossébi e da perseguição a que foram sujeitos vários correspondentes da imprensa estrangeira no decorrer do escrutínio presidencial de 12 de Julho. Por fim, se na Guiné-Conacri (100º) a situação havia parecido calma ao longo do ano, os acontecimentos trágicos do passado dia 28 de Setembro e as ameaças explícitas actualmente dirigidas aos jornalistas pelos militares dão azo a profundas preocupações.
Outras transições decorreram de uma forma menos prejudicial para a liberdade de imprensa. É o caso da Mauritânia (100º), em que a eleição do general Mohamed Ould Abdel Aziz se desenrolou sem nenhum incidente importante para a imprensa, muito embora a prisão de um director de um site Internet venha manchar a imagem do país. Na Guiné-Bissau (92º), apesar dos assassínios do Chefe do Estado-maior das Forças Armadas e do Presidente João Bernardo “Nino” Vieira terem provocado a interrupção temporária de alguns meios de comunicação e a fuga de vários jornalistas importunados, o recuo é moderado.
Os Estados castigados pela violência marcam presença no último terço da classificação. A Nigéria (135º) e a República Democrática do Congo (146º) vivem ao ritmo das agressões e das detenções arbitrárias. Em Bukavu, capital da província do Kivu Sul (RDC), dois jornalistas de rádio foram assassinados.
Na sequência do endurecimento do controlo da informação devido à aproximação das eleições de 2010 – suspensão temporária de meios de comunicação locais e internacionais, condenação de jornalistas a penas de prisão –, o Ruanda (157º) prossegue a sua queda. Encontra-se agora a pouca distância do “Koweit de África”, a Guiné Equatorial (158º), onde o único correspondente da imprensa estrangeira cumpriu quase quatro meses de prisão por “difamação”.
Na África Ocidental, Mamadou Tandja e Yahya Jammeh, os chefes de Estado nigerino e gambiano, disputaram entre si a pior posição. Esta coube ao Níger (139º), que perde nove lugares, enquanto que a Gâmbia (137º) se vê mais uma vez prejudicada pela intolerância do seu Presidente, que não hesitou em mandar prender os seis jornalistas mais eminentes do país, antes de se lançar numa série de insultos e provocações públicas contra os mesmos.
No Zimbabwe (136º), a pressão sobre a imprensa parece finalmente afrouxar. O sequestro e a posterior detenção escandalosa, durante várias semanas, da ex-jornalista Jestina Mukoko deslustrou o panorama, mas o anúncio feito este Verão pelo governo de união nacional do regresso da BBC, da CNN e do diário independente The Daily News assume-se obviamente como um sinal de esperança.
Finalmente, o pelotão da frente mantém-se igual ao de 2008, com o Gana (27º), o Mali (30º), a África do Sul (33º), a Namíbia (35º) e Cabo Verde (44º) a posicionarem-se entre os cinquenta países mais respeitadores da liberdade de imprensa. Podendo-se orgulhar da sua alternância democrática após a eleição, em Janeiro de 2009, de John Atta-Mills, sucessor de John Kufuor, o Gana arrebata o primeiro lugar africano à Namíbia, onde uma jornalista sul-africana foi obrigada a passar uma noite na prisão antes de ser libertada contra o pagamento de duas cauções.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
23 Anos Sem Samora Machel
Visitei semana passada o local onde samora Machel perdeu a vida em Mbuzine,
O local é hoje uma referência turistica para a Africa do Sul, pois, para alem de serem
visíveis os destrocos do Tupolov em que Samora morreu, também foi instalado um museu
sobre a vida e obra de Samora Machel. Estao lá algumas malas dos viajantes e algumas obras
de arte feitas dos destrocos.
Mbuzine é hoje um local onde podemos sentir o espirito de Samora Machel reclamando pela Paz
Justica Social, ingualdade social, racial e oportunidades para todos!
Brevemente postarei neste local algumas fotos que tirei no local.
23 Anos sem Samora Machel, faz me pensar no quanto tempo temos ainda que esperar
até que sejamos livres, iguais e prósperos!
Até sempre Amigo Machel!
terça-feira, 13 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Os Fenómenos MDM, Anónimos e Falsa Identidade
Recentemente, numa abordagem televisiva, falei ao lado de Máximo Dias que o homem moçambicano ainda não é livre. Ele contestou argumentando que se eu podia falar as minhas ideias normalmente então era contraditório afirmar que não sou livre. Mas o que eu queria dizer, na verdade, era que a liberdade pressupõe não só poder falar livremente, mas também não ser perseguido, punido, rejeitado ou condenado só por ter falado!
Isso não significa que devemos falar sem respeitar o nome, a honra e outros direitos da personalidade das pessoas. Significa que dentro daquilo que são os limites da lei, da ética e da moral e se calhar também, dentro dos limites do senso comum, cada um deve ser livre de expressar-se livremente sem medo de represálias. E quanto a isso, acho que o homem moçambicano ainda não é livre. Digo o homem e a mulher, porque as mulheres também falam, e como!
Levanto esta questão querendo trazer dois conceitos muito evidentes nestes últimos dias. O primeiro é o fenómeno MDM, partido político fundado por Daviz Simango Presidente do Conselho Municipal da Beira, também candidato à presidência da república. O segundo fenómeno é a proliferação de intelectuais, comentadores e analistas anónimos ou usando falsa identidade.
