terça-feira, 23 de agosto de 2011

Carta Aberta ao Ministro da Indústria e Comercio

Prezado Senhor Ministro,

Decidi escrever-lhe esta carta porque como jovem que o senhor é poderá facilmente perceber os desafios desta também jovem nação. Este é um país pobre, por cá, em muitos aspectos, se vive um cenário “sui generis” e parece que a cada dia, o nosso povo, se conforma em viver de esquemas e não de políticas públicas.


Eu sou daqueles que não se conforma. Prefiro políticas públicas e não esquemas. Estou saturado de ver pessoas a prosperarem graças ao abuso do poder e da legalidade. É um pouco por causa disso que escrevo-lhe esta carta.
Como o senhor deve melhor saber, neste país, os preços dos produtos de primeira necessidade são marcados a bel-prazer dos vendedores. É normal que um quilograma de açúcar esteja 20 meticais numa loja e na loja ao lado custar 50 meticais. É normal que um quilograma de farinha de trigo custe 30 meticais aqui e ali ao lado custe 60 meticais.


É normal que uma garrafa de água mineral custe 40 meticais aqui e ali ao lado custe 100 meticais. Um vende o quilograma de carne por 75 meticais e o outro vende a mesma quantidade e qualidade a 200 meticais. Em resumo, cada um marca o preço que bem entende e o senhor ministro, parece não ficar preocupado.


Já não basta que os pobres deste país paguem o IVA desses comerciantes? Já não baste que os tais comerciantes vendam produtos sem garantia? Já não baste que não tenhamos uma política de protecção ao consumidor? Já não baste que em muitas circunstâncias adquiramos produtos sem qualidade? Numa verdadeira compra de gato por lebre e o senhor ministro não se preocupe? Ainda por cima temos que sair para as compras sem saber qual o exacto preço dos produtos?


Senhor Ministro, será que é difícil marcar um preço máximo para os produtos básicos? Podia por exemplo determinar que, o preço máximo de um quilograma de arroz é 20 meticais. É portanto, permitido vender a baixo disso, mas nunca acima, sob pena de responsabilização. Podia determinar, por exemplo que um quilograma de açúcar deve custar no máximo 15 meticais, sendo que qualquer comerciante que aplique preços acima desse passa a incorrer em responsabilidades. Note que, os preços aqui mencionados são somente a título indicativo, creio que o senhor conhece os reais preços dos produtos que exemplifico.


Esse seria um ganho durante o seu mandato. Quando o senhor não mais for ministro desse pelouro nós nos lembraremos com muita alegria e orgulho. Terás ganho algo para o nosso povo e não serás que nem aqueles ministros que entram, ficam no poder 2, 3, 4 ou mesmo 5, 6, 7 anos e quando saem não mais nos lembramos deles senão na negativa.


Caso de Pacheco que no Interior só atrapalhou e a única coisa de que nos lembramos é ele a subir a PGR com um relatório de auditoria na mão. É caso de Soares Nhaca que de Agricultura nada entendia e só nos lembramos dele por causa da sua forma mágica de vestir: durante todo o seu mandato, nunca conseguiu combinar a roupa, os sapatos e a gravata.


É caso de Munguambe que dos Transportes nada deixou senão processos crimes. É o caso de Tobias Dai que embora com sangue real, na Defesa deixou-nos lembranças amargas: um país em chamas e vítimas nunca ressarcidas. É o caso de Luciano de Castro que no Ambiente passou como se fosse um fantasma, não foi visto e a ninguém viu.


É também o caso de Alcinda Abreu que nos ensinou uma diplomacia nublada. Só ela percebeu qual foi a política externa deste país. É o caso de Ivo Garrido que pareceu uma ejaculação precoce, tanto prometeu que quando começou a operar parou sem atingir o ponto G.


Podia mencionar tantos outros, desde ministros, vice-ministros, directores nacionais e governadores que passaram pelo poder e nunca criaram mudanças, nem contribuíram para a melhoria de vida dos cidadãos, mais se aproveitaram do cargo do que fizeram os moçambicanos ganharem.


Rogo que esse não seja o seu destino. O senhor é jovem, não é fantasma, sabe vestir-se, sabe comunicar-se e parece que não corre os mesmos riscos de deixar o país em chamas ou não encontrar o seu ponto G. Se não poder influenciar positivamente no comércio, onde acho que não vale a pena obrigar as pessoas a consumirem o produto nacional quando não há politicas públicas que assim incentivem, então vire-se mais para as indústrias.


Este país quando industrializado pode ser bastante rico. A nossa agricultura não anda porque é praticada de forma rudimentar. Mas se começar a pensar em políticas para potenciar os agricultores com máquinas não pesadas, como aqueles tractores de mão, que podem ser importados da índia, da China e do Brasil sem encargos e oferecidos, emprestados ou vendidos a baixo custo para os agricultores ou associações de agricultores, vai ver que vamos ganhar bastante.


Quando descobrires que Moçambique produz bastante fruta como a manga, a laranja e o ananás. Quando descobrires que Moçambique produz bastante mel, bastante mandioca e bastante banana e pensares que podes investir em algumas pequenas máquinas de processamento para produção de sumos, doces, farinha medicamentos e outros géneros, poderás com certeza contar com países irmãos como a África do Sul, como o Zimbabwe e até aqueles que acima mencionei caso de Brasil e verás que terás contribuído verdadeiramente para combater a pobreza através da produção de riqueza.


Combater a pobreza não passa pelo discurso. É falso que a pobreza está na nossa cabeça como também é falso pensar que basta que um produto tenha o selo Moçambicano para que seja consumido por nós.


Senhor Ministro, espero que tenha sido bastante claro para deixar aqui os recados que achamos poder ajudar o país através da vossa intervenção.


Estamos aqui para ajudar onde podemos e lembre-se: quando não mais for ministro poderá arrepender-se de não ter contribuído para mudanças positivas no pelouro, afinal V.excia também terá de comprar dos comerciantes e nós, nós lembraremos de si como aquele jovem que chegou esperto e saiu assustado.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Big M: a Luz Que te Fará Ver o Caminho

18-08-2011
Hoje, parece que todos nós conhecemos o caminho do destino que pretendemos. Parece que podemos ver o futuro e o passado. Parece que podemos ler os sinais e modificar as regras naturais. Mas há áreas no universo que não dependem do quanto nós podemos fazer. Elas dependem mais do quanto nós podemos ter a luz que nos faz ver e distinguir os caminhos.

Eu, continuo buscando o caminho que me guiará ao destino da existência que me faz merecer esta misteriosa vida. Conto para tal com a luz incorruptível que me guia desde o meu primeiro dia. Esta é a luz que me guia, que guia a minha existência e a existência da minha essência.


Esta, é a luz que almejo um dia guiar o ser que se chama Murenga, o Big M. Murenga nasceu um homem. Nasceu um guerreiro. Nasceu lutando pela sua vida e pela sua existência. Murenga tem um nome que lhe caracteriza, embora lhe tenha sido dado antes mesmo de nascer. Queria eu que ele fosse simplesmente um revolucionário. Alguém que quebrasse os paradigmas e desafiasse o ordinário e o comum. Mas ele foi para além daquilo que a minha mente podia alcançar. Mostrou-me uma outra forma de vida, de pensar e de acreditar.


Nascido fora do tempo, desafiado pelo peso incomum, experimentou a não circulação sanguínea e todos dias pagou alto para comer, para dormir e para respirar. Era um menino que não garantia vida. Um menino que não chorava e não dizia porque! Tão inocente que não percebia o mundo e olhava para todos como quem não se importa de viver ou morrer. Os pais não podiam somente dormir. Ele não podia connosco trocar frases comuns, emitia sinais confusos, sinais que não nos diziam sim ou não. Mas eram sinais de vida.


Foi então que a ciência nos desafiou a capacidade e percebi que no mundo não se sobrevive sem o dinheiro. Percebi também que não se sobrevive sem as pessoas de boa vontade, aquelas que quebram as regras para salvar vidas ou fogem do formal para dignificar a existência. E como pássaros voamos para nenhum lugar a busca do melhor e do nada. A busca de um caminho, de um destino, de uma palavra e de um sorriso.


Hoje, faz um ano este menino. Hoje, diz alguma coisa este menino, hoje vejo neste menino um pedaço da luz que nos fez acreditar na luta e na vitória. Hoje vejo a certeza de um amanhã diferente construído por mãos de boa vontade.


Murenga quer dizer revolucionário. Murenga é um espírito rebelde, inconformado e lutador. Este menino não se conforma com a fraqueza. Ele se revolta contra toda a forma negativa de viver, lutará sim por um amanha ainda melhor e duradouro. Este menino continuará a revolução que paira nos nossos sonhos. É um menino que vive para sempre!


Devo dizer-te Murenga, que a luz que te faz ver o caminho, ela arde dentro de ti e queima. Ela aquece a todos nós que contigo respiramos o ar da imortalidade. Esta luz jamais se apagará. Nunca se apagou. Jamais se apagará porque nós acreditamos e porque as pessoas de boa vontade sempre existirão. Esta luz vive da fé e da boa vontade. E tu precisas desta luz, porque sem ela a existência não tem valor nenhum.