Porquê MDM? MDM porque desde que a questão CNE/CC versus partidos excluídos começou, os argumentos foram virados em torno do MDM. A favor ou contra o MDM. Ou seja, a decisão da CNE visava excluir MDM, os Embaixadores do G19 incluindo o representante dos EUA que foram ao CNE visavam apoiar o MDM, os analistas que criticam a posição da CNE/CC são do MDM, os que concordam com CNE/CC estão contra o MDM.Tudo é por causa do MDM. Ou está contra ou está a favor, mas do MDM. Há aqui uma “emideimizacao” da discussão, na medida em que, quem não concorda com a decisão da CNE/CC, mas porque é da Frelimo ou da Renamo, para que não seja conotado como pró MDM prefere calar, falar barato, usar nome falso ou ser anónimo.
Aquele que preferir manter a sua postura vertical e continuar a analisar os factos com o mínimo de lucidez que a sua mente recomenda para o efeito é imediatamente encaminhado para a fileira do MDM. Não que seja mau ser do MDM, mas que cada um seja livre de dizer que é membro, simpatizante ou somente amigo e não sê-lo por ser empurrado. O mesmo vale para quem quer ser da Frelimo ou da Renamo ou mesmo de qualquer outro partido, que o seja livremente.
Noto com insistência que as pessoas para debaterem certos assuntos com gente devidamente identificada, aparecem a assinar como anónimos. Minha preocupação não é porque a gente não pode identificar o tal, hoje em dia podemos perseguir a partir do mail enviado a identidade do anónimo. Me preocupa a falta de ética desses amigos e honestidade desses amigos que vem como anónimos para discutir com pessoas devidamente identificadas e conhecidas.
Quem anda nos fóruns e grupos da internet. Quem anda nas discussões, reuniões e acompanhamos o debate nacional, sabe, mesmo que de longe quem é quem. Conhece o discurso das pessoas e sabe que palavras cada um usa para se expressar, dai que, figuras como Galo na Forja, Galo Forjado, Jaluladine Ossufo entre outros, são extremamente conhecidas. Mesmo quando daí fogem e procuram outros nomes, identidades e títulos académicos.
É ridículo meus amigos, tentar tapar o sol com a peneira ou simplesmente tentar embrulhar a cabeça do cabrito ou do boi num saco plástico, o chifre sempre vai sair e vamos saber o que se tenta esconder. Como é que pessoas tão sábias, a avaliar pelos seus comentários, aparecem com máscaras para debater ideias com gente devidamente identificada e localizada? É injusto, é cobardia, é desonesto e acima de tudo é sinal de má educação.
Essas pessoas não são livres, coitadas delas. Não tem espaço para discutirem livremente suas ideias. Ou porque não querem ser conotados como estando contra os seus partidos, superiores ou amigos e consequentemente, e na sequência, emideimizados! Ou então agem desse jeito porque não estão seguros das suas opiniões.
Como é possível que nomes nunca antes escutados ou conhecidos em determinados fóruns apareçam do nada e já entram no fio de pensamento que se está a discutir há tempos trazendo opiniões, criticas e sugestões e inclusive citando outros comentários anteriores a sua aparição? A resposta é única: essas pessoas sempre estiveram connosco, comeram connosco, conversaram connosco e fazem parte do nosso círculo de debate e discussão, somente arranjaram um nome para servir de testa de ferro. Isso é falta de liberdade, isso é cobardia, é baixeza, mediocridade e falta de educação.
Acho que a ninguém deve ser proibido o uso de pseudónimos ou acrónimos, mas é injusto usá-los só para atacar uns e despi-los quando é para elogiar os outros. Ou seja, elogiar se identificando para receber os ganhos e atacar escondido para não ser conhecido. Normalmente essa postura visa comer dos dois lados. Isso é ganância, é ambição e é maldade. Mas não vai longe, porque a ganância, a ambição e a maldade, todas têm pernas curtas e cedo serão cortadas.
Lembro-me que quando Chissano chamou juristas para conversar e em vez disso fez campanha. Alice Mabota criticou alguns pontos do partido do ex Presidente da Republica, foi a única a levantar a voz nesse sentido, o resto foi ao micro garantir o seu voto a proposta de Chissano. Ate aqui nada mau. O mal acontece no fim, quando todos saímos, os juristas vinham à Alice parabenizar e dizer que ela tinha falado bem e que era isso mesmo que eles queriam dizer. Eu pergunto: porque não disseram lá na sala quando pegaram o micro?
O pior de tudo é que os meus amigos, jovens que entram nessa, não estão a perceber que estão sendo vítimas de aproveitamento político. Estamos em fase de campanha e todos querem ter os melhores e os piores do seu lado. Acho que não há mal nenhum em as pessoas poderem alinhar com determinado partido. O mal está em alinhar de forma ingénua e sem perceber que se está a ser vítima de aproveitamento político. Os partidos passam mas as pessoas continuam.
Isso, só será percebido depois das eleições quando tanto a Frelimo, a Renamo e o MDM se despirem da campanha, receberem os resultados e se arrumarem para a etapa seguinte. Será tudo mais claro porque uns serão galardoados e outros esquecidos. Não é esta a primeira vez que acontecem eleições neste país. E se isso acontecer, vamos ver o novo número de frustrados e desnorteados.
Porque? Tudo isso porque o homem e a mulher moçambicanos ainda não são livres. Se o fossem, não estariam a busca de artimanhas para deixarem a sua opinião livremente. Quem está no poder tem limitações de criticar o poder e quem está na oposição tem limitações de criticar a oposição. Essa é a causa de toda a palhaçada de que somos obrigados a assistir.
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