Feliz Aniversário Big M!
Teu pai..

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ali Baba e os 40 Ladroes Daqui

A história repete-se. E a de Ali Baba e os seus 40 ladrões teve a proeza de repetir-se aqui. É que um conjunto de pessoas que têm consigo o poder de decidir estão a fazer de tudo para transformar os poucos recursos das pessoas daqui como a sua caverna de riqueza.


Desde o permitido até ao não permitido, o braço longo desses que detêm o poder, não pára de saquear o pouco que a gente daqui tem. O pior, é que, até o pouco que essa gente não tem, também lhe é tirado. Como Samora disse, o ambicioso não muda, mas muda de táctica, assim também o Ali Baba e os 40 ladrões daqui, apareceram com novas tácticas e novos poderes. Vejam só:


Desde as taxas de lixo e de rádio difusão que nos são cobradas compulsivamente e as vezes repetidamente, acresce-se a taxa do imposto autárquico, o valor acrescentado e os impostos sobre os rendimentos. Acima disto vêm as taxas das matrículas de viatura, as taxas de inspecção de viaturas, o manifesto e também as de rádio na viatura.


O bilhete de identidade e o passaporte passaram a ter uma taxa também elevadíssima. Só o cartão de eleitor é que não tem essa taxa (obviamente). Para além destes, temos a contribuição industrial e os impostos sobre os rendimentos de trabalho. Temos também a contribuição predial e a contribuição de registo.




A reconstrução nacional sujeita os cidadãos nacionais e estrangeiros a uma taxa. Isso não é o fim, temos ao seu lado o imposto de turismo e o imposto sobre os combustíveis. Da contribuição industrial nem vou falar aqui. Mas importa dizer que existe um imposto para consumos específicos e o famoso imposto complementar.


Ao lado dos direitos aduaneiros que Ali Baba e os seus 40 ladrões não pagam, estão o imposto de selo, a segurança social e o imposto sobre o rendimento de trabalho. Tudo isto e outro tanto que poderia contar aqui faz parte da estratégia de saque orquestrado por esses ladroes.


Os salários é que não sobem, mas o custo de vida não pára de subir. A riqueza da gente daqui não aumenta mas a pobreza não pára de subir. Também não pára de subir a riqueza e a glória de Ali Baba e os seus 40 ladrões.


A máxima das máximas e a mais recente é a tal lei cambial e o seu regulamento. Uma nítida história de roubarem sem vergonha as poupanças da gente daqui. Só Ali Baba e os seus 40 ladrões é que podem ter divisas. Nós outros, só mostrando um visto de viagem. Dizem que a medida visa recuperar o dinheiro que não foi possível obter com o quase fracasso da história das inspecções de viatura.


Se Ali Baba e os seus 40 ladrões roubassem e compensasse as pessoas daqui com serviços públicos de qualidade ou pelo menos aceitáveis, com certeza que não haveria razões para tanto reclamar. É que quase tudo não anda. O serviço público é o último recurso das pessoas daqui. O ensino não tem qualidade, a saúde não responde os desafios, os medicamentos são retirados dos hospitais para serem vendidos nas esquinas. Os anti retrovirais estão a desaparecer.


O lixo não é retirado das ruas, dos passeios e dos caixotes. As estradas estão esburacadas e o atendimento público é péssimo. A polícia vem para extorquir e a madeira daqui é transportada para China. Os mega projectos não pagam impostos e a televisão pública passa o tempo a dar novelas. Ali Baba e os seus 40 ladrões vão inventado manobras abortivas para fingir que estão preocupados e transformam as empresas de prestação de serviços públicos em suas próprias empresas.


Já ninguém sabe a conta das empresas de Ali Baba e os 40 ladrões, mas muitos sabem que uma boa parte do que inventam em nome do Estado vai para essas empresas privadas ou sai através dessas empresas de Ali Baba e os seus 40 ladrões. Os amigos do Ocidente conhecem a história toda, contudo, preferem fazer vista grossa e apoiar os caprichos de Ali Baba e os seus 40 ladrões em troca de um futuro melhor que nunca chega.


O Ali Baba e os seus 40 ladrões entraram para a caverna da riqueza com o trabalho de casa bem estudado. Depois de terem retirado a venda dos olhos da justiça destorceram o prumo da sua balança e compraram a casa que faz as leis, depois de terem instruído muito bem o garante da legalidade. Coitado dele, era tão bom rapaz.

Mas como é que terminou mesmo a história original de Ali Baba e os 40 Ladrões